domingo, 28 de outubro de 2012

Resumo. BARTHES, Roland. MITOLOGIAS.


BARTHES, Roland. MITOLOGIAS. Ed. 9°. Tradução: Rita Boungermino e Pedro de Souza. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S. A. 1993.

Por: Eduardo Carneiro.

- O livro foi escrito entre os anos 10954 e 1956. “Tentava então refletir regularmente sobre alguns mitos da vida cotidiana francesa... O ponto de partida desta reflexão era, as mais das vezes, um sentimento de impaciência frente ao ‘natural’ com que a imprensa, a arte, o senso comum, mascaram continuamente uma realidade...” p. 7.
“A noção de mito pareceu-me desde logo designar estas falsas evidências... o mito é uma linguagem” p. 7.
“... o que procurei com tudo isto foi captar significações... Exijo a possibilidade de viver plenamente a contradição da minha época, que pode fazer de um sarcasmo a condição da verdade” p. 8.
“É grave a situação de uma sociedade que começa a desenvolver gratuitamente as formas de suas virtudes” p. 43.

SEGUNDA PARTE – O Mito, hoje.

CAP. 1 – O MITO É UMA FALA (p. 131)
“... o mito é um sistema de comunicação, é uma mensagem... ele é um modo de significação, uma forma... o mito é uma fala, tudo pode constituir um mito, desde que seja suscetível de ser julgado por um discurso” p. 131.
“O mito não se define pelo objeto da sua mensagem, mas pela maneira como a profere: o mito tem limites formais, mas não substanciais. Logo, tudo pode ser mito? Sim, julgo que sim...” p. 131.
“... pode conceber-se que haja mitos muito antigos, mas não eternos; pois é a história que transforma o real em discurso, é ela e só ela que comanda a vida e a morte da linguagem mítica... o mito é uma fala escolhida pela história: não poderia de modo algum surgir da natureza das coisas” p. 132.
“O mito não pode definir-se nem pelo seu objeto, nem pela sua matéria, pois qualquer matéria pode der arbitrariamente dotada de significação...” p. 132.
“Entender-se-á, portanto, daqui para diante, por linguagem, discurso, fala, etc, toda a unidade ou toda a síntese significativa, quer seja verbal ou visual... os próprios objetos poderão se transformar em fala se significarem alguma coisa” p. 133.
“... a mitologia é apenas um fragmento dessa basta ciência dos signos que Saussure postulou... sob o nome de semiologia... postular uma significação é recorrer à semiologia... A semiologia é uma ciência das formas, visto que estuda as significações independentemente do seu conteúdo” p. 133.
- A mitologia estuda idéias-em-forma, por isso, faz parte da semiologia e da ideologia. Um  único significante pode passar por inúmeros processos de significação.
Significante
Significado

SIGNO
Significante (2)

Significado (2)
SIGNO (3)
LÍNGUA
MITO






“É preciso não esquecer que, contrariamente ao que sucede na linguagem comum, que me diz simplesmente que o significante exprime o significado, devem-se considerar em todo o sistema semiológico não apenas dois, mas três termos diferentes... temos, portanto, o SIGNIFICADO, o SIGNIFICANTE e o SIGNO, que é o total associativo dos dois primeiros termos” p. 134-135.
“... o mito é um sistema particular, visto que ele se constrói a partir de uma cadeia semiológica que existe já antes dele: é um sistema semiológico segundo. O que é signo no primeiro sistema, transforma-se em simples significante no segundo” p. 136.
“...É da língua de que o mito se serve para construir o seu próprio sistema; e o próprio mito, a que chamarei metalinguagem, por que é uma segunda língua, na qual se fala da primeira” p. 137.
“Sabemos agora que o significante pode ser encarado, no mito, sob dois pontos de vista: como termo final d sistema lingüístico, ou como termo inicial do sistema mítico. Precisamos, portanto, de dois nomes: no plano da língua, isto é, como termo final do primeiro sistema, chamarei ao significante – SENTIDO... no plano do mito, chamar-lhe-ei – FORMA. Quanto ao significado, não há ambigüidade possível: continuaremos a chamar-lhe conceito. O terceiro termo é a correlação dos dois primeiros: no sistema da língua é o signo; mas não se pode retomar esta palavra sem ambigüidade, visto que, no mito (e isto constitui a sua particularidade principal) o significante já é formado pelos signos da língua. Chamarei ao terceiro termo do mito, SIGNIFICAÇÃO... porque o mito tem efetivamente uma dupla função: designa e notifica, faz compreender e impõe” p. 138-139.

“O significante do mito apresenta-se de uma maneira ambígua: é simultaneamente sentido e forma, pelo de um lado, vazio do outro” p. 139.
“... o sentido do mito tem um valor próprio, faz parte de uma história” p. 139.
- Quando o significante já está pleno, o mito o esvazia. Nega a história, permanece apenas a letra. A forma faz com que haja uma pobreza que requer uma significação que a preencha.
“Mas o ponto capital em tudo isto é que a forma não suprime o sentido, empobrece-o apenas, afasta-o, conservando-o à sua disposição. Cremos que o sentido vai morrer, mas é uma morte suspensa: o sentido perde o seu valor, mas conserva a vida, que vai alimentar a forma do mito. O sentido passa a ser para a forma como uma reserva instantânea de história, como uma riqueza submissa, que é possível aproximar e afastar numa espécie de alternância rápida: é necessário que a cada momento a forma possa reencontrar raízes no sentido, e aí se alimentar... jogo de esconde-esconde entre o sentido e a forma que define o mito. A forma do mito não é um símbolo... é uma presença emprestada” p. 140.
“Através do conceito, toda uma história nova é implantada no mito...” p. 141.
“... o que se investe no conceito é menos o real do que um certo conhecimento do real; passando do sentido à forma, a imagem perde parte do seu saber: torna-se disponíveis para o saber do conceito. De fato, o saber contido no conceito mítico é um saber confuso, constituído por associações moles, ilimitadas” p. 141.
“Um significado pode ter vários significantes... posso encontrar mil imagens que me signifiquem a imperialidade francesa” p. 141.
“No mito... o conceito pode cobrir uma grande extensão de significante: por exemplo, um livro inteiro será o significante de um só conceito... não existe nenhuma rigidez nos conceitos míticos: podem construir-se, alterar-se, desfazer-se, desaparecer completamente. E é precisamente porque é histórico, que a história pode facilmente suprimi-lo” p. 142.
“Conforme se vê, a significação é o próprio mito, exatamente como o signo saussuriano é a palavra” p. 143.
“O mito não esconde nada: tem como função deformar, não fazer desaparecer. Não há nenhuma latência do conceito em relação à forma: não é absolutamente necessário um inconsciente para explicar o mito” p. 143.
“A relação que une o conceito do mito ao sentido é essencialmente uma relação de deformação... para Freud, o sentido latente do comportamento deforma o sentido manifesto, assim, no mito, o conceito deforma o sentido. Naturalmente, esta deformação só é possível porque a forma do mito já é constituída por um sentido lingüístico” p. 143.
- O que o conceito deforma é o sentido, o objeto fica sem história, é transformado em gesto. Retira-se a memória e não a existência.
“... o sentido existe sempre para apresentar a forma; a forma existe sempre para distanciar o sentido” p. 145.
“Sabemos que o mito é uma fala definida pela sua intenção, muito mais do que pela sua literalidade” p. 145.
- Sabe-se que, na língua, o signo é arbitrário: nada obriga ‘naturalmente’ a imagem acústica a significar o conceito: o signo é imotivado.
“... encarregado de ‘transmitir’ um conceito intencional, o mito só encontra traição na linguagem, pois a linguagem ou elimina o conceito escondendo-o, ou o desmascara dizendo-o” p. 150.
“... tudo se passa como se a imagem provocasse naturalmente o conceito, como se o significante criBARTHES, Roland. MITOLOGIAS. Ed. 9°. Tradução: Rita Boungermino e Pedro de Souza. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S. A. 1993.

- O livro foi escrito entre os anos 10954 e 1956. “Tentava então refletir regularmente sobre alguns mitos da vida cotidiana francesa... O ponto de partida desta reflexão era, as mais das vezes, um sentimento de impaciência frente ao ‘natural’ com que a imprensa, a arte, o senso comum, mascaram continuamente uma realidade...” p. 7.
“A noção de mito pareceu-me desde logo designar estas falsas evidências... o mito é uma linguagem” p. 7.
“... o que procurei com tudo isto foi captar significações... Exijo a possibilidade de viver plenamente a contradição da minha época, que pode fazer de um sarcasmo a condição da verdade” p. 8.
“É grave a situação de uma sociedade que começa a desenvolver gratuitamente as formas de suas virtudes” p. 43.

SEGUNDA PARTE – O Mito, hoje.

CAP. 1 – O MITO É UMA FALA (p. 131)
“... o mito é um sistema de comunicação, é uma mensagem... ele é um modo de significação, uma forma... o mito é uma fala, tudo pode constituir um mito, desde que seja suscetível de ser julgado por um discurso” p. 131.
“O mito não se define pelo objeto da sua mensagem, mas pela maneira como a profere: o mito tem limites formais, mas não substanciais. Logo, tudo pode ser mito? Sim, julgo que sim...” p. 131.
“... pode conceber-se que haja mitos muito antigos, mas não eternos; pois é a história que transforma o real em discurso, é ela e só ela que comanda a vida e a morte da linguagem mítica... o mito é uma fala escolhida pela história: não poderia de modo algum surgir da natureza das coisas” p. 132.
“O mito não pode definir-se nem pelo seu objeto, nem pela sua matéria, pois qualquer matéria pode der arbitrariamente dotada de significação...” p. 132.
“Entender-se-á, portanto, daqui para diante, por linguagem, discurso, fala, etc, toda a unidade ou toda a síntese significativa, quer seja verbal ou visual... os próprios objetos poderão se transformar em fala se significarem alguma coisa” p. 133.
“... a mitologia é apenas um fragmento dessa basta ciência dos signos que Saussure postulou... sob o nome de semiologia... postular uma significação é recorrer à semiologia... A semiologia é uma ciência das formas, visto que estuda as significações independentemente do seu conteúdo” p. 133.
- A mitologia estuda idéias-em-forma, por isso, faz parte da semiologia e da ideologia. Um  único significante pode passar por inúmeros processos de significação.

Significante
Significado

SIGNO
Significante (2)

Significado (2)
SIGNO (3)
LÍNGUA








“É preciso não esquecer que, contrariamente ao que sucede na linguagem comum, que me diz simplesmente que o significante exprime o significado, devem-se considerar em todo o sistema semiológico não apenas dois, mas três termos diferentes... temos, portanto, o SIGNIFICADO, o SIGNIFICANTE e o SIGNO, que é o total associativo dos dois primeiros termos” p. 134-135.
“... o mito é um sistema particular, visto que ele se constrói a partir de uma cadeia semiológica que existe já antes dele: é um sistema semiológico segundo. O que é signo no primeiro sistema, transforma-se em simples significante no segundo” p. 136.
“...É da língua de que o mito se serve para construir o seu próprio sistema; e o próprio mito, a que chamarei metalinguagem, por que é uma segunda língua, na qual se fala da primeira” p. 137.
“Sabemos agora que o significante pode ser encarado, no mito, sob dois pontos de vista: como termo final d sistema lingüístico, ou como termo inicial do sistema mítico. Precisamos, portanto, de dois nomes: no plano da língua, isto é, como termo final do primeiro sistema, chamarei ao significante – SENTIDO... no plano do mito, chamar-lhe-ei – FORMA. Quanto ao significado, não há ambigüidade possível: continuaremos a chamar-lhe conceito. O terceiro termo é a correlação dos dois primeiros: no sistema da língua é o signo; mas não se pode retomar esta palavra sem ambigüidade, visto que, no mito (e isto constitui a sua particularidade principal) o significante já é formado pelos signos da língua. Chamarei ao terceiro termo do mito, SIGNIFICAÇÃO... porque o mito tem efetivamente uma dupla função: designa e notifica, faz compreender e impõe” p. 138-139.

“O significante do mito apresenta-se de uma maneira ambígua: é simultaneamente sentido e forma, pelo de um lado, vazio do outro” p. 139.
“... o sentido do mito tem um valor próprio, faz parte de uma história” p. 139.
- Quando o significante já está pleno, o mito o esvazia. Nega a história, permanece apenas a letra. A forma faz com que haja uma pobreza que requer uma significação que a preencha.
“Mas o ponto capital em tudo isto é que a forma não suprime o sentido, empobrece-o apenas, afasta-o, conservando-o à sua disposição. Cremos que o sentido vai morrer, mas é uma morte suspensa: o sentido perde o seu valor, mas conserva a vida, que vai alimentar a forma do mito. O sentido passa a ser para a forma como uma reserva instantânea de história, como uma riqueza submissa, que é possível aproximar e afastar numa espécie de alternância rápida: é necessário que a cada momento a forma possa reencontrar raízes no sentido, e aí se alimentar... jogo de esconde-esconde entre o sentido e a forma que define o mito. A forma do mito não é um símbolo... é uma presença emprestada” p. 140.
“Através do conceito, toda uma história nova é implantada no mito...” p. 141.
“... o que se investe no conceito é menos o real do que um certo conhecimento do real; passando do sentido à forma, a imagem perde parte do seu saber: torna-se disponíveis para o saber do conceito. De fato, o saber contido no conceito mítico é um saber confuso, constituído por associações moles, ilimitadas” p. 141.
“Um significado pode ter vários significantes... posso encontrar mil imagens que me signifiquem a imperialidade francesa” p. 141.
“No mito... o conceito pode cobrir uma grande extensão de significante: por exemplo, um livro inteiro será o significante de um só conceito... não existe nenhuma rigidez nos conceitos míticos: podem construir-se, alterar-se, desfazer-se, desaparecer completamente. E é precisamente porque é histórico, que a história pode facilmente suprimi-lo” p. 142.
“Conforme se vê, a significação é o próprio mito, exatamente como o signo saussuriano é a palavra” p. 143.
“O mito não esconde nada: tem como função deformar, não fazer desaparecer. Não há nenhuma latência do conceito em relação à forma: não é absolutamente necessário um inconsciente para explicar o mito” p. 143.
“A relação que une o conceito do mito ao sentido é essencialmente uma relação de deformação... para Freud, o sentido latente do comportamento deforma o sentido manifesto, assim, no mito, o conceito deforma o sentido. Naturalmente, esta deformação só é possível porque a forma do mito já é constituída por um sentido lingüístico” p. 143.
- O que o conceito deforma é o sentido, o objeto fica sem história, é transformado em gesto. Retira-se a memória e não a existência.
“... o sentido existe sempre para apresentar a forma; a forma existe sempre para distanciar o sentido” p. 145.
“Sabemos que o mito é uma fala definida pela sua intenção, muito mais do que pela sua literalidade” p. 145.
- Sabe-se que, na língua, o signo é arbitrário: nada obriga ‘naturalmente’ a imagem acústica a significar o conceito: o signo é imotivado.
“... encarregado de ‘transmitir’ um conceito intencional, o mito só encontra traição na linguagem, pois a linguagem ou elimina o conceito escondendo-o, ou o desmascara dizendo-o” p. 150.
“... tudo se passa como se a imagem provocasse naturalmente o conceito, como se o significante criasse o significado” p. 150-151.
“A naturalização do conceito, que acabo de colocar como função essencial do mito, é aqui exemplar...” p. 151. O significante e i significado parece manter relações naturais.
“Qual é a função específica do mito? Transformar um sentido em forma. Isto é, o mito é sempre um roubo de linguagem”. 152.
“... a melhor arma contra o mito é talvez mitificá-lo a ele próprio... este mito reconstituído será uma verdadeira mitologia” p. 156.
“A linguagem do escritor não está encarregada de representar o real, mas de o dignificar” p. 157.
“A semiologia ensinou-nos que a função do mito é transformar uma intenção histórica em natureza, uma contingência em eternidade...” p. 162-163.
 asse o significado” p. 150-151.
“A naturalização do conceito, que acabo de colocar como função essencial do mito, é aqui exemplar...” p. 151. O significante e i significado parece manter relações naturais.
“Qual é a função específica do mito? Transformar um sentido em forma. Isto é, o mito é sempre um roubo de linguagem”. 152.
“... a melhor arma contra o mito é talvez mitificá-lo a ele próprio... este mito reconstituído será uma verdadeira mitologia” p. 156.
“A linguagem do escritor não está encarregada de representar o real, mas de o dignificar” p. 157.
“A semiologia ensinou-nos que a função do mito é transformar uma intenção histórica em natureza, uma contingência em eternidade...” p. 162-163.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

RESUMO = LAROSSA, Jorge. Para qué nos sirven los extrangeros? In: Educação & Sociedade: revista quadrimestral de Ciência da Educação/CDES. N° 79-2002. Campinas: CEDES, 2002 – V. XXIII. F.2. p. 67-84.



por: Eduardo Carneiro


 1.Conceitos:

Ø  COMPREENSÃO: é um movimento reflexivo, volta para dar segurança ao ‘eu’. Compreender o outro é interpretar a si mesmo. A compreensão familiariza o estranho. Tem um benefício simbólico, a dimensão reflexiva da compreensão volta para dar segurança ao “eu”.
Ø  EXTRANGEIRO: São conceitos empregados para fabricar a imagem do “si”, do que é familiar. É um julgamento feito a partir do olhar do outro. A idéia de que há um centro e uma periferia hierarquiza tudo. O estrangeiro está na fronteira, no entre-lugares, ele é o culturalmente diferente. O SuperEgo nega o outro; quando não, o regula.
Ø  MULTICULTURALISMO: A presença do outro inventou a sociedade multicultural. A diferença é um meio para o fortalecimento da identidade, que não é estática, mas movente. Conjura o que é estranho no outro, desinfeta o que no outro parece inquietante, ou seja, familiariza o estranho. Para o autor, o multiculturalismo é uma mera palavra de efeito, uma utopia na prática; mas que visa construir uma boa imagem de sí.
Ø  PEDAGOGIA: não é encarada no seu conceito tradicional. Não tem uma missão salvadora de tirar o sujeito da barbárie para o reino da sabedoria e da luz. A educação que prometia a emancipação dos povos ocultava práticas de normalização comportamental, justificando a exploração. As missões civilizadoras empregam as palavras - convivência, diálogo, pluralismo- de forma acrítica.

2.Idéia central:

Ø  O texto trata do discurso atual do multiculturalismo no campo pedagógico. O autor defende que tal discurso está relacionado com a construção da própria identidade e pode ser entendido como um mecanismo para conjurar o que o estrangeiro pode ter de inquietante. Além do mais, certas palavras como convivência, diálogo e pluralismo estão sendo empregados de forma acrítica pelos pedagogos para alimentar uma boa imagem dos que as utilizam.

3.Desenvolvimento:

Ø  A questão do estrangeiro é fundamental para a discussão da identidade.
Ø  Larrossa afirma que no início quando o estrangeiro é visto de forma negativa[1], pois causa impacto ao já familiarizado, ou seja, turbulência ao que já se tinha como seguro.  O outro passa por um processo de familiarização para não causar erosão na identidade já estabelecida. A loucura não pode inquietar ou questionar a razão, o ‘eu’ deve estar seguro do ‘outro’.
Ø  O processo de assimilação do outro tão fecundo no discurso dos multiculturalistas não seria mais do que uma forma de fortalecimento da identidade de “si”. Já que, ao falar de multiculturalismo, a cultura do outro é classificada e hierarquizada para que “a loucura não inquiete a razão”[2].
Ø  Foucault já dizia que a “ordem do discurso lhe prepara um lugar que o honra, mas o desarma”. O discurso pedagógico do multiculturalismo surgiu com a presença do outro.
Ø  A sociedade “do mesmo” não suporta a diferença sem que haja inquietações. Foi preciso que o estrangeiro entrasse na ordem do discurso, para ser “compreendido”.
Ø  Podemos observar alguns exemplos na América Latina no início do século XVI, na ocasião da ocupação das terras pelos europeus.
Ø  O outro não foi “encontrado” como outro. Mas confrontado como o “si mesmo”. Um “si mesmo” classificado como bárbaro, que precisava passar por um processo de “familiarização” para se tornar moderno e civilizado.
Ø  A catequização dos indígenas não seria uma forma de neutralizar o que nele havia de estranho e inquietante? Falava-se da cultura do índio para se firmar uma identidade européia universalizadora.
Ø  As trevas fazem parte do conceito da luz – a diferença “bem compreendida” serve para dar segurança ao “eu”.
Ø  A retórica multiculturalista da pedagogia não passa de utopia[3]. Essa retórica tem uma função ideológica bem nítida: construir uma boa imagem de si mesmo. A afirmação do “eu” se dá com a estranheza do outro.
Ø  Quando se propõe a assimilação, indiretamente, está havendo uma classificação entre as culturas. Neste aspecto, como o autor diz, não devemos nos preocupar com o que o discurso diz do estrangeiro, mas o que ele faz com nós mesmos.

4. Citações
“En la comprensión, el movimiento hacia el otro sería un momento mediador de la relación del intérprete consigo mismo. El otro no sería sino un rodeo, quizá necesario, en la permanente construcción y reconstrucción de lo mismo, la diferencia no sería sino un medio para el fortalecimiento de la identidad, la negatividad no sería sino un momento en el proceso de constitución de un sentido positivo, la comprensión del otro no sería sino una parte del trabajo requerido para el crecimiento de la auto comprensión” p. 68.
“... la locura no sea sino lo otro en relación a lo que la razón construye la imagen que tiene de sí misma, quizá la infancia no sea sino lo otro en relación a lo que la madurez construye la imagen que tiene de si misma...” p. 68.
“Mi hipótesis en lo que sigue es que la retórica multicultural que comienza a proliferar en el campo pedagógico puede ser tratada en términos de la imagen que produce de nosotros mismos o, dicho de otro modo, en tanto que dicha retórica trabaja en la construcción de nuestra propia identidad” p. 69.
“Por otra parte, esa retórica funciona también como un mecanismo para conjurar lo que el otro extranjero pueda tener de inquietante” p. 69.
“... los discursos multiculturales estén ahí para dar un sentido confortable a nuestra relación con los extranjeros, para que lo extraño no inquiere lo propio, para que no nos extrañemos de nosotros mismos y para que en el encuentro con el extranjero, no aprendamos que, en realidad, nosotros también somos extranjeros” p. 69.
 “... la comprensión procura un beneficio simbólico cuando su dimensión reflexiva se resuelve en un fortalecimiento de las seguridades que constituyen la identidad del intérprete. En se sentido el otro extranjero es el que te permite sentirte en casa, el que te permite ser tú mismo haciendo de ti el (más o menos generoso) propietario de la casa. Podríamos localizar aquí la soberbia del sujeto de la comprensión, un sujeto que se reconoce en el optimismo de una racionalidad que no reconoce límites...” p. 69
“Ahora sabemos que la edición orientada a la ‘emancipación de los pueblos’ ocultaba prácticas de normalización tecnocrática o moral de los comportamientos, cuando no justificaba la explotación pura  y dura de las personas y los países” p. 72.
“En el tema multicultural el discurso pedagógico continua saturado de efectos retóricos que van rápidamente de lo patético a lo profético, de la descripción emotivamente cargada de los problemas...” p. 72.
“Todos iguales, todos diferentes. He ahí el lema de la utopía multicultural que la escuela debería reproducir entre sus paredes y contribuir a producir fuera de ellas... No sería difícil ironizar sobre lo fácilmente que la escuela convierte la ‘diferencia’ en una serie de ‘cualidades diferenciales’ sobre las que el saber y el poder hacen inmediatamente presa” p. 73.
“La indiferencia no tiene nada que ver con la falta de conocimientos o con la pérdida de valores” p. 76.
“.. por un lado la comprensión familiarizaría lo extraño; por otro lado, extrañaría lo familiar. Sin la primera dimensión no habría entendimiento puesto que lo extraño, conservaría siempre una irreducible opacidad que lo bahía inasimilable” p. 77.
“En la tradición hermenéutica, por tanto, la comprensión del otro extranjero suele ser considerada con un proceso dialéctico que, comenzando por un momento de extrañamiento, se resolvería finalmente en una recuperada re-familiarización. De ese modo, la inquietud que lo extraño produce quedaría aliviada en tanto que, mediante la comprensión, el otro extranjero habría sido incorporado a lo familiar y a lo acostumbrado” p. 78.
“La comprensión y la apropiación del otro son como las dos caras de una misma ambición, ambas igualmente metódicas y arrogantes          “ p. 79.
“Dicha represtación consiste en presentar al extranjero como ya de antemano conocido y comprendido por medio de su consideración como el re-presentante de una cultura. La representación de la diversidad cultural sería entonces el resultado de una comprensión abarcador en la que el otro extranjero quedaría subsumido en un contexto cultual que daría cuenta y razón de su extrañeza e identificaría su diferencia... la representación de la diversidad cultural funcionaría, a un nivel simbólico, de modo análogo a la identificación socio-policial del continente de extranjeros” p. 81.
“Convenientemente re-presentado e identificado, desactivada ya su inquietante extrañeza, el otro extranjero ya no da miedo. La neutralización de su extrañeza no es quizá sino un efecto de nuestra cobardía,  de nuestra necesidad de permitirnos sólo encuentros seguros y asegurados, planificados y sin sorpresas, convenientemente pre-visto y despojados siempre de toa incertidumbre” p. 82.
“El otro extranjero aparece como el desarraigado, el que no tiene mundo. Su diferencia es una diferencia de una particular pureza, desnuda, emancipada de cualquier contexto que pudiera dar cuenta de ella” p. 83.



[1] “El outro extranjero aparece, em um primer momento, como pura extrañeza” p. 80
[2] Cf.: p. 69.
[3] cf.: p. 72.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

NEGREIROS, Marcelus. Trajetória e memórias sobre a saúde de soldados da borracha em seringais do Acre


O Acre testemunhou dois momentos históricos fundamentais para a sua colonização, ambos relacionados à extração da borracha, sendo o segundo patrocinado pelos Estados Unidos da América que, na Segunda Guerra Mundial, através dos Acordos de Washington, encontrou, no Brasil, a fonte do látex, matéria prima necessária para a produção bélica, uma vez que a Malásia, fornecedora, até então, não mais o fazia por imposição do governo japonês, que tomou seus campos de produção. Esse processo migratório campanhista levou aos seringais amazônicos, no início da década de 40 do século passado, mais de 75 mil jovens, que trocaram a seca do sertão nordestino pela úmida e tropical Floresta Amazônica, enfrentando dificuldades de adaptação dramáticas, atestadas pela morte de cerca de 25 mil Soldados da Borracha, ao final da guerra. O objetivo foi o de resgatar as memórias e histórias sobre o cuidado da saúde desses brasileiros que foram submetidos a vulnerabilidades e traumas culturais, sociais, familiares e de saúde, em prol de acordo que rendeu ao governo brasileiro pouco mais que o Banco da Amazônia e a Usina de Aço de Volta Redonda (RJ). O estudo foi quali-quantitativo, através de entrevistas, gravadas e transcritas, de trabalhadores procedentes do Nordeste que atuaram nos seringais da Amazônia, e que migraram para a capital do Acre, Rio Branco, entre as décadas de 40 e 60. Para análise das entrevistas foi utilizada a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo,por meio do programa QualiQuantiSoft®. Os relatos mostraram situações de desamparo e descreveram a luta pela sobrevivência diante das adversidades desses homens e mulheres que, se hoje estão disponíveis para relatar esses fatos, provavelmente ainda o fazem por terem se transformado, em algum momento logo após a chegada, em amazônidas ... Baixe para ler o restanete!!!