domingo, 14 de dezembro de 2014

Vaidades

A vida parece tão fútil,
Busca-se fama, poder, prestígio, beleza e dinheiro.
Dá-se tempo, suor e lágrima por eles.
Há quem estude para obtê-los,
Há quem comercialize para conquistá-los,
Há quem se prostitua nas esquinas e nos gabinetes para vomitá-lo;
Corrupção, lavagem de dinheiro, política.
Enfim, os meios justificam os fins...
A ambição é a mãe da psicopatologia moderna.

O que vale a beleza?
Para chamar a atenção?
Por que isso te fazes se sentir melhor?
Por que a tua felicidade e satisfação interior,
ficariam a mercê de um elogio alheio?
Por que tantas academias nessa Rio Branco?
Acaso não vivemos em uma ditadura da beleza?
Porventura não estamos em uma sociedade de “narcisos”?
A tua fortuna, sim, aquela para quem trabalhas tanto...
Ela apoderou-te de maneira tal que estás escravo dela,
Ela é quem te domina e não tu a ela.
Acumulastes bastante, parabéns!
Para quem será depois de ti?

Ei, você “Doutor”,
Por que estuda tanto?
Para conhecer o mal social
E ter o enfado da passividade em seus ombros?
Acusa tanto esse mal de dia e
quando chega à noite te deitas com ele,
Será isso certo?

Ei “Doutor”,
Pare de aplicar o teu conhecimento jurídico
para livrar o cliente dos rigores da lei,
Pare de utilizar o teu saber em contabilidade,
para manipular os números em favor do cliente,
Ciência, razão, verdade,
Igualdade, fraternidade e liberdade
Tudo vaidade, Tudo ilusão, tudo ideologia.

Conversas, intrigas, disputas, acusações.
Para que se discute tanto a política?
Por que tantos porta-vozes do povo?
Você que se diz representante do bem,
E faz questão de denunciar o mal alheio,
Por que não renuncias tu as benesses que o cargo lhe trás?
Por que não as distribui aos pobres?
A igualdade da tua retórica
não vai além da tua demagogia e hipocrisia.

Chega de teatro,
Chega de sorrisos pálidos,
Chega de discurso humanitário ou ecológico,
O fim de tudo isso é a ambição
dos oráculos Do bem-estar social.
A civilidade deles está cercada
Dos mais torpes pensamentos.
O paletó engomado que eles vestem
não faz deles menos selvagem que os primatas.
Eduardo Carneiro - 14/12/2014

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

EDUARDO PASSARO JUNIOR. Um contexto histórico e sócio-ambiental dos povos da floresta do Acre : ensaio sobre história recente desses povos e as políticas públicas estaduais do "Governo da Floresta".

Resumo: O Estado do Acre, território mais recentemente incorporado ao Brasil, até meados do século XIX apresentava em seu território apenas povos tribais ameríndios, que lá habitavam desde milênios. O histórico de povoamento mais recente do estado (a partir da segunda metade do século XIX) está atrelado com o mercado internacional da borracha, a região foi o destino de milhares de pessoas em busca de fazer a vida explorando as seringueiras. A partir de então uma série de disputas fundiárias ocorreram na região, o que foi um dos fatores que influenciaram na conformação da sociedade acreana. O movimento ambientalista surgiu no estado como resultado dessas disputas fundiárias na segunda metade do século XX. No final da década 90 o governo estadual, assimilando o discurso ambientalista, assume o governo com a Frente Popular do Acre, composta por uma série de partidos, com o autodenominado “Governo da Floresta” e usando o neologismo “florestania” como símbolo do projeto do governo. Apesar de utilizar amplamente em seu discurso temáticas ambientais e dos povos da floresta, acabou ao longo dos anos tendo atitudes com um cunho mais doutrinador do que emancipador. A discrepância entre a prática e o discurso do “Governo da Floresta” é então analisada a partir de conceitos como “Ecologia dos Saberes” e “Biopoder”, conceitos que auxiliam na identificação das atitudes de cunho doutrinador postas em prática pelo governo. Considerando como “ecologia dos saberes” aquela forma de conhecimento que tem a premissa um reconhecimento da pluralidade de conhecimentos heterogêneos que em interações sustentáveis e dinâmicas entre eles não comprometem suas autonomias e “biopoder” como aquela forma de poder que exerce a sua dominação sobre a própria vida da população, estabelecendo como é que esses devem viver.