segunda-feira, 30 de junho de 2008

Alca – Acordo de livre comércio das Américas

Por Eduardo Carneiro

Introdução

“O país que quer tornar-se hegemônico deve, o mais rápido possível, cair na disputa encarniçada por áreas de influência” (Lênin, líder da revolução Russa).
O objetivo desse trabalho é refletir sobre o Acordo de Livre Comércio das Américas, tendo como ponto de vista as críticas marxistas sobre o capitalismo. Nessa perspectiva, a Alca é mais uma ofensiva do capital contra todas as instituições e relações sociais e econômicas que engessaram sua movimentação em busca de mercados e inversões lucrativas durante o período da chamadas políticas de “substituição das importações” que vigorou desde a crise de 29, na maioria dos paises do continente e posteriormente expandida pela CEPAL.
A Alca é uma máscara da “ditadura do mercado” com a missão de regular o comércio na América em benefício de empresas transnacionais Yanques (conceito que enfatiza o caráter imperialista dos EUA). Pretendemos deixar evidente a relação entre esse projeto e o neo-imperialismo contemporâneo liderado pelos EUA e a missão que esse acordo tem de amenizar a crise que se estalou nesse país no pós-guerra fria. Por fim, analisaremos como esse acordo vem tomando forma no decorrer das reuniões de negociação entre os 34 países envolvidos, desde seu lançamento em 1994.

1. Imperialismo Norte-Americano e a secular intensão de dominar as Américas.

“Eu acredito que a política dos Estados Unidos deve ser a de apoiar os povos livres que estão resistindo a tentativa de pressões externas” H. Truman (Ex-Presidente dos EUA de 1945 a 1953).
O discurso da Alca para ludibriar os países latino-americanos é a velha promessa do desenvolvimento econômico. É impressionante como empresários e economistas brasileiros se deixam embriagar com as justificativas pseudocientíficas dos norte-americanos a favor da implantação da Alca. Temos, por exemplo: Celso Lafer, Ministro do Exterior do Brasil em 1999-2002 (Magnoli. 2003, p.106); Eduardo Galvão, economista e Alfredo Lima, secretário de Assuntos econômicos e comércio internacional do Brasil, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique (Rumos. n° 179, p.32). As nações americanas parecem estar com uma amnésia histórica, incapazes de perceber que desde a segunda metade do século XVIII, os EUA através de ideários e doutrinas econômicas procuram tornar o resto da América um apêndice de sua economia. De fato, o historiador Eric Hobsbawm[1] na introdução de seu famoso livro A Era dos Extremos (p.13), nos adverte sobre esse fenômeno, que segundo ele é típico do mundo contemporâneo: o presentismo contínuo, a opressão do “agora”, que dissolve as teias lógicas que ligam o presente ao passado. Devemos, por conseguinte, raciocinar historicamente, e compreender que os objetivos da Alca são resultados de interesses norte-americanos que remontam a Doutrina Monroe de 1823[2]. A primeira vez que os EUA declararam ter a vontade de tomar o lugar dos europeus nas relações comerciais e políticas com a América, foi através de seu presidente James Monroe. Este, afirmou em abril de 1823, que o continente não seria mais objeto de recolonização e que os europeus não teriam mais o direito de intervir nos negócios desses países, a “América para os americanos”. A expansão era embasada pela ideologia do Destino Manifesto, em que os EUA diziam ser “predestinados” a dominar todo o continente, com a missão de civilizá-lo e livrá-lo da barbárie[3]. Já nos trinta primeiros anos do século XX, os EUA já se afirmavam como senhor do grande hemisfério, intervindo nos países da América central e latina. Era a política do Big Stick (porrete grande), em que força era utilizada a fim de assegurar os “negócios” yanques. A crise de 29 forçou uma mudança radical em seu discurso beligerante. A política da boa-vizinhança entra em cena. Com a economia arrasada, preferiu esconder o porrete grande por algum tempo e respeitar a autodeterminação dos povos. Com a proximidade da segunda guerra mundial, os EUA formularam em 1940 o Birô Internacional. O Birô é a chegada do Tio Sam[4] ao Brasil, com o objetivo de promover a cooperação interamericana e a solidariedade hemisférica. O estilo de vida yanque é apregoado e a identidade cultural continental artificialmente instituída. Antecipava-se o combate a toda influência nazista na América. A guerra fria gerou uma nova forma de domínio da América, era a época da doutrina da Segurança Nacional. Por meio dela, os EUA obtiveram o direito de invadir militarmente qualquer país para livrá-lo da influência soviética. Em outubro de 1960, Kennedy prometia o desenvolvimento econômico continental com o enunciado “Aliança para o Progresso”, contra o atraso do socialismo cubano. A vitória do capitalismo sobre o socialismo real saiu caro aos cofres Norte- Americanos. Muitos recursos foram gastos na guerra armamentista, na reconstrução da Europa (plano Marshall) e em ajudas “filantrópicas” aos países da América atacados por investidas revolucionárias. Os EUA chegam ao fim do século com sua economia contraída[5], exibindo crescentes déficits em sua balança comercial[6] e é nessa conjuntura de crise, que surge a idéia da Alca. 2. A Alca e os reais interesses Norte-americanos.
“Depois de cento e sessenta anos de relacionamento, os Estados Unidos, como potencia hegemônica no continente, executaram mais de vinte intervenções armadas contra repúblicas latino-americanas” (Voltaire Chilling, historiador).
O objetivo central da Alca é, primeiramente, abrir os mercados dos países Latino-Americanos para os bens, serviços e investimentos da grande potência. Em segundo lugar, inibir o comércio dessa região com a Europa e em terceiro, amenizar o déficit em suas transações comerciais. Portanto, restaurar a hegemonia continental dos EUA[7]. Os EUA em 2002, só tiveram superávit comercial no setor agrícola, no comércio de serviços e no subgrupo dos manufaturados - bens de alta tecnologia. No geral, seu déficit total chegou a 500 bilhões de dólares. No comércio de serviços, o superávit foi de 70 bilhões (um quinto do déficit no comércio de manufaturados), graças aos saldos positivos gerados pelas instituições financeiras, pelos direitos sobre patentes, vendas de softwares e produtos de entretenimento. Para se ter uma idéia sobre a situação do imperialismo yanque nas América, basta dizer que a América do Sul e Central juntas, absorvem apenas 6% das importações globais dos EUA[8]. Dessa porcentagem, o Brasil representar cerca de 1%. Daí a ansiedade de Bush (filho) em materializar a Alca o quanto antes, a fim de reverter esse quadro. A União Européia é a principal abastecedora da América Latina[9] e foi com a ajuda financeira concedida pelos próprios americanos com o plano Marshall na época da guerra fria, que a U.E. se consolidaram para hoje, formarem o maior bloco econômico do mundo. Somente a Alca poderia vencê-los: os 34 países somariam um PIB de 11,4 trilhões de dólares (1 trilhão a mais do que a E.U.) e sua população chegaria a 800 milhões (quase o dobro do bloco europeu)[10]. “A Alca tem como objetivo o estabelecimento de uma área de livre comércio englobando a troca de bens e de serviços, de produtos agrícolas, bem como a liberalização dos fluxos de investimentos, compras governamentais e comércio eletrônico. Pretende ainda definir um acordo sobre a propriedade intelectual e patentes, mais liberal do que o já existente na OMC” (Jakobsen. 2002, p.12) Para finalizar esse tópico, queremos lembrar que a hegemonia dos EUA não se sucedera sem que houvesse resistências por parte da “outra América”, a pequena Cuba é um grande exemplo, além da Nicarágua, Panamá e Peru. No campo econômico, a CEPAL direcionou os países latino-americanos na tentativa de romper com a dependência através da tríade proposta: desenvolvimentismo, nacionalismo e substituição das importações. Na década passada, vimos com a formação do Mercosul, uma estratégia Brasileira para minar a influência do mundo nas relações comerciais do cone sul, além de preparar os países nela envolvidos para o embate da globalização. Portanto, 3. Como funciona a Alca?
“O comércio internacional e a integração têm que estar a serviço do desenvolvimento econômico, social e ambiental ” (Fátima Melo, Assessora de relações internacionais da Federação de Órgãos de Assistência Social).
A principal esfera de negociação da Alca é constituída por chefes dos trinta e quatro Estados, que se reúnem nas Cúpulas de Chefes de Estados das América, com a responsabilidade de estabelecerem os objetivos e princípios gerais do projeto. A segunda esfera de decisão são os encontros de ministros de comércio, que são encarregados de elaborar o plano de trabalho da Alca. “Esses encontros constituem o principal motor das negociações, definido as diretrizes da Alca e estabelecendo as responsabilidades e as metas das outras instâncias de negociação. Os vice-ministros de comércio também desempenham um papel ativo. Eles compõem o Comitê de Negociação Comercial, encarregado de coordenar os grupos de negociação e orientar os trabalhos das diferentes entidades vinculadas ao processo da Alca” (Jakobsen. 2002, p.14-15). A terceira esfera de decisão é formada por nove grupos de negociação, pela comissão Tripartite de apoio técnico (Cepal, Bird e OEA) e pelos Comitês não negociadores. Os grupos de negociação são responsáveis pelos seguintes assuntos: 1) acesso a mercados; 2) investimentos; 3) serviços; 4) compras governamentais; 5) solução de controvérsias; 6) agricultura; 7) direitos de propriedade intelectual; 8) subsídios e antidumping 9) políticas de concorrência. Os Comitês de Não Negociadores são formados pelo grupo Consultivo sobre economias menores, pelos representantes governamentais sobre a participação da Sociedade civil e Especialista do governo e do Setor privado sobre eletrônica[11]. Sobre os nove grupos de negociação, aproveitaremos um resumo que o secretário de relações internacionais da CUT do Brasil fez em seu livro, Alca: quem ganha e quem perde com o livre comércio nas Américas (p.17): “ACESSO A MERCADO: tem o objetivo de eliminar progressivamente as tarifas e as barreiras não-tarifárias, e outras medidas que restringem o comércio entre os países participantes, de forma congruente com a OMC... AGRICULTURA: os objetivos do Grupo de negociação sobre o Acesso a Mercados deverão ser aplicados ao comércio de produtos agrícolas. Entre outras atribuições, compete a este grupo: a) assegurar que as medidas sanitárias e fitossanitárias não sejam aplicadas de maneira protecionista; b) eliminar os subsídios às exportações agrícolas que afetem o comércio no hemisfério; c) identificar e submeter a maior disciplina outras práticas que distorçam o comércio de produtos agrícolas. INVESTIMENTOS: deve estabelecer um marco jurídico justo e transparente que promova os investimentos mediante a criação de um ambiente estável e previsível que proteja os investidores, seu capital e os fluxos a ele relacionado... SUBSÍDIOS, ANTIDUMPING E DIREITOS COMPENSATÓRIOS: deve examinar as maneiras de aprofundar, caso seja apropriado, as disciplinas existentes na OMC sobre subsídios e medidas compensatórias e conseguir um maior cumprimento dessas disposições... COMPRAS GOVERNAMENTAIS: deverá assegurar a abertura e a transparência nos procedimentos das compras governamentais, sem que isso implique necessariamente o estabelecimento de sistemas idênticos de compra em todos os países, além de garantir a não-discriminação nas compras governamentais e assegurar um exame imparcial e justo para a solução das reclamações de recursos de fornecedores. DIREITO DE PROPRIEDADE MATERIAL: reduzir as distorções no comércio hemisférico, promover e assegurar uma adequada e efetiva proteção dos direitos de propriedade intelectual, considerando as mudanças tecnológicas atuais. SERVIÇOS: estabelecer disciplinas para liberalizar progressivamente o comércio de serviços, de modo a conseguir uma área continental de livre comércio, em condições de previsibilidade e transparência . POLÍTICAS DE CONCORRÊNCIA: garantir que os benefícios do processo de liberalização da Alca não sejam prejudicados por práticas empresariais anticompetitivas e avançar no estabelecimento de uma cobertura jurídica e institucional de âmbito nacional que proscreva o exercício dessas práticas. SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS: estabelecer mecanismo justo, transparente e eficaz para solução de controvérsia entre os países da Alca, levando em conta, entre outros fatores, as regras e os procedimentos que regem a solução de controvérsias na OMC”. O comitê sobre a Sociedade Civil reconhece que a população surge como um novo ator no diálogo do comércio, o objetivo é manter a transparência do processo de negociação, colher propostas e obter o apoio do público sobre a Alca. No entanto, parece que sua verdadeira função é manter apenas a aparência de um acordo democrático. O comitê sobre Economias Pequenas chega a ser uma “historinha pra neném dormir”, embora haja ciência das disparidades e assimetrias entre os países[12] (EUA + Canadá = 82 % do PIB total da América[13]), nenhuma proposta concreta há para superá-la. Já o conjunto de peritos em comércio Eletrônico do Governo-Setor Privado, tenta criar políticas para barrar a avalanche de produtos desse setor emergente vindos da União Européia, que em 2002 movimentaram quase um quinto do comércio mundial. A Alca reger-se-á segundo alguns princípios, a saber: as decisões serão tomadas por consenso; a Alca poderá coexistir com acordos bilaterais e sub-regionais; a Alca deve ser compatível com os acordos da OMC; atenção especial às economias menores. Além disso, a presidência será exercida em rodízio entre os países, o país que exercê-la, sediará as reuniões ministeriais e presidirá o Comitê de Negociações Comerciais. As reuniões de negociação são marcadas por conflitos[14] entre os países subdesenvolvidos e os EUA. As correlações de forças para as tomadas de decisão são equilibradas pelos representantes do mercosul. A “casa branca” pressiona não só para a definição de um cronograma de negociações mais acelerado, como também para implementação imediata de acordos bilaterais[15]. Além de etapas de desgravação tarifárias distintas, deixando por último o comércio de serviços e os bens de alta tecnologia e apressando os referentes à agricultura, açúcar e siderurgia. Os países latino-americanos, principalmente o Brasil, defendem a desgravação tarifária gradual, cautelosa e, principalmente, recíproca[16]. A redução tarifária deveria começar pelos próprios EUA, e as concessões seriam multilateralizadas, ou seja, valeriam para todos os países. Cronologicamente, as reuniões se sucederam assim: Cúpulas das Américas: Dezembro/1994 – 1° cúpula das Américas, Miami nos EUA. Abril/1998 – 2° Cúpula das Américas,em Santiago no Chile. Abril/2001 – 3° Cúpula das Américas,em Quebec no Canadá Reuniões Ministeriais: 1°) Junho de 1995 – Denver nos EUA 2°) Maio de 1996 – Colômbia 3°) Abril de 1997 – Belo Horizonte no Brasil 4°) Março de 1998 – São José na Costa Rica 5°) Novembro de 1999 – Toronto no Canadá 6°) Abril de 2001 – Buenos Aires na Argentina. 7°) Novembro de 2002 – Equador. Conclusão
“O capitalismo transformou-se num sistema universal de subjugação colonial e de estrangulamento financeiro da imensa maioria da população do planeta por um punhado de países avançados” (Lênin, líder da revolução Russa).
A Alca embora ainda continue desconhecida pela maioria dos brasileiros, segue o seu destino, “apoiada na submissão dos governos, na omissão dos parlamentares e no desconhecimento da sociedade civil”[17], ela avança rumo ao seu alvo: o desmantelamento estatal, morte da soberania nacional, e perpetuação da submissão econômica dos países americanos pelos EUA[18]. Desde dezembro de 1994 em Miami, até os dias atuais, já foram feitas mais de 150 reuniões negociadoras[19]. Torna-se preciso reconstruir a trajetória norte-americana em todo o decorrer do século para perceber, sem medo de errar, que a Alca é mais uma fórmula do capital Yanque viabilizar seu “eterno” desenvolvimento, exportando suas crises aos países latino-americanos. Portanto, uma das estratégia para a própria sobrevivência dos EUA como potência mundial. Por que eles não deixam marcar na agenda da Alca, debates sobre a construção de um modelo não-neoliberal de integração econômica, alicerçado na democracia, sustentabilidade, igualdade social e desconcentração da renda? Apesar da CNBB (Conferência nacional dos Bispos do Brasil) ter encabeçado a organização de um plebiscito de protesto contra a Alca em 2002, e o tema ter sido debatido amplamente por ocasião das eleições presidenciais no ano passado, o povo e os movimentos sociais ainda não despertaram para os prejuízos latentes numa liberação comercial tendo como parceiro os EUA[20]. Ainda há setores empresariais iludidos com essa negociata, achado que conseguiram abocanhar o vasto mercado yanque. A invasão do Iraque pelas tropas de Bush, mesmo contra a decisão da ONU, foi um aviso ao mundo de que, apesar dos déficits orçamentários, ainda é a nação com o maior arsenal bélico do mundo. Com o FMI e o Bird em suas mãos, os EUA condicionam a ajuda financeira aos países latinos à rápida aprovação desse Acordo (prevista para 2005). Um grande medo em contrariar essa potência paira nos países latino-americanos, as dívidas externas ainda é uma arma de submissão eficaz. Depois da vitória eleitoral, Lula frustrou àqueles que esperavam a saída do Brasil desse projeto. Lula além de assegurar a permanência brasileira, compartilha com os EUA a presidência do comitê de negociação nessa etapa final. O não-alinhamento à política exterior dos EUA é o grande desafio das nações Americanas nesse início de milênio[21]. Infelizmente, a ideologia petista de outrora, a favor do trabalho e contra o capital, diante de tudo isso, se tornou meros “contos da carochinha”. Quando mais precisamos de sua combatividade histórica, ela nos faltou ao encontro. O ano 2004 é decisivo para a “casa branca”, pois seu presidente, Bush, candidato à reeleição, imporá, a qualquer custo, ganhos siguinificativos nas rodadas de negociações. É seu futuro político que estará em jogo! E o nosso...
Bibliografia: MAGNOLI, Demétrio e ARAÙJO, Regina. O projeto Alca: hemisfério americano e Mercosul na ótica do Brasil. São Paulo: Moderna, 2003, p.112, (Coleção polemica). RICUPERO, RUBENS. A Alca. São Paulo: Publifolha, 2003, p.96, (Folha Explica). JAKOBSEN, Kjeld e MARTINS, Renato. Alca: Quem ganha e quem perde com o livre comércio nas Américas. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001, p. 71. ARBEX JUNIOR, José. A Outra América: Apogeu, crise e decadência dos Estados Unidos. 2° ed. São Paulo: Moderna, 1993, p.103, (Coleção polêmica). SCHILLING, Voltaire. EUA x América Latina: As etapas da dominação. São Paulo: Mercado Aberto, 1991, p.80. GALVÃO, Luis Eduardo. Alca: o Brasil está preparado (p. 26-33), in: RUMOS, ano 25, n° 179, dezembro de 2000. [1] “A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos característicos do final do século XX”, In: HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: O breve século XX . 2° ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.598. [2] “Vê-se como a história da integração continental não é recente e sempre esteve associada ao desejo dos Estados Unidos de se projetar como nação hegemônica sobre todo o continente” (Schilling. 1991, p. 08). [3] (Schilling. 1991, p. 18) [4] Terminologia dada por Gerson Moura para referir-se a chegada da influência maciça da cultura norte-americana ao Brasil, em seu livro: Tio Sam chega ao Brasil: a penetração cultural americana. São Paulo: brasiliense, 1993, p.91. [5] “Os saldos comerciais norte-americanos tornaram-se negativos em meados da década de 1970, refletindo a reconstrução econômica na Europa e no Japão e a difusão da indústria na América latina”. (Magnoli, 2003, p.80). [6] Confira os dados econômicos sobre os EUA no livro de José Arbex, A outra América, (páginas 90-91, 94-96). [7] “A Alca não passa de uma das peças utilizadas pelo império americano para estabelecer a nova ordem internacional amparada no monopólio político” (Ricupero. 2003, p. 64). [8] (Magnoli. 2003, p.85) [9] “No caso do Brasil, os Estados Unidos disputam a segunda posição com o Aladi. Já no caso da Argentina, os Estados Unidos ocupam apenas a terceira posição, atrás do Brasil” (Magnoli, 2003, p.87). [10] (Jakobsen. 2002, p.9) [11] “As negociações da Alca desenrolam-se em nove grupos, sob autoridade de um comitê de Negociações Comerciais, composto de vice-ministros. Além dos grupos negociadores, existem três comitês assessores para lidar com: a participação das pequenas economias, a contribuição da sociedade civil e o comércio eletrônico” (Ricupero. 2003, p. 26) [12] “...pretende reunir num mercado unificado todas as 34 nações...indo da maior potência econômica do mundo, os EUA, a um dos países mais pobres da terra, o Haiti” (Ricupero. 2003, p. 66). [13] Confira dos dados (Jakobsen. 2002, p.9) [14] “Em negociação como as da Alca, trata-se não apenas de ganhar acesso aos mercados dos outros parceiros, mas também de evitar perder ou ver reduzido esse acesso” (Ricupero. 2003, p. 72). [15] “Os Estados Unidos tiveram de renunciar ás propostas iniciais de que as negociações fossem feitas em base individual – país por país” (Jakobsen. 2002, p.19) [16] “Para obter a reciprocidade de acesso a mercados, é preciso negociar um conjunto de questões, as chamadas medidas facilitadoras de comércio... são elas: subsídios, leis nacionais antidumping, medidas compensatórias e de defesa da concorrência, procedimentos aduaneiros e barreiras não tarifárias” (Rumos, n° 179, p.27). [17] (Schilling. 1991, p. 09) [18] “A proposta americana sintetiza quase tudo que existe de mais ameaçador na agenda da globalização: o esmagamento dos fracos pela concorrência exacerbada, a transferência de indústrias para países de baixos salários, a retomada em âmbito regional do detestado acordo de investimento, o esforço sistemático para enfraquecer o Estado e tornar o mundo seguro para as transnacionais” (Ricupero. 2003, p. 65) [19] (Ricupero. 2003, p. 26) [20] Na verdade algumas manifestações foram feitas, mas sem expressão o suficiente para neutralizar o andamento desse projeto (Jakobsen. 2001, p.64). [21] “o país que escolhesse ficar de fora teria de computar suas possíveis perdas em todos os mercados que decidissem integrar a área preferencial” (Ricupero. 2003, p. 73).

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O MITO ACREANO

Por: Aquinei Timóteo (aquinei@hotmail.com)

O mito é um discurso e seu enunciado reproduz uma "história feérica" da sociedade; os heróis suprem o imaginário popular através da ascensão ou dos feitos grandiosos cuja função é inocular na "alma coletiva" os símbolos e signos que envolvem os sujeitos sociais. A narrativa mítica ajusta-se a cada época, momento político e poder central, ratificando uma ideologia e uma gama de significados.

A imanência do mito deve-se a sua diacronia significativa, ou seja, a sua atemporalidade semântica. O mito não encerra uma fala centrada no tempo (passado, presente ou futuro); posto seja o resultado de uma ressemantização contínua. A imagem mítica suscita também uma forma de poder que se mantém viva através do inconsciente coletivo, que é a camada mais profunda da mente humana.

Nessa atmosfera amorfa em que pairam todos os pressupostos constituintes da sociedade; pairam também os mitos, que assumindo um formato reticular integram sub-repticiamente toda a diversidade abstrata do pensamento humano.

Tomemos como exemplo a figura de Tiradentes. Sua imagem não encarna o ideal de liberdade ou democracia; antes estas características só se tornam patentes quando as analisamos a partir de uma hagiografia mítica, ou seja, sua imagem só permanece no inconsciente coletivo porque está envolta em uma transcendência, isto é, na sublimação de sua aparência.

Nilson Lage aludindo Roland Barthes diz o seguinte: "o mito como unidade do discurso: signo lingüístico apropriado para significar outra coisa, de modo que instaura uma duplicidade de entendimentos, inocenta as violações à regra social e a mantém viva ainda quando desmentida pelos fatos." (Nilson Lage, 2001, 76).

Assim sucede aos heróis e à constituição dos brasileiros e do acreano; pois a duplicidade significativa destila tantos sentidos que a assimilação mítica só se torna possível com a criação de novos mitos.

É uma "invenção" invariavelmente cíclica que se deixa eternamente interpretar; com isso temos que ver o mito com um olho na sociedade que o produziu e outro olho nos demais mitos que permeiam o contexto social, porque é dessa ambigüidade que ele se nutre.

O mito fundador do Estado do AcreA história acreana não está centrada nos sujeitos coletivos (seringueiros, índios), estes são meros coadjuvantes encenando uma história que é engendrada por outrem.

O seringueiro é apenas um nome, semantizado em um desvão de nomes: são apenas emblema do ofício que executam, são "coisas", são sujeitos reificados.A figura do índio está inclusa no velho preceito evolucionista que os coloca num patamar de inferioridade em relação aos outros indivíduos, não atendendo ao estereótipo do herói que se deseja materializar para a história.

A sede pelo portento, pelo maravilhoso instaura algo que não se prende no tempo; por isso a figura do herói é tão importante para a configuração do mito, porque ela encarna a aura de um povo.

O mito fundador acreano não se firma com a chegada de Neutel Maia no final do século XIX; e, sim com a luta entre brasileiros e bolivianos que finda com a assinatura do Tratado de Petrópoles em 1903.

Figuras como Plácido de Castro e Galvez passam a fazer parte do imaginário coletivo, constituindo-se em verdadeiros mitos identificatórios de um povo e de uma cultura.São heroificados sob a égide de interesses e para a manutenção de uma memória coletiva. Ora, para a coesão do Território do Acre fazia-se necessário a elevação de sujeitos individuais para a "arquitetura sígnica" e historiográfica de uma coletividade cheia de ambigüidades e visões antagônicas.

Portanto, a proposição "mítico-ideológica" tem a função de suavizar as dessemelhanças, instaurando por meio de símbolos, ícones e índices formas sutis e aparentes de realidade.

Plácido de Castro é uma figura marcante da história acreana, exemplifica a partir de sua existência a convergência simbólica de que se nutre uma gama dispare de pessoas. Forma-se um arquétipo mítico no qual todos os cidadãos vêem ressaltadas, sem duplicidade, as qualidades e o vigor audaz dos acreanos, isto sem contradições ou erros.

É o passado presentificado a todo momento cujo objetivo é criar uma unicidade inconteste. Sua imagem firma-se como insígnia da luta, da força e da valentia; torna-se uma espécie de semideus pairando na secularidade do tempo e vivo nos sentidos míticos que o heroificam para a eternidade.A Florestania constitui um mito, que através do discurso político tenciona unificar toda a sociedade sob sua égide.

Deseja-se construir uma identidade a partir da configuração regional; entretanto, um pressuposto fica patente nesse enunciado: não é a Florestania que se afirma, mas a legenda partidária que a utiliza como retórica discursiva de seu governo.

Portanto, a Florestania é uma fala mítico-ideológica que se propõe a criar símbolos identificatórios e ordenar discursos políticos, salvaguardando suas oposições. Parque da MaternidadeA construção semântica se dá também com a criação de espaços de lazer.

O Parque da Maternidade representa um marco, um sinal de mudança que sempre remeterá ao governo Jorge Viana.O mito não é apenas um discurso ordenado e homogeneizador; é visível a partir das estruturas que o comportam e validam.Estes espaços são o "pão e circo" modernos, porque têm o papel "lúdico-catártico" do convencimento aparente; são antes manutenção da fala do que aplicabilidade democrática, isto é, são espaços sígnicos de poder.

Semióforos midiáticos A imagem televisiva é um processo vicário do real, transcendendo-o. Os semióforos midiáticos apoiam-se na verossimilhança para criar seus mitos e montar seus discursos.

Cria-se uma fidelidade platônica com a imagem em contraposição às incertezas práticas do real, ou seja, a imagem vale mais do que a objetividade do real.

O grande inconveniente dos semióforos midiáticos e que precisam ser ressemantizados continuamente, atendendo aos interesses dos grupos de poder.Portanto, os semióforos televisivos são simulacros discursivos que estão assentados numa suprarrealidade imagética, que se baseia na sublimação do real.

FONTE: http://www.overmundo.com.br/overblog/o-mito-acreano

Revolução Acreana

Texto: ERDEJANE CHAVES; FRANCISCO DOUGLAS; HERBSON SOUSA; MARCOS TARDELLE e RICARDO ALEXANDRE. http://amantesdahistoria.com/trab_academicos/PDF/grande_revolucao.pdf


FARJALLAT, Célia Siqueira. Campinéros no Acre. (Nossa terra e nossa
gente). Correio Popular, Campinas, ago. 1975.


RAÍZES AMAZÔNICAS, UNIVERSIDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

http://www2.desenvolvimento.gov.br/arquivo/sti/publicacoes/futAmaDilOportunidades/futAmazonia_03.pdf

terça-feira, 17 de junho de 2008

AUTONOMIA ACREANA

Por Marcos Vinícius
AutonomiaNeste domingo em que o Acre completa 46 anos de autonomia política esta coluna não poderia deixar de tratar de alguns dos aspectos que caracterizaram esta luta. Um processo de conquista de direitos tão importante quanto a Revolução Acreana.
Depois da assinatura do Tratado de Petrópolis, que anexou definitivamente o Acre ao Brasil, o governo do Amazonas esperava que as ricas terras acreanas lhe fossem concedidas. Afinal de contas, o Amazonas havia investido muito dinheiro na Revolução Acreana em suas diferentes etapas. Mas os acreanos haviam arriscado não só terras e fortunas, como suas próprias vidas nas trincheiras e varadouros da guerra contra os bolivianos.
Era justo então esperar que o Acre se tornasse o mais novo estado da federação brasileira e seus cidadãos pudessem usufruir dos mesmos direitos políticos de qualquer brasileiro.Entretanto, contra todas as expectativas, o governo federal decidiu não atender a ninguém, senão a seus próprios interesses. Assim, no principio de 1904, o Acre se tornou o primeiro Território Federal da história brasileira.
Um sistema político-administrativo, não previsto na Constituição, que estabelecia que o Acre deveria ser administrado diretamente pela Presidência da Republica, a quem caberia nomear seus governantes e arrecadar impostos. Para justificar sua atitude o governo federal alegou que precisaria recuperar o capital pago ao Bolivian Syndicate (110 mil libras esterlinas) e as indenizações à Bolívia previstas no Tratado: dois milhões de libras esterlinas e construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Por isso, toda a estupenda arrecadação de impostos sobre a borracha acreana teria que ser canalizada para os cofres da União.
O resultado imediato da surpreendente medida do governo brasileiro foi que a sociedade acreana passou a uma condição de tutela e dependência do poder executivo federal. Uma situação sem precedentes na história brasileira. Como Território, o Acre não tinha direito a uma Constituição própria como os outros estados federados, não podia arrecadar impostos - sendo mantido pelos repasses orçamentários do governo federal, que eram sempre infinitamente inferiores às necessidades de uma região onde tudo estava por fazer – e sua população não poderia votar para a ocupação dos cargos executivos ou legislativos na região.
Portanto, os acreanos que haviam conquistado pelas armas o direito de serem brasileiros, ao alcançar a vitória foram condenados a serem cidadãos de segunda categoria em seu próprio país. Enquanto isso o Presidente da Republica - de seu gabinete no Rio de Janeiro a mais de quatro mil quilômetros de distancia dos problemas acreanos - nomeava sucessivamente militares, magistrados ou políticos derrotados para governar o Território Federal do Acre.
Começava assim uma nova etapa de lutas da sociedade acreana. Pois logo se perceberia que das fabulosas somas arrecadadas na exportação de borracha e na importação de mercadorias para abastecer os seringais, o governo federal mandava apenas uma pequena parte para a administração do Território, onde não havia escolas, hospitais ou quaisquer outras estruturas públicas.
Além disso, os governantes nomeados para o Acre não possuíam o menor compromisso com a região, aproveitando as verbas públicas em proveito próprio e afastando os acreanos do exercício dos cargos políticos ou administrativos. Situação ainda mais agravada pela distancia e isolamento das cidades acreanas e pela ineficiência do poder judiciário.A autonomia política do Acre tornava-se então a nova e necessária bandeira de luta do povo acreano.
Na verdade, era uma aspiração muito simples: a transformação imediata do Território Federal do Acre em Estado autônomo da federação brasileira. E para lutar por essa causa começaram a ser fundados clubes políticos e organizações de proprietários e/ou de trabalhadores em diversas cidades como Xapuri, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Além disso, em poucos anos, a situação social acreana se agravaria muito pela crise da borracha e pelos desmandos cometidos pelos governantes nomeados para o Acre, obrigando a sociedade a reagir.
A radicalização dos conflitos logo produziria novas cicatrizes no tecido social acreano. Plácido de Castro, um dos líderes da oposição ao governo federal, foi assassinado (ainda em 1908) numa emboscada que todos sabiam de antemão que iria ocorrer. Em Cruzeiro do Sul, em 1910, a primeira revolta autonomista depôs o Prefeito Departamental do Alto Juruá e proclamou criado o Estado do Acre. Cem dias depois, tropas federais atacaram os revoltosos e restabeleceram a “ordem” e a tutela. Sena Madureira em 1912 e Rio Branco em 1918 também conheceram revoltas autonomistas que foram igualmente sufocadas à força pelo governo brasileiro.
A sociedade acreana viveu então um dos períodos mais difíceis da sua história. Os anos 20 e 30 foram marcados pela completa decadência econômica provocada pela queda dos preços internacionais da borracha em função da produção, infinitamente mais barata, dos seringais de cultivo asiáticos. Os seringais acreanos entraram em falência, uma boa parte dos seringueiros começou a voltar para suas regiões de origem e a desesperança geral transformou o Acre num “igapó de almas” segundo a descrição de Océlio de Medeiros no livro “A Represa”.
Toda a imensa riqueza acumulada durante os anos áureos da borracha amazônica havia sido drenada para os cofres federais relegando o Acre ao completo abandono oficial.Era tempo de se buscar novas formas de organização social e de encontrar novos produtos que pudessem substituir a borracha no comércio internacional. Os seringais se transformaram em unidades produtivas mais complexas.
Teve início a pratica de uma agricultura de subsistência que diminuía a dependência de produtos importados, uma intensificação da colheita e exportação da castanha e o crescimento do comércio de “peles de fantasia”, como era chamado então o couro de animais silvestres da fauna amazônica. Começavam assim, impulsionadas pela necessidade, as primeiras experiências de manejo dos recursos florestais acreanos.
Além disso, a escassez da mão de obra nordestina levou ao emprego crescente das comunidades indígenas remanescentes nos seringais e os comerciantes sírio-libaneses substituíram as casas aviadoras de Belém e Manaus na função de abastecer os barracões e manter ativos os seringais acreanos. Entretanto, a situação de tutela política sobre a sociedade acreana se mantinha inalterada.
Nem mesmo o novo período de prosperidade da borracha, provocado pela Segunda Guerra Mundial, foi capaz de modificar esse quadro. Durante três anos (1942-1945) a “Batalha da Borracha” trouxe milhares de famílias nordestinas para o Acre, repovoando e enriquecendo novamente os seringais.
Essa melhoria do contexto econômico fez com que os anseios autonomistas ganhassem nova força. Mas os acreanos ainda teriam que esperar quase vinte anos para ver sua antiga aspiração de autonomia política ser realizada. Só em 1962, os acreanos conseguiram através de uma longa batalha legislativa transformar o Território em Estado.
O Acre, que havia sido o primeiro Território Federal da história do Brasil, foi também o primeiro território a ser “elevado” à categoria de estado. Foram necessários 58 anos de lutas, entre 1904 e 1962, para que os movimentos autonomistas conquistassem para os acreanos os mesmos direitos básicos e essenciais de qualquer cidadão brasileiro. E com a aprovação da Lei 4.070 no Congresso Nacional, pela primeira vez na sua história, os acreanos poderiam exercer plenamente sua cidadania e o fizeram.

domingo, 1 de junho de 2008

Indicação de Leitura

TESE DE DOUTORADO
Autor:
Jose Claudio Mota Porfiro
Título:
A expropriação do ser numa perspectiva filosofico-antropologica e o papel da educação enquanto contraponto do dominio.
RESUMO:
"Trato aqui dos processos de expropriação dos direitos do ser humano, no Acre. Com base em teorias filosófico-antropológicas e, tendo como pano de fundo a realidade ancreana testemunhada por autores e obras daquela região, busco apontar caminhos que deve tomar a Educação para desmistificar a força do domínio do capital por sobre seus desfavorecidos. Acentuo a necessidade de provermos esses expropriados do direito à escola, à consciência cidadã e a própria vontade por prosperar. Não foi o destino quem lhes roubou as condições materiais de vida, mas o capital. Convém dotar essas massas de uma consciência crítica do aniquilamento moral de que são vítimas. t preciso a reflexão filosófica com relação às ideologias que os oprimem por uma atitude ou intuição fenomenológica, via Educação, que procuro o desvendar das verdades, o perfurar da máscara capitalista para chegar à essência da expropriação que impõe a "subcondição" e o desencanto àquelas gentes".
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