quinta-feira, 23 de maio de 2013

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Jornal Correio do Norte "Importantes revelações" sobre o Acre


Galvez, heroi acreano era um ladrão, diz jornal.

O PARÁ, 24 de janeiro de 1900

GAVEZ, a quem a Assembléia Legislativa do Acre venera, era um assassino diz matéria do jornal.

Jornal O PARÁ, 13 de janeiro de 1900

Os Barões contra Galvez - Jornal O PARÁ, 28 de agosto de 1899.

Corrupção e impunidade: o maior escândalo de corrupção no Acre tende a acabar em pizza.

Ao final, qual dos representantes do Governo vai imitar a deputada Angela Guadagnin (PT-SP), quando numa ocasião a Câmara Federal  absorveu outro deputado do PT do processo de cassação, por conta de "suspeita" de corrupção?

Todo mundo é inocente até que proem o contrário! kkkk

A justiça pode provar a inocência de quem quer [...] alguns advogados são seres inescrupulosos que, pagando, defendem a inocência até o Beira-mar... kkkk.

Ao final: vive-se o REINO DA SUBJETIVIDADE! A interpretação dos indícios, das provas, da lei, dos fatos, etc.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Independência entre os Três Poderes no Acre é um mito.

Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário não são independentes como a Teoria Liberal afirma.

No Acre, o Poder Executivo manobra tudo. Ele influencia os membros da mesa diretora do Poder Legislativo e faz a escolha e a nomeação dos desembargadores do Estado.

Isso sem contar que é o Poder Executivo que também nomeia os comandantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Sem dizer que também escolhe e nomeia os conselheiros do Tribunal de Contas.

Um organograma da Bandidagem. O Poder Executivo pode fazer o que quiser que nunca vai dar em nada.

Se o Brasil fosse uma democracia séria. O tráfico de influência seria punido com prisão perpétua.




domingo, 19 de maio de 2013

Advogados e Médicos não são doutores. Doutores são aqueles que defendem tese de doutorado!

No momento em que nós do Ministério Público da União nos preparamos para atuar contra diversas instituições de ensino superior por conta do número mínimo de mestres e doutores, eis que surge (das cinzas) a velha arenga de que o formado em Direito é Doutor. 

A história, que, como boa mentira, muda a todo instante seus elementos, volta à moda. Agora não como resultado de ato de Dona Maria, a Pia, mas como consequência do decreto de D. Pedro I. 

Fui advogado durante muitos anos antes de ingressar no Ministério Público. Há quase vinte anos sou Professor de Direito. E desde sempre vejo "docentes" e "profissionais" venderem essa balela para os pobres coitados dos alunos. 

Quando coordenador de Curso tive o desprazer de chamar a atenção de (in) docentes que mentiam aos alunos dessa maneira. Eu lhes disse, inclusive, que, em vez de espalharem mentiras ouvidas de outros, melhor seria ensinarem seus alunos a escreverem, mas que essa minha esperança não se concretizaria porque nem mesmo eles sabiam escrever. 

Pois bem! 

Naquela época, a história que se contava era a seguinte: Dona Maria, a Pia, havia "baixado um alvará" pelo qual os advogados portugueses teriam de ser tratados como doutores nas Cortes Brasileiras. Então, por uma "lógica" das mais obtusas, todos os bacharéis do Brasil, magicamente, passaram a ser Doutores. Não é necessária muita inteligência para perceber os erros desse raciocínio. Mas como muita gente pode pensar como um ex-aluno meu, melhor desenvolver o pensamento (dizia meu jovem aluno: "o senhor é Advogado; pra que fazer Doutorado de novo, professor?"). 

1) Desde já saibamos que Dona Maria, de Pia nada tinha. Era Louca mesmo! E assim era chamada pelo Povo: Dona Maria, a Louca! 

2) Em seguida, tenhamos claro que o tão falado alvará jamais existiu. Em 2000, o Senado Federal presenteou-me com mídias digitais contendo a coleção completa dos atos normativos desde a Colônia (mais de quinhentos anos de história normativa). Não se encontra nada sobre advogados, bacharéis, dona Maria, etc. Para quem quiser, a consulta hoje pode ser feita pela Internet. 

3) Mas digamos que o tal alvará existisse e que dona Maria não fosse tão louca assim e que o povo fosse simplesmente maledicente. Prestem atenção no que era divulgado: os advogados portugueses deveriam ser tratados como doutores perante as Cortes Brasileiras. Advogados e não quaisquer bacharéis. Portugueses e não quaisquer nacionais. Nas Cortes Brasileiras e só! Se você, portanto, fosse um advogado português em Portugal não seria tratado assim. Se fosse um bacharel (advogado não inscrito no setor competente), ou fosse um juiz ou membro do Ministério Público você não poderia ser tratado assim. E não seria mesmo. Pois os membros da Magistratura e do Ministério Público tinham e têm o tratamento de Excelência (o que muita gente não consegue aprender de jeito nenhum). Os delegados e advogados públicos e privados têm o tratamento de Senhoria. E bacharel, por seu turno, é bacharel; e ponto final! 

4) Continuemos. Leiam a Constituição de 1824 e verão que não há "alvará" como ato normativo. E ainda que houvesse, não teria sentido que alguém, com suas capacidades mentais reduzidas (a Pia Senhora), pudesse editar ato jurídico válido. Para piorar: ainda que existisse, com os limites postos ou não, com o advento da República cairiam todos os modos de tratamento em desacordo com o princípio republicano da vedação do privilégio de casta. Na República vale o mérito. E assim ocorreu com muitos tratamentos de natureza nobiliárquica sem qualquer valor a não ser o valor pessoal (como o brasão de nobreza de minha família italiana que guardo por mero capricho porque nada vale além de um cafezinho e isto se somarmos mais dois reais). 

A coisa foi tão longe à época que fiz questão de provocar meus adversários insistentemente até que a Ordem dos Advogados do Brasil se pronunciou diversas vezes sobre o tema e encerrou o assunto. 

Agora retorna a historieta com ares de renovação, mas com as velhas mentiras de sempre. 

Agora o ato é um "decreto". E o "culpado" é Dom Pedro I (IV em Portugal). 

Mas o enredo é idêntico. E as palavras se aplicam a ele com perfeição. 

Vamos enterrar tudo isso com um só golpe?! 

Lei de 11 de agosto de 1827, responsável pela criação dos cursos jurídicos no Brasil, em seu nono artigo diz com todas as letras: "Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bachareis formados. Haverá tambem o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos que devem formar-se, e só os que o obtiverem poderão ser escolhidos para Lentes". 

Traduzindo o óbvio. A) Conclusão do curso de cinco anos: Bacharel. B) Cumprimento dos requisitos especificados nos Estatutos: Doutor. C) Obtenção do título de Doutor: candidatura a Lente (hoje Livre-Docente, pré-requisito para ser Professor Titular). Entendamos de vez: os Estatutos são das respectivas Faculdades de Direito existentes naqueles tempos (São Paulo, Olinda e Recife). A Ordem dos Advogados do Brasil só veio a existir com seus Estatutos (que não são acadêmicos) nos anos trinta. 

Senhores. 

Doutor é apenas quem faz Doutorado. E isso vale também para médicos, dentistas, etc, etc. 

A tradição faz com que nos chamemos de Doutores. Mas isso não torna Doutor nenhum médico, dentista, veterinário e, mui especialmente, advogados. 

Falo com sossego. 

Afinal, após o meu mestrado, fui aprovado mais de quatro vezes em concursos no Brasil e na Europa e defendi minha tese de Doutorado em Direito Internacional e Integração Econômica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 

Aliás, disse eu: tese de Doutorado! Esse nome não se aplica aos trabalhos de graduação, de especialização e de mestrado. E nenhuma peça judicial pode ser chamada de tese, com decência e honestidade. 

Escrevi mais de trezentos artigos, pareceres (não simples cotas), ensaios e livros. Uma verificação no sítio eletrônico do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pode compravar o que digo. Tudo devidamente publicado no Brasil, na Dinamarca, na Alemanha, na Itália, na França, Suécia, México. Não chamo nenhum destes trabalhos de tese, a não ser minha sofrida tese de Doutorado. 

Após anos como Advogado, eleito para o Instituto dos Advogados Brasileiros (poucos são), tendo ocupado comissões como a de Reforma do Poder Judiciário e de Direito Comunitário e após presidir a Associação Americana de Juristas, resolvi ingressar no Ministério Público da União para atuar especialmente junto à proteção dos Direitos Fundamentais dos Trabalhadores públicos e privados e na defesa dos interesses de toda a Sociedade. E assim o fiz: passei em quarto lugar nacional, terceiro lugar para a região Sul/Sudeste e em primeiro lugar no Estado de São Paulo. Após rápida passagem por Campinas, insisti com o Procurador-Geral em Brasília e fiz questão de vir para Mogi das Cruzes. 

Em nossa Procuradoria, Doutor é só quem tem título acadêmico. Lá está estampado na parede para todos verem. 

E não teve ninguém que reclamasse; porque, aliás, como disse linhas acima, foi a própria Ordem dos Advogados do Brasil quem assim determinou, conforme as decisões seguintes do Tribunal de Ética e Disciplina: Processos: E-3.652/2008; E-3.221/2005; E-2.573/02; E-2067/99; E-1.815/98.

Em resumo, dizem as decisões acima: não pode e não deve exigir o tratamento de Doutor ou apresentar-se como tal aquele que não possua titulação acadêmica para tanto. 

Como eu costumo matar a cobra e matar bem matada, segue endereço oficial na Internet para consulta sobre a Lei Imperial: 

www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_63/Lei_1827.htm 

Os profissionais, sejam quais forem, têm de ser respeitados pelo que fazem de bom e não arrogar para si tratamento ao qual não façam jus. Isso vale para todos. Mas para os profissionais do Direito é mais séria a recomendação. 

Afinal, cumprir a lei e concretizar o Direito é nossa função. Respeitemos a lei e o Direito, portanto; estudemos e, aí assim, exijamos o tratamento que conquistarmos. Mas só então. 

PROF. DR. MARCO ANTÔNIO RIBEIRO TURA , 41 anos, jurista. Membro vitalício do Ministério Público da União. Doutor em Direito Internacional e Integração Econômica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Direito Público e Ciência Política pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Visitante da Universidade de São Paulo. Ex-presidente da Associação Americana de Juristas, ex-titular do Instituto dos Advogados Brasileiros e ex-titular da Comissão de Reforma do Poder Judiciário da Ordem dos Advogados do Brasil. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

TORPEDOS AOS TORPES NA SOCIEDADE DO MEDO (Acre)


 Por João Veras (16/05/13)
Advogado e Músico conhecido no Acre, além de compor, é flautista e percussionista. Desde os anos 1980/90, mantém participação em movimentos artísticos, festivais e espetáculos musicais e teatrais, no Acre e também fora do Estado. Nos anos 1980, integrou o projeto de cooperativa musical "Canto Livre Canto", sendo um dos criadores dos grupos musicais Capù e Os Alquimistas. Foi o idealizador e produtor do songbook "Canções Acreanas", que foi publicado em 2000, sem fins lucrativos, fazendo parte do Projeto "Caderno de Músicas Acreanas". 







POEMA


No Acre
a sociedade do medo tem sede no pau de arara
Como que anestesiada, como que cooptada, como que indiferente, como que conivente como que conveniente como que subserviente como que atrelada como que displicente como que medrosa como que paralítica como que sacristã como que incrédula em si como que crédula no poder do dono como que crédula na fé mercantil como que crédula no mercantil da fé ou como que se fazendo de morta posto que morta
A sociedade acreana do terceiro milênio
Ela de todos os tempos não tem voz coletiva
A voz não existe para a sociedade e a sociedade não existe para a voz
Não povoa seus espaços, não é pública, e tem sido povo à toda prova
Acabou, não faz sentido
Não terminou, faz sentido

Seus lideres, seus senhores
Seus sonhos, seus pesadelos
Sua imprensa, seus embustes
Suas opiniões, suas privadas
Seus sindicatos, seus traíras
Utopias de proprietários
Utopias de propriotários

Não é negócio pensar como sociedade, imaginar como povo, circular como público
Povo: meio de domínio sob todos de uma só vez – o poder do discurso do poder
A sociedade civil é incivil pueril fastio de luta
Luta-se para sobreviver à fome
Não há tempo para entender quem e o que se lhe passa
Instinto tinto
O resto esbarra no muro do medo e da ignorância
Medo e ignorância do exemplo
Medo e ignorância da história
A história das covardias
A história do degredo, a história do segredo, a história do medo da história
da indiferença à diferença
Da história dos Impérios dos contracheques, das máfias, dos carteis, dos quarteis, dos papeis, das quadrilhas, dos diplomatas, dos magnatas das jogatinas, das fedentinas, das serpentinas, das creolinas

Força do Império da elite
a do delivery dos corpos
a do delivery das mentes
a do delivery dos porcos e dos gado marcado no curral da society
a do delivery das mortes
Porta de saída para a promessa do passado
Porta de saída para a promessa do presente
Porta de saída para a promessa do futuro
A promessa insatisfeita
Porta de entrada para o crime organizado

Até quando desde sempre?
Desde sempre os mesmos prometem
Os mesmos acreditam
Os mesmos esquecem
Os mesmos se indignam

Os mesmos sempre os mesmos em suas árvores genealógicas
Os tataranetos, os bisnetos, os netos, os filhos,
Todos mansos em correrias
Os mesmos, as mesmas gerações
As mesmas famílias, os mesmos gs, os memos gs, os mesmos gs
Na escola, na casa , na fazenda
No domínio de todos
Controlando a mentira do controle da mentira
Até à escuta legal e para além dela em seus ouvidos moucos

E tudo ou quase tudo por nada
Nada que permaneça quando o juízo derradeiro chegar
Nada que trafique,
Nada o que justifique
Nada o que sacrifique
Nada o que tremelique
o humano, o animal, o vegetal

E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Acabou, não faz sentido
Não terminou, faz sentido
Seus lideres, seus senhores
Seus sonhos, seus pesadelos
Sua imprensa, seus embustes
Suas opiniões, suas privadas
Seus sindicatos, seus traíras
Utopias de proprietários
Utopias de propriotários

Não é negócio pensar como sociedade, imaginar como povo, circular como público
Povo: meio de domínio sob todos de uma só vez – o poder do discurso do poder
A sociedade civil é incivil pueril fastio de luta
Luta-se para sobreviver à fome
Não há tempo para entender quem e o que se lhe passa
Instinto tinto
O resto esbarra no muro do medo e da ignorância
Medo e ignorância do exemplo
Medo e ignorância da história
A história das covardias
A história do degredo, a história do segredo, a história do medo da história
da indiferença à diferença
Da história dos Impérios dos contracheques, das máfias, dos carteis, dos quarteis, dos papeis, das quadrilhas, dos diplomatas, dos magnatas das jogatinas, das fedentinas, das serpentinas, das creolinas

Força do Império da elite
a do delivery dos corpos
a do delivery das mentes
a do delivery dos porcos e dos gado marcado no curral da society
a do delivery das mortes
Porta de saída para a promessa do passado
Porta de saída para a promessa do presente
Porta de saída para a promessa do futuro
A promessa insatisfeita
Porta de entrada para o crime organizado

Até quando desde sempre?
Desde sempre os mesmos prometem
Os mesmos acreditam
Os mesmos esquecem
Os mesmos se indignam

Os mesmos sempre os mesmos em suas árvores genealógicas
Os tataranetos, os bisnetos, os netos, os filhos,
Todos mansos em correrias
Os mesmos, as mesmas gerações
As mesmas famílias, os mesmos gs, os memos gs, os mesmos gs
Na escola, na casa , na fazenda
No domínio de todos
Controlando a mentira do controle da mentira
Até à escuta legal e para além dela em seus ouvidos moucos

E tudo ou quase tudo por nada
Nada que permaneça quando o juízo derradeiro chegar
Nada que trafique,
Nada o que justifique
Nada o que sacrifique
Nada o que tremelique
o humano, o animal, o vegetal

E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Seus lideres, seus senhores
Seus sonhos, seus pesadelos
Sua imprensa, seus embustes
Suas opiniões, suas privadas
Seus sindicatos, seus traíras
Utopias de proprietários
Utopias de propriotários
Não é negócio pensar como sociedade, imaginar como povo, circular como público
Povo: meio de domínio sob todos de uma só vez – o poder do discurso do poder
A sociedade civil é incivil pueril fastio de luta
Luta-se para sobreviver à fome
Não há tempo para entender quem e o que se lhe passa
Instinto tinto
O resto esbarra no muro do medo e da ignorância
Medo e ignorância do exemplo
Medo e ignorância da história
A história das covardias
A história do degredo, a história do segredo, a história do medo da história
da indiferença à diferença
Da história dos Impérios dos contracheques, das máfias, dos carteis, dos quarteis, dos papeis, das quadrilhas, dos diplomatas, dos magnatas das jogatinas, das fedentinas, das serpentinas, das creolinas

Força do Império da elite
a do delivery dos corpos
a do delivery das mentes
a do delivery dos porcos e dos gado marcado no curral da society
a do delivery das mortes
Porta de saída para a promessa do passado
Porta de saída para a promessa do presente
Porta de saída para a promessa do futuro
A promessa insatisfeita
Porta de entrada para o crime organizado

Até quando desde sempre?
Desde sempre os mesmos prometem
Os mesmos acreditam
Os mesmos esquecem
Os mesmos se indignam

Os mesmos sempre os mesmos em suas árvores genealógicas
Os tataranetos, os bisnetos, os netos, os filhos,
Todos mansos em correrias
Os mesmos, as mesmas gerações
As mesmas famílias, os mesmos gs, os memos gs, os mesmos gs
Na escola, na casa , na fazenda
No domínio de todos
Controlando a mentira do controle da mentira
Até à escuta legal e para além dela em seus ouvidos moucos

E tudo ou quase tudo por nada
Nada que permaneça quando o juízo derradeiro chegar
Nada que trafique,
Nada o que justifique
Nada o que sacrifique
Nada o que tremelique
o humano, o animal, o vegetal

E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Não é negócio pensar como sociedade, imaginar como povo, circular como público
Povo: meio de domínio sob todos de uma só vez – o poder do discurso do poder
A sociedade civil é incivil pueril fastio de luta
Luta-se para sobreviver à fome
Não há tempo para entender quem e o que se lhe passa
Instinto tinto
O resto esbarra no muro do medo e da ignorância
Medo e ignorância do exemplo
Medo e ignorância da história
A história das covardias
A história do degredo, a história do segredo, a história do medo da história
da indiferença à diferença
Da história dos Impérios dos contracheques, das máfias, dos carteis, dos quarteis, dos papeis, das quadrilhas, dos diplomatas, dos magnatas das jogatinas, das fedentinas, das serpentinas, das creolinas
Força do Império da elite
a do delivery dos corpos
a do delivery das mentes
a do delivery dos porcos e dos gado marcado no curral da society
a do delivery das mortes
Porta de saída para a promessa do passado
Porta de saída para a promessa do presente
Porta de saída para a promessa do futuro
A promessa insatisfeita
Porta de entrada para o crime organizado

Até quando desde sempre?
Desde sempre os mesmos prometem
Os mesmos acreditam
Os mesmos esquecem
Os mesmos se indignam

Os mesmos sempre os mesmos em suas árvores genealógicas
Os tataranetos, os bisnetos, os netos, os filhos,
Todos mansos em correrias
Os mesmos, as mesmas gerações
As mesmas famílias, os mesmos gs, os memos gs, os mesmos gs
Na escola, na casa , na fazenda
No domínio de todos
Controlando a mentira do controle da mentira
Até à escuta legal e para além dela em seus ouvidos moucos

E tudo ou quase tudo por nada
Nada que permaneça quando o juízo derradeiro chegar
Nada que trafique,
Nada o que justifique
Nada o que sacrifique
Nada o que tremelique
o humano, o animal, o vegetal

E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Força do Império da elite
a do delivery dos corpos
a do delivery das mentes
a do delivery dos porcos e dos gado marcado no curral da society
a do delivery das mortes
Porta de saída para a promessa do passado
Porta de saída para a promessa do presente
Porta de saída para a promessa do futuro
A promessa insatisfeita
Porta de entrada para o crime organizado
Até quando desde sempre?
Desde sempre os mesmos prometem
Os mesmos acreditam
Os mesmos esquecem
Os mesmos se indignam

Os mesmos sempre os mesmos em suas árvores genealógicas
Os tataranetos, os bisnetos, os netos, os filhos,
Todos mansos em correrias
Os mesmos, as mesmas gerações
As mesmas famílias, os mesmos gs, os memos gs, os mesmos gs
Na escola, na casa , na fazenda
No domínio de todos
Controlando a mentira do controle da mentira
Até à escuta legal e para além dela em seus ouvidos moucos

E tudo ou quase tudo por nada
Nada que permaneça quando o juízo derradeiro chegar
Nada que trafique,
Nada o que justifique
Nada o que sacrifique
Nada o que tremelique
o humano, o animal, o vegetal

E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Até quando desde sempre?
Desde sempre os mesmos prometem
Os mesmos acreditam
Os mesmos esquecem
Os mesmos se indignam
Os mesmos sempre os mesmos em suas árvores genealógicas
Os tataranetos, os bisnetos, os netos, os filhos,
Todos mansos em correrias
Os mesmos, as mesmas gerações
As mesmas famílias, os mesmos gs, os memos gs, os mesmos gs
Na escola, na casa , na fazenda
No domínio de todos
Controlando a mentira do controle da mentira
Até à escuta legal e para além dela em seus ouvidos moucos

E tudo ou quase tudo por nada
Nada que permaneça quando o juízo derradeiro chegar
Nada que trafique,
Nada o que justifique
Nada o que sacrifique
Nada o que tremelique
o humano, o animal, o vegetal

E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Os mesmos sempre os mesmos em suas árvores genealógicas
Os tataranetos, os bisnetos, os netos, os filhos,
Todos mansos em correrias
Os mesmos, as mesmas gerações
As mesmas famílias, os mesmos gs, os memos gs, os mesmos gs
Na escola, na casa , na fazenda
No domínio de todos
Controlando a mentira do controle da mentira
Até à escuta legal e para além dela em seus ouvidos moucos
E tudo ou quase tudo por nada
Nada que permaneça quando o juízo derradeiro chegar
Nada que trafique,
Nada o que justifique
Nada o que sacrifique
Nada o que tremelique
o humano, o animal, o vegetal

E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

E tudo ou quase tudo por nada
Nada que permaneça quando o juízo derradeiro chegar
Nada que trafique,
Nada o que justifique
Nada o que sacrifique
Nada o que tremelique
o humano, o animal, o vegetal
E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

E nada ou quase nada por tudo
que combine com sonho
que combine com vida
que combine com o belo
que combine com o bem
A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

A sociedade do crédito
A sociedade do voto
A sociedade do adeus
A sociedade sem Deus (qual deles é o Deus?)
A sociedade enredo de novela das 8
Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Salve-se quem fuder mais a coisa pública
Agindo assim ganharás brindes pagos pelo tesouro estadual:
Férias nas praias do nordeste
Férias nas ruínas do Peru
Férias nos impérios da Europa
Férias na Broadway do consumo americano
Verba secreta + verba secreta + verba secreta = gozo público
Transando a transacreana das índias à china
Carne de madeira, madeira de carne
Commodities de ouro verde nas nuvens
Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Pausa para a fudelança é ainda fuder no celular enquanto transeunte
Do palácio branco para a casa rosada
Via skype, via facebook, via tuitter
Via masmorra eletrônica
Caminhos das coisas só ditas aos cúmplices
Só ouvida pelos comparsas
Só com rascunho
Só pelas alcunhas
E senhas de bits tristes
Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Estou farto mas não deixo de comer
Comer canalhas
Comer chupins
Comer bandidos
Comer mocinhos
Comer homens de bem que não olham a quem fazer vintém
Comer papéis
Comer jornais
Como escritos
Comer parlamentos
Comer tribunais
Comer ministérios
Comer conselheiros
Comer os gritos dos infelizes
Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Socorro pra quem pedir socorro
Socorro: melhor desenhar antes SOS
Quem chama o bombeiro?
Que bombeiro, que incêndio, se quase tudo ninguém vê?
O que queima, o que destrói, o que derruba esse prédio
das chapeletas sem vaselinas, a sociedade, o povo, o público?
Só o espetáculo do medo interior – o medo é também invisível
O medo está no tanque de combustível fóssil subterrâneo
O medo das praças, o medo das ruas, o medo dos parlamentos, o medo dos jumentos
O medo das alcovas
Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Chama o homem bomba que vai implodir a palavra
A palavra que vai explodir a consciência
A consciência que vai explodir a vida descalça
A vida em sociedade, a vida em povo, a vida em público
Essa ficção que trai atrai distrai contrai esvai matai algo mais que sonho
Algo mais que pesadelo algo mais que cueiro algo mais que zelo algo mais sempre mais
Bombardeio os indignos! Fogo!!
E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

E se faltar bombas de gols
Declare guerra pela língua dos sinais
A quem nos matou à míngua
A quem nos mata calado
Vida ao barulho distraído
Efeito bomba relógio para o silêncio
Das arquibancadas da politicas
Para as galerias econômicas
Para a assistência só resistência
E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

E as criaturas honestas das instituições?
Reféns dos seus medos, de seus degredos, de seus segredos.
Reféns de suas tranquilidades nas folhas de pagamento
Reféns da melhor escola para seus filhos
Reféns do seus estados de espíritos engravatados
Reféns de suas poses, suas posses, seus linhos engomados
Reféns das páginas sociais
Reféns de suas férias
Ah, as férias do pessoal do bem!
Sua liberdade com prazo de validade!
É quando o foda-se começa a ser gritado
No silêncio das poltronas de avião enquanto se coloca os cintos de segurança.
Não há começo de férias sem cintos de segurança e uma tensão básica
que só o medo de morrer sem razão convoca.
Medo de viver sem razão pública não abala o cidadão de bem.
Esse cidadão de bem de quem vos falo.
E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

E as criaturas do mal?
A desgraça está ocupada com a sua graça de agradecer
De rezar novena, de morrer de pena à primeira lágrima do canalha
Seus oficios de agradecer aos canalhas, aos deuses canalhas
Agradecer as migalhas das bolsas, das balsas, das valsas, das calças, das alças
Agradecer aos restos das verbas de alagação
Agradecer as migalhas da saúde, da educação, da previdência, dos serviços sociais, dos projetos culturais, das ementas parlamentares, das prendas protocolares, das casas-metades
Agradecer, enfim, as migalhas dos serviços funerais
E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

E pagar com a crença,
e pagar com o voto,
e pagar com o tremular das bandeiras nas esquinas eleitorais
e pagar com a ignorância
e pagar com o sonho
e pagar com o corpo de jovem
e pagar com a vida
depois o filho, depois o neto, depois o bisneto, depois...
sempre na sequência
não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

não adianta insistir
não há vagas para evacuar
não há vagas para ocupar o vaso
e não há escolhas, não há dilemas, não há paradoxos
Há um estado epidêmico de corruptelas dos corruptos das bagatelas
Há um estado real, concreto e tal
Subterrâneo, aquático, aéreo
No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

No pasto a vaca sagrada e suas belas tetas
Seu leite, sua carne, seus ossos, seu couro, sua língua
Os testículos da vaca e o que ela mais não tiver, inclusive
Seus instrumentos de reprodução
Seus excrementos sua seiva de sabor civil
Tudo absolutamente tudo da vaca sagrada satisfaz não satisfazendo os canalhas que mamam
que industrializam a mamata em instantâneo
Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Estes, para quem não há vida aonde não há engano,
Simulam a mãe, dissimulam o pai, alaranjam os filhos, distraem os parceiros
os homens e as mulheres, os animais, os vegetais
Eles enganam a si para levar tudo dentro da caixa a sete palmos do chão
Tudo em papel de presente e faixas vermelhas
Pra eles tudo cabe na caixa da partida
O inferno e o céu também
Menos a intriga da oposição
Contingente provisório do mal,
Até que se estabeleça o preço – ai cabe
Até que se negocie as bases – ai cabe
Até que se abra as pernas – ai cabe
Até que se altere as idéias – ai cabe
Até que não se tenha mais idéias – ai cabe
E o medo se transforme numa caixinha de segredos
À prova de ouvidos federais
E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

E de propósito:
Era 3 de maio de 2013 quando veio a representação
Era um odor acre de alguma coisa que acontecia e não cheirava bem
Há dez dias da abolição
São dez dias que nunca chegam
Data da eterna espera
Mas datas são números
São o que passou mas nunca passa
Nunca passa o domínio das datas, dos números
Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê

Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
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Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Pode inventar dia da liberdade
Esta que não vinga se vinga dos ilibertos
Apenas uma data remota
Sob o controle remoto dos carcereiros da vaca profana
Os guardadores das chaves da esperança
Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
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Para eles
Saúde por um fio
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E para o resto
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na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
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para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
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ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Em sua casas reina a bonança, o estrago
As frutas limpas trazidas do sul em fruteiras coloridas
As verduras assépticas ao vinagre de vinho tinto
Suas dietas
Suas cirurgias plásticas
Seus checapes urológicos, cardiológicos, anticoagulantes
As tentativas vãs de jamais morrer
Seus espaços de garagens
Seus carrões que não cabem em seus bolsos
Carrões de condutores e passageiros invisíveis
Presos à escuridão de quem tenta os identificar
Os envergonhados da frágil riqueza na miséria
Os conduzidos pela vaidade encoberta pelo vidro fumê
Para eles
Saúde por um fio
Saúde por um vôo
Saúde por um telefonema
Saúde por uma medicina da cifra

Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
até o doutor não veio
até o aparelho tá quebrado
até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Para eles
Saúde por um fio
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Saúde por uma medicina da cifra
Para nós
Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
até não tem mais fichas
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até a verba ser desviada para a gráfica que imprimiu as fichas
a gráfica do laranja mudo do parlamentar

E para o resto
a sobra de uma educação do engano
Dos projetos pedagógicos do auto engano da auto estima
Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
interamericana e mundial do capital global
para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
das cores de paz do branco para a da natureza do verde
ao final no processo
para virar dor dos amarelos,
dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

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Saúde por uma ficha a partir das duas da manhã
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E para o resto
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Das lições para ser ufano em duas semanas
Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
no corpo gordo da autoridade que nojo
montado na revolução que não muda
na revolução que mantém
na revolução que não revolta
na revolução que faz as contas e divide o pregão
nas quatro paredes das licitações das estimas,
dos estivas, do trabalho e das cifras reais das contas públicas

e assim as cidades vão se colorindo do novo
o novo para sustentar o velho
desde sempre
nosso projeto deles
nosso desenvolvimento deles
que sustentam o domínio
que financiam a tribuna da entrega
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para reeleger os mesmos à eternidade

e a dança das cadeiras continua
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ao final no processo
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dor dos negros,
dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
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as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
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Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

E para o resto
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Com as bandeiras, com os hinos, com as marcas, com as faixas
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e assim as cidades vão se colorindo do novo
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que sustentam o domínio
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dor dos pardos,
dor dos sem cor,
dos dos sem alguma coisa parecida com dignidade
dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
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pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
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Não vou terminar aqui
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desde sempre
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para reeleger os mesmos à eternidade
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dor dos pardos,
dor dos sem cor,
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dor dos sem dor

a cor da dor é cinza
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a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
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pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
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cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
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dor dos negros,
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Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
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Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

a cor da dor é cinza
o que resulta da queima dos nossos sonhos
a cinza de quem sente dor ou anestesiado se encontra
pelos que ocupam os presídios
pelos que ocupam as ruas
pelos que ocupam o vazio da ausência de vagas para o trabalho
pelos que ocupam o vazio da história de suas vidas
pelos que ocupam os oficios governamentais das tarefas
as tarefas da proteção do algoz
as tarefas da reprodução do algoz
as tarefas da produção de esquecimento
as tarefas da difusão da mentira
as tarefas pelo preço dos contracheques
as tarefas das festanças dos fogaréus da floresta e dos artifícios cidadãos
cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

cheque-mate para o rei e sua rainha, seus bispos, suas torres e seus cavalos.
Mas os primeiros a morrer são os peões fieis defensores
– tá combinado, até quando?
Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba

Não vou terminar aqui
Pausa para beber qualquer sede
Para necessitar,
Para implodir
Para continuar
Para cantar uma canção
É que este poema nunca acaba