sábado, 31 de março de 2007

Jornal A Tribuna (Ac) critica minissérie da Globo

*Publicado na Coluna BOM DIA (01 e 02 de abril de 2007)
Crítica 1 - Há pessoas no Acre que acreditam, sinceramente, que foram ungidas por Deus e que seus atos, suas opiniões, seus pensamentos e posturas estão acima do bem e do mal, imunes a críticas. Pior, não admitem que se critique sequer seus amigos, apaniguados, cúmplices. Parece que tudo é proibido, que só se pode elogiar, só há verdade no que eles apóiam e quem ousa levantar a voz contra comete crime de lesa-pátria. Esses são os mesmos que se vendem barato, por um cargo em governo ou ONG, por uma simples menção de seu nome na minissérie, por exemplo, um prêmio à covardia com que se portam perante o que julgam ser o poder supremo, absoluto e infalível.
Crítica 2 - Para essas pessoas, não se pode nem criticar a minissérie da Globo, pois seria um ato contra o Acre. Ora, que vão puxar o saco e babar os ovos da Rede Globo! Ninguém lhes nega esse direito, como o de aparecer de figurante, como o cocô do cavalo do bandido, ou receber passagens e mordomias grátis como “consultores”. O que eles não podem negar é o direito sagrado de ser contra, de mostrar as falhas, de se insurgir contra as mentiras e falácias da minissérie.
Felizmente, ainda há democracia nesta terra e as críticas não partem só da coluna. Um exemplo é o e-mail do ex-deputado Osmir Lima, ele próprio um autonomista respeitado em sua juventude e hoje membro do Instituto Histórico e Geográfico do Acre, portanto, com autoridade para dar sua opinião.
Osmir 1 - Leiam o que diz Osmir Lima sobre o posicionamento da coluna: “Meus cumprimentos ao articulista da coluna Bom-Dia! pelas oportunas e corretas críticas que faz à minissérie Amazônia. A autora, Glória Perez, prefere transformar esta bela história num folhetim de segunda categoria. Deixa, entre outros exemplos, de abordar os movimentos autonomistas que ocorreram ao longo desse tempo, o que daria ao Brasil uma visão mais ampla de nossos desejos, de nossas frustrações com a incorporação e de nossas inquietações. Nós, do Acre-Juruá, afirmamos com toda convicção: esta história não é a nossa. A nossa foi feita de outros sacrifícios, de outros ideais e por outros ideais.”
Osmir 2 - Outro ponto levantado por Osmir é que a maior fonte de informações da noveleira Glória Perez, nos créditos da minissérie, é a ativista Mary Alegretti, que tem uma posição absolutamente ideológica nesta questão e que não pode dizer que tem isenção para falar sobre o Acre. Junto a ela, toda uma malta de favorecidos que se manifestam em blogs ressentidos, de quem perdeu a boquinha e quer recuperar as boas graças.
Marinho Outro acreano de boa cepa que vai contra a novelinha é o conceituado xapuiense Marinho Galo, que se espanta dos absurdos e conta que a honra era um atributo muito sério nos seringais, onde qualquer ato indecoroso era punido com a morte, não importando se feito por seringalistas ou por seringueiros.
Trata-se de uma afronta: qual foi o político, deputado, médico acreano que se deslocou para um seringal para trocar votos por um aborto a ser feito em uma garota? Qual a veracidade disso? Esse foi um ataque a todos os acreanos de bem, a todos os políticos que, na época retratada, lutavam pela autonomia do Estado. Por que não há uma única menção à luta autonomista? É fácil responder: pela ideologia rasteira e barata por trás da minissérie. Para não empanar o brilho de Chico Mendes, no pensamento míope da autora acreana e seus “conselheiros” locais, que deveriam ser mais isentos.
Lhé E não é que existe gente que tenta ligar os comentários do Abrahim Farath com a questão do petróleo, alegando que ele trabalha no gabinete do Tião Viana? É mais que ignorância, é má-fé. Sem procuração para defender o Lhé, a coluna lembra que muitos gozavam das benesses da ditadura, quer diretamente, quer por seus parentes e antecedentes, enquanto o Lhé já lutava quase solitário, junto a alguns outros visionários, pelas causas da esquerda, da igualdade, da Justiça. E nunca precisou ou reivindicou cargo público, depois que essa esquerda chegou ao poder. Quantos de seus detratores podem dizer o mesmo?
Essa coluna tem o direito e o dever de criticar e de protestar. Toda novela é obra de ficção e, por isso, os excessos seriam perdoados. Mas a ficção não pode, então, tomar ares de verdade, escondendo alguns de seus protagonistas. É muito bonitinho a novelinha citar atuais ocupantes de cargos públicos e socialites como supostos acreanos anônimos dos anos 50. Alimenta o ego deles. Mas é injusto que a novela deixe de citar Guiomard Santos, Omar Sabino e tantos outros autonomistas que dedicaram sua vida ao Acre para privilegiar a violência e o sexo gratuito.
A TRIBUNA e esta coluna nada devem a Glória Perez ou à Rede Globo, tem dado toda a cobertura à minissérie, com página diária, gratuita, mas reservam-se o direito constitucional de criticar. Chato é quem elogia a minissérie por ter recebido vantagens pessoais durante sua elaboração e gravação. Que a carapuça caia onde couber.

sexta-feira, 23 de março de 2007

BOLIVIA EN LOS PRIMEROS AÑOS DEL SIGLO XX

site: http://www.eldiario.net/diario/?pag=sigl.html

Bolivia había llegado al siglo XX sin su litoral en el Océano Pacífico y relegada encima de las cumbres andinas, con el olor a pólvora y sangre que aún se extendía por nuestro territorio, después de la injusta guerra del Pacífico, por la que Chile "por la razón o por la fuerza" se apoderó de nuestro territorio en 1879 y por la guerra interna, denominada "federal", en la cual los bolivianos combatieron entre sí, con el saldo de cientos de muertos y una profunda herida interna que cicatriza a través del tiempo.

El trágico sino continuó en los primeros años, cuando tuvimos que enfrentar otra conflagración, esta vez contra otro vecino, el Brasil, que con sus huestes se adentró a nuestro territorio del Acre, obligándonos a movilizar tropas a las tórridas regiones tropicales y firmar otro Tratado de desmembración de la Patria.

EL TRATADO DE 1904

Los primeros años del siglo XX, sin duda alguna, constituyeron para Bolivia los más amargos de su historia, por cuanto durante ellos, nuestro país se veía obligado por el invasor a firmar un tratado, con el irónico título de "paz y amistad", por el cual cedíamos a la fuerza de las armas nuestro Litoral a cambio de 600.000 libras esterlinas y otras "facilidades" que nos daba Chile para paliar el encadenamiento del "Prometeo boliviano" en las cumbres andinas, lejos de la heredad y el pulmón que había usufructuado, con todo derecho, desde las épocas precoloniales.

Este incalificable atropello, el mencionado tratado, se lo rubricó el 20 de octubre de 1904 en Santiago de Chile, después que Abraham Koening, ministro plenipotenciario del Mapocho en Bolivia, en 1900, nos hiciera recuerdo que su país había dispuesto apoderarse a perpetuidad del litoral en el Pacífico "porque la victoria era la ley suprema de las naciones".

Don José Carrasco, al respecto, señalaba: "La cesión del litoral fue casi gratuita, porque el ferrocarril de Arica y algunas garantías están ahí a disposición de Chile. El tratado no dejaba de ser una imposición del vencedor que reteniendo las aduanas, y usando de exagerados privilegios, redujo al país a una semisoberanía que estancaba y paralizaba su desenvolvimiento comercial e industrial. Por otra parte, no se dejaba notar en la atmósfera internacional el más ligero signo de mejoramiento. La fuerza primaba sobre el derecho con un imperio irresistible; entonces los hombres de aquella época resolvieron recobrar por lo menos la soberanía secuestrada de la nación, con sacrificios impuestos por la fuerza de las armas. Este tratado es revisable porque es el fruto de la victoria y del abuso de la fuerza. Además, es un pacto que constituye un peligro para la paz continental, porque un país de tan enormes riquezas como Bolivia, no puede vivir eternamente expoliado y clausurado. Tarde o temprano romperá sus cadenas, si ahora no se le hace justicia".

El documento impuesto por Chile en la referida 5 de abril, 2004, determinaba:

  1. - Se restablecen las relaciones de Paz y Amistad entre las dos repúblicas terminando el régimen establecido por el Pacto de Tregua.

  2. - Se reconocen absoluta y perpetuamente los territorios ocupados por Chile en virtud del artículo 2o. del Pacto de Tregua de 4 de abril de 1884, estableciéndose los límites entre ambos países, los mismos que serían demarcados por una comisión binacional de ingenieros.

  3. - A fin de estrechar las relaciones políticas y comerciales entre los dos países, se conviene unir Arica con el Alto de La Paz, por un ferrocarril a costa del usurpador. Asimismo Chile se obligaba a pagar las obligaciones que pudiera incurrir Bolivia por garantías hasta el cinco por ciento sobre los capitales que se inviertan en la construcción de los ferrocarriles Uyuni-Potosí, Oruro-La Paz, Oruro-Cochabamba-Santa Cruz, La Paz-Beni, Potosí-Sucre-Lagunillas-Santa Cruz.

  4. - Chile se obligaba al pago de una suma de trescientas mil libras esterlinas en efectivo y el pago en dos partidas de montos parciales que ascendían a la suma de 150.000 libras esterlinas cada uno.

  5. - Se reconoce igualmente a Bolivia, y a perpetuidad, el más irrestricto derecho de tránsito comercial por territorio chileno y por los puertos del Pacífico.

  6. - Bolivia tendría el derecho a construir agencias aduaneras en los puertos que se designe para su comercio, señalándose éstos en Antofagasta y Arica.

Luego continúan otras cláusulas, hasta la 12, con la se concluye de enclaustrar a Bolivia.

RATIFICACION

El 31 de enero de 1905, el Congreso Nacional vota a favor de firma del tratado con Chile, de 20 de octubre de 1904, hecho que concita la opinión de EL DIARIO, el que señala en partes salientes: "Bolivia hace el sacrificio de su rico Litoral, por la fuerza del destino, se recoge en sí misma, resignada y heroica".

Mientras tanto en Chile se votó el 10 de enero, aprobándoselo por unanimidad.

BOLIVIA SE RECOGE

Al respecto EL DIARIO editorializaba, el 1o. de febrero, de la siguiente manera:

Terminó

El gran debate sobre los tratados con Chile clausuró ayer a horas 4 p.m.

Bolivia hace el sacrificio de su rico Litoral, por la fuerza del destino; se recoge en sí misma, resignada y heroica.

En una situación semejante es necesario encarar las dificultades y salvarlas; es preciso tener el valor de sobreponerse a los inconvenientes del presente y proveer el porvenir.

Con la conciencia del deber cumplido, acongojados por el sacrificio, pero con fe en el porvenir, los representantes de la mayoría han votado por el tratado.

Asumen la responsabilidad que les toca con valor civil incontrastable, y creen que, como la Francia del 71, se levantará Bolivia, vigorosa, por el trabajo y la industria, para tomar su papel en el concierto americano.

Pliegue a Dios que las patrióticas previsiones de la mayoría, fundadas en sólidas bases, sean la piedra angular donde se levante la nueva nacionalidad, y que los caminos de hierro, dándonos perfecta unión entre los pueblos, explotando nuestras inmensas riquezas, levanten a Bolivia a la altura en que debe estar.

Hoy podemos gozar de completa paz y dedicarnos a trabajar por la patria.

El tratado se ha aprobado por 42 votos contra 30.

Es una solución que todos los bolivianos debemos procurar que redunde en provecho y beneficio de la república.

Unidos, todos respetemos la ley mundial de la mayoría y trabajemos por el engrandecimiento de Bolivia, nuestra madre querida".

RATIFICACION

En su número 328, de 11 de marzo, este matutino publicaba la noticia de la ratificación de los tratados con Chile, señalando en su parte más importante:

"La ratificación del tratado con Chile

Ayer, a las 3 de la tarde, con el ceremonial de estilo y ante una concurrencia de respetables caballeros, efectuóse la ratificación y canje del tratado de paz firmado en 20 de octubre del año pasado.

Ninguna ratificación ha merecido la solemnidad que ayer hemos visto.

Con este acto, se ha solucionado definitivamente la añeja cuestión, quedando restablecida la cordialidad de relaciones entre Bolivia y Chile.

Terminado el acto, el señor ministro de relaciones invitó al encargado de negocios de Chile y a los caballeros que concurrieron, a pasar al palacio presidencial, donde el señor presidente de la república pronunció palabras de felicitación para el señor Alberto Gutierrez, que tan sagaz como patriótica labor ha tenido en esta solución. Felicitó también a la legación de Chile y al grupo de parlamentarios bolivianos que sostuvieron con vigor y entereza los tratados en el congreso.

Enseguida brindó una copa de champaña, después de lo cual se retiró el encargado de negocios de Chile, don Domingo Gana Edwards y toda la concurrencia".

A continuación publicaba el decreto respectivo y el tratado, en su primera página, además de otros documentos inherentes al tema.

TAMBIEN EL ACRE

También en este principio de los 900, el 17 de noviembre de 1903, Bolivia perdía el territorio del Acre, que queda en manos del Brasil, por el famoso tratado de "Petrópolis", firmado en la 5 de abril, 2004 señalada, quedando nuestra Patria mutilada por dos partes, por dos llamados "hermanos" que no tuvieron problema alguno para despojar a la "Hija Predilecta del Libertador".

Alcides Arguedas, en su "Historia General de Bolivia", nos relata este episodio trágico:

"Pero no concluyeron acá todas las desventuras de Bolivia bajo la administración del gobierno liberal iniciado por el general Pando. También con el Brasil se suscitaron nuevas cuestiones con motivo de la declaración de la independencia del territorio del Acre realizada por unos cuantos filibusteros en mayo de 1899.

"Hubo que armar una costosa expedición a esas lejanísimas regiones donde se puso de manifiesto la abnegación y el espíritu de sacrificio del soldado boliviano, que saliendo de las altas mesetas andinas fue a morir oscura y humildemente entre los bosques malsanos de aquella región, la que fue pacificada y reincorporada otra vez al patrimonio territorial de la República.

(Evidentemente la marcha fue larga y penosa, atravesando la altiplanicie paceña y de Oruro, para ingresar a la región cochabambina y luego a los Yungas, de Santa Rosa del Chapare a Trinidad, los llanos de Mojos, navegando el Mamoré, el Iténes, para llegar a Villa Bella y Riberalta; del Madre de Dios al Orton y, por fin, el Acre.

"El cansancio nos obligaba a menudo a dejarnos caer sobre los troncos ásperos y ondulosos del camino. Gruesas gotas de sudor se desprendían de nuestra frente, para rodar por nuestras sienes calenturientas y nerviosas. Un triste silencio reinaba entre nosotros, toda vez que nos reunía el descanso, en la fatigosa marcha, y a la voz de ¡adelante! echábamos nuestras pesadas cargas sobre los hombros, volviendo a empuñar el largo palo", relata José Aguirre Achá, en su libro "De los Andes al Amazonas").

Por su parte Arguedas continúa: ``Conseguido este primordial objeto, y viendo que por su lejanía y lo dificil de su acceso podría el Acre en todo tiempo prestarse a movimientos de igual índole, concibió el gobierno la idea de celebrar un contrato de administración con una sociedad anónima norteamericana con objeto de que recaudase las rentas fiscales y se entendiese con todo lo relativo a una perfecta organización administrativa; pero entonces y cuando ya estaban las principales bases de ese contrato, volvió a estallar la insurrección el 6 de agosto de 1902, esta vez promovido por el mismo gobierno de Brasil que desde un comienzo se había manifestado adverso a que el gobierno de Bolivia entrase en ninguna gestión de la índole, porque, en su concepto, entrañaba un grave peligro continental.

"Forzoso le fue a Bolivia organizar una segunda expedición. El mismo Presidente, general Pando, y el ministro de la guerra, señor Ismael Montes, fueron los encargados de dirigirla. El Brasil se preparó también a la lucha enviando sus tropas a las regiones litigiadas; mas como era manifiesta la superioridad de esta nación, Bolivia se vio obligada a firmar el Tratado de Petrópolis de 17 de noviembre del mismo año y por el que cedía al Brasil todo el territorio del Acre a cambio de una compensación de dos millones de libras esterlinas que debían ser empleados, según los términos de ese convenio, "principalmente a la construcción de caminos de hierro u otras obras tendientes a mejorar las comunicaciones y desenvolver el comercio entre los dos países".

LA REVOLUCION FEDERAL

La Ley de Radicatoria del poder Ejecutivo en la capital, Sucre, que aprobó el Congreso que se reunía en Chuquisaca en 1898, fue la chispa que encendió la hoguera del enfrentamiento regional.

Así se relata esta parte en la obra de Ramón Salinas Mariaca, titulada "Vida y muerte de Pando":

"Entre tanto, el Congreso de 1898, sesionaba normalmente, hasta que en la sesión del 31 de diciembre un grupo de diputados conservadores, presentó un proyecto de ley, por el cual se obligaba al Poder Ejecutivo a residir permanentemente en la capital de la República.

"Esta actitud de los diputados conservadores fue interpretada por los liberales como una hostilidad y se fundaba en lo que había ocurrido en marzo último, cuando se había planteado en el seno del Concejo Municipal de La Paz, la cuestión de la visita del Gobierno, y la desgraciada actitud del pueblo de Sucre que provocó incidentes desagradables para el mismo Gobierno, ocasionando la renuncia del Ministro don Macario Pinilla y además el desistimiento del Presidente Alonso de visitar La Paz en su calidad de Capitán General del Ejército y regresar a Sucre desde Oruro.

"Pero los representantes nacionales temieron que una vez clausurado el Congreso, el Gobierno de Alonso insistiera en su visita a La Paz por lo cual resolvieron presentar el proyecto llamado de radicatoria Y ante la evidente aprobación de este descabellado proyecto que constituía un reto a La Paz, la representación liberal y el Coronel Pando, con un espíritu tranquilizador quisieron sustraer a su partido de esa lucha provincialista que desgraciadamente se había iniciado en el seno del Congreso Nacional y que había repercutido tan hondamente entre dos pueblos hermanos.

Como emergencia de esa delicada situación, Pando reunió a los representantes chuquisaqueños y paceños el 4 de noviembre para ver la manera de atenuar las asperezas que se presentaban.

"Pando había planeado la cosa de tal manera, que se puso de parte de esa ley de radicatoria, que al final sería la chispa para que se inicie la rebelión que buscaban los liberales, ya que si no se aprobaba la citada ley o el gobierno la vetaba, el pueblo de Chuquisaca se alzaba contra el gobierno y se ponía a las órdenes de su Senador el Coronel Pando, y si se aprobaba la ley y el Gobierno no la vetaba se alzaba La Paz y ponía sus tropas a las órdenes del paceño coronel Pando que en esos momentos no se podría negar a defender su terruño.

"Esto creó una situación azas difícil para el Gobierno de Alonso puesto que la tal ley de radicatoria constituía un arma de dos filos.

"Ante el fracaso del Gobierno para hacer que fuera retirado el proyecto de radicatoria, fue aprobado por el Congreso y el Presidente Alonso no tuvo más remedio que promulgar la Ley, sabiendo que había caído en una trampa que le traería muchas dificultades. Y así fue, al aprobarse la ley, la delegación liberal se retiró del Congreso y los paceños que representaban a otros distritos, como Pando, también fueron abandonando sus escaños.

"Los ministros paceños renunciaron, así como muchos funcionarios de la administración pública. La delegación paceña el momento de abandonar el legislativo, presentó un proyecto de ley que creaba el régimen federal en Bolivia, siguiendo ya las instructivas del Concejo Municipal de La Paz que en una Asamblea o Cabildo Abierto lo había proclamado como su bandera política. El día 13 de noviembre de 1898, se organizó en La Paz el Comité Federal, siendo designado su presidente el Dr. Fernando E. Guachalla y formado por los principales y más ilustres personajes no solamente del liberalismo sino también del partido conservador.

"Este Comité dirigió a los representantes paceños un telegrama imponiéndoles la presentación al Congreso de un proyecto de Régimen Federal que como se dijo fue presentado antes de que la delegación liberal se retire. También se dirigió una comunicación al Presidente de la República pidiéndole la reunión de un Congreso Extraordinario para tratar de la reforma federal de la República. El texto de esa petición fue el que sigue: ``El departamento de La Paz, representado por su Comité Federal, compuesto de los partidos Constitucional y LIberal, desea el noble propósito de evitar colisiones entre el pueblo y la autoridad, haciendo uso el derecho de petición, solicita: la inmediata convocatoria a un Congreso Extraordinario, en la ciudad de Oruro, en el perentorio plazo de sesenta días para que considere y resuelva el proyecto de ley sobre reforma del sistema de gobierno, bajo el régimen federal; y solicita también se suspenda los efectos de la Orden General, que ha puesto en receso las guardias nacionales. La falta de respuesta a esta patriótica solicitud, su aplazamiento o cualquier evasiva, importará una negativa, de cuyas consecuencias no será responsable el pueblo. Esta es, señor Presidente, la opinión unánime manifestada, de perfecto acuerdo con la Honorable Representación Departamental, en bien de la República y en resguardo de los derechos de este pueblo´´.

"Además en 5 de abril, 2004 7 de diciembre de 1898, corroborando lo anterior, un grupo de Representantes Nacionales encabezados por don Federico Zuazo, don José Santos Machicado, don Abel Iturralde y otros, también dirigieron el siguiente oficio al señor Presidente de la República: ``Los suscritos Representantes Nacionales, de acuerdo con el Comité Federal, han resuelto manifestar a usted que es exigencia de carácter inaplazable la inmediata convocatoria a un Congreso Extraordinario, para que se ocupe del proyecto de reforma federal, presentado a la última legislatura. La situación convulsionada de todo el departamento, podrá modificarse en caso de que el Poder Ejecutivo reúna dicho Congreso Extraordinario en la ciudad de Cochabamba u Oruro, en un plazo que no pasaría de los sesenta días.

"Los suscritos creen servir los intereses nacionales, proponiendo la favorable acogida de esta indicación, que consulta la tranquilidad y concordia boliviana. Cualquier evasiva o demora en su aceptación, implicará un rechazo, cuyas funestas consecuencias, en ningún evento recaerían sobre el pueblo de La Paz. Asimismo, expresan al señor Presidente de la República, la necesidad de que se derogue la Orden General de suspensión de Guardias Nacionales del departamento, como único medio de calmar la indignación pública".

"La respuesta del Gobierno comunicada por medio del Prefecto de La Paz, señor Serapio Reyes Ortiz, motivó una réplica altanera y revolucionaria del Comité Federal en sentido de no tomar en cuenta los telegramas de respuesta del Gobierno; y proclamando la regeneración de Bolivia bajo el régimen federal. El 12 de diciembre se constituyó una Junta de Gobierno Federal integrada por el Prefecto Serapio Reyes Ortiz, el Coronel José Manuel Pando y el Dr. Macario Pinilla y como Secretario General el Dr. Fernando Eloy Guachalla.

"Esta Junta designó al General Eliodoro Camacho, General en Jefe del Ejército, al Coronel Fermín Prudencio Jefe de Estado Mayor General, al Coronel Ismael Montes Sub Jefe y al Sr. Zoilo Flores, Ayudante General.

"Así, con esos antecedentes nació el movimiento revolucionario de La Paz, contra el Gobierno del Dr. Severo Fernández Alonso y el régimen conservador que desde los tiempos del Presidente Pacheco había constituido una oligarquía gobernante. La revolución Federal ya estaba pues planteada y comenzó su ejecución y su lucha en busca del poder.

"Con los antecedentes enunciados en el capítulo anterior y la constitución de la Junta Revolucionaria, el pueblo de La Paz se preparó febrilmente para la lucha. Mientras tanto Pando había salido de Sucre y llegado a Oruro para preparar la insurrección en esa ciudad, pero allí los gubiernistas recibieron órdenes de capturarlo y enviarlo preso a la Capital, cosa que no pudieron hacer pues el Coronel avisado de que lo buscaban se fue a Sica Sica, donde recibió un correo de La Paz avisándole haber sido designado Miembro de la Junta Revolucionaria y dándole cuenta de los sucesos del 12 de diciembre. Pando estuvo al principio un tanto renuente a aceptar el alzamiento de La Paz, pero ante los hechos ya consumados aceptó la revolución liberal en vista de la urgencia que había de defender su ciudad natal, y adquirió pues, el compromiso de poner toda su energía y capacidad para ello.

"Mientras tanto, el Presidente Alonso el 10 de diciembre había salido de la Capital de la República, con intenciones de buscar la conciliación y avenimiento con la Junta Federal, sin tener una exacta noticia de la verdadera revolución, puesto que las noticias eran confusas en Sucre, no obstante que las autoridades de varios departamentos habían recibido órdenes de captura para Pando y otros elementos liberales.

"Esta falta de decisión del Presidente que demoró demasiado en aproximarse a La Paz con sus fuerzas, al parecer sin darle la importancia que merecía el levantamiento, mas bien tratando de llegar a algún arreglo con los paceños, salvó a la revolución, puesto que La Paz solamente contaba con 215 rifles y las barricadas se estaban por comenzar a construir así como se estaba organizando el ejército y por lo tanto sus posibilidades de éxito contra el Gobierno eran remotas.

"Y en realidad, el ejército de Alonso en lugar de dirigirse a El Alto de La Paz, y atacar resueltamente la ciudad cuando sus avanzadas ya estaban en el alto de Chacaltaya recibieron órdenes de replegarse hacia Viacha, donde se concentraron todas las tropas esperando la llegada de refuerzos. Por otra parte también falló a Alonso la logística militar y tuvo que esperar recursos y otras vituallas que por razones no bien establecidas no llegaron oportunamente; lo cierto fue que perdió la oportunidad de ocupar La Paz y reducir a sus defensores. Entre tanto, la Junta Revolucionaria pasaba momentos de angustia en espera de las armas que se habían comprado al Perú: 1.500 rifles y dos cañones pequeños, pero como las fuerzas contrarias desde Viacha no podían controlar los caminos del lago Titicaca a La Paz, tampoco pudieron impedir que las armas llegaran y que los contingentes de voluntarios que acudían de las provincias se incorporaran al ejército revolucionario, organizándose la defensa en forma lo más precisa posible.

"Pando salió de la ciudad y se situó en El Alto en espera de un ataque de Alonso contando ya con un ejército armado y las montoneras de indios que se plegaron a ellos y que comenzaron a hostilizar al enemigo. El Coronel Clodomiro Montes con una pequeña fracción del Ejército revolucionario avanzó hasta Pucarani, atacando sorpresivamente y destrozando un escuadrón del Regimiento Bolívar el 17 de enero de 1899. Por medio de los indígenas supo que de Oruro habían salido los refuerzos y vituallas para el Ejército de Alonso y entonces Pando organizó una brigada de 148 hombres para interceptarlos y así fue que en el lugar denominado Chacoma, a pocos kilómetros del campamento de Viacha, atacaron las avanzadas de Alonso, ocasionando el avance del ejército revolucionario hasta Cosmini en busca del convoy de los gubiernistas, pero en vista que no llegaban dentro del plazo calculado, Pando ordenó al ejército seguir por el camino a Ayo Ayo con el objeto de interceptar el convoy y las fuerzas que lo custodiaban y así fue que en el lugar denominado "Crucero" el comando de las fuerzas revolucionarias preparó un plan de combate contra los alonsistas que se sorprendieron de la presencia del ejército paceño y trataron de volverse, pero en eso se produjo el ataque y los revolucionarios concentraron sus fuegos sobre las mulas de las carretas, matando gran parte de ellas, por consiguiente carretas y cargas quedaron paralizadas y los gubiernistas no tuvieron mas remedio que rendirse.

(José Aguirre Achá, en "De los Andes al Amazonas", recuerda este acontecimiento armado del 24 de enero de 1899 y relata así el posterior descenlace: "Derrotado el Escuadrón "Sucre" con parte del "Monteagudo" y un piquete que conducía elementos bélicos para el bombardeo de La Paz, quedaron asilados en el templo de Ayoayo más de treinta soldados, heridos en su mayor parte, a cargo de tres sacerdotes, el de Viacha, el de Ayoayo y el Capellán del Cuerpo. La ferocidad de los indios, fermentada hacía largo tiempo con los ultrajes de los que fueron víctimas durante la guerra civil, encontró cómoda presa en los derrotados, sacrificándolos en los mismos altares de la Iglesia, como término de la fiesta bacanal que el pueblo aterrado contemplara durante cuarenta y ocho horas. Yo mantenía vivo aún el recuerdo de la dolorosa impresión que me causó ese proscenio, cuando pasé por él a los dos días del suceso, con el ejército revolucionario").

"Después de esa acción -continúa Ramón Salinas-, el Presidente Alonso que se había trasladado con sus tropas a Oruro, se negó a todo avenimiento ``y tan sólo accedió a convocar a un Congreso Extraordinario sin decir dónde ni cuándo. Pando en un telegrama 5 de abril, 2004do en Caracollo el 6 de marzo de 1899, le hizo ver su error al cerrar las puertas de una pacificación, pues Alonso se negó a renunciar la Presidencia y no tomó en cuenta la posibilidad y el peligro qie significaban los indios sublevados. Ante esta actitud de Alonso y no obstante su buena voluntad de evitar derramamiento de sangre entre hermanos, Pando tomó el Comando General del Ejército y con su Jefe de Estado Mayor, el coronel Ismael Montes, dispuso el ataque de las fuerzas alonsistas de Oruro. Y el día 10 de marzo de 1899 a las siete de la mañana se puso en marcha el ejército sobre Paria, para luego el día siguiente atacar a Oruro. Por su parte Alonso avanzó de Oruro el mismo día 10, para encontrar y destruir en Paria a las fuerzas revolucionarias de Pando. Ambos ejércitos se encontraron a las tres de la tarde en el campo del Crucero de los caminos de Paria y Caracollo. El ejército del gobierno contaba con 1.952 hombres y el de Pando con 1.795. La batalla duró una hora y media. Ambos ejércitos lucharon como leones y al final de la tarde el Coronel Ismael Montes entró victorioso al pueblo de Paria con el abundante botín tomado al gobierno.

"Ante esta derrota el Presidente Alonso regresó a Oruro y en la noche tomó el tren con destino a Antofagasta, mientras que Pando al día siguiente ocupó Oruro".

Con esas acciones se estableció La Paz como sede del poder Ejecutivo y empezó una nueva etapa en la historia de Bolivia, facilitándose, además, la ascensión a la Presidencia de la República del Coronel José Manuel Pando y el predominio liberal en Bolivia hasta la segunda década del nuevo siglo, aunque el "régimen federal" no prosperó en los hechos.

O Acre por um cavalo?

Por: Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

Muitos brasileiros se chocaram ao ler nos jornais que, segundo o presidente da Bolívia (foto) , seu país "trocou o Acre por um cavalo". Ou, para ser preciso, pelo preço de um cavalo. Absurdo?

Como se sabe, em 1902 o governador do Amazonas Silvério Néri enviou Plácido de Castro ao Acre, então boliviano, para organizar e liderar a revolta dos seringueiros brasileiros contra o governo de La Paz que, sem conseguir impor a ordem e cobrar impostos nesse território, tentara terceirizar sua administração para um consórcio estadunidense, o Bolivian Syndicate.

Vitoriosa a revolta, proclamou-se a "República do Acre" com o apoio do presidente Rodrigues Alves e do chanceler Barão do Rio Branco. Em seguida, o Brasil ocupou o Acre, estabeleceu um governo militar comandado pelo general Olímpio da Silveira e ofereceu um acordo do qual a parte mais importante foi uma indenização de dois milhões de libras esterlinas à Bolívia que, incapaz de sustentar uma guerra com o Brasil, viu-se forçada a aceitar.

E o cavalo? Em março de 2006, em um leilão na Flórida, um potro de dois anos foi vendido por US$ 16 milhões, ou 9,12 milhões de libras esterlinas pelo câmbio da época. Evo tinha razão?

A resposta não é óbvia. Exige levantar índices de inflação ao longo de mais de um século, tarefa que poucos jornalistas, historiadores ou escritores se atrevem a enfrentar. É muito comum citar um valor de dez, vinte, cinqüenta ou cem anos atrás sem mostrar a menor preocupação com atualizar esses valores.

Este assunto não é só para quem se interessa por comparações internacionais e história da economia. Às vezes vemos em um filme de faroeste o xerife oferecer um prêmio de tantos mil dólares pela captura de tal bandido, ou lemos num romance da década de 20 que oferecem ao herói um emprego com salário de tantos mil francos e ficamos sem saber se isso é pouco ou muito. As mesmas dúvidas surgem quando queremos saber quanto valeria, em moeda de hoje, um salário mínimo de 1940, quando lemos O Capital e nos deparamos com os salários de tantos shillings e tantos pence dos operários britânicos do século XIX.

O problema é mais complicado no Brasil, que teve oito moedas diferentes desde 1942. Mas não se pense que um britânico ou estadunidense tem uma noção muito mais clara de quanto sua moeda valia há cinqüenta ou cem anos. Para complicar, às vezes tradutores e editores tentam "ajudar" seus leitores convertendo ingenuamente valores de décadas ou séculos atrás por taxas de câmbio atuais - esquecendo-se que, mesmo para moedas "fortes", a inflação acumulada em longos períodos pode ser muito grande. Ou, quando se trata de antigas moedas de ouro e prata, pela cotação atual dos metais nelas contidos, o que não é muito mais exato.

Para dar uma solução aproximada a esse problema, inventemos uma unidade de medida do poder aquisitivo que chamaremos de Dinheiro, representada pelo símbolo Ð. Definamos Ð 1,00 (um dinheiro) com o valor aquisitivo, para o consumidor norte-americano, de um dólar nos EUA no final de dezembro de 2000 e do século 20. Ou o poder de consumo de R$ 1,00 no Brasil em dezembro de 2001. Ou de 1,00 euro na Alemanha de fins de 2002. Dada a inflação acumulada desde 2000, o valor do dólar foi reduzido, até abril de 2006, a Ð 0,864 e o do real a Ð 0,72.

Note que o poder aquisitivo de um dólar nos EUA não é igual ao de um dólar no Brasil. O custo de vida pode ser muito diferente de um país para outro (ou mesmo em diferentes cidades de um mesmo país) e geralmente é mais baixo em países mais pobres - o que equivale a dizer que, na prática o dinheiro vale algo mais.

No último dia útil de dezembro de 2000, por exemplo, a cotação do dólar no Brasil fechou em R$ 1,9554. Poderia parecer, portanto, que o valor do real, nessa data, seria de Ð 0,51. Mas, como o custo de vida nos EUA era pouco mais que o dobro do Brasil, nessa data o Real valia, na realidade, Ð 1,08, isto é, tinha no Brasil um poder aquisitivo pouco superior ao do dólar nos EUA.

O dinheiro na Belle Époque

Na Belle Époque - o período de paz e prosperidade dos países ricos do começo do século XX ao início da I Guerra Mundial - o valor das moedas fortes era notavelmente estável, como havia sido durante boa parte do século XIX.

Desde a Antigüidade ao início da Revolução Industrial, moedas de prata haviam sido o principal meio de troca e o fundamento da maioria dos sistemas monetários. Mas no início do século XIX, a descoberta de novas minas de ouro - primeiro nas Minas Gerais, depois na África do Sul, Austrália, Califórnia, Canadá e Alasca -, juntamente com a aceitação crescente de papel-moeda conversível em ouro e crédito bancário, tornou possível um sistema monetário baseado na maior parte no ouro.

Ao mesmo tempo inovações na mineração de prata fizeram cair seu custo, que de 1/10 do valor do ouro na Idade Média, passou a cerca de 1/15 de 1600 a 1800 e caiu no final do século XIX a 1/35 do ouro. O sistema monetário poderia continuar a se fundamentar na prata, o que teria resultado num aumento de preços da ordem de 125% na segunda metade do século XIX ou 1,6% ao ano, comparável aos 1% ao ano registrados nos primeiros séculos da Idade Moderna.

Não foi isso, porém, que aconteceu. Os países economicamente mais poderosos impuseram o ouro como único padrão. O primeiro foi o Reino Unido, em 1774, seguido por Portugal, seu satélite, assim que a prata começou a dar sinais de cair de preço, em 1854. Mas foi a partir de 1873, quando a recém-unificada Alemanha aderiu ao novo sistema pouco depois de derrotar a França e tornar-se o país política e economicamente mais poderoso da Europa Continental, que o padrão-ouro espalhou-se rapidamente pelo mundo e tornou-se um sistema verdadeiramente internacional.

Do ponto de vista da tradição, não havia por que preferir o ouro à prata, mas era claro para os credores (e o Reino Unido era então o grande credor do mundo) que a prata estava perdendo valor de troca em comparação à média das mercadorias, enquanto o poder aquisitivo do ouro era mais estável. Seu poder político foi usado para garantir a propriedade dos detentores de créditos, em prejuízo dos devedores cujas reservas eram constituídas de prata. Foi o caso da maioria dos países da América Latina, África e Ásia, que empobreceram em termos relativos e tiveram suas moedas desvalorizadas cerca de 50% ante a libra e outras moedas "fortes".

À parte flutuações para cima e para baixo com o ciclo econômico, o valor da maioria das moedas dos países ricos foi mais ou menos estável de meados do século XIX a 1914 - período que cobre boa parte dos clássicos da literatura, os tempos do faroeste e muitos textos fundadores da economia, inclusive os de Marx. Em números redondos, um dólar valia Ð 20, um franco, lira, coroa austríaca ou dracma Ð 4, um rublo Ð 10, um florim holandês Ð 8, um mil-réis português Ð 20 e um mil-réis brasileiro Ð 10. Um marco, depois da unificação alemã, valia cerca de Ð 5, como também uma coroa escandinava. E a libra esterlina? Era a moeda internacional, como o dólar é hoje, e também a moeda de maior valor: cerca de Ð 100. Dividia-se em 20 shillings de Ð 5 e 240 pence de Ð 0,4.

Os dois milhões de libras do Acre valiam, portanto, Ð 200 milhões - ou, em moeda de hoje, uns US$ 230 milhões. Bem mais que um cavalo, mesmo que seja um puro-sangue de corrida. Mas foi caro ou barato?

Para responder a isso, devemos avaliar quanto rendeu o Acre para o Brasil. A resposta é surpreendente: até 1910, quando a produção britânica na Malásia começou a derrubar os preços internacionais da borracha, o Acre proporcionou a terceira maior arrecadação tributária do País. Das exportações brasileiras, da ordem de 40 milhões de libras anuais nesse período, 28,2% deviam-se à borracha e 60% dessa borracha vinha do Acre - que, portanto, chegou a render quase 7 milhões de libras anuais. Foi comprado pelo valor de menos de quatro meses de sua produção. Exageros cavalares a parte, não deixa de ser um bom exemplo das espoliações sofridas pela Bolívia.

publicado em 23 de maio de 2006 http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1016526-EI6607,00.html

terça-feira, 20 de março de 2007

Criança Esperança: você está pagando imposto da Rede Globo!

Circula na Internet um e-mail cuja mensagem vem causando arrepios à Rede Globo, não perca tempo, leia:
"Quando a Rede Globo diz que a campanha Criança Esperança não gera lucro é mentira. Porque no mês de Abril do ano seguinte, ela (TV Globo)entrega o seu imposto de renda com o seguinte desconto: doação feita à Unicef no valor de... aqui vem o valor arrecadado no Criança Esperança). Ou seja, a Rede Globo já desconta pelo menos 20 e tantos milhões do imposto de renda graças à ingenuidade dos doadores!
Agora se você vai colocar no seu imposto de renda que doou 7, 15, 30 ou mais pro Criança Esperança, não pode, sabe por quê? Porque Criança Esperança é uma marca somente e não uma entidade beneficente. Já a doação feita com o seu dinheiro para o Unicef é aceito. E não há crime nenhum. Aí, você doou à Rede Globo um dinheiro que realmente foi entregue à Unicef, porém, por que descontar na Receita Federal como doação da Rede Globo e não na sua?Do jeito que somos tungados pelos impostos, bem que tal prática contábil tributária poderia se chamar de agora em diante de Leão Esperança.
Lição: Se a Rede Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de televisores, também nós temos o poder de fazer chegar a nossa mensagem a milhões de computadores!"

domingo, 4 de março de 2007

GALVEZ, A GENTE SE VÊ POR AÍ!

Autor do Texto: Jair Alves
Diretor - Superintendente da APACE



CURIOSA, se não fosse preocupante a decisão de a TV Globo adquirir os direitos do romance histórico 'Galvez, o Imperador do Acre', do escritor Marcio de Souza. A emissora, no entanto, optou por um escritor menor, e por uma adaptadora ainda menor. Essa escolha resultou, como todos sabem, na minissérie Amazônia, em exibição nos dias de hoje. Começamos a entender o caso com a constatação de que tudo o que não interessa a Globo é que o conteúdo de Galvez, Imperador do Acre, venha a ser conhecido. Mas não é só isso.

PARA QUEM TEVE PACIÊNCIA de acompanhar par e passo os capítulos da minissérie percebeu que a ficção de Glória Perez acaba tendo mais destaque do que a história que, no subtítulo da obra, a TV Globo promete contar. O título Amazônia - de Galvez a Chico Mendes não corresponde à verdade histórica, nem de longe. Está mais próximo de "de Galvez a Chico Mendes, segundo a piração de Gloria Perez". Abundam absurdos lingüísticos, onde a aristocracia metida à besta usa expressões, na segunda pessoa do singular, tais como "tu queres o meu amor" com "deixa comigo", na boca dos filhos abastados dos coronéis. Mas isso não é tudo - TEM MAIS.

EM UMA CENA DO CAPÍTULO do dia 08 de fevereiro, a certa altura, os coronéis da borracha, preocupados com o andamento da "revolução" e da tramóia, envolvendo o governo federal e a Bolívia, um deles diz mais ou menos o seguinte "a exportação da borracha vai ser muito mais importante para todos nós, principalmente com a indústria automobilística". SANTO DEUS!!!! Como é sabido, basta ler em qualquer livro de história que o presidente Campos Salles e o presidente do Estado Silvério Nery governaram o Brasil e o Amazonas, respectivamente, de 1899 a 1903. Ambos são citados várias vezes nas conversas, inclusive com inserção direta da história contada pela Globo. Ora, apesar de Henry Ford ter se interessado pelo motor a explosão, desde o final do século XIX, somente em 16 de junho de 1903, foi criada a Ford Motor Company que passou a produzir em série, conhecido como taylorismo. Como o insignificante personagem da minissérie veio a conhecer tão importante notícia que iria provocar tamanho aumento nas exportações de látex? PELA INTERNET?

MAS A TV GLOBO, como diria Latino "não estou nem aí". Eles perdem a vergonha, mas não a piada. Se colarmos essa gafe aos resultados do conhecimento dos alunos de primeiro e segundo graus SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), amplamente divulgados no mesmo dia em que o capítulo foi ao ar, a situação não nos parece assim tão engraçada, e sim trágica. E vejam vocês que a TV Globo, através de um de seus programas, pretende alfabetizar o Brasil, com ensino a distância pela TV Futura. MAS TEM MAIS AINDA.

DESDE OS GREGOS, o protagonista geralmente é o personagem mais destacado da trama. Os demais, muitas vezes pelas circunstâncias, acabam tendo grande importância, porém a fabula contada sempre tem como enfoque o destino do personagem central. A saber: Édipo; Medeia; Antígone; Gimba (Guarnieri); Papa Higuirte (Vianinha), e outros mais modernos.

Na minissérie, curiosamente, o coronel Firmino (José de Abreu) tem mais inserções do que o papel-título, o de Galvez (José Wilker). A ficção, ou piração de Gloria Perez é mais importante do que a história de Galvez, que na obra é tratado como se fosse um inveterado mulherengo, sem vergonha alguma, ao passo que o coronel Firmino, apesar de ter um filho fora do casamento, não permite que sua cunhada e mulher dêem um passo em falso, do contrário ambas vão terminar seus dias num convento, enclausuradas.
O que interessa para Globo, o que nos parece ser, é o show, o que pode servir como elemento de indução ao momento presente, não importando se isso tem a ver com a verdade histórica ou não. Esse mote, aliás, foi uma escolha desde a muito. Em outras minisséries, que esse humilde escriba não teve paciência para ver e apreciar, o mesmo crime contra a educação nacional também se manifestou.

O que é mais do que evidente é que isso serve para os interesses da Globo, não é necessariamente o que a maioria da população quer e precisa conhecer. O compromisso com a informação, o jornalismo sério, deu lugar ao projeto político imediato, e este é inquestionável, vide as últimas trapalhadas em que a emissora se meteu. Com essa amostragem dá pra prever os problemas que vamos ter, quando chegarmos aos tempos de Chico Mendes. Tremo nas calças, mas com muitos personagens ainda estão vivos para contestar os descalabros, morro de expectativa...

Mas a realidade, essa sim, é dinâmica e apresenta contradições deliciosas. No caso, duas envolvendo o ator José de Abreu.

NA REALIDADE: Pouca gente sabe que o ator Jose de Abreu é oriundo do movimento estudantil de 68, foi segurança, naquela oportunidade, do nada menos ex-ministro José Dirceu. A história registra uma foto, na primeira página de o Estadão: José de Abreu de joelhos, sendo preso pelos agentes do DOPS. Também naquela época, José de Abreu figurava entre os atores do espetáculo O&A do TUCA, conhecido grupo, pensado e dirigido pelos então estudantes revolucionários da AP; hoje, na sua maioria, adeptos do PSDB. José de Abreu militava na Dissidência (mesma corrente de Dirceu e Vladimir Palmeira). No período de abertura trabalhamos com José de Abreu, na montagem QUALÉ MEU (1980) que pretendia contribuir historicamente para esclarecer os acontecimentos trágicos dos governos militares.

Originalmente, seria uma adaptação do livro O que é Isso companheiro, mas o seu autor resolveu cair fora e vender os direitos para o cinema. Deu no que deu. Sem comentários. Escrevemos a quatro mãos nossas memórias e de amigos e companheiros do passado ainda recente. Da montagem também participou Ecila Pedroso, apenas como atriz, hoje novelista da Globo. BONS TEMPOS AQUELES. O artista gráfico Elifas Andreato imortalizou essa montagem em mais um cartaz, anexado a este texto.

NA FICÇÃO: Nos capítulos anteriores o personagem Firmino, interpretado por José de Abreu, numa conversa com um dos filhos tenta convencê-lo (numa boa) voltar a estudar em Paris. O filho argumenta que prefere o seringal, onde se dá bem, e que "afinal vou tomar conta mesmo". Firmino retruca, dizendo que é importante o estudo porque se ele, Firmino, tivesse estudado teria ido mais longe. O filho, então, contesta novamente "se a escola é tão importante, pai, porque o senhor não deixa criar uma aqui?" Ele arremata, "escola para seringueiro é problema a vista. Vai ficar assim mesmo, e ponto final. Você vai para Paris querendo ou não".

ESSA INSERÇÃO CÊNICA que a princípio poderia ser considerada semente de insatisfação, uma contribuição ao mundo civilizado, se perde nas inúmeras contradições da minissérie que reforça o conformismo e aceitação de uma produção mentirosa. Mesmo com exemplos de belas interpretações, a começar do próprio José de Abreu, a minissérie despreza a cultura, as artes, a história e a inteligência.