sábado, 15 de fevereiro de 2014

Entendendo o hino nacional

1. Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante

As margens plácidas do (rio) Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico. 
Plácido quer dizer calmo. Dom Pedro I vinha de Santos, ao longo do rio Ipiranga, quando tomou a corajosa decisão de declarar a independência do Brasil.
Brado é grito. Retumbante é estrondoso, barulhento, para fazer um contraste com a placidez das margens. 
Poderíamos parafrasear (escrever de outra forma) este verso assim: As margens calmas do rio Ipiranga ouviram o grito estrondoso de um herói (Dom Pedro I), que representava todo o povo brasileiro. 
O riacho Ipiranga nasce junto ao Zoológico de S. Paulo. Era de costume na época inverterem-se as frases à moda latina. 
2. E o sol da liberdade em raios fúlgidos
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Fúlgido significa brilhante.
Mas não dava prá dizer: "raios brilhantes brilhavam" porque iria parecer repetitivo e pobre. O grito de "Independência ou Morte" transformava uma nação colonial, dependente de Portugal, em um novo país autônomo e livre. Duque Estrada compara a liberdade a um sol brilhante que ilumina o céu (Pátria), antes obscurecida pelo colonialismo. 
3. Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Penhor equivale a garantia, segurança. É comum a gente penhorar algo de valor (em troca de dinheiro) e receber um papel que garanta a recuperação daquilo que foi penhorado. O Brasil passou a ser independente e, portanto, conquistou o penhor da igualdade, ou seja, daquele momento em diante, Portugal e Brasil eram nações iguais, sem que uma fosse superior à outra. E a frase continua, dizendo: o nosso peito desafia a própria morte. 

Simplificando: agora que o povo brasileiro conquistou seu passe para a liberdade, através de sua força e coragem, inspirado nesta nova liberdade não hesitará em enfrentar a própria morte (isto é, se tiver de lutar e morrer, o povo não sentirá medo). A frase pode ser reescrita assim: através de nossa coragem conquistamos uma igualdade de condição com quem antes era nosso colonizador e, para manter esta situação de liberdade, estamos prontos a sacrificar a própria vida. 

4. Ó Pátria Amada,
Idolatrada
Salve! salve!

Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com artistas de modo geral. Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia; "Deus te salve!" 

5. Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece!

Vívido é intenso, ardente, vivo. Formoso é belo. Límpido significa transparente, claro. Resplandecer equivale a brilhar ou luzir intensamente. Aqui o poeta compara o Brasil a um sonho intenso, porque ainda tem muito a realizar. Sabe-se que o Cruzeiro do Sul é uma constelação que aparece no céu do Brasil. Ela tem a forma de cruz, que nos lembra Jesus Cristo e as práticas cristãs. Portanto, vamos refazer os versos para entender o sentido: O Brasil é como um sonho intenso e, já que em nosso céu límpido a cruz de Cristo resplandece, desta cruz desce um raio brilhante que ilumina o Brasil. Ou seja, o Brasil está sob o amparo e a proteção de Cristo. 

6. Gigante pela própria natureza
És belo, és forte impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Se você olhar o mapa mundial, vai notar que o Brasil é o quinto maior país do mundo (depois de Rússia, Canadá, Estados Unidos e China). Com mais de 8.500.000 de Km2, o Brasil é naturalmente gigantesco.
Note que às vezes os poetas têm o costume de falar diretamente com as coisas, como se elas fossem pessoas: "és belo, és forte..."
Impávido significa sem medo: destemido, corajoso. Colosso é uma pessoa ou objeto de tamanho muito grande.
Vamos reescrever a frase: Tu (Brasil), és belo, forte e, graças ao tamanho imenso que a natureza te deu, não tens medo de nada. Além disso, a tua grandeza de hoje vai se revelar no futuro. 

7. Terra adorada, entre outras mil,
És tu Brasil, ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Este trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas inversões:
Brasil, tu és nossa terra adorada e te escolhemos entre outras mil terras; tu és nossa pátria amada, mãe gentil (carinhosa) dos filhos deste solo (de nós, brasileiros). 

8. Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Esplêndido é maravilhoso, deslumbrante. Fulgurar é brilhar, resplandecer. Também pode significar distinguir-se ou sobressair (entre outros). Florão é uma decoração bonita e grande em forma de flor.
A idéia que Duque Estrada quer transmitir é a de que a localização geográfica do Brasil é mesmo muito privilegiada: as montanhas, as matas, os rios, toda a natureza formam a imagem de um berço (porque, além do mais, o Brasil, uma nação que se tornara recentemente independente, era como um imenso país recém-nascido). 
"Ao som do mar", porque temos um litoral vasto com belíssimas praias; "e à luz do céu profundo", isto é, ensolarado, típico dos trópicos. 
O "sol do Novo Mundo" coloca o Brasil mais uma vez como uma nação jovem e promissora. O velho mundo (Europa) conquistou e colonizou o novo mundo (América). 
Vamos reescrever: Brasil, tu possuis uma localização espetacular, com uma natureza rica, muito mar e sol. Por isso, entre outras nações da América (Novo Mundo), tu te destacas como um florão. 

9. Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio, "mais amores".
Garrida é colorida, alegre, vistosa.

Teus risonhos lindos campos têm mais flores do que a terra mais garrida (vistosa). Ou seja, nossa natureza é mais colorida e bela que a de outras terras. 
Nossos bosques têm mais vida (mais beleza e vitalidade). 
Nossa vida, em teu seio (dentro de ti, Brasil), mais amores. 
Equivale a dizer que nós, brasileiros, por vivermos no Brasil, somos mais capazes de amar. 
As aspas são usadas por Duque Estradas no original, pois representam citações dos versos de Gonçalves Dias em "Canção do Exílio":

Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá... 
...Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas varzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
10. "Ó Pátria amada,
Idolatrada
Salve! Salve!

Idolatrar é transformar algo ou alguém em ídolo, como se costuma fazer com artistas de modo geral. 
Salve equivale a uma saudação. Originalmente se dizia: "Deus te salve!" 

11. Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado
Ostentar é mostrar com orgulho.

Um lábaro era um estandarte muito usado pelos romanos e aqui está representado por nossa bandeira, repleta de estrelas. O poeta compara a bandeira a um estandarte e deseja que ele represente o amor eterno. 
O verso está invertido. Deve-se ler: Brasil, o lábaro que ostentas estrelado seja símbolo de amor eterno. 
O poeta está tentando dizer: tomara que as estrelas da tua bandeira sejam símbolo de amor eterno. 

12. E diga ao verde-louro desta flâmula
Paz no futuro e glória no passado.

Flâmula aqui, é sinônimo de bandeira. O louro é uma planta. Com seus galhos e folhas os imperadores romanos eram coroados. Portanto, simboliza poder e glória. Mais uma vez, vamos olhar para a bandeira. Duque Estrada torce para que o louro da bandeira simbolize um poder que venceu batalhas gloriosas no passado, quando isso foi necessário para se conseguir a independência, mas só deseja paz daquele momento em diante, pois o verde, além da esperança, também simboliza a paz. 

13. Mas se ergues da justiça a clava forte
Verás que o filho teu não foge à luta,
Nem teme quem te adora a própria morte.

Clava é um pedaço de pau pesado (mais grosso numa ponta que na outra), que era usado como arma. 
Vimos que, no verso anterior, o poeta sonha com a paz no futuro. 
De repente, entretanto, este novo verso diz: mas se ergues (levantas) a clava forte da justiça, ou seja, se o país tiver de lutar contra a injustiça, verás que um brasileiro (filho teu) não foge à luta (enfrenta a guerra). 
E quem te adora não teme nem a própria morte, quer dizer, os brasileiros adoram tanto o seu país que seriam capazes de sacrificar suas próprias vidas para defendê-lo. 

14. Terra adorada, entre outras mil,
És tu, Brasil, ó pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria Amada, Brasil!

Este trecho é mais fácil de se entender, embora também utilize algumas inversões: Brasil, tu és nossa terra adorada e te escolhemos entre outras mil terras; tu és nossa pátria amada, mãe gentil (carinhosa) dos filhos deste solo (de nós, brasileiros). 

Fonte: Wayne Tobelem dos Santos

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O show gospel tem que parar: negociantes de Deus, Fora!!!!!!!!



Ainda não haviamos registrado uma ação de tamanho desrespeito para com o povo de Deus. 

No dia 01 de fevereiro de 2014, vemos mais uma vez o “Dr.” Mike Murdock no programa televisivo do Pr. Silas Malafaia.
 E o que há de novo nisso?
Nada. Nada mesmo!


Já no início chama a atenção a camisa do “Dr.” Murdock, listrada em tons de verde. Ué, já vi essa camisa em algum lugar… Ah, lembrei! Ele usava uma camisa igualzinha no programa que foi ao ar em 05/01/2013, aquele programa onde dizia que tinha um livro que tinha superpoderes, o tal d’O Desígnio. Aquele programa onde, ao final, pedia uma oferta de R$ 1.000,00 em troca de visitação do Espírito Santo (vendendo literalmente a santa presença de Deus) e dinheiro.
Mas olhando bem… Não apenas o Murdock usa, em 2014, as mesmas roupas que usava em 2013. O Malafaia e o intérprete Gidalti Alencar também usam as mesmíssimas roupas de um ano antes!!!

Ou houve uma gigantesca coincidência, ou os dois programas foram gravados no mesmo dia, em 2012 ou 2013. Como não acredito em coincidências gigantescas, fica claro que o Murdock gravou dois programas no mesmo dia, com mensagens parecidas (apenas com o “livro poderoso” diferente) e o Malafaia guardou um para esse ano.

Isso não seria um grande problema se as tais falas do Murdock não fossem dadas com falso tom profético. O tal “dr.” costuma fazer uma pregação apelativa, usando de métodos de autoajuda misturada com versículos bíblicos fora do contexto para justificar sua Teologia da Prosperidade. E, no final, de forma falsamente inspirada diz que quem oferta certa quantidade vai ter certas bênçãos especiais. Ora, se gravou dois programas no mesmo dia, como teve inspiração para pedidos de oferta com bênçãos relacionadas diferentes para anos diferentes?

Isso, por si só, denota que os pedidos de oferta com bênçãos relacionadas são invenções humanas, não de Deus. Murdock e Malafaia (e Morris Cerullo também) estão intimamente mancomunados na fabricação de apelos para angariar fundos para seus ministérios. E isso nada tem a ver com revelações de Deus.

Bom, as roupas dos (im)pastores eram as mesmas em 2013 e 2014, e claro, o discurso também era o mesmo. Na edição 2014 Murdock começa falando de seu pai, um santo homem que orava de 4 a 10 horas todos os dias, mas mesmo assim não tinha dinheiro. “Eu não queria servir um Deus que fazia as pessoas pobres”, falou Mike Murdock a respeito do Deus que seu pai servia. Porém Murdock (e Malafaia, que apóia toda a papagaiada do seu colega americano) esquece-se que Jesus rejeitou todas as riquezas e poder oferecidos pelo deus deste mundo, quando dos seus quarenta dias no deserto. Jesus também dizia dos pobres e humildes que eram “bem-aventurados”, e isso Ele não disse sobre os ricos e poderosos. Ao jovem rico, Jesus disse que vendesse tudo, doasse aos pobres e só então O seguisse; Zaqueu entendeu a mensagem e não apenas restituiu com altos juros a quem tinha defraudado, como também deu metade do que lhe restou aos pobres. Ainda sobre os ricos, Jesus disse que é muito difícil, quase impossível, um rico entrar no Reino dos Céus, associando à dificuldade de um camelo passar pelo buraco de uma agulha. Ora, se a riqueza torna tão difícil alguém ser salvo, por quê alguns que se dizem cristãos anseiam tanto por ela?

“Eu não queria servir um Deus que fazia as pessoas pobres”. Malafaia e Murdock querem servir ao deus que faz as pessoas ricas. Ele está na Bíblia, e tem até nome: Mamom. Se Jesus, no deserto, respondeu “não” a essa proposta, esses (im)pastores dizem “sim” com toda a alegria do mundo, afinal é no mundo que colherão sua recompensa financeira.

Na introdução do programa, o Malafaia diz: “a questão não é você ouvir, é você obedecer à instrução”. A princípio, apenas mais do mesmo. Porém, no decorrer do programa percebe-se que esse é o centro da pregação: a obediência às instruções. Ora, o Malafaia então já sabia de antemão sobre o que o Murdock ia falar? Sim, sabia.
Usando o exemplo de seu pai, Murdock diz que nunca ora por finanças, pois é perda de tempo. Seu pai mesmo orava horas e horas e não tinha dinheiro nenhum. Segundo Murdock, “a maioria dos intercessores que conheci não têm dinheiro; muitas pessoas trabalham sem sabedoria”. Em outras palavras: não perca tempo orando, isso não dá dinheiro.

Para Murdock, o que traz dinheiro nem é amar a Deus, mas entender as leis de Deus. Como exemplo citou Donald Trump, que segundo ele não é do tipo que aparenta ser santo, de oração, mas é milionário. Para Murdock e Malafaia mais vale um incrédulo rico que um santo pobre.

E aí o Murdock usa, pela primeira vez, a Bíblia (mal usada, mas usa): invoca o Salmo 112 como aquele com a mais poderosa “aliança financeira” para com Deus. Diz até que, em homenagem a esse salmo, todo domingo dá uma oferta de 112 dólares. É numerologia gospel da brava.

E agora entra a tal “obediência às instruções” que o Malafaia citou lá na introdução da mensagem. O Salmo 112 diz no primeiro versículo sobre quem tem prazer nos mandamentos de Deus, que Murdock nomeia como “instruções”. As instruções seriam as ordens dos líderes eclesiásticos e as ordens dos patrões ou chefes, que devem ser obedecidas imediata e totalmente, e caso isso ocorra Deus tem que fazer a pessoa prosperar.

“Não ame a Deus. Você pode ter um filho que te ama e não ama suas instruções”. O segredo do sucesso nas finanças, segundo Murdock, é obedecer às instruções dadas (por ele, é claro) tão somente. Essa lição é muito importante, afinal no final da mensagem haverá um apelo financeiro que precisa ser obedecido pelo maior número de telespectadores, com o fim de aumentar os recursos dos impérios religioso-midiáticos de Silas Malafaia e Mike Murdock.

Se em 2013 quem ofertasse ganhava O Desígnio, em 2014 o livro da vez é 31 Razões Porque as Pessoas Não Recebem Sua Colheita Financeira (lembrando que ambos os programas foram gravados no mesmo dia, mas já havia o planejamento para que tal livro fosse lançado em 2014 aqui no Brasil pela editora do Malafaia). O assunto de ambos, é óbvio, é a busca por sucesso financeiro.

“Eu faço negócios com Deus. Deus faz negócios através de mim”. Será?

Há muito mais a se falar, mas vamos pular para as tais 4 dicas  para nunca perder o emprego, o mote da propaganda que o Malafaia tem feito a semanas sobre o programa de hoje. Adivinha o teor das dicas?

Se disse obediência às instruções, acertou:

- Você nunca vai precisar repetir uma instrução (pois será obedecida na hora);

- Eu termino toda a instrução que recebo;

- Eu concordo com qualquer pessoa na equipe;

- Serei a pessoa mais fácil para você corrigir.

Agora leve essas “instruções” do mundo corporativo para o mundo eclesiástico, e veja que belo rebanho manipulável por líderes inescrupulosos nós teremos!

A propósito, estamos em ano de eleições. Aceite as “instruções” do seu pastor (se for do Malafaia melhor ainda, pois a unção dele é maior) para eleger quem “deus” indicou para estar no poder, e fique com as promessas de bênçãos financeiras a perder de vista…

Bom, após toda essa tentativa de lavagem cerebral gospel, chega a hora do apelo financeiro. No ano passado foi R$ 1.000,00 parcelados em 10 vezes; em 2014, 12 parcelinhas de R$ 58,00 para quem quer receber milagres de qualquer tipo e um emprego novo, claro! No ano passado os mais fiéi$$ tinham que ofertar 12 parcelas de R$ 1.000,00; no programa apresentado neste ano o valor é uma oferta única de R$ 8.500,00, e em troca bênçãos em todas as áreas da vida do ofertante pelo resto da sua vida. É pegar ou largar.

O que pensar disso tudo?

Eu penso na figura de Cristo, em Seus ensinos, em Sua vida. E até Ele foi profanado na pregação de hoje do Murdock/Malafaia, pois foi afirmado que Jesus era rico, com base em que havia um tesoureiro entre os doze. Ora, se Jesus era rico Ele mentiu ao dizer, em Lucas 9.58, que as raposas tinham covis, as aves dos céus ninhos, mas o Filho do Homem não tinha sequer onde recostar a cabeça. E também não dá para entender como alguém rico precisa apelar para uma moeda na barriga de um peixe para pagar seu imposto e o de um de seus discípulos.

No livro Zelota, a Vida e a Época de Jesus de Nazaré, do especialista em temas religiosos Reza Aslan, vemos:

“Aqui está o que sabemos sobre Nazaré no momento do nascimento de Jesus: havia pouco lá para um carpinteiro fazer. Isto é, afinal, o que a tradição diz ser a ocupação de Jesus: um tekton – um carpinteiro ou construtor -, embora valha a pena mencionar que há apenas um versículo em todo o Novo Testamento em que é feita essa afirmação sobre ele (Marcos 6:3). Se essa afirmação é verdadeira, então, como trabalhador artesanal e diarista, Jesus teria pertencido à classe mais baixa de camponeses na Palestina do século I, um pouco acima do indigente, do mendigo e do escravo.” – pág. 59

Pois é, para adequar Jesus aos propósitos da Teologia da Prosperidade vale até dizer que era rico, mesmo que o Novo Testamento traga muitos relatos que discordam dessa visão.

É com muita tristeza que mais uma vez escrevo sobre esse assunto, ciente de que terei que escrever ainda muitas outras vezes, pois com certeza há outros programas gravados ou a gravar com os (im)pastores Mike Murdock e Morris Cerullo, além de Silas Malafaia, que talvez não diga da própria boca os impropérios que seus colegas americanos não se acanham em dizer, mas os aceita a todos e ainda lucra muito com isso.

Pobres ovelhas as que ainda acreditam em pastores pelo belo terno que vestem (mesmo repetido), ou por sua bela retórica, ou posição social avantajada. O Verdadeiro Pastor tem cheiro de ovelha e não precisa deturpar a Palavra para que ela se encaixe em seus (ou nossos?) interesses pessoais.

Fiquemos com uma passagem de 1 Timóteo que penso que nunca ouvirei sendo pregada por im(pastores) como Malafaia, Murdock ou Cerullo (e outros mais Brasil e mundo afora):

“Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, É soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, Perversas contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.” – 1 Timóteo 6:3-11

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Morre em Londres, aos 82 anos, o sociólogo jamaicano Stuart Hall


Considerado o pai do multiculturalismo, o sociólogo jamaicano Stuart Hall faleceu hoje aos 82 anos. A notícia foi noticiada nesta segunda-feira, dia 10 de fevereiro de 2014. Hall cresceu em Kingston, Jamaica, estudou em Oxford e tornou-se um dos sociólogos mas importantes em língua inglesa, responsável por teorizar sobre o campo cultural. No Brasil, um de seus livros mais conhecidos e utilizados nos cursos de ciências humanas se chama “A Identidade Cultural na Pós-Modernidade”, lançado pela DP&A editora. Em 2013, Hall foi levado para o cinema, no documentário The Stuart Hall Project. A morte de Hall foi anunciada pelo jornal “The Voice”. Mais informações aqui

Um dos principais teóricos do multiculturalismo, o sociólogo Stuart Hall morreu nesta segunda-feira, aos 82 anos. Nascido na Jamaica em 1932 e radicado na Inglaterra desde os anos 1950, ele foi um dos pioneiros do campo de pesquisas que ficou conhecido como "estudos culturais". A causa da morte não foi divulgada.
Hall tinha na própria biografia um exemplo eloquente de suas teses. Nascido em 1932 em Kingston, capital da Jamaica, em uma família negra de classe média, ele se mudou para a Inglaterra nos anos 1950 para escapar das tensões raciais e do peso do colonialismo britânico em seu país natal. Mas nunca se sentiu totalmente em casa na terra que adotou: “Não sou inglês e nunca serei. Vivi uma vida de deslocamento parcial”, disse em entrevista recente ao jornal “The Guardian”. Foi desse ponto de vista “deslocado” que Hall influenciou decisivamente os debates sobre identidade, raça, gênero e cultura ao longo de mais de cinco décadas.
Hall desembarcou na Inglaterra em 1951, com uma bolsa de estudos para a Universidade de Oxford. A sensação de deslocamento no novo ambiente fez com que o recém-chegado mergulhasse nas comunidades de migrantes que cresciam no pós-guerra e nos debates sobre o futuro da esquerda. Colaborou com as primeiras edições da revista “Universities and Left Review”, que em 1960 se fundiu com outro veículo para formar a “New Left Review”. Hall foi editor e um dos fundadores da publicação, voz influente nos principais debates políticos da segunda metade do século XX.
Em 1964, Hall foi o primeiro pesquisador convidado para o recém-criado Centro para Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade de Birmingham, na Inglaterra. Em 1972, ele se tornaria diretor do departamento. Lá, ajudou a moldar um campo de pesquisas emergente, que procurava construir uma abordagem interdisciplinar da cultura mesclando áreas como sociologia, antropologia, filosofia, crítica literária, linguística e teoria política. Para Hall, a cultura, mais do que um conjunto de referências estéticas ou históricas de determinado grupo humano, era “ponto crítico de ação e intervenção social, no qual relações de poder são estabelecidas e potencialmente desestabilizadas”.
Com esse olhar, Hall analisou em seus ensaios temas variados como cultura popular, mídia, marxismo e a situação de comunidades de imigrantes em sociedades pós-coloniais. Foi um analista agudo dos efeitos do colonialismo no mundo contemporâneo e um intérprete sempre atento às representações estereotipadas de culturas ditas “periféricas” em tempos de globalização.
Em seis décadas de carreira, Hall publicou sobretudo ensaios em revistas acadêmicas e veículos de imprensa. Dava mais importância ao trabalho coletivo, editando publicações com expoentes dos estudos culturais. Essa concepção colaborativa do conhecimento se refletiu em sua decisão de, a partir de 1979, dar aulas na Open University, dedicada ao ensino e à pesquisa à distância. Foi professor lá até 1997, quando se aposentou.
Apesar da aposentadoria, continuou suas atividades públicas na Inglaterra e no exterior, onde seu trabalho tinha repercussão crescente. Esteve no Brasil em 2000 para uma série de conferências e teve traduzida a coletânea de ensaios “Da diáspora — Identidades e mediações culturais” (Editora UFMG, organização de Liv Sovik) e o livro “A identidade cultural na pós-modernidade” (DP&A Editora).
Continuou também a ser uma voz ativa na política britânica. Em 2011, o primeiro-ministro do Reino Unido David Cameron afirmou em um discurso em Munique, na Alemanha, que “o multiculturalismo do Estado” falhou e que a Inglaterra precisava fortalecer sua identidade nacional para combater ameaças externas. Em entrevista ao jornal “The Guardian” meses mais tarde, Hall se mostrou reticente quanto aos rumos do país. “Politicamente, estou mais pessimista do que nos últimos 30 anos”, ele disse, acusando a esquerda de “falta de ideias”.
Tema de documentário
Nos últimos meses, Hall estava retirado da vida pública devido a problemas de saúde, principalmente em consequência de uma insuficiência renal. Mas seu pensamento se manteve influente, como demostrou o documentário britânico “The Stuart Hall project”, exibido no Festival do Rio no ano passado. Dirigido por John Akomfrah, o filme mistura memórias de Hall com depoimentos de intelectuais que destacam a relevância de sua obra. A certa altura, Hall faz um resumo irônico de seu interesse de toda a vida em questões de identidade e imigração: “Hoje em dia, quando pergunto a uma pessoa de onde ela vem, espero ouvir uma longa história”.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Os pilantras nesse pais usam gravatas e têm doutorado

Esse é o caso do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Ele faz a MERDA aqui no Brasil e depois "Foge". 

Dois ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) se manifestaram nesta quinta-feira (5) sobre a inviabilidade do pedido de extradição do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato da Itália. Pizzolato foi preso por uso de passaporte falsonesta quarta em Maranello (a 322 km de Roma), no norte da Itália.
O ministro Celso de Mello, decano da Corte, chegou a dizer que um eventual pedido seria "inócuo" e "juridicamente inviável". O magistrado explica que e as leis italianas proíbem a extradição de nacionais. Pizzolato, condenado no julgamento do mensalão, possui cidadania do país.
"É uma medida absolutamente inócua. Inócua porque se sabe por antecipação, com base na própria legislação italiana, qual será a resposta das autoridades daquele país", disse.
Já o ministro Marco Aurélio Mello acredita que possível indiciamento de Henrique Pizzolato na Itália poderia dificultar ainda a situação. "Foi preso e, pelo que ouvi, por um crime praticado na Itália", afirmou o ministro. "Agora, se tem mais um argumento [contra a extradição]: a necessidade de ele responder pela prática criminosa que teria cometido", explicou.
Apesar da posição do decano Celso de Mello, a PGR (Procuradoria-Geral da República) divulgou uma nota na tarde desta quarta dizendo que irá pedir a extradição de Pizzolato. O Ministério Público justifica a medida dizendo que há brechas legais que poderiam viabilizar a extradição.
No tratado de extradição entre o Brasil e a Itália consta que o Estado não está "obrigado" a entregar um nacional. Por isso, na visão da PGR, se tiver interesse, o governo italiano pode, sim, entregar Pizzolato.
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que o Brasil pedirá a extradição do ex-diretor.
Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão pelo STF por seu envolvimento com o esquema do mensalão, Pizzolato é considerado foragido da Justiça brasileira desde novembro do ano passado, quando não se entregou após a expedição do mandado de sua prisão.
Em relação ao trâmite para um pedido de extradição, Celso de Mello disse que não cabe ao STF dar encaminhamento ao processo. Segundo ele, cabe ao Executivo e ao Ministério Público proceder com o pedido, que será entregue ao governo Italiano através do Ministério das Relações Exteriores.
"Juiz estrangeiro ou tribunal estrangeiro não dispõe de legitimidade para formular pleitos extradicionais uma vez que o processo de extradição supõe uma relação intergovernamental. Então, é de Estado para Estado e não de órgãos internos de um certo Estado em relação ao outro. No caso, se coubesse pedido de extradição, deveria ser formulado pelo Estado brasileiro", pontuou.