quarta-feira, 29 de abril de 2009

Novo Hitler? Ele vem ao Brail...

"O presidente do Irã, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, disse que o Holocausto é um mito e voltou a sugerir que se transfira o Estado de Israel à Europa ou aos EUA, já que, nas palavras dele, são os ocidentais que devem pagar o preço" (Fonte: Portal Terra, texto, "Presidente do Irã Diz que Holocausto É Mito", 14/12/2005) ." O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, em cerimônia referente ao Dia Internacional de Lembrança das Vítimas do Holocausto, no Rio, que a memória do holocausto não deve ser apagada. Lula ressaltou que o episódio deve ser passado aos mais jovens como um exemplo de intolerância e desrespeito aos direitos humanos. "Participo deste encontro pelo terceiro ano consecutivo, pois acho fundamental rememorar o aparato de terror empreendido pelos nazistas. Lembranças tristes e trágicas como o holocausto não devem ser apagadas e, sim, transmitidas a outras gerações", disse o presidente, durante a abertura da exposição fotográfica "Holocausto Nunca Mais", organizada pelo Museu Judaico do Rio, no Palácio Itamaraty, no centro da capital fluminense" (Fonte: UOL, texto: "Lula diz que Holocausto deve ser lembrado como exemplo de intolerância", 25/01/08) . Nós brasileiros, vivenciamos um momento delicado. E histórico. Recentemente o nosso chanceler, Celso Amorim esteve em Teerã para ampliar os laços entre Irã e Brasil, e aproveitando a estadia, convidou o presidente Mahmoud Ahmadinejad a visitar o Brasil. É fato que o Brasil tem interesses econômicos em relação a esta nação. Mas será que vale tudo por dinheiro? Vendem-se príncipios? Como ficam estas palavras do presidente Lula diante do revisionismo de Ahmadinejad, de suas conferências de negação ao Holocausto, concurso de charges minimizando o mesmo e até exposição de fotos sobre o assunto? Queremos crer que não sejam palavras ao ar. É bom sempre lembrar: revisionismo do Holocausto e apologia ao nazismo são crimes inafiançáveis no Brasil. Como ficamos?Mas quem dera os crimes cometidos pelo governo iraniano se limitassem a isso. Pois diariamente do seu púlpito, o presidente deste país faz ameaças a Israel. Ameaças de GENOCÍDIO. Vale a pena ressaltar duas das mais contundentes:No domingo, 3 de junho de 2007, em uma cerimônia comemorando o 18º. aniversário da morte do Ayatolá Khomeini, ele declarou: “A contagem regressiva para a destruição do regime sionista começou nas mãos das crianças do Hizbullah”. E acrescentou: “Se D-us quiser, em um futuro próximo nós testemunharemos a destruição desse regime, graças às realizações de todos os combatentes palestinos e libaneses”.Ou então no dia dois de junho de 2008, conforme noticia a Folha Online: "O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta segunda-feira que Israel irá "desaparecer em breve" e que o "poder satânico dos EUA" será destruído, em discurso em homenagem ao 19º aniversário de morte do líder revolucionário iraniano, aiatolá Ruhollah Khomeini, segundo informações da agência oficial Irna".E o presidente iraniano não perde tempo. Mesmo com sanções internacionais (apesar de ineficazes até agora, elas existem) ele corre atrás do tempo, enriquecendo urânio, em busca da arma nuclear, para poder dispará-la contra Israel. Prova deste fato foi a notícia divulgada durante esta semana pela Agência EFE (12/11) de que o Irã testou novos mísseis de longo alcance capazes de atingir Israel:"O Irã realizou hoje testes com um novo míssil terra-terra de longo alcance desenvolvido e fabricado por especialistas das Forças Armadas iranianas, informaram hoje fontes oficiais. O novo míssil Sejil tem um alcance de cerca de 2 mil quilômetros, usa combustível sólido combinado e conta com uma "alta velocidade de lançamento", disse o ministro da Defesa iraniano, general Mostafa Mohammad Najjar, informaram agências de notícias locais e a televisão iraniana". Mais além: sabidamente o eixo Irã-Síria, é o grande financiador e apoiador dos grupos terroristas Hamas e Hizbullah que são fonte de boa parte dos conflitos na região. Se o Brasil aspira mesmo a contribuir para a paz na região, e a um assento no conselho de segurança na ONU deveria repudiar tais atos e não legitimá-los. O Irã também é acusado formalmente pela Argentina pelo atentado à AMIA – Associação Mutual Israelita Argentina, e à Embaixada de Israel que deixou centenas de mortos e feridos.Uma das primeiras vozes corajosas a se manifestar contra tal estado de coisas foi do deputado Federal Marcelo Itagiba (PMDB/RJ), que entre outras coisas lembrou a participação do chanceler Oswaldo Aranha, dando seu parecer e voto favorável a partilha na Assembléia da ONU em 1947, ajudando a viabilizar e criar o moderno Estado de Israel, coisa que Ahmadinejad - este que foi visitado pelo atual chanceler, Celso Amorim e será recebido de tapete vermelho em Brasília - quer destruir. Incrivelmente nosso Ministro Interino das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, respondeu da seguinte maneira:"Nós não prejulgamos os regimes políticos de outros países. Assim como queremos não que o nosso regime seja julgado. Não nos interessa saber se é um regime parlamentar, presidencial; mais ou menos democrático. Nas Relações Internacionais nós respeitamos um princípio da Constituição, que fala da autodeterminação dos povos. Então, nós o respeitamos. Podemos até ter opiniões diferentes, e não interferimos. Achamos extremamente perigoso para a estabilidade internacional quando países não seguem esse princípio, de forma mais correta". Em outras palavras, pouco importa se um país é ditatorial ou não, se oprime sua população ou não, se viola os direitos humanos ou não. Mantemos relações comerciais com ele e vamos seguir mantendo. E não seriam perigosas para a estabilidade internacional as declarações exterminacionistas diárias do Irã? Suas conferências de negação ao Holocausto? Seu apoio declarado a grupos terroristas?Justamente a autodeterminação do povo judeu em sua terra ancestral, que o Brasil apoiou é aquela que o Irã quer agora subverter! Não interferir, significa ser omisso e cúmplice! Receber e abraçar, significa ser parceiro e legitimar! FONTE: http://www.deolhonamidia.org.br/Peticoes/mostraPeticao.asp?atual=true

domingo, 26 de abril de 2009

COELHO, Enice Mariano. Acre: O Ciclo da Borracha (1903 -1945)

RESUMO: Existe um aspecto ainda, pouco enfocado da História Econômica e Social da Amazônia que desperta interesse por sua importância: o quantitativo. E é justamente esse aspecto com o qual o presente estudo se preocupa. Concomitantemente e mais precisamente ele se volta para uma área pouco pesquisada da Amazônia, o Acre e seu relacionamento com os outros centros tanto financeira, econômica e socialmente como Belém e Manaus. Traz também uma grande contribuição em termos de pesquisa com fontes primárias com especial destaque para as contas correntes onde se ressalta o endividamento permanente em que vivia o seringueiro. O Acre teve, em seu ciclo da Borracha, todo o excedente de sua produção subordinado ao mercado externo, à união e aos Estados do Pará e Amazonas.

Os heróis - a HISTÓRIA é mesmo uma ficção científica não é verdade?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

LUSIDINHA - Poema Épico sobre a História do Acre

João Crescêncio de Santana - membro efetivo da Academia Acreana de Letras (AAL), titular da cadeira nº 16 - que tem como patrono José Maria Cândido Rondon e fundador José Guiomard dos Santos. Autor do poema épico: LUSIDINHA.

História do Acre - Poema Épico LUSIDINHA, do poeta e escritor João Crescêncio de Santana História do Acre - Poema Épico LUSIDINHA, do poeta e escritor João Crescêncio de Santana Professores Egina Carli e Eduardo Carneiro

terça-feira, 21 de abril de 2009

domingo, 19 de abril de 2009

A criação do Estado Independente do Acre.

Dalmir Ferreira - historiador, poeta, artista plástico, membro da Academia Acreana de Letras, e ex-presidente do Conselho de Cultura do Estado do Acre.
14/07/2008. A instalação de algumas instituições de cultura nas comunidades mais afastadas dos grandes centros urbanos é essencial ao processo de desenvolvimento democrático, não só como auxiliares ao processo político-administrativo, mas principalmente como espaço único de debate e participação da comunidade na construção coletiva do caminho em busca de seu destino. Sendo algo que tende a substituir aos campos de pelada que ainda agrega nossa população desinformada. Isso porque os centros de convivência não despertam ou estimulam a agregação que deveriam.
A implantação do nosso conselho de patrimônio histórico, poderia ter tido um significado maior que o cumprimento de uma determinação judicial, se a ele se tivesse buscado alternativas de agregação/participação apartidária. No entanto, com um papel indefinido quanto a sua atuação, até então serviu apenas para referendar decisões já tomadas, decisões essas, nem sempre respaldadas por estudos mais aprofundados e necessariamente idôneos e representativos da vontade coletiva como deveria.
A implantação do Conselho Estadual de Patrimônio Histórico poderia ter acontecido com a garantia do respeito, da autonomia e da representatividade, num espaço para reuniões periódicas para tratar de seu funcionamento e do estabelecimento de uma política cultural voltada para este fim. Como Estado novo que somos, é fundamental que cada Município esteja atento para essa questão e para isto tenha o apoio e a orientação do poder estadual, segundo consta na constituição.
No entanto de maneira geral, temos tido ao longo de todo esse primeiro século de existência, uma completa desatenção para esta área, somos um povo assumidamente sem memória, pois tudo a ela relativo é frágil e fugaz. Assim, sempre sujeita às tentativas de apossamentos politiqueiros e desrespeitosos, cuja pior marca é a da heteronomia que empobrece qualquer atitude para a efetiva escrita da história.
Nossas elites de maneira geral têm um pé aqui e o outro lá fora, marca de um arrivismo que a desatrela de qualquer vinculo com nossa terra e que torna esse “acreanismo” uma máscara que se contrapõe ao verdadeiro patriotismo do acreano. Sendo bastante que se veja o exagerado valor que vem sendo dado a quem está lá fora em detrimento de tantas boas mentes que aqui afloram e lutam sem que a eles se dê qualquer reconhecimento.
Aqui existem espaços, instituições e pessoas que muito poderiam contribuir nesta área, mas não há interesse do poder, nem há estímulo para os que trabalham nessa área. As instituições de maneira geral sofrem do mal crônico da eterna indiferença dos que comandam a cultura, não sendo desconhecido que muitas delas foram fechadas pela indiferença e desconhecimento dos que lhe deveriam respeito, o que deveria se constituir em crime de responsabilidade contra o próprio Estado. Lamentavelmente sequer temos um inventário de colecionadores, embora saibamos que os haja em boa quantidade.
Enquanto no País, de maneira geral as universidades têm sido chamadas para auxiliar no novo processo de salvaguarda e expansão da memória que se implanta no planeta, no Acre, nosso Departamento de História e o Centro de Documentação Histórica, a despeito do processo de renovação do estatuto da Universidade, não se deram importância às propostas afins que ali foram ventiladas. Enquanto isso o próprio estado, indiferente à morte de seu Instituto Histórico e Geográfico, manda fechar o recém nascido Museu de Belas Artes.
E não foi só isso. Nas escolas de Rio Branco pra não dizer de todo o Estado, jamais chegou qualquer notícia sobre educação patrimonial que é atualmente um assunto importante para nossa educação. Enfim, são muitos os nossos desacertos para com esta área, que ao perdurar nos proporcionam uma regressão cujo preço certamente poderá ser de um preço muito alto, sobretudo nesse contexto de crescente cobiça pela Amazônia.
Nosso despertar como Estado da federação não precisa ser modificado como querem alguns políticos, porque disso tiram suas vantagens. Também não foi tão bonito como querem outros sonhadores indiferentes aos estudos históricos que estão por ser feitos. Nem foi tão feio que não mereça nosso mais alto respeito, isso afinal não pode ser escolha nossa.
O importante é que tenhamos consciência de que não podemos ficar reféns de um poder que perigosamente não se importa com a memória, a ponto de que a sociedade civil tenha que estar a cobrar sua atuação. Será necessário criarmos novamente um Estado Independente, não da Federação. Mas da safadeza estabelecida.
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terça-feira, 14 de abril de 2009

CONVITE

Universidade Federal do Acre Pró-Reitoria de Extensão e Cultura Programa de Extensão Linguagens Escritas e visuais, Identidades, Memória, Patrimônio e Oralidade
Sessão Temática Expropriação e Luta pela Posse e Uso da Terra na Amazônia Rondoniense: a “batalha” da Fazenda Santa Elina Local: Anfiteatro “Garibaldi Brasil” Campus da Ufac Data: 29 de abril de 2009 Horário: das 14:00 às 17:00 horas Realização: Centro de Educação, Letras e Artes. Mestrado em Letras – Linguagem e Identidade. Comitê das Vítimas de Santa Elina. Grupo de Pesquisa História e Cultura, Linguagem, Identidade e Memória. Grupo Amazônico de Estudos da Linguagem – GAEL. Apoio: Liga dos Camponeses Pobres – LCP. Coordenação do Curso de História – Bacharelado.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

MEIRA, Augusto. Autonomia Acreana. Rio Branco: FGB, 1998.

APRESENTAÇÃO (Jorge Kalume)
“O ideal de autonomista sempre esteve latente nos habitantes do Acre, desde a sua primeira insurreição em 19 de maio de 1899, quando da efêmera República do Acre, proclamada pelo espanhol Luiz Galvez, em Puerto Alonso, atual Porto Acre”. “Essa luta continuou num ritmo cada vez mais acentuado até o movimento armado de 1902, sob a chefia do gaúcho Plácido de Castro, que também objetivou o Estado Independente, proclamado em 1902 no povoado de Xapuri, que mais tarde, em 1905, ganhou foro de cidade” p. 7. “No Congresso Nacional, várias vozes se levantaram em favor da autonomia do Acre, após a sua integração ao Brasil pelo Tratado de Petrópolis de 1903, como as dos Deputados Francisco de Sá, Germano Hasslocher, Pedro Moacir, Álvaro Carvalho, Justiniano Serpa e Barbosa Lima”. - Também o Partido Autonomista do Acre, em Cruzeiro do Sul, nos idos de 1910, “representado por Francisco Freire de Carvalho, Luiz Macário Pereira Lago, Mâncio Agostinho Rodrigues de Lima, Absolon de Souza Moreira, João Bussons, Ernesto Almeida, Craveiro Costa, Bráulito Firmo de Moura, Manoel Ramalho...” p. 7. - O livro é uma coletânea de artigos publicados nos Jornais de Belém durante os anos de 1910. - Belém era a metrópole da Amazônia. - O autor nasceu no Rio Grande do Norte, no entanto, residiu muito tempo no Pará. “Familiarizado com temas de natureza política, foi sensível aos anelos de um povo que soube se impor pelo seu heroísmo” p. 9. - Igualmente a Francisco Mangabeira, Augusto Meira escreveu um Hino Acreano. Foi Deputado Federal e Senador pelo Estado do Pará. ........................... PREFÁCIO (24.11.1913)
- A notícia da revolta pela autonomia chegou ao Pará em junho de 1910. Diante disso, cogitou sobre que atitude o Governo Federal tomaria. - O autor foi a favor do levante e publicou vários artigos a fim de mobilizar a opinião pública. “O Acre foi um alastramento para o ocidente da nossa nacionalidade” p. 17. - É a favor da expansão “da nossa raça no mundo”. “A heroicidade daquela gente, só auxiliada pelo vigor dos exploradores valentes que já de há muito se haviam ali estabelecido” p. 18. “E foi esse povo, moribundo e exausto, em grande parte caindo pelos caminhos, humilhado e engrandecido pelo descaso, que foi erguer com sua paciência, com a sua constância, com a sua tenacidade e com o seu brio, um dos mais altos padrões de glória de nossa nacionalidade” p. 18. “os patriotas revolucionários” p. 19. ........................ CAP. 1 – Autonomia Acreana (p. 21).
“Ninguém de certo contestará que houve por parte dos acreanos um ato intempestivo no ultimo movimento ali realizada em prol da autonomia daquele território” p. 21. “A idéia da autonomia do Acre era vencedora no país inteiro” p. 21. “Nobre e altaneiro povo” p. 21. “Sim, ardor patriótico, afirmamos, porque estamos bem longe de admitir que a atitude assumida seja uma questão interior, tão somente de vantagens pessoais mais ou menos inconfessáveis. Seria INJUSTO pensar assim ante o movimento de agora, como injusto fora admiti-lo quando atitude semelhante empolgou aquele povo ao tempo de nossa liquidação de fronteiras com a Bolívia. O povo é o mesmo, os motivos são os mesmos, cada qual acorde com uma situação determinada” p. 21. “Ali foi a nobre altivez de NOSSA RAÇA [...] que repeliu nobremente o domínio estrangeiro” p. 22. “Certo, ao lado das MAIS ALTAS E NOBRES ASPIRAÇÕES é possível, admissível talvez, a existência de ambições pessoais” p. 22. “A revolta do Acre não é um fenômeno de ordem patológica, mas inteiramente fisiológica” p. 23. “Sem pormos em dúvida absoluta a vitoria do Governo Federal numa luta armada, tudo isso seria um desastre, repetimos, e em pura perda: mesmo vencido o Acre será autônomo, a não ser que arrasem todas as vidas e restabeleçam o deserto. Ainda assim, ficaria a autonomia da solidão” p. 23. “Para evitar grandes males locais e nacionais cumpre ao governo tão somente apropriar-se do movimento para poder bem encaminhá-lo e tudo resolver com brevidade possível” p. 24. “Desde já saudamos a nova estrela do nosso pavilhão nacional, nele engastada pela valorosa heroicidade de nossos irmãos ali, para todo sempre vitoriosos” p. 24. (21\06\1910). CAP. 2 - Movimento que se acentua (p. 25).
“Em Fortaleza, no Ceará, em 1878, sob o Império, mais de 50.000 pessoas morreram de miséria. Em 1900, sob a República, o Sr. Campos Sales limitou-se a dar passagens, aliando-se a fome que devastava norte, promovendo o transporte em massa para a Amazônia” p. 26. “Em 1878, somente de Fortaleza partiram 54.000 pessoas... Assim, se alguns bandidos procuram o Acre, igualmente o procuram famílias inteiras, velhas e crenças, homens e mulheres, gente toda essa rigorosamente honesta, acostumada à dureza rude de uma vida de trabalhos e canseira, nos escampos sertões de onde um dia se abalançaram” p. 27. “Tudo isso não foi uma obra de BANDIDOS, mas o resultado de uma ação continua de trabalho latente, de abnegação heróica, de paciente esforço de longos anos” p. 28. “O território é vastíssimo, copiosamente rico; habita-o, população laboriosa e avultada; falta-lhe, apenas, organização jurídica regular capaz de torná-lo apto a lançar-se no caminho seguro dos empreendimentos necessários à sua grandeza” p. 29. “O lema do seu patriotismo não será o romântico morrer pela pátria, mas viver por ela [...] O seu patriotismo é um crescendo de individualidade, de temperamento que transborda uma exaltação nobre do próprio egoísmo” p. 30. “A segurança e progresso daquela região impõem que, pela própria autonomia, ao lado do Governo Federal, por eles se interessem e velem os que ali se colocarem na dianteira dos negócios locais” p. 31. “Confiamos que os homens que se lançaram à realização do patriótico estão em condições de o levarem a efeito” p. 32. (25.06.1910). CAP. III – Horizontes que se definem.
“Está proclamada a autonomia do Acre. Os chefes do movimento lançaram um manifesto à Nação. Nesse documento são expostos com clareza, os motivos principais de sua iniciativa. As autoridades federais foram depostas e substituídas por outras” p. 33. “O que vai fazer o Governo Federal? O problema é sério, a situação é grave [...] O espírito público está em expectativa na encruzilhada dos acontecimentos” p. 33. “O povo não se limitou a conquistar: trabalhou, domesticou, venceu, fecundou, sangrou, dolorosamente com os seus restos, pondo em prova flagrante a sua virilidade bravia” p. 35. - Ao todo foi pago como indenização à Bolívia 32.000.000 $, além de 2.366.000 ao Bolíviam Syndicate. “Para o pagamento de tudo isso o Brasil entrou tão somente com o produto da própria região, a qual entre 105 a 1909 produziu rendas no valor de 58.000.000, o que significa havermos já colhido um saldo de 23.000:000$” p. 35. “Um povo, que é capaz desse prodígio e um povo de cerca de 180.000 almas, dos muitos milhares evanescentes que para ali se arrojaram, à revelia dos poderes públicos” p. 36. “E se o Acre é brasileiro é por que os acreanos são brasileiros e o alto patriotismo deles quer que eles sejam brasileiros” p. 36. “Deram as mãos para ajudar a levar a efeito uma das obras mais meritórias de nossa vida política nos últimos tempos” p. 36. - A elevação do Acre a categoria de Estado poderia vir simplesmente com o reconhecimento e ratificação da constituição elaborada por eles. Mas a elevação pode vir antes da constituição. “O governo federal cobra impostos não votados pelas populações tributadas [...] e quando pela primeira vez deu ao território uma organização embrionária, não cuidou, como devia, das suas necessidades” p. 37. - Considera que a apatia em relação ao Acre era resquício da política do Brasil Império. - Cita o caso da cisplatina. “Note-se que os acreanos são leais e são brasileiros, são patriotas e nada querem que ultrapasse as normas constitucionais de nossa federação. Povo incontestavelmente válido e operoso [...] quer o seu direito e o quer em benefício coletivo partilhando sobejamente, generosamente com a União Nacional” p. 39. - Diz que liberdade seduziu o povo acreano à autonomia. Os acreanos precisavam ser ALFORRIADOS. 28.06.1910 CAP. IV – Precisamente o dobro (p. 41). - Cita uma matéria escrita por um dos redatores do Jornal O Pais e publicado no Pará no dia 2 do corrente. Fala que o dito redator entrevistou “um oficial brasileiro acerca da autonomia do Acre, o mesmo disse o seguinte: “A revolução que operou o movimento autonomista da feracíssima região acreana é o produto da ambição de aventureiros obcecados pela riqueza fabulosa da longínqua zona e que lhes excita o apetite” p. 41. - O autor comenta a entrevista: “No seu parecer, a REVOLUÇÃO ACREANA é filha de apetites inconfessáveis de aventureiros obcecados e, sendo assim, o Governo Federal deve, sem mais reflexão, mandar 200 homens para sufocar o movimento pela força” p. 41. - Foi publicado em GAZETA DE NOTÍCIAS no Rio em 14 de maio de 1910 que entre as primeiras medidas dos autonomistas estão: proibição da saída da borracha até a confirmação da autonomia (o mesmo que tentou fazer Galvez), redução de 20 para 15 % os impostos cobrados nas Praças de Belém e Manaus para a exportação da borracha. - O autor diz: “Por muito graves que essas medidas sejam, todas elas têm um fim de ordem e organização interna e em nenhuma delas vislumbramos indícios de ganância e apetites interiores” p. 42. “Eis aí. Vê-se claramente e é fato sabido que os acreanos agem em virtude de motivos nobres [...] Não passa de uma falsa investida estar a atribuir ao POVO ACREANO o estímulo de instintos inferiores. A sua causa é a simpatia e funda-se em princípios de justiça” p. 43. - O presidente dizia que estava disposta a atender os anseios acreanos, mas para isso era preciso que se depusessem as armas. “O movimento considerado em bloco, funda-se em razões superiores que o dignificam” p. 43. - Dizem que o Governo Federal para conter o movimento bastaria deslocar 200 soldados para o local. - O juiz de direito do Alto Juruá telegrafou ao ministro da justiça e disse “o movimento só poderá ser sufocado por grande contingente de forças” p. 45. “Dizer que o governo federal deve mandar 200 homens para fazer compressão nos traz à lembrança os 100 homens que foram mandados para subjugar Canudos” p. 44. “O entrevistado é de opinião que o governo do Acre deveria ser entregue a militares” p. 47. 05\jul\1910. CAP. V – Libello Inepto (p. 49)
- Um dos argumentos do Governo Federal era o baixo índice populacional do Acre. “A sua produção foi em 1905 de 9.000.000 Kg de borracha” p. 51. “Diz-se que no Acre o movimento autonomista não domina a unanimidade da população” p. 53. “Dizer que o Acre não pode ter autonomia porque não tem lavoura é o mesmo que dizer que São Paulo deveria não tê-la porque não tem borracha” p. 55. - Ele comenta várias desculpas dadas pelo Governo Federal para não conceder a autonomia. 11\jul\1913. “Rio Branco era um semi-deus, como os sonhou e esculpiu o gênio incomparável dos Gregos” p. 62. ANEXO: NOTAS BIOGRÁFICAS (Octávio Meira) - José Augusto Meira Dantas nasceu em 11 de dezembro de 1873. Seu avô foi presidente das províncias do Pará e do Rio Grande do Norte. Seu avô por arte de mãe foi major, latifundiário, dono de vastos engenhos de açúcar e gado. - Foi delegado de polícia no Rio de Janeiro. No Pará foi promotor público. Sua esposa era filha do comerciante de maior expressão da aristocracia rural. P. 70. - Viajou a Europa quase toda. - Se tornou professor de Direito na Universidade do Pará. Foi várias vezes deputado. Por fim senador. - Foi opositor de João Goulard. Faleceu em 21 março de 1964 aos 90 anos. CENTENÁRIO DE AUGUSTO MEIRA (Silvio Meira, p. 87)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Produção artística e burocracia: reflexão sobre a cultura institucional em Rio Branco

Dalmir Ferreira - poeta, artista plástico, membro da Academia Acreana de Letras, e ex-presidente do Conselho de Cultura do Estado do Acre.
06/04/2009 Durante toda a década de 1970 não houve em Rio Branco uma burocracia de Estado voltada para o apoio às artes. Malgrado a grande ebulição que causaram artistas e público neste período, a participação do Estado no âmbito da cultura nesta década esteve restrita a um pequeno setor da Secretaria de Educação, o DAC (Departamento de Assuntos Culturais). Ele foi o responsável em sua curta existência operacional por poucas iniciativas, que também por sua vez dependia dos projetos impostos de cima para baixo vindos do Governo Federal. Tais projetos eram raros e restritos e dependiam da iniciativa de quem estivesse por ele encarregado localmente, de forma que, essencialmente, tudo o que aconteceu neste período, além de brotar espontaneamente dos grupos de artistas e militantes de diversas áreas, foi sem o amparo oficial. Repito: as coisas aconteciam em função da iniciativa dos próprios artistas e do interesse com que o movimento passou a despertar naqueles que passariam a apoiá-lo, sem dizer que com o crescimento populacional, aumentava-se também o público. As artes nos diversos âmbitos foram gradativamente substituindo as velhas modas e costumes da província. E na medida em que crescia a cidade, em população e em acesso às novas tecnologias; e na medida em que se trocavam os "velhos" modos de vida por outros menos obsoletos; e na medida em que se agravava a crise no campo; enfim, até mesmo quando o consumo local do futebol atingiu seu declínio, mudanças radicais e essenciais foram se operando e contribuíram para o estabelecimento de novos comportamentos, uma nova forma de agregar-se a um mundo "novo" que se formava. O primeiro grande acontecimento da área cultural realizado nessa época foi no campo da música. Em 1969 foi realizado o Primeiro Festival Acreano da Música Popular. O evento se constituiu no primeiro grande acontecimento da cultura a mobilizar parte das mentes riobranquenses. Isso por que embora a populaçao já houvesse presenciado no ano anterior a Primeira Exposição de Pintores Acreanos (1969) no salão do Rio Branco, tal evento não conseguiu a mobilização que pretendia, talvez por sua precocidade, o certo é que tal mobilização só viria quase dez anos mais tarde.
A segunda grande mobilização no campo das artes foi através do Teatro. Esse segmento artístico se instalou e foi gradativamente se multiplicando por conta dos diversos grupos teatrais que iam surgindo e das apresentações que eles realizavam. Mesmo com a falta de espaços apropriados, jamais levaram em conta os obstáculos, que surgiam, mas que serviram para enriquecê-los cada vez mais, com peças teatrais de inegável valor crítico, estético, histórico.
Isso propiciou um verdadeiro enriquecimento social ao público que atendia ao chamado. Afinal não há forma melhor de educação do que a feita através de uma peça cênica. Era como se colocasse a platéia frente a um espelho. Isso proporcionava uma leitura abalizada do momento em que se passava, das mudanças essenciais de nossa história. Chegou, inclusive a mobilizar a população quanto aos diversos posicionamentos políticos que se configuravam por conta do tal “milagre brasileiro” operado pela ditadura militar. Pode-se afirmar que no campo das artes plásticas, a Primeira Exposição Acreana de Artes Plásticas, que também aconteceu de forma espontânea e praticamente sem apoio governamental, foi o marco inicial nesta área para a cidade de Rio Branco, porque marca o início do estabelecimento efetivo de uma forma perene do acontecer artístico, que ainda não havia sido experimentada, significando que a partir de então, não só exposições coletivas como, principalmente passam a acontecer e se multiplicar as exposições individuais, iniciando-se, além disso, a participação em eventos fora do estado, o que assegurou que se levasse o nome do Acre e de seus artistas para os mais diversos lugares do País e posteriormente para o mundo. Hoje consegue-se enumerar a dedo o pequeno número de valorosos artistas que naquele tempo desfilou nas diversas áreas da cultura, em prol da luta pela construção e do estabelecimento das artes em Rio Branco. Era comum na época os artistas atuarem em diversas áreas da arte ou darem apoio a elas. Isso se repete no acontecer artístico da cidade atualmente.
Quanto a formação dessa nova mentalidade é importante salientar também o relevante papel de instituições como a Igreja Católica quer seja com os grupos de jovens, quer seja com as atividades realizadas por padres que defendiam mudanças. Outro acontecimento foi a instalação da Universidade Federal do Acre, que implicou na vinda de professores de outros Estados. Esse intercâmbio foi essencial, principalmente na criação do Cine Clube Aquiry, espaço que aglutinava, mostrava e debatia os filmes fora do circuito oficial. O Cineclube não era apenas um cinema diferenciado, era, sobretudo um espaço de cultura, lá também circulava as noticias e debates de encontros, shows, peças, exposições, etc. Enfim, O Cineclube nasceu na universidade, mas não era da Universidade.
A criação da Delegacia do SESC foi também um outro acontecimento essencial no apoio à expansão das artes em Rio Branco, pois a despeito de seus outros objetivos, a mentalidade de seus dirigentes esteve sempre atenta para as circunstâncias daquele momento. Essa instituição foi a primeira instituição pública apoiar e contribuir efetivamente com a expansão das artes e da cultura de um modo geral em Rio Branconaquele momento. Em 1980 é criada a Fundação de Desenvolvimento de Recursos Humanos, da Cultura e do Desporto, a velha Fundação Cultural. A criação dela não foi uma ação isolada do Governo do Estado. Como sempre, de forma tardia seus idealizadores concebem uma estrutura burocrática autoritária, sem um projeto de cultura definido e sem previsão orçamentária.
A Fundação irá permitir investimentos na área da cultura, que num primeiro momento, pela competência de seu dirigente, alcançou grandes conquistas, mas que com as mudanças que a democracia presume, logo se tornou não só um grande cabide de emprego, mas também um "caixa três" oficial que permite a total falência da instituição a cada final de mandato. Não se tinha compromisso com a consolidação de uma instituição forte e representativa.
A primeira falha da Fundação Cultural do Estado foi ter sido criada para ser dirigida por um presidente nomeado pelo governador. Inteligente e democrático seria que ela fosse conduzida por um Conselho representativo, além disso, deveria se ter assegurado-lhe um Plano de Cultura e um orçamento mínimo para seu desenvolvimento.
Pode-se afirmar, portanto, que esse modelo de Instituição já nasceu predestinado à tutela do Estado. E que em se tratando de Cultura (tal como a educação), não se poderia em hipótese alguma permitir que ela fosse dirigida por qualquer burocrata escolhido pelo poder, sem vínculo com a cultura. Outra coisa prejudicial é a formação de uma burocracia sem vínculo com a cultura.
A alegação de que tudo era experimental improcede porque em quase todo o Brasil de norte a sul já se tinha estabelecido os mais diversos tipos de instituições para a cultura. Isso mostra não só a tardia instalação da FDRHCD, como prova que a intenção era mesmo a criação de uma instituição para servir aos burocratas do Estado e não aos artistas e produtores dessa área.
E foi assim seu desempenho desde seu nascimento: embora incorporando o grande número de espaços e instituições da cultura, nada foi feito de forma a consolidar esses espaços como espaços de cultura, seja através da criação oficial do espaço, ou da contratação de gente especializada, ou enfim, de se elaborar um levantamento completo de artistas ou de espaços ou de equipamentos. E o pior: jamais houve preocupação por parte da Fundação Cultural na preservação de espaço, equipamento ou qualquer documento da arte ou da cultura. As mudanças na chefia do executivo estadual jamais serviram para qualquer reflexão sobre a renovação na Fundação Cultural, no máximo promovem renovações conservadoras. Embora nenhum candidato tenha prometido algo em campanha para a cultura, também nunca se fez nada, que não propicie algum lucro. Não parece ser de interesse ou da conta de ninguém que transite na burocracia pensar sobre cultura.
Assim tem sido essas quase três décadas de apoio governamental à cultura. Se houvesse um pouco de consciência nesse âmbito, não se esperaria tanto para se fazer o se sabe que deve ser feito. Chegou-se ao cúmulo de promover o fechamento de instituições como o Instituto Histórico e Geográfico, o Museu de Belas Artes e a Galeria Municipal sem que isso causasse o menor constrangimento a ninguém. O que se observa é a conivência silente e servil dos eleitos, que chamados para compor a burocracia de Estado, pouco podem fazer, pois seu compromisso com a própria sobrevivência é maior do que com a cultura. Segundo Marilena Chauí a irracionalidade burocrática é aparente: serve para disfarçar e ocultar formas precisas de exercício de poderes (ainda que sejam pequenos poderes). Um processo (documento que dá existência administrativa e legal a uma ação qualquer) pode percorrer seu caminho pelas instancias administrativas em algumas horas ou em muitos meses: a diferença não é determinada pela complexidade do assunto, mas pela vontade de quem o faz caminhar ou parar nos escaninhos e nas gavetas.
Longe de funcionar com a impessoalidade de uma máquina, a burocracia funciona segundo relações de favor, clientela, tutela, boa ou má vontade, interesse ou desinteresse de seus membros que possuem um álibi precioso: a indiferença do assunto ou do objeto tratado, que segue o mesmo procedimento e percorre os mesmos andares e corredores, seja ele qual for. Afirma ainda Chauí, que a burocracia não é uma “máquina administrativa” e sim um sistema de poder movido por gente, no qual a vontade dos indivíduos-burocratas é mais determinante e imperiosa do que as leis e os procedimentos.
Os hábitos burocráticos operam para a manutenção de mando e poderes e não para a proteção efetiva da coisa pública. E tal como corrobora a afirmação de Claude Lefort, a burocracia a burocracia é uma formação social e não um modo de organizar serviços. Pois de fato, hierarquia, segredo, rotina, impessoalidade aparente, alem de cristalizar poderes, possuem duas outras funções precisas: de um lado a sabotagem política, de outro perpetuar um sistema de irresponsabilidades, uma vez que cada escalão burocrático lança para o outro as decisões mais importantes e nenhum se responsabiliza por nenhuma. Inconscientes dessa realidade tão próxima de seu nariz, o acreano de modo geral, artistas, público e burocratas, impedidos da visão desse contexto pela desinformação, lutam por uma arte cada vez mais difícil de acontecer, pois como se sabe, ela também requer um crescimento conjunto de seus produtores, além de outros cuidados inerentes a seu crescimento como é a questão da educação formal e informal dos implicados em seu acontecer. Mas esse é um outro assunto que requer o mesmo grau de aprofundamento e de uma complexidade não menor que esta. Como se vê em todo esse nosso contexto de administração da cultura há toda uma série de entraves que perduram e que se agravam na medida em que afiançam a persistência desses problemas, denotando o total desinteresse na mudança efetiva desse quadro.
Por exemplo, fala-se em Conselho, mas nada se faz pela instalação efetiva desse conselho. Fala-se na elaboração democrática e participativa do Plano de Cultura, mas não se faz nada a respeito.
Enfim, há por traz do discurso do poder um desejo deliberado da manutenção desse quadro, um desejo que desafia regras e leis e sobrevive certo da impunidade, enquanto os verdadeiros militantes da cultura, apenas aguardam que o tempo mude, sem nada fazer para que a mudança efetivamente possa acontecer. No aspecto municipal a questão do apoio institucional à cultura não é tão diferente da situãção do Estado. Criada mais ou menos no mesmo período, a Fundação Municipal de Cultura sofre dos mesmos males da criação da Fundação de Cultura do Estado. Sendo concebida por burocratas de indisfarçável interesse pelo lucro, temos uma Fundação que também não atende aos interesses para os quais fora criada. Seus estatutos e seu planejamento não têm afinidade comprovada com a cultura. Bem, mais esse assunto fica para outro artigo!
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domingo, 5 de abril de 2009

Seis Anos sem o Prof. Dr. Pedro Martinello: figura fantástica, de saudosa memória.

Título: Complicações respiratórias ceifam a vida de Pedro Martinello
Fonte: Jornal Pg 20, 15 de janeiro de 2003.
Texto: Tatiana Campos
Historiador e sociólogo morre aos 64 anos, deixando uma lacuna na academia acreana Um tipo bonachão, que não largava o chapéu estilo Pablo Neruda e as sandálias franciscanas. Emanava uma sensibilidade especial, profundamente humanista, que marcou sua existência e seu modo de tratar as pessoas. Era dono de uma forma peculiar de tratar alunas e colegas acadêmicas. Assim, o primeiro doutor do corpo docente da Universidade Federal do Acre (Ufac), Pedro Martinello, era visto pelos amigos.
A vida do professor com mais de 30 anos dedicados à universidade pública acreana foi ceifada por complicações respiratórias na madrugada de ontem. Pedro Martinello partiu aos 64 anos deixando uma lacuna na academia e no coração de familiares e amigos.
Descendente de italianos, nascido em Criciúma (SC), chegou ao Acre no início da década de 70, após três longos dias de viagem a bordo de um DC-3 da extinta Cruzeiro do Sul. Sua situação com os serviços de segurança da Ditadura Militar era complicada, devido à guarida oferecida a jovens ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE) e ele estava sendo pressionado pelo Dops para deixar o país. Diante dos fatos, decidiu que seria de bom alvitre passar uns tempos no Acre até as coisas esfriarem.
Chegou ao Acre ao convite do bispo dom Giocondo. Pedro Martinello foi convidado pelo bispo dom Giocondo Maria Grotti para assumir a paróquia da catedral e atuou ativamente nos contextos das lutas sociais e políticas da época. Em seu último texto escrito, publicado pela Fundação Elias Mansour, Pedro Martinello descreveu as impressões que marcaram sua chegada no Estado:
“De mil crianças nascidas, 838 morriam no primeiro ano de vida... De mil pessoas, dezesseis sofriam de lepra... Em alguns rios, como no Caeté e no Iaco, a média de vida de cada pessoa não ultrapassava os 20 anos de idade. Diante desse quadro, não podiam os missionários e o seu prelado ficar impassíveis ou como meros espectadores de tamanha tragédia”. Segundo a historiadora Maria José Bezerra, Martinello sempre se contrapôs à violência numa perspectiva humanista, sempre lutou contra as desigualdades, valorizando o ser humano e seus direitos.
“Após alguns anos como padre, ele deixou a ordem, casou-se com Ivanilde, constituiu família e sempre foi muito querido pelo povo, pela sua maneira simples de ser. Não largava as sandálias e o chapéu estilo Pablo Neruda nem o cachimbo com o qual tanto brincávamos. Sempre se referia às alunas como ‘minha santa’ ou ‘abençoada’. Por seu exemplo de vida, ele sempre foi respeitado por todos e dificilmente alguém tinha algo contra ele, que buscava solucionar tudo na perspectiva cristã”, comentou Maria José.
“Nós aprendíamos com sua vivência e não só com os livros” Pedro Martinello era doutor em História do Brasil aposentado. Foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação na gestão do reitor Sansão Ribeiro. Estava atuando como professor visitante da universidade.
“Enquanto professor, Martinello tinha uma coisa legal, e eu, como seu aluno, posso falar: ele não dava aulas explicando o que tinha lido nos livros. Ele passava para nós suas vivências, nos fazia viajar pelas galerias e obras da Renascença, nos levava até os campos de batalhas das grandes guerras mundiais. Transmitia o que tinha visto em suas viagens, seus estudos. Lia as grandes obras nos originais, em inglês, em latim, em grego, e não perdia a riqueza que não se conhece através das traduções”, comentou o professor e chefe do Departamento de História da Ufac, Gerson Albuquerque.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (Sinteac), Márcio Batista, Martinello é um símbolo da academia acreana. “O mais significativo é ter podido aprender com ele, que reunia em si a sede da pesquisa, do ensino e da extensão, o tripé da universidade. Ele formava a elite da Ufac, reunindo o conhecimento com a alegria de ensinar. Dificilmente algum aluno do professor Pedro falará que não gostava dele ou do modo como ele lecionava”, ressaltou.
Maior legado de Martinello será reeditado pela Ufac. Uma de suas contribuições mais importantes para a universidade foi a tese de doutorado, publicada em 1988 pela Ufac, que se tornou referência para pesquisas no Brasil e no exterior. Intitulada “A Batalha da Borracha na Segunda Guerra Mundial e suas Conseqüências para o Vale Amazônico”, a tese é um acervo documental amplo e inédito, construído também através de consultas à documentações americanas.
“A tese é uma documentação rica e significativa que permite várias abordagens. Trouxe algumas inovações como o uso de depoimentos orais, uso de fragmentos riquíssimos de poesia e pesquisa em documentos existentes nos Estados Unidos, aos quais outros historiadores acreanos não tinham acesso”, comenta o historiador Gerson Albuquerque.
Além de uma importante fonte para a história econômica da época, Albuquerque ressalta que a tese dá margens para pesquisas sociais, trazendo costumes, o modo de vestir, a mentalidade, as confusões da década de 40. O estudo apontou os caminhos da resistência oculta dos nordestinos. REEDIÇÃO - “A tese do professor Martinello virou uma referência para a maioria das pesquisas sociológicas. A publicação em formato dos Cadernos da Ufac é a obra acreana mais conhecida no Brasil e também uma das mais citadas na Região Norte”, disse Albuquerque.
O livro “A Batalha da Borracha na Segunda Guerra Mundial e suas Conseqüências para o Vale Amazônico” está sendo reeditado pela Ufac. O lançamento está previsto para o primeiro semestre deste ano, previamente agendado no calendário acadêmico.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Movimento dos Autonomistas

FONTE: Acervo do Departamento de Patrimônio Histórico do Acre PERIÓDICO: O JURUAENSE – ORGAM DO PARTIDO REPUBLICANO JURUAENSE DATA: Ano II - 23 de agosto de 1917. Nº 73 LOCAL: Cruzeiro do Sul - AC PÁG. 01 COL. 03, 04, 05 e 06 O PANICO AUTONOMISTA Para os autonomistas a fundação do Partido republicano foi um contratempo á realisação de seus planos de absoluto domínio no Departamento. Organisado há pouco mais de um anno, quando grande parte ou a maioria da população alistável, consciente de sua excepcional situação política não se interessava pelos movimentos partidários, suppunham-se em praça conquistada assim lhes fosse conferido o direito de voto, muito embora o insignificante valor numérico de seus adeptos. Neste presupposto, sob a falsa miragem de futuro domínio, julgavam-se os únicos senhores da terra, encarando os demais ¾ aquelles que não correram a alistar-se em suas fileiras ¾ com certo ar de arrogância, como si delles ¾ entidades despresiveis ¾ nada tivessem que receiar ao êxito de seus desígnios. Assim, o tempo lhes corria de vento em poupa e, quando um outro de seus setarios deixava-lhes as fileiras para recolher-se á vida privada, não se davam por achados, tendo o incidente como cousa destituída de importância. Vimos mesmo que um dos mais eminentes membros de seu Directtorio, levado a romper com o executivo prefeitural, por este lhe negar apoio a um acto funccio facto de que repercutio em todo o Departamento, devido a troca entre os dois, de ríspidos officios que tiveram a maior publicidade, nem ao menos teve do orgam de seu partido uma palavra de consolo; ao contrario, o director deste, invocado para certo testemunho em favor de seu correligionário e collega de redacção, faltou á verdade em detrimento deste, sob o irrisório pretexto de que N.. O FAZIA PARTE DA IGREGINHA EM QUE SE TANG..O SINO DA POLITICAGEM. O .................... do autonomismo, manda-chuva supremo da irmandade e amigo intimo do correligionário desacatado, não influi para que este fosse defendido pelo jornal do partido, dando ........... a demostração de que prefereria ficar com o Prefeito, a prestigiar contra as bôas graças deste, um membro eminente de seu partido, que aliás se tornara mal visto daquelle em razão de um acto proficional em beneficio da saúde publica. Mas, si esse foi o procedimento do autonomismo com um dos seus membros mais em destaque, parte integrante de seu Directorio e redactor do jornal do partido occupando alem disso na administração publica os cargos de ..... Sub –Prefeito, Vogal do Conselho Municipal e Inspector de Hygienne, como não será a sua conducta em relação a outro qualquer de seus adeptos que não tenha a recommendar-lhe tantos títulos, quando este visse na contingência de precisar lhe dos serviços? A resposta, sabe-a o incauto que num momento de illuzão deu seu apoio a esse ingrato partido, desde que colloque ...................correligionário. Desde esse tempo o partido autonomia....................... seu adepto para não perder as graças prefeituraes, aberrou de seus princípios liberaes para tornar se exclusivista e, conseqüentemente, incompatível com o sentimento popular e, mais ainda, com os ideaes que defende. Somente preoccupado em tornar se agradável ao representante do regimem que diz combater, o povo torneou se para elle letra morta, pouco se lhe dando de sua sorte, chegando mesmo a desinteressar-se da autonomia. Neste estado a situação pelos arraiaes autonomistas, onde se outra cousa não se tratava que de engendrar meios de captar a sympathia do Prefeito, pondo se em acção toda a espécie de demonstrações engrossativas, dizia se francamente nesta cidade, que a fundação do partido autonomista apenas obedecera o movel da criação de um jornal para ser entregue ao seu actual Director, para que este ainda apavorado com certos boatos cirvulados nos primeiros dias da administração Varella, tivesse nelle uma garantia ao seu exercicio no cargo que occupava na prefeitura. Éstes factos crearam em torno do autonomismo junstificada atmosphera de desconfiança da qual os seus proceres, embriagados pelo calor do bafejo prefeitural, não se apercebiam. Por toda parte — na cidade como no interior — as suas fileiras iam dia a dia enfraquecendo pela deserção dos pequenos elementos. Ao governo Varella, pois, mais que no varelismo, tem tido no miguelismo situação favorável á sua ambição de domínio. Assim, gozando as delicias dos favores miguelistas, julga se não somente necessário aos governos como invencível nas pretenções. D’ahi a arrogância dos dez ou vinte que lhe constituem as fileiras, ou antes o Directorio, porque em verdade fileiras elles já não têm ¾ o partido está redusido ao pequeno numero do Directorio, do qual fazem parte alguns extrangeiros e dous ou tres nacionaes analphabetos. Mas, para que fileiras, para preseli..os, si estavam conseguido os seus fins ¾ a creação do jornal e a benção prefeitural? Autonomia? Ora, isto havia de vir naturalmente, de reforma em reforma, de accordo com as intenções do governo. Por emquanto estavam dando dartas e jogando de coringa, que mais? Era dormir sobre os louros da fortuna e mandar ..abua isto de correligionário! No partido bastava o frontespicio para metter medo ao caguinchas da prefeitura, e nada mais. Nesse andar e nesse pensar, partido reduzio-se a frangalhos e o jornal, que fôra seu orgam, transformou se em porta-voz das difamações craveiristas, não escapando de seus ataques, na secção redaccional ou na mascarada pelo titulo ........... apedidos, as reputações mais sólidas, mesmo as de magistrados mais íntegros. Foi na plenitude dessa anarchia autonomista, que, após certo período de preparação, fortes elementos do departamento se congregaram e constituíram o Partido Republicano Juruaense. No estreito circulo do esfrangalhado autonomismo, o acontecimento cahio como uma bomba. Tomados pelo pânico, os Directores reuniram se, mas, a falta do maioral, nada resolveram. Foi então expedido um expresso em seu encalço e, dentro em breve o orgam dos insultos craveiristas entrava em acção acutilando o novo partido a torto e a direito, em manifesta demonstração de respeito. De então para cá, da primeira á terceira pagina, outro assumpto lhe não preoccupa que o Partido Republicano, dando assim a entender que este é actualmente a sua espinha de garganta, um obstáculo opposto aos seus planos de domínio, que é preciso combater com todas as armas para fazel o desapparecer. A insistência com que o orgam craveirista se occupa do Partido Republicano a incoherencia e desordem na apreciação dos factos dão perfeita idéia da intensidade do panico que foram accommettidos com o inesperado advento do novo partido. E ahi está como se explica a attitude de hostilidade do autonomismo contra as camadas proletárias, operarias e agriculas do Departamento, que correram a filiar se nas fileiras do Partido Republicano Juruaense, taxando as de imprestáveis para o alistamento eleitoral e cobrindo as de riculos. Toda essa vociferação autonomista occulta o despeito e o pânico de que se ahcam possuídos. As eleições ahi vêm, e é nas urnas que havemos de ver quem tem roupa do coradouro. Certos desta verdade, certos de sua insignificancia numerica, é natural que os autonomistas se sintam receiosos de sua sorte futura; mas, o que não é justo é que recaia sobre o Partido Republicano ataques a que, ainda não deu lugar.

Movimento dos Autonomistas

FONTE: Acervo do Departamento de Patrimônio Histórico do Acre PERIÓDICO: O JURUAENSE – ORGAM DO PARTIDO REPUBLICANO JURUAENSE DATA: Ano II - 23 de agosto de 1917. Nº 73 LOCAL: Cruzeiro do Sul - AC PÁG. 01 COL. 03, 04, 05 e 06 O PANICO AUTONOMISTA Para os autonomistas a fundação do Partido republicano foi um contratempo á realisação de seus planos de absoluto domínio no Departamento. Organisado há pouco mais de um anno, quando grande parte ou a maioria da população alistável, consciente de sua excepcional situação política não se interessava pelos movimentos partidários, suppunham-se em praça conquistada assim lhes fosse conferido o direito de voto, muito embora o insignificante valor numérico de seus adeptos. Neste presupposto, sob a falsa miragem de futuro domínio, julgavam-se os únicos senhores da terra, encarando os demais ¾ aquelles que não correram a alistar-se em suas fileiras ¾ com certo ar de arrogância, como si delles ¾ entidades despresiveis ¾ nada tivessem que receiar ao êxito de seus desígnios. Assim, o tempo lhes corria de vento em poupa e, quando um outro de seus setarios deixava-lhes as fileiras para recolher-se á vida privada, não se davam por achados, tendo o incidente como cousa destituída de importância. Vimos mesmo que um dos mais eminentes membros de seu Directtorio, levado a romper com o executivo prefeitural, por este lhe negar apoio a um acto funccio facto de que repercutio em todo o Departamento, devido a troca entre os dois, de ríspidos officios que tiveram a maior publicidade, nem ao menos teve do orgam de seu partido uma palavra de consolo; ao contrario, o director deste, invocado para certo testemunho em favor de seu correligionário e collega de redacção, faltou á verdade em detrimento deste, sob o irrisório pretexto de que N.. O FAZIA PARTE DA IGREGINHA EM QUE SE TANG..O SINO DA POLITICAGEM. O .................... do autonomismo, manda-chuva supremo da irmandade e amigo intimo do correligionário desacatado, não influi para que este fosse defendido pelo jornal do partido, dando ........... a demostração de que prefereria ficar com o Prefeito, a prestigiar contra as bôas graças deste, um membro eminente de seu partido, que aliás se tornara mal visto daquelle em razão de um acto proficional em beneficio da saúde publica. Mas, si esse foi o procedimento do autonomismo com um dos seus membros mais em destaque, parte integrante de seu Directorio e redactor do jornal do partido occupando alem disso na administração publica os cargos de ..... Sub –Prefeito, Vogal do Conselho Municipal e Inspector de Hygienne, como não será a sua conducta em relação a outro qualquer de seus adeptos que não tenha a recommendar-lhe tantos títulos, quando este visse na contingência de precisar lhe dos serviços? A resposta, sabe-a o incauto que num momento de illuzão deu seu apoio a esse ingrato partido, desde que colloque ...................correligionário. Desde esse tempo o partido autonomia....................... seu adepto para não perder as graças prefeituraes, aberrou de seus princípios liberaes para tornar se exclusivista e, conseqüentemente, incompatível com o sentimento popular e, mais ainda, com os ideaes que defende. Somente preoccupado em tornar se agradável ao representante do regimem que diz combater, o povo torneou se para elle letra morta, pouco se lhe dando de sua sorte, chegando mesmo a desinteressar-se da autonomia. Neste estado a situação pelos arraiaes autonomistas, onde se outra cousa não se tratava que de engendrar meios de captar a sympathia do Prefeito, pondo se em acção toda a espécie de demonstrações engrossativas, dizia se francamente nesta cidade, que a fundação do partido autonomista apenas obedecera o movel da criação de um jornal para ser entregue ao seu actual Director, para que este ainda apavorado com certos boatos cirvulados nos primeiros dias da administração Varella, tivesse nelle uma garantia ao seu exercicio no cargo que occupava na prefeitura. Éstes factos crearam em torno do autonomismo junstificada atmosphera de desconfiança da qual os seus proceres, embriagados pelo calor do bafejo prefeitural, não se apercebiam. Por toda parte — na cidade como no interior — as suas fileiras iam dia a dia enfraquecendo pela deserção dos pequenos elementos. Ao governo Varella, pois, mais que no varelismo, tem tido no miguelismo situação favorável á sua ambição de domínio. Assim, gozando as delicias dos favores miguelistas, julga se não somente necessário aos governos como invencível nas pretenções. D’ahi a arrogância dos dez ou vinte que lhe constituem as fileiras, ou antes o Directorio, porque em verdade fileiras elles já não têm ¾ o partido está redusido ao pequeno numero do Directorio, do qual fazem parte alguns extrangeiros e dous ou tres nacionaes analphabetos. Mas, para que fileiras, para preseli..os, si estavam conseguido os seus fins ¾ a creação do jornal e a benção prefeitural? Autonomia? Ora, isto havia de vir naturalmente, de reforma em reforma, de accordo com as intenções do governo. Por emquanto estavam dando dartas e jogando de coringa, que mais? Era dormir sobre os louros da fortuna e mandar ..abua isto de correligionário! No partido bastava o frontespicio para metter medo ao caguinchas da prefeitura, e nada mais. Nesse andar e nesse pensar, partido reduzio-se a frangalhos e o jornal, que fôra seu orgam, transformou se em porta-voz das difamações craveiristas, não escapando de seus ataques, na secção redaccional ou na mascarada pelo titulo ........... apedidos, as reputações mais sólidas, mesmo as de magistrados mais íntegros. Foi na plenitude dessa anarchia autonomista, que, após certo período de preparação, fortes elementos do departamento se congregaram e constituíram o Partido Republicano Juruaense. No estreito circulo do esfrangalhado autonomismo, o acontecimento cahio como uma bomba. Tomados pelo pânico, os Directores reuniram se, mas, a falta do maioral, nada resolveram. Foi então expedido um expresso em seu encalço e, dentro em breve o orgam dos insultos craveiristas entrava em acção acutilando o novo partido a torto e a direito, em manifesta demonstração de respeito. De então para cá, da primeira á terceira pagina, outro assumpto lhe não preoccupa que o Partido Republicano, dando assim a entender que este é actualmente a sua espinha de garganta, um obstáculo opposto aos seus planos de domínio, que é preciso combater com todas as armas para fazel o desapparecer. A insistência com que o orgam craveirista se occupa do Partido Republicano a incoherencia e desordem na apreciação dos factos dão perfeita idéia da intensidade do panico que foram accommettidos com o inesperado advento do novo partido. E ahi está como se explica a attitude de hostilidade do autonomismo contra as camadas proletárias, operarias e agriculas do Departamento, que correram a filiar se nas fileiras do Partido Republicano Juruaense, taxando as de imprestáveis para o alistamento eleitoral e cobrindo as de riculos. Toda essa vociferação autonomista occulta o despeito e o pânico de que se ahcam possuídos. As eleições ahi vêm, e é nas urnas que havemos de ver quem tem roupa do coradouro. Certos desta verdade, certos de sua insignificancia numerica, é natural que os autonomistas se sintam receiosos de sua sorte futura; mas, o que não é justo é que recaia sobre o Partido Republicano ataques a que, ainda não deu lugar.

GOVERNADOR DO DIA: FRANCISCO WANDERLEY DANTAS

Fonte: Acervo do Patrimônio Histórico do Acre Desenvolvendo atividades que lhe valem o respeito e a admiração de seus pares, é destaque a ilustre figura do prof. Francisco Wanderley Dantas, governador do estado do Acre. Nascido aos 22 de Outubro de 1932 em vila de Porto Acre. É filho do cel. Sebastião Gomes Dantas e da Sra. Maria Cândida Wanderley Dantas. Seu genitor participou da epopéia do Acre, como um dos oficiais do herói nacional, José Plácido de Castro. Foram seus avós paternos o Sr. Manoel Gomes Dantas e a Sra. Antonia Simão Dantas e maternos, o Sr. Enéas Wanderley Barreto e a Sra. Cândida Wanderley Barreto. É casado com a Sra. Leila Ribas Wanderley Dantas e são suas filhas; Viviane Ribas Wanderley Dantas e Jeanine Ribas Wanderley Dantas. É Bacharel em Filosofia, Ciências e Letras. Fez Cursos de Aperfeiçoamento em Geografia e de Especialização em História, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi Técnico do Ministério da Educação e Cultura e deputado Federal pelo Estado do Acre (1963/70). Atualmente é governador do Estado do Acre (1971/75). Participou do I Simpòsio de Turismo, realizado no Rio de Janeiro (1973). Proferiu palestras no I Seminário de Integração Nacional, na Guanabara e São Paulo, no Clube dos Estados; Reunião do Conselho Deliberativo da SUDAM, Belém e Acre; Aula Inaugural da Universidade do Acre; Exposição para os membros do Estado maior das forças armadas do Brasil e das Américas; Estagiários da Escola Superior de Guerra; Corpo Deliberativo do Projeto Rondon e para os Alunos do Instituto “Rio Branco”, do Ministério das Relações Exteriores, entre outras. Agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Estrela do Acre e a Grã-Cruz da Ordem de Brasília; Medalhas: “150 Anos do poder Legislativo do Brasil”, “Euclides da Cunha”, “Marechal Rondon”, (Ministério das Comunicações), do Estado-Maior das forças Armadas, do Projeto Rondon e do “Centenário de José Plácido de Castro”. È autor de : “Palavras e Ação”, “Problemas da Borracha”, “Profissão de Fé”, “Projeto Oeste”, “Plano de governo” e “o Estado do acre e o Desenvolvimento da Amazônia “. É Sócio Benemérito do Rio Branco Football Club, Sócio benemérito do Circulo Militar de Rio Branco, Sócio Benemérito da Sociedade Desportiva Vasco da Gama (Rio Branco) e do Clube do Congresso (Brasília). É, com fibra incomum e acendrado vigor intelectual, desempenha sua missão essencial: a de ser um cidadão prestante. FALECEU EM 24-O5-1982 (BSB/DF)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

GOVERNADOR DO DIA: Jorge Kalume.

FONTE: Acervo do Patrimônio Histórico do Acre. A LENDA VIVA DA HISTÓRIA POLÍTICA RECENTE DO ACRE Antonio Muniz JORGE KALUME Humilde simples e cumpridor de seu dever. Essas são algumas das qualidades do prefeito de Rio Branco. Jorge Kalume, lenda viva da história política acreana e um dos políticos de maior expressão a nível nacional. Filho de Abib Mussa Kalume e Latif Zaine Kalume, ambos síos-libaneses, Jorge Kalume é acreano de Xapuri, a exemplo de outros personagens, como o jornalista Armando Nogueira; o ex-ministro da Justiça Jarbas Passarinho; o ex-líder sindical e ecologista Chico Mendes e o0 Ministro da Saúde, Adib Jatene.
Kalume, antes de ingressar na política partidária era empresário ligado a compra e venda da Borracha e gêneros alimentícios. “Segui o exemplo de meu pai e minha mãe”, explica o Prefeito. Dono dos Seringais Porto Franco e Porto Rico, ambos em Xapuri, na década de 5o o então governador do Território do Acre, José Guiomard Santos, convidou Kalume a ser Prefeito de Xapuri. O empresário topou o desafio e, mesmo enfrentando várias dificuldades, conseguiu fazer uma administração popular, atendendo aos anseios dos xapurienses.
Em 1962 Jorge Kalume larga a área empresarial e entra na política de fato e de direito.Com a elevação do Acre a Estado através da lei nº 4.670 de 15.06.l962, sancionada quando o Brasil entrou no regime parlamentarista, foram realizadas eleições gerais.
Dia 3 de outubro de 1962, mesmo sem dispor de tempo suficiente para fazer campanha, Kalume foi eleito em 3º lugar entre sete deputados federais, “ O trabalho que eu fiz em Xapuri agradou a maioria, mas, sinceramente, me surpreendi com a expressiva votação que tive em todo Estado”, afirma. Aos 70 anos, Kalume tem melhor memória que qualquer garoto de 25 ou 18. “Naquela época o Presidente da República era João Gularte e o primeiro Ministro chamava-se Tancredo Neves” esclarece.
Ao contrário de hoje, naquele tempo só existiam dois partidos o PDS, ao qual era filiado, e o PTB. Nas primeiras eleições gerais o PDS elegeu quatro deputados federais ao PTB três. Havia apenas 18 mil eleitores e votaram 14 mil. Hoje são mais de 200 mil, sendo cerca de 50 por cento na capital. Pelos números podemos ter certeza que o Acre cresceu e precisa ser defendido por seus representantes na câmara e no senado lembra.
Após demonstrar sua liderança e lealdade junto aos seringueiros como seringalista. No inicio de 1956 o então governador do território do Acre, valério Magalhães, nomeou Kalume como prefeito de Xapuri. De 1956 a 1961 a princesinha do Acre foi administrada por Jorge Kalume. E há quem diga ter sido ele o melhor prefeito da cidade de todos tempos. De fato e direito a carreira política de Kalume começou a partir do convite feito por Valério Magalhães, seu amigo pessoal. O presidente da república era Juscelino Kubistchek.
Em 1962 Kalume deixa a prefeitura de Xapuri e lança-se candidato a deputado federal pelo PSD – Partido Social Democrático, comandado por José Guiomard dos Santos. Os acreanos elegeram Kalume em 3° lugar entre sete candidatos. O PSD também foi vitorioso, pois elegeu quatro deputados, contra três do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro.
Depois de defender incansavelmente os interesses do Acre na câmara federal, Jorge Kalume é convidado a ser candidato a governador pelo o mesmo partido e vence as eleições. A posse aconteceu dia 3 de Março de 1966. fiquei no poder até 3 de Março de 1970 e tenho certeza que cumpri com meu dever. Trabalhei com honestidade e dei chance a nenhum de meus assessores meter a mão nos cofres públicos, afirma o atual prefeito de Rio Branco.
Ao deixar o governo em 1970, Kalume preferiu não ser candidato a nenhum cargo eletivo, preferindo trabalhar a fim de fortalecer ainda mais seu Partido e conseguiu. Em 1976 assumiu a diretoria financeira do Basa da Amazônia onde ficou até 1978, quando foi convidado a ser candidato a senador. Venceu a eleição e permaneceu no senado federal até 1987. em 1982 ele perdeu as eleições governamentais para Nabor júnior, do PMDB.
Nesse ano já havia mais PSD e sim PDS – Partido Democrático Social. Quatro anos depois em 1986, Kalume tenta voltar ao senado, mas seu Partido não proporcionou legenda suficiente para elege-lo. Aluízio Bezerra e Nabor Júnior, ambos do PMDB foram os vencedores. Não fui reeleito, mas individualmente obtive mais votos que os demais candidatos.
Em 1988 Kalume atende o chamado da família pedecista e encara outro desafio: lança-se candidato a prefeitura de Rio Branco, único cargo que faltava em seu currículo político, com exceção de presidente. E mesmo enfrentando o poder da máquina administrativa o governador era Fláviano Melo, do PMDB – Jorge Kalume fez campanha sadia, honesta, sem atacar ninguém e o resultado das eleições superou sua expectativa, pois foi eleito obtendo 48 por cento dos votos. Mas outro desafio teria que ser encarado por Kalume: a prefeitura de Rio Branco havia sido dilapidada e sucateada pelos administradores anteriores. Alem disso, o novo prefeito encontrou cerca de 1000 funcionários ganhando sem pelo menos ir ao trabalho. Pensei em demitir pelo menos a metade, mas ao mesmo tempo cheguei a conclusão que tal atitude iria abalar ainda mais o quadro social.
E foi por não demitir ninguém que enfrentei e continuo enfrentando constantes greves dos funcionários reivindicando reajustes em seus salários, explica o prefeito. Na câmara Municipal, composta por 17 vereadores, sendo a maioria de oposição, Kalume encontrou no inicio o chamado “osso duro de roer”. Se não bastasse isso, o prefeito sofreu constantes perseguições.
Do então governador Fláviano Melo, que chegou ao ponto de levar a usina de asfalto para o interior do estado, sem a mínima justificativa. No fundo havia justificativa: ele não queria ver o sucesso de Kalume. Mas as maiores dificuldades foram vencidas. Através da vereadora Nabiha Bestene (PDS). Líder do partido e do prefeito da câmara, o prefeito conseguiu sustentação política no poder legislativo Municipal e conta com apoio do governador Edmundo Pinto.
Quanto ao presidente Collor de Melo, o prefeito prefere não comentar absolutamente nada. Sobre administração de Edmundo Pinto, Kalume afirma ser regular. Melhor que isso acho quase impossível. Edmundo assumiu uma herança maldita. Um estado totalmente endividado e praticamente sem perspectiva de melhoras á curto prazo, avalia. Indagado se será candidato a governador em 1994, ele prefere ficar neutro dizendo: enquanto eu for vivo, serei candidato a alguma coisa. O QUE FEZ PELO O ACRE Além da ótima administração que fez em Xapuri, Kalume, na câmara federal, elaborou vários projetos buscando recursos financeiros em prol do desenvolvimento do Acre, especificamente na área educacional e cultural. Eleito governador em 1966, quatro anos depois, em 3.03.70 inaugurou a universidade federal do Acre com cinco cursos. As Aulas não eram ministradas no campus Universitário e sim na Ufac centro. Mas Kalume teve participação decisiva na liberação da verba para construção das atuais instalações dos modernos pavilhões da Ufac, no campus Universitário. Desta feita como senador.
Ainda como governador, abriu e asfaltou 1000 quilômetros de estradas construiu mais de 1000 açudes, em todo o estado, dando prioridade à capital e Cruzeiro do sul, os maiores centros urbanos do Acre construiu estrada Brasiléia-Assis Brasil, o primeiro caminho rumo ao tão sonhado Oceano Pacífico; abriu a estrada ligando Rio Branco a histórica vila Porto Acre; construiu a estrada de Tarauacá a Feijó; desmatou 40 quilômetros da BR-364 – trecho Sena Madureira; concluiu as obras do hospital geral de Cruzeiro do Sul e hospital Infantil em Rio Branco; criou o ensino de 2° grau em todos os municípios; comprou motores geradores de energia elétrica – antes a Rio Branco ficava no escuro diariamente a partir das 21h; instalou água encanada em todo Estado, na época o Acre tinha apenas sete municípios.
Como prefeito Kalume construiu 14 escolas; um camelótdromo; três mercados nas vilas; reformou, ampliou e equipou todas escolas municipais; construiu três lavanderias públicas; instalou uma usina de asfalto; fez quatro praças e reformou várias quadras de esportes. até o fim de meu mandato ainda vou construir 15 escolas, quatro lavanderias e quatro creches e inaugurar o tão criticado “calçadão” do segundo distrito, entre outras obras promete Kalume.

GOVERNADOR DO DIA: EDMUNDO PINTO

FONTE: Acervo do Patrimônio Histórico do Acre PERIODICO: O RIO BRANCO Quinta-feira, 5 de março de 1992. LOCAL: RIO BRANCO -ACRE Edmundo Pinto de Almeida Neto, filho de Pedro Veras de Almeida, nasceu em Rio Branco no dia 21 de junho de 1953. Cresceu em Rio Branco, freqüentou os colégios da cidade: o primário no Maria Angélica, Ginásio iniciado no Colégio dos Padres e concluído no colégio das Freiras, 2º grau no Colégio Acreano. Daí começou a procurar sua vocação. Na Universidade Federal do Acre, desencantou-se com o Curso de Letras faltando um ano para se formar. Desistiu do Curso de Economia no terceiro período. Finalmente, formou-se em Direito em 84. Já era vereador. A política sempre esteve no sangue de Edmundo. Candidatou-se pela primeira vez em 74 a deputado estadual, com apenas 21 anos de idade. O seu partido a ARENA, já estava em decadência. Mesmo assim, obteve 912 votos e ficou em 5º, como suplente. Para os caciques da ARENA, Edmundo era criança no momento político. “O próprio pessoal era velho, não estava acostumado a ver uma pessoa tão jovem no partido”. Em 76 tenta a Câmara Municipal e em 78, novamente a Assembléia Legislativa. Não foi eleito “Desistir nunca!”. Conseguiu consolidar uma posição dentro do partido: “estava faltando oxigenação ao partido”. Foi preciso conquistar voz e votos e até poder bater na mesa de vez. Mas veio a abertura beneficiando o PDS, que abriu-se mais e renovou-se”. Talvez fosse tarde para o PDS, que perdeu sucessivas eleições, mas a hora de Edmundo Pinto: foi o vereador mais votado em 82. Foi um pulo para as eleições futuras. O jovem líder da bancada do PDS, revela-se um jovem político perfeccionista: “Era tudo o que eu faço, me esforço com o máximo de empenho no sentido de acertar. Eu quero acertar”. Vereador atuante, líder de sua bancada, elegeu-se deputado com facilidade em 86, sendo o segundo mais votado da Coligação Popular do Acre. Como Deputado atuante, foi o idealizador do Tribunal de Contas do Estado: “São 24 anos de Estado sem fiscalização nem controle. E a sensação de não estar sendo fiscalizado é que leva o funcionário a relaxar no trato com a coisa pública”. Edmundo Pinto, atual Governador do Estado do Acre foi eleito em 3 de outubro de 1990 pelo PDS aos 37 anos de idade. O SONHO DE SER GOVERNADOR “Um dia subirei as escadas do Palácio Rio Branco e Serei Governador” frase dita ao sair de uma reunião de jovens na Igreja Nossa Senhora da Imaculada Conceição em 1970.