terça-feira, 16 de setembro de 2014

RELATÓRIO do Prefeito do Departamento do Alto Purus (1911)

                               TERRITÓRIO DO ACRE

                     DEPARTAMENTO DO ALTO PURUS








RELATÓRIO

Apresentado
Ao
Exmº Dr. Rivadavia da Cunha Corrêa
Ministro de Estado da Justiça e Negócios Interiores
Pelo

Dr. Godofredo Maciel

Prefeito do Departamento do Alto Purus


1911

















Introdução






















            Sr. Ministro da Justiça e Negócio Interiores



     Conforme  a disposição do art. 6 & 1º do Regulamento baixado com o Decreto nº 6.901 de 26 de março de 1908, é o Prefeito obrigada  apresentar ao Ministro da Justiça um relatório semestral da sua administração, ou seja dois anualmente.
       Mas, não me tendo sido possível cumprir à riscas, esse preceito regulamentar, porquanto, somente a 18 de Março do ao passado assumi, de fato, o governo deste Departamento, também, só agora me é dada o ensino de apresentar a Vexª o relatório atinente à minha administração durante os meses de março a Dezembro, abrangendo assim os últimos meses do primeiro e todo o segundo semestre de 1911.
       Serei preciso e, sobretudo sincero na exposição dos fatos que em seguida vão ser resenhados.
        Revele-na V.Exª alguma passagem menos discreta, em que, porventura e meio grado, seja mister a verdade desses fatos transcrever plenamente, com todas as letras.
        Alias, isto de modo nenhum, poderá importar na mínima quebra da alta consideração e respeito devidos a Vexª.
        Surpreendido e, ainda mais, honrado pelo atual Governo, de que é Vexª. Digno auxiliar, com a escolha do meu obscuro nome para o ponderoso encargo de Prefeito do Alto Purus, assentei de antemão, no firme propósito de procurar sempre corresponder à distinta confiança dos altos poderes da Republica.
        Preponderava mais de que tudo nesta resolução interna o espírito de cumprimento do dever, a um tempo, estimulo e previdência aqueles que, ainda na mocidade, são chamados à árdua provança do serviço publico, pela investidura do cargo das mais graves e melindrosas responsabilidades.
       Haja visto o de Prefeito do Departamento do Alto Purus, quando a 3 de dezembro de 1910, foi lavrado o Decreto da minha nomeação.  A este tempo, senão antes, (seja-me licito aqui reiterar as palavras do brilhante relatório de V.Exª., em abril d ano passado, dirigido ao Sr. Presidente da Republica ), era de perfeita desordem a situação no Território do Acre: nenhum dos Prefeitos nomeados pelo Governo Federal estava no seu posto; o Tribunal de Apelação não funcionava, os juizes que o compõem, estando dispersos, longe da sede do Tribunal; raro era o juiz regular, de Direito, substituto ou preparados, que se achava em efetivo exercício; o desmantelo administrativo e judiciário era completo. O vento da anarquia, passando por sobre aquele rico Território desfez a entrosagem política, administrativa e judiciária, depondo Prefeitos afugentando juizes. E as notícias que  ao conhecimento do Governo chegavam, eram os mais desencontradas, as mais opostas, não sendo possível fazer-se uma idéia , sequer aproximada, da situação daquele Território nem de quais  os verdadeiros, culpados pelo desmantelo que lá reinava”.
      Foi então, à vista deste lamentável estado de crises, desta “perfeita desordem”, tão ao vivo descrita por V.Exª., que o Sr. Presidente da Republica, “diante da impossibilidade de pautar uma ação eficaz e segura, pelas informações oficiais e oficiosas que do Acre chegavam, prudente e sabiamente, resolveu a substituição de todos os Prefeitos e Sub-prefeitos, nomeando, para esse cargo, novos funcionários, de imediata e inteira confiança do Governo”- Só assim a administração central poderia entrar no exato conhecimento do que se  passou e se passam no longínquo  território, e, sob informações que lhe merecem perfeita fé, adotar medidas as mais consentâneas com as necessidades e as aspirações dos novos patrícios que valentemente desenhavam e conquistam para a civilização brasileira aquela uberrimas, mas inóspita, paragem”.
      De fato quando, em cumprimento da ordem telegráfica de V.Exª.,  parti do Ceará, onde me surpreendera a nova da minha nomeação, em busca de Manaus, ali encontrei entre outras pessoas  menos gradas, do Alto Purus, os Srs. Desembargadores Elysiário Fernandes da Silva Tavora e Domingos Almeida de carvalho, este procurador geral do Território do Acre e aquele Presidente do Tribunal de Apelação, com sede em Sena Madureira.
       Um  e outro queixaram-se amargamente da situação em que se viam, impossibilitados  de voltarem ao Departamento passou  o livre exercício de suas respectivas atribuições.
       Corriam então os mais alarmante versões a respeito do quer se estava passando no Alto Purus; e até se me assegurou que o Capitão Samuel Barreira, já exonerado do lugar de 1º Sub-prefeito, entrincheirado em Sena Madureira, mantinha-se na resolução de, à força, impedir a minha posse do cargo de Prefeito.
        Ao que se dizia, o Departamento estava irremessívelmente conflagrado. E sobre tais fundamentos foi que o Presidente do Tribunal de Apelação do Acre, secundado pelo seu colega Sr. Desembargador Domingos Américo, comigo instou repetidas vezes no sentido de solicitar a V.Exª., um vaso de guerra que me assegurasse o livre acesso pro Governo.
         A isto sempre me recusei, fazendo ver aqueles dois magistrados que o governo não me enviava ao Alto Purus em missão de guerra, senão de paz e concórdia.
      A vista dos continuados e repetidos boatos descrevendo tenebrosa e ameaçadora a situação ali reinante, sempre por parte dos Desembargadores Távora e Américo, que, cada vez mais, insistiam em me apregoar vitimas, como outros seus colegas magistrados de Departamento, da mais descabida animosidade por parte do Capitão Samuel Barreira, a quem atribuíam toda a sorte da desmanda  violência e até atos de improbidade administrativa, tomei de mim para mim mesmo, o alvitre de precisar também ouvi as partes contrárias e queixos dos referidos Desembargadores e seus colegas de magistério, representados aquelas por diversos proprietários de seringais nos rios Yaco e Purus, havia pouco, de lá chegados.
      Só assim, frisando bem as razões de um e outro lado, ser-me-ia possível antes de entrar no Governo do Departamento forma um juízo mais ou menos seguro acerca dos homens e coisas.
      Logo também deliberei, como medida preventiva, seguir para Sena Madureira em companhia apenas de meus auxiliares de administração.
      Já não  foi isso de agrado dos que se achavam em Manaus, à minha espera, no propósito de só regressarem ao Alto Purus com o novo Prefeito, que à puridade diziam arrojado pelo Sr. Dr.Belisario Távora, Chefe de Policia da Capital Federal, para se ir pôr ao lado de seu digno irmão, o Sr. Desembargador Elyziario...
      O meu intuito em partir de Manaus desacompanhado outro não fora senão me eximir durante a viagem as mesmas insinuações que já estava farto de ouvir, insinuações em sua maior parte de vinditas odiosas, sendo que a primeira deveria ser a demissão em massa de todo o pessoal que na Prefeitura servira com o Capitão Samuel Barreira.
      O certo é que  dali parti em busca de Sena Madureira trazia resolvido qual deveria ser o programa de governo a adotar, resolução que ainda mais se firme quando, a 18 de março, aportei a esta cidade.
      Só então e logo ao chegar, pude ver e pessoalmente testemunhar o tamanho e enormidade das fantasia urdidas, com engenho e arte, contra a mais ordeira população que ainda conheci, a qual se me fizera imaginar  entrincheirado no barranco do rio Yaco, em atitude belicosa, pronta impedir o meu desembarque...
                      Tudo romance!

     A população, encontre-a, realmente, apinhada ao longo da margem do rio, mas, não de armas em punho: trazia para o novo prefeito e seus auxiliares flores as braçadas, de onde logo fui enferindo a sua generosidade de sentimentos.
     Dentro em pouco, porem, surpreendido, contristado, através do animo ordeiro dessa população, mas menos laboriosa,  o amargor de um fundo sentimento, mal disfarçado embora, contra os seus magistrados judiciais, salvante raras exceções tanto mais honrosas quanto eram assinaladas com justa veneração.
     E  perscrutando melhor o cenário e, com mais segurança, deduzindo as razões dos fatos ali anteriormente desenrolados, conhecendo, enfim  mais de perto os protagonistas em jogo, foi se me revelando em toda a sua nudez a triste verdade.
     De um lado estava a população unânime, trabalhadora, temente à lei, ciosa da justiça e carecedora da assistência de um administrador esforçado e honesto, deveras interessado pelo futuro da região e, de fato em beneficio de seu progresso, aplicando as verbas que lhe são destinadas pelo Governo.
     Do lado oposto, dois advogados, ávidos de mando e de precunia, aos quais, lastimavelmente, dera mão forte a maioria dos juizes, constituindo esse concluo nada mais nada menos de que uma verdadeira ditadura político-judiciária, ferrenha, absorvente, intolerante e, não mais raro, desonesta...
      Era o que bem se pode chamar o regime da política togada, sem nenhum percalço e com todos os pros inerentes as condições de vitaliciedade e inamobilidade dos seus fundadores.
      E ai do Prefeito, simples funcionário demissível ad natum, que não preste desde logo cega obediência aos caprichos desse regime sui generis, filho do sacrílego abuso das garantias judiciárias!...
      Assim, o principal problema que me cumpria resolver, pesar de embarcações, dependia menos de arqueia do que do melhor a empregar;  e este só seria eficaz se não fosse arbitrário e, sim oportuno, isto é calcado nas próprias e especiais condições da situação que uma serie de fatos anteriores havia suscitado no Departamento.
     Urgia preliminarmente adotar a uma política de paz e congraçamento, cujo bom êxito, alias, não dependia em exclusivo da atitude neutra e da ação conciliadora do novo Prefeito, senão também, e principalmente, da boa vontade de certos juizes afugentados, para usar de uma expressão de v.Exª., no já citado relatório.
      Promover essa facilidade, de congraçamente e de reconciliação com o esquecimento de qualquer animosidade passadas ter-me-ia sido relativamente fácil, si nessa tarefa me quisesse coadjuvar aqueles juizes, como se mostrarem por sua parte, em regressando ao Departamento, resolvidos a um novo regime de procedes mais compatível e digno da elevação do seus mistérios.
     Longe disso, à media que se iam de novo investindo dos cargos, ao em vez de se revelarem convenientes, tolerantes e desapaixonado, pelo contrario, sentindo-se garantidos no seus lugares, denunciaram, para logo, as suas odiosas instruções de vinganças manifestamente  pessoais, por mais e modos que sempre lhes sobraram.
        Estavam assim, reconstituída, com as mesmas figuras, nos mesmos moldes de ferro, de absorção, de intolerância e de improbidade, a velha ditadura política – judiciária do Alto Purus.
        E o novo Prefeito que escolhesse, de duas uma: acomodar-se ou passar-se pelas forças caudinas...














































RELATÓRIO


































ADMINISTRAÇÃO



     Após dois meses de estadia em Manaus, aguardando não só as ultimas instruções do Governo como também a vinda do comandante, oficiais e raças destinados à  Companhia Regional de Alto Purus, parte para Sena Madureira no dia 28 de fevereiro passado...
    Já em Manaus e mediante autorização telegráfica de V.Exª., assumira, a 9 de janeiro, o exercício do cargo de Prefeito tendo assinado na Delegacia Fiscal do Tesouro Federal, naquela cidade, o respectivo termo de compromisso.
    Ao chegar a sede do Departamento, em 18 de março ato continuo, foi-me passado o seu governo, que se a chave então a cargo do 1º Tenente Miguel Seixas de Barros, que por sua vez, do Capitão José Menescal de Vasconcelos.
     Foi meu primeiro cuidado, como era natural, examinar a organização  interna do serviço da Prefeitura, o numero de seus funcionários e a quanto montava a remuneração dos menos anualmente.
    Qual não foi minha desagradável surpresa quando, ao cabo desse ligeiro exame, chegarei a conclusão de que o numero de empregados pagos pela prefeitura fora sobremado do acrescido de novos pelos três substituídos do Capitão Samuel Barreira, tudo sido, além disso, aumentados  os ordenados de vários dos artigos empregados; de maneira que toda a verba da Prefeitura (400:000,000) se consumiria só na remuneração do funcionalismo, ficando ainda um déficit avultado.
     Afim de obvias tão grave inconveniente, fiz baixar a Resolução nº 1, anexa, primeiro ato do meu governo.
     Equiparável a essa surpresa só a decepção, não menos desagradável, por mim experimentada ao verificar que no arquivo da Secretaria nenhum livro de escritura existia onde se achassem consignadas as verbas anteriores e suas correspondentes aplicações, tampouco um livro de credito, escriturado de maneira a se saber de pronto o debito da Prefeitura sua origem e respectivos credores.
    Da gestão administrativa do Sr. Dr. Candido José Mariano, absolutamente nenhuma escrituração existe na Secretaria da Prefeitura a respeito de verbas, nunca tendo havido uma seção de contadoria, nem, ao menos um livro de notas dos dinheiros recebidos e da sua aplicação, desde 1905, ano de sua nomeação, a 20 de abril de 1909, em que assumiu interinamente o cargo o 1º sub-prefeito, o Capitão Samuel Barreira.
     Relativo a administração deste, de abril de 1909 a 19 de março de 1910, em que esteve pela primeira vez em exercício, encontrei um balanço geral, publicado em 18 de setembro, no nº 130 d  “O Alto Purus”, órgão oficial do Departamento.
     No segundo período da administração do Capitão Samuel Barreira, que começou a 19 de julho, terminando com a comunicação oficial de sua exoneração, aqui chegada a 9 de novembro de 1910, existe no arquivo da Secretaria um livro caixa, de caráter particular e sem formalidade legal, onde, entretanto, se acham escrituradas com clareza todas as transações da Prefeitura durante o seu governo.
     Em o meu oficio nº 31, de 28 de abril do ano passado, anexo, dei a V.Exª minuciosas informações sobre esses fatos e ao mesmo tempo, da precária situação financeira da Prefeitura, de mais a mais, sobrecarregada de um déficit superior a dozentos contos de réis.
    Tal ordem de coisas não devia permanecer por mais tempo.
     Verdade era que a verba de que dispunha a Prefeitura, já de si exígua, talvez não mais comportasse a criação de uma contadoria, constituindo uma seção especial, com o respectivo corpo de funcionários, isto é contador, amanuense e serventes, percebendo ordenados correspondentes.
     Mas, urgia, de qualquer modo, pôr-se termo a essa inacreditável e singularidade praxe, em voga na Prefeitura do Alto Purus, que não usava registrar sua receita, muito menos sua despesa, seus débitos, procedência dos mesmos e respectivos credores.
     Resolvi, então, por ato de 25 de abril, estabelecer na Secretaria uma seção de contabilidade, contudo de dois livros, que me pareceram os mais imprescindíveis, devidamente abertos, rubricados e fechados, servindo um de caixa, em que fossem lançadas, com clareza e pontualidade, todas as transações da Prefeitura, e o outro de registro de contas.
     O serviço da nova seção ficou aos cuidados do 1º oficial da Secretaria, que, pela acumulação, passou a perceber, além do ordenado, uma pequena gratificação.
     Mais tarde, verificando que aquele funcionário não era possível dar conta de todo o serviço a seu cargo, e, atender a necessidade de trazer sempre em dia a escrituração dos negócios  da Prefeitura, sempre em grãs de argumento, fui obrigado a criar mais um lugar de 2º oficial e, posteriormente, ainda um outro, de amanuense.
    No intuito de dar aos meus atos administrativos, mormente aqueles que envolvessem aplicação de dinheiro públicos, a mais ampla publicidade, inaugurei, logo no inicio do meu governo, o sistema até agora praticado, da publicação no órgão oficial dos balancetes mensais da Prefeitura, trazendo, assim pontualmente escrito e divulgado todo seu movimento financeiro e econômico.
Anexos,no lugar competente, encontrará V.Exª., esse diversos balancetes parciais, além do balanço geral, relativo não só a verba ordinária (material) como também a extraordinária ( serviços  públicos e Obras).
        Havia na Prefeitura a praxe evidentemente abusiva de se  impor aos pequenos vendeiros ambulantes, de frutas, comidas feitas e coisas semelhantes, a contribuição mensal de 15.000. Como tal pratica, proibida em face do art. 1º do Decreto nº 1.820, de 19 de Dezembro de 1907, reforçado pelo art. 7 do regulamento a que se refere o Decreto nº  6.901 art. Que diz ser “defeso aos Prefeitos criar ou perceber quaisquer taxas ou impostos que não forem decretados pelo Congresso Nacional”, baixei a Resolução sob nº 6, anexa, abolindo de vez a cobrança indébita daquela contribuição.
          Os mesmos motivos e fundamentos determinaram a Resolução nº 11, também anexo, proibindo a cobrança que igualmente se fazia de 100,000 de taxa pela tiragem de cada titulo de aforamento dos lotes de terras concedidos  pela prefeitura.

        

                              SECRETARIAS


 
     Acha-se a cargo do Sr. José Pedro Soares Bulcão, cujo zelo, inteligência e capacidade de trabalho podem ser atestado pela boa ordem e exatidão com que foram desempenhados os múltiplos serviços concernentes a mais importante seção administrativa da Prefeitura.
    Relativamente grande foi o movimento da Secretaria durante os noves meses do ano findo, a que se refere o presente relatório, enquanto diminuto seja o numero de seus empregados cuja boa vontade e esforço a custo conseguem suprir as necessidades dos serviços que lhes estão afectos.
     No decurso daquele período foram expedido 180 ofícios e recebidos 346; despachados 1.006 petições e lavrados 147 portarias de nomeação de exoneração, de concessão de licença e outros vários assuntos. Foram, mais lavrados 11 contratos com a Prefeitura, sendo de todos o mais importante o relativo a instalação do serviço de iluminação elétrica em Sena Madureira.
    Adiante encontrará V.Exª., a cópia autenticada de cada um desses contratos.
     Foram, enfim, assinadas e postas em vigor 2 resoluções que, também, na integra, vão anexadas.
     Em um quadro que vai  aperso acha-se descriminado, com os respectivos ordenados, todo o corpo de funcionários públicos da Prefeitura. Como se vê desse quadro demonstrativo, a verba destinada mensalmente do custeio da Prefeitura (33:333,333) é, na sua maior parte, consumida com a remuneração dos funcionários, restando apenas um pequeno saldo(9053,333) para fazer face a folha de operários e outras necessidades.



                            ORDEM PÚBLICAS 
 

     É provincial a índole pacifica e ordeira da população de Alto Purus; não fosse a recente tentativa de sublevação autonomista, em tempo sufocado, graças a presteza e energia da ação policial, a este capitulo faltaria, de certo, matéria para sua elaboração.
      Desde principio de junho do ano traçado, época de vazantes do rio, impossibilidade quase a navegação começaram a surgir aqui insistentes boatos de um projetado movimento autonomista a mão armada.
     Logo aos primeiros, resolvi, as despeito de quaisquer dificuldades de transporte, próprios do verão, envia a Manaus o 1º  Tenente Genésio Fernandes da Silva, afim de trazer novo contingente de praças para a desfalcada Companhia Regional e duas metralhadoras, levando também, nessa ocasião telegramas para o Sr. Presidente da Republica e para V,Exº  sobre os boatos então correntes.
     Dizia-se o movimento combinada para explodir a 14 de julho, o que, aliás, não se verificou.
     Depois da chegada do Sr. Coronel Antônio Antunes de Alencar ao Departamento do Alto Acre e da Organização ali do partido autonomista, recrudeceram aqui as idéias chefiadas pelo referido Coronel.
     Precisamente a esse tempo foi-me denunciada a vinda, da cidade da Empresa, no Acre à Sena Madureira, de um próprio, mandado pelo Sr. Coronel Antônio Antunes de Alencar, trazendo cartas, entre outras, uma para o SR. Desembargador Elysiário Távora, fervoroso adepto do autonomismo do Território do Território, como V.Exº., terá oportunidade de ver provado.
     Coincidiu esse fato com se tornarem mais freqüentes as reuniões de caráter político que era costumes, a noite, celebrar  em sua residência o Sr. Desembargador Domingos Américo de Carvalho, talvez dentre os magistrados do Acre, resalvadas sempre as honrosas excepções, o mais franco e ardoroso paladino da causa autonomista.
     Acrescia que o mesmo Desembargador possuía em sua casa diversas carabinas Winchester e munições respectivos, tendo de lá saído certo dias dois cunhetes de balas, com destino ignorado.
     Em meados de Agosto chegaram de nova as meu conhecimento reiteradas denuncias evidenciando o preparo metódico de plano sedicioso contra a ordem legal constituídas, aqui e no Departamento visinho, onde o Sr. Coronel Antunes de Alencar, pressuroso continuava na propaganda dos seu ideais de autonomia à outrance.
      Em data de 24 de agosto recebi dali amistosa carta do ilustre Dr. Deocleciano Coelho de Souza, em cujo final convidam-me a distinto Prefeito do Acre a com ele formar “estreita liga contra as pronunciamentos dos exaltados políticos, que alteram a ordem publica