quinta-feira, 26 de julho de 2012

O PASSADO DURA MUITO TEMPO: NOTAS SOBRE AS AÇÕES ANTIDEMOCRÁTICAS DO GOVERNO DILMA NA GREVE NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS


Roberto Leher (UFRJ)
A postura do governo Dilma frente à greve nacional dos docentes e, mais recentemente, dos técnicos e administrativos das IFES, não pode ser compreendida como uma mera contenda trabalhista. Se a greve é tão ampla, abrangendo 58 das 59 universidades federais, e foi capaz de lograr grande adesão interna, é porque conta com a adesão esclarecida de sua base. As vozes dos professores, animadoramente polissêmicas, convergem, de distintos modos, para a necessidade de um outro horizonte de futuro para a universidade pública, abrangendo a carreira, as condições de trabalho e o padrão remuneratório como fundamentos materiais da autonomia didático-cientifica das universidades.
De fato, o reclamo da falta de autonomia na definição dos cursos é geral, situação particularmente tensa nos novos campi em que cursos minimalistas, fast delivery diploma[i], nos moldes do bacharelado/licenciatura interdisciplinar, proliferam provocando insatisfação entre os docentes e estudantes. O mesmo sentimento de indignação frente à perda de autonomia está presente na pós-graduação, hiperintensificada e submetida, e ao heterônomo controle produtivista da CAPES que, cada vez mais, inviabiliza a produção rigorosa e sistemática de conhecimento e a formação verdadeiramente universitária de mestres e doutores.
A greve possui pauta precisa e objetiva: carreira, malha salarial e condições de trabalho (mais concursos e recursos para as instituições) e é luminosa: insere na agenda educacional a necessidade de crítica a esse modelo de expansão da educação superior, muito fortemente inspirado nos community colleges e no processo de Bolonha e não muito diferente da expansão na Argentina no triste período menemista.
Os “espíritos do passado” seguem oprimindo o presente
A semelhança das políticas educacionais dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff com as de Cardoso não decorre da mera cópia, mas, antes, da força das frações burguesas dominantes no bloco de poder que vem sendo consolidado desde a  primeira eleição de Cardoso e que conhece seu esplendor nos governos Lula da Silva e Dilma. Tais frações burguesas dominantes – e agora hegemônicas no bloco de poder – abandonaram qualquer traço de projeto de nação autopropelido e, por isso, consideram que a universidade funcional ao modelo não pode possuir real autonomia. Esse é o impasse de fundo da greve e que leva o governo Dilma a agir de modo semelhante ao de Cardoso.
Examinando o movimento de constituição do bloco de poder gerenciado pelos governos Lula e Dilma não surpreendente que o ex-ministro da educação Fernando Haddad tenha sido alçado a condição de candidato de Lula da Silva à prefeitura de São Paulo. Tampouco poderia surpreender o apoio de Paulo Salim Maluf ao candidato, um gesto político certamente justo. Afinal, o seu partido, herdeiro da antiga ARENA, é base do governo.
Injustiça mesmo seria o não apoio de Paulo Renato de Souza à Haddad, se vivo fosse. Afinal, o pretendente a prefeito lhe prestou sistemática homenagem ao seguir com maestria as principais diretrizes do octanato de Paulo Renato no MEC: apoiou decididamente o setor educacional privado-mercantil, oferecendo subsídios públicos que nem mesmo seu mentor educacional ousou realizar – como as isenções tributárias ao setor mercantil, por meio do PROUNI e como os imensos subsídios públicos do FIES –, despencando a taxa de juros para o comprador da mercadoria educacional, o que obviamente exige crescentes subsídios públicos para custear a diferença entre os juros referenciados na taxa SELIC e os praticados no programa.
O resultado dessas políticas foi a redução da participação das matrículas das universidades federais. Embora ampliadas em termos absolutos ao longo da década, inclusive com os referidos cursos fast delivery e com os inacreditáveis cursos de graduação a distância constrangedoramente precários, a taxa de expansão das matrículas federais foi em menor proporção do que a das privadas turbinadas pelo PROUNI e pelo FIES, passando de magros 16,6% das matrículas totais em 2001 para 14,7% em 2010[ii], em benefício das grandes corporações e fundos de investimentos que controlam os principais grupos privados.
Mas a injustiça seria incomensurável não apenas pelo que Haddad fez em prol do privado-mercantil. Afinal, a ação geral do governo Dilma na atual greve das Federais segue o modus operandi cunhado pela dupla Fernando Henrique Cardoso-Paulo Renato e que, nos anos 1990 e no início da década de 2000, gerou pesadas críticas dos petistas aos tucanos. A reiteração dos atos dos tucanos como justos e corretos não pode deixar de ser compreendida como um tardio, mas honesto, desagravo aos “injustiçados” tucanos.
De fato, por ocasião da grande greve dos professores das universidades federais de 2001, a dupla se recusou a negociar com os professores, postergando as audiências, como se fosse algo indiferente para eles o fato de que mais de 500 mil estudantes e o conjunto das universidades federais tivessem de manter 108 dias de greve para lograrem negociações efetivas[iii]. Após dois meses de greve, Cardoso  e Souza perceberam que os docentes lutariam por sua dignidade e em prol da defesa da universidade pública, empreendendo uma cruzada repressiva de grande monta: elaboraram um decreto para coibir as greves, cortaram os salários dos professores e bloquearam o repasse de recursos do MEC para as IFES, retirando o alimento da mesa dos professores, forçando-os a regressar ao trabalho derrotados, “de joelhos”, no dizer da Liminar contra o bloqueio do pagamento elaborada pelo ministro Marco Aurélio Mello do STF[iv], e de cabeça baixa. Seria uma grande falta de rigor histórico ignorar que, em 2001, grande parte dos parlamentares do PT ficou ao lado dos professores, promovendo denúncias e ações que viabilizassem as negociações.
Contudo, o terreno político se move sem perder os nexos com a base econômica. As frações das classes dominantes que dirigem o bloco de poder sempre pesam nas decisões. A aliança das forças políticas que outrora estiveram nas trincheiras da oposição a Cardoso com o grande capital flexibilizou os seus posicionamentos ético-políticos em todos os domínios, conformando um processo que Gramsci denominou de transformismo. Por isso, quando onze anos mais tarde, em 17 de maio de 2012, os professores deflagraram a já mencionada robusta greve – insatisfeitos com o estilhaçamento de sua carreira, com o arrocho salarial que coloca os docentes no rodapé da remuneração dos servidores públicos federais e com a inaudita intensificação do trabalho imposta por uma expansão sem planejamento, recursos e concursos compatíveis com a expansão dos campi, das matrículas, dos cursos e da pós-graduação – o governo Dilma, com o silêncio obsequioso de Aloísio Mercadante,  empreende medidas postergatórias e, como a greve se estende no tempo por sua única responsabilidade, promove medidas repressivas para derrotar os professores e técnicos e administrativos.
Com efeito, o atual governo reproduz os mesmos atos da dupla tucana (2001) na atual greve das IFES: desmarcou todas as audiências que poderiam abrir o processo de negociação e mesmo após 53 dias de greve, finge ignorar que 58 das 59 universidades estão em greve, afetando um milhão de estudantes, bem como pesquisas e atividades de extensão. A força do movimento grevista, entretanto, logrou romper o silêncio cúmplice dos grandes meios de comunicação e não foram poucas as vozes de importantes setores que se solidarizaram com a greve. Surgiu, assim, a oportunidade de repetir a história (como farsa). Faltava a medida repressiva, a mesma de Cardoso e Souza: retirar o alimento dos professores, esperando, assim, a volta ao trabalho derrotados, humilhados e cabisbaixos e sem reclamar mais dos seus magros vencimentos até 2015. E mais: que ficariam silenciados diante da refuncionalização da universidade pública federal como “escolões” que ministram aguadas pinceladas de conhecimentos aos futuros trabalhadores, possibilitando manter os fundamentos do capitalismo dependente, entre os quais a hiperexploração do trabalho.
A presidenta Dilma poderia ter examinado melhor as consequências advindas da aplicação da instrução do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG 552047, de 06/07/2012) impondo o corte de salário dos grevistas. Trata-se de uma medida inconstitucional, pois desrespeita o preceito da autonomia universitária. Conforme a memorável liminar obtida pelo Andes-SN, por ocasião do bloqueio do repasse dos salários pelo MEC na greve de 2001, o ministro Marco Aurélio de Souza, do STF, expôs, de modo raramente visto em manifestações do judiciário, que as universidades estão abrigadas institucionalmente pela Constituição Federal e, mais especificamente, pelo Art.207 da Carta. Na interpretação do ministro do STF, nenhuma instância externa a universidade pode determinar o corte de salários, a não ser o colegiado superior das instituições[v].
É possível avançar na prática da autonomia universitária
As universidades estão diante de uma oportunidade ímpar para alargar os estreitos limites da autonomia. Os colegiados superiores das universidades que, apesar da Carta de 1988, não lograram condições políticas para afirmar a autonomia constitucional podem aproveitar o ato de inaudita violência contra a autonomia universitária para se pronunciarem de modo corajoso e ousado em defesa da auto aplicabilidade do dispositivo constitucional. Não basta, portanto, impedir a efetivação do corte salarial, mas, antes, de empreender enérgica campanha nacional contra o ato ofensivo à autonomia e em defesa do Artigo 207 da Constituição.
No momento em que a dupla FHC-Paulo Renato desferiram suas violentas ações contra a universidade e seus professores, os docentes agiram com dignidade, coragem e compromisso com a universidade e sua autonomia, fortalecendo a greve. Não resta dúvida de que o mesmo acontecerá na atual greve: certamente, a adesão será ainda maior, como ocorreu em 2001, pois os professores não se calarão diante de tal ofensiva. Caso o governo Dilma tente repetir o gesto de Cardoso, bloqueando os recursos do MEC, os acontecimentos de 2001 sugerem cuidado. Após perder as ações judiciais no STJ e no STF, com as quais o governo Cardoso queria dar legalidade ao seu ato de violência, somente restou a Paulo Renato de Souza – que ainda pretendia postergar o cumprimento das decisões judiciais determinando o imediato repasse de recursos para o pagamento dos docentes – solicitar um habeas corpus preventivo para não terminar na prisão.
Diante dos tristes e preocupantes atos de recrudescimento da violência contra a universidade que equiparam a presidenta Dilma e seu ministro da educação a personagens com a mesma estatura política de seus antecessores, os setores democráticos não podem se omitir: exigem, de imediato, a abertura de negociações com os professores e técnicos e administrativos em greve nas universidades e na educação básica federal e que o governo não persevere na trilha obscurantista de coerções contra as instituições de ensino federais brasileiras. Certamente, não haverá mudança de rumo na grande política do governo Dilma, mas a greve nacional das universidades pode convencer os setores mais esclarecidos de seu governo a admitir que o Estado não pode sufocar todas as instituições da República. A autonomia universitária sempre possibilitou melhor retorno social ao povo e, por isso, no lugar de olhar exclusivamente para a banca, o governo poderia escutar as universidades brasileiras e admitir que as contradições são fecundas para a democracia.

Rio de Janeiro, 9 de julho de 2012


terça-feira, 24 de julho de 2012

GEOGRAFIA DO ACRE - resumo para concurso



Localização
O Estado do Acre possui uma área de 152.589 km2 e equivalente a 1,79% do território nacional. É uma vasta depressão que se localiza na parte sudoeste da Amazônia, ocupando 301% de sua área, cobrindo aproximadamente 10 milhões de hectares de florestas tropicais.

Relevo
Do ponto de vista geomorfológico a região acreana é considerada como uma vasta planície (antiga classificação do relevo). Hoje, depressão, onde denominam as formas planas, por muitas vezes, tornando-se sensivelmente onduladas. A maior presença de ondulações são verificadas principalmente nos municípios de Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Neste último a topografia é completamente diferente da que se observa nos demais municípios onde a dissecação do relevo não foi intensa, todavia, do ponto de vista alimentício, 63% da área da região estão entre as costas de 201 a 300 metros.
As maiores elevações do território acreano, são encontradas na zona ocidental, ou mais especialmente, na chamada Serra do Divisor, nas fronteiras com a República do Peru tem como ponto culminante a Serra do Moa, com 600 metros onde o relevo e a própria estrutura se modificam pela sua ramificação da Serra da Contamana, já pertencente a faixa sub andina.
O platô (planalto) acreano tem formação sedimentar com predominância de arenitos, não se apresentando a existência de rochas cristalinas.
De modo geral, os terrenos da região são constituídos por camadas de argila e areia quando muito de argilito pardo (rochas mais duras que as argilas comuns) e de camadas de arenito muito frágeis, parecendo-se muito mais com um banco de areia levemente endurecido. A falta de afloramentos rochosos tem acarretado o surgimento de vários problemas para os diretores de obras, que são obrigados a procurar outros processos para construir alicerces de casas de alvenaria ou mesmo, para calçar ruas e conservar piso nas estradas, até mesmo a canga (piçarra) que em algumas regiões têm substituído de modo razoável a pedra, existe em pequenas quantidades, sendo raro os afloramentos no Acre.
Os afloramentos de canga – piçarra, mais conhecido no território acreano foram verificados no curso da rodovia Plácido de Castro, aparecendo no município de Senador Guiomard.
Segundo o levantamento feito sobre recursos naturais do solo pelo Projeto Radam Brasil, a avaliação da capacidade natural média do uso da terra, para a atividade da lavoura e criação do gado sem pasto plantado, é resultante da interação dos fatores solos, clima e relevo, que a reagirem vão refletir o seu potencial quanto a essas atividades. Observa-se, no entanto, que várias culturas adaptadas a altos excedentes hídricos, podem ser ai instaladas com êxito, desde que as condições edáficas sejam adequadas. Tal é o caso arroz, milho, mandioca, banana e abacaxi.
No Estado do Acre, predominam três unidades geomorfológicas que são Planície Amazônica, Depressão Rio Acre – Rio Javari e Planalto Rebaixado da Amazônia (ocidental). A maior área é ocupada pela Depressão Rio Acre – Rio Javari.

Clima
O estado do Acre, no extremo ocidente da Amazônia brasileira, apresenta-se com um clima caracterizado pelas altas temperaturas e elevados índices pluviométricos. Esta constância termo pluviométrica é modificada pela invasão de ar polar que ocorre durante o inverno austral, concorrendo para a instalação de um período seco na maior parte do território e para o decréscimo de temperatura, originando o fenômeno conhecido como “friagem”.
O regime térmico na área é regido pelas penetrações da massa de ar polar definido (massa Polar Atlântica), o período menos quente e pouco chuvoso de maio a setembro, em contraposição ao período quente chuvoso de outubro a abril, quando o domínio atmosférico aos sistemas tropicais: massa Equatorial Continental e massa Tropical Continental.

Vegetação
A vegetação acreana pertence ao conjunto da Região Norte, onde predomina a floresta amazônica perene. Essa floresta, foi denominada por Humboldt de “Hiléia”, cujos limites ultrapassam o território brasileiro (Amazônia Internacional).
Na maior floresta do mundo, o solo é só o lugar onde as árvores se apoiam fisicamente, nada mais, retirada a capa verde, a terra não tem força para reerguer sozinha uma nova mata (mata secundária). A Amazônia só existe porque chove muito na região. Metade dessa chuva vem do Oceano Atlântico através da migração de massas de ar intensificadas pelos ventos alísios. 
Outra metade resulta da evaporação do suor da floresta, um fenômeno que os especialistas chamam de evapotranspiração. Na Amazônia fica evidente a um paradoxo, ela é extremamente grande em heterogeneidade, no entanto tem um número pequeno de cada espécie, a principal explicação para a existência de tanta diversidade é a Teoria dos Refúgios Florestais, que nos últimos 100.000 anos, o planeta sofreu vários períodos de glaciação, em que as florestas enfrentaram fases de seca ferozes.
No Acre, o extrativismo vegetal, desde o início de sua ocupação, até os dias atuais vem se destacando como uma das principais atividades econômicas, favorecida pela vegetação natural, rica em espécies vegetais. Na mata de terra firme sobressaem: castanheira, madeira de lei, guaraná, mogno, cedro, pau-rosa e outras; na mata de várzea: seringueira, pau-mulato, samaúma e outras e finalmente na mata de igapó: açaí, vitória régia, arapari, mamorana e outras.

Hidrografia
A hidrografia acreana, faz parte da grande bacia hidrográfica amazônica. É representada pelos rios Purus e Juruá, estes situam-se a margem direita do rio Amazonas (Solimões).
Os rios que formam a rede hidrogáfica acreana podem ser considerados inteiramente de planície, já que suas bacias acham-se instaladas sobre as terras do platô terciário amazônico.
A Bacia do Juruá é composta: Moa, Juruá-Mirim, Juruá, Liberdade, Tejo, Gregório, Tarauacá, Envira e outros.
A Bacia do Purus é composta: Acre, Iaco, Chamdless, Purus, Abunã, Antimari, Xapuri e outros.
Os nomes dos rios Juruá e Purus são de origem indígena. O nome Purus vem dos índios purupurus que habitavam às suas margens. Juruá é uma derivação do nome Yurá, usado pelos indígenas que habitavam às suas margens. Os rios acreanos são formados por águas brancas , mas possuem uma água toldada e barrenta. São considerados rios novos (idade) mas velhos quanto ao percurso, ricos em sais minerais, após as vazantes refertilizam as suas margens, funcionando como um corretivo do solo para a prática da agricultura de subsistência por parte dos ribeirinhos.

Economia
Agricultura: mandioca, milho, feijão
Pecuária: bovinos, suínos
Indústria: produtos alimentares
Construção civil: madeira e mobiliário

Dados Geográficos

Localização: o Acre fica no extremo oeste da região Norte
Área: 153149,9 km2

Relevo: depressão na maior parte do território; planície estreita ao Norte.
Rio principais: Juruá, Xapuri, Purus, Tarauacá, Muru, Embira, Acre.

Vegetação: Floresta Amazônica.
Clima: Equatorial
Municípios: 22
Divisão Regional do Acre

O Estado do Acre está divido em duas mesoregiões: a mesoregião do Vale do Purus e a mesoregião do Vale do Juruá.
Mesoregião do Vale do Purus - Compreende as microregiões de Rio Branco, Brasiléia e Sena Madureira.
Microregião de Rio Branco: Rio Branco, Senador Guiomard, Plácido de Castro, Bujari, Porto Acre, Acrelândia e Capixaba. Microregião de Brasiléia: Brasiléia, Assis Brasil, Epitaciolândia e Xapuri Microregião de Sena Madureira: Sena Madureira, Manuel Urbano e Santa Rosa

Mesoregião do Vale do Juruá:

Compreende as microregiões de Cruzeiro do Sul e Tarauacá
Microregião de Cruzeiro do Sul: Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo e Rodrigues Alves. Microregião de Tarauacá: Tarauacá, Jordão e Feijó

Setores da Economia
a) Setor primário
O extrativismo continua sendo uma das principais atividades econômica do Estado, contudo a introdução da atividade agrícola no Estado do Acre ocorreu tardiamente, em função da exploração do espaço estar voltado para o extrativismo da borracha.

Em 1970, no governo Vanderlei Dantas instala uma política pecuarista para o Estado, sob o slogan “Produzir no Acre, investir no Acre e exportar pelo Pacífico”. Paraíso para os fazendeiros, inferno para os seringueiros/posseiros que migram intensamente para as cidades. Também nesse período o INCRA e a EMATER reorganizam a agricultura implantando núcleos de colonização (PAD’s), Projeto de Assentamento Dirigido. Incentivam a plantarem culturas permanentes, além daquelas destinadas a subsistência. Sendo hoje, o RECA, a expressão mais forte desse setor ao lado dos pólos agroflorestais (cupuaçu, pupunha e castanha são produtos principais no RECA).
b) Setor Secundário
Para promover o desenvolvimento industrial o governo do Estado, criou em 1975, a CODISACRE, em 1976, ela cria a Distrito Industrial de Rio Branco, que compreende uma área de 232 ha, localizada no km 5 da BR 364. Muito embora o Distrito Industrial tenha sido criado para fomentar a instalação de novas indústrias, observa-se um tímido crescimento de estabelecimentos industriais. Este fato pode estar relacionado à infra-estrutura existente e ao baixo investimento no setor.
c) Setor Terciário
Este setor é o que mais cresce, no entanto o comércio local está atrelado ao pagamento de Governo Federal/Estadual/Municipal, o que limita o poder de aquisição deste mercado consumidor, outro aspecto negativo é a avassaladora presença da economia informal, fruto das dificuldades na conquista de um emprego, o “subemprego toma conta do pedaço”, aumentado a não arrecadação dos impostos.

O Acre e a globalização tardia


Alceu Ranzi*

Está enganado quem pensa que a globalização é um fenômeno moderno ou do Século XXI. A globalização é antiga e atingiu o Brasil em 1500, com a chegada dos portugueses. Logo a seguir africanos escravizados foram trazidos para o nosso país para produzir um produto em demanda na Europa. Esse produto era o al-zucar dos muçulmanos. Mão de obra africana para o plantio de cana, de origem asiática. Das terras americanas seguia o açúcar que cruzava o Atlântico, a bordo de navios portugueses, para ser distribuído na Europa.

A pergunta a ser respondida é por quais razões, o Acre, por quase 400 anos, ficou à margem do mundo globalizado?
Afinal, de outras partes do interior da Amazônia, já temos notícias desde a viagem de Orellana e Carvajal (1541-1542). Nessa oportunidade parte da Amazônia foi revelada desde os contrafortes dos Andes Equatorianos até Belém. Foi também quando surgiu a lenda das Amazonas.

Anteriormente, em 1533 o Império Inca já havia capitulado para o bando de aventureiros de Francisco Pizarro. O império Inca se estendia para o Oeste pelas nascentes de vários rios amazônicos. Vale lembrar que a cidade de Cuzco, antiga capital dos Incas, banhada por rios que alimentam o Amazonas, está a menos de 600 km de Rio Branco.

Partindo do Peru, em 1559, Lope de Aguirre com Pedro de Ursúa e Fernado de Guzman iniciaram a descida dos Andes pelo Rio Huallaga, atingiram o Rio Amazonas e acabaram chegando ao Atlântico. Lope de Aguirre e seus companheiros não passaram pelo Acre.

Pedro Teixeira, de 1637 a 1639, navegou pelo Rio Amazonas e Napo, refazendo nos dois sentidos a viagem de Orellana – (Belém-Quito-Belém). Uma das boas fontes desse feito é a descrição do Pe. Cristóbal de Acuña – Novo Descobrimento do Rio Amazonas.

Em 1743, Charles Marie de La Condamine foi o primeiro cientista a fazer esse já conhecido caminho (Quito-Belém), relatando na Europa a existência da borracha e do curare.

Para comparar a distância temporal dos acontecimentos, tomemos como exemplo o ensino superior. Data de 1692 a fundação da Universidade em Cuzco. A Universidade do Acre só foi fundada quase 300 anos depois.

No Beni, na atual Bolívia, fundaram-se missões religiosas espanholas a partir dos anos de 1690. Na mesma época já havia missionários pregando em Manaus, com a fundação da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Só duzentos anos depois os primeiros missionários cristãos passaram a fazer desobrigas ao longo dos rios do Acre. A Prelazia do Acre e Purus data de 1919 e a Prelazia do Juruá, em Cruzeiro do Sul, só veio a ser criada em 1931.

Com o Tratado de Madri (1750), os Portugueses, entre outras ações, para defender seus territórios, mandaram construir o Forte Príncipe da Beira, na margem direita do Rio Guaporé, no atual Estado de Rondônia. Para chegar ao local designado, oficiais, escravos, soldados, religiosos e engenheiros partiam de Lisboa, cruzavam o Atlântico, subiam o Amazonas, o Madeira, o Mamoré e o Guaporé. De Lisboa para o Forte Príncipe da Beira seguiam barcos, material bélico e de construção. Tudo passava bem perto do Acre, na boca do Rio Abunã. E a região do Acre, da margem esquerda do Madeira à margem direita do Javari, um vasto mundo desconhecido, continuava parte das “tierras no descobiertas” pertencentes à Espanha.

Entre os anos de 1783 e 1792, Alexandre Rodrigues Ferreira empreendeu sua Viagem Philosophica pela Amazônia, na ocasião passou pelo Madeira e o Guaporé, também esteve bem perto do Acre.

Tanto Orellana, como Aguirre, Pedro Teixeira e La Condamine passaram pelas bocas do Purus e do Juruá. As expedições não adentravam esses rios, nem cruzavam as atuais terras do Acre. O Purus e o Juruá eram as principais vias de acesso às terras acreanas, mas não efetuam a ligação do Atlântico com os Andes.

Quem ingressava pelas bocas desses rios, a partir do Solimões/Amazonas, terminava obrigatoriamente voltando ao ponto de partida. Essa pode ser uma das mais fortes razões de que, enquanto em todas as frentes, a globalização avançava patrocinada pelos Portugueses e Espanhóis, o Acre tornou-se refúgio de vastas populações de tribos isoladas. 

Até pouco mais de cem anos atrás o Acre, por sua hidrografia, continuava desconhecido e fora do eixo de expedições, de aventureiros, de cientistas e missionários.

Tudo mudou com a invenção do automóvel e a necessidade de borracha. Finalmente o Acre foi envolvido pela teia do mundo globalizado. Os cearenses descobriram que o Acre era repleto de seringueiras, a terra da melhor borracha, cheio de índios, de malária e de febre amarela. Navios carregados de borracha desciam os rios do Acre e de lá para os portos da Europa e America do Norte. 

Com a borracha o Acre ficou “enredado” no mundo globalizado. O Acre exportava um único e valioso produto e praticamente tudo o que consumia era importado.

A malária doença originada na África, trazida pelos navios negreiros, talvez tenha sido, mesmo antes da busca por borracha, o primeiro sinal da globalização que chegou ao Acre.

*Instituto Histórico e Geográfico do Acre

quarta-feira, 18 de julho de 2012

TESE: O IMPACTO do boom da borracha sobre os povos indígenas das terras baixas da Bolívia (1850-1920).

BAIXAR TESE AQUI (OBS: está em inglês)

Bibliografia boliviana sobre a História do Acre (selecionada por Alceu Ranzi)


Caros Eduardo e Egina:


Tenho comigo que muito da história do nosso Acre está nos arquivos da Bolivia. Por exemplo os arquivos da Casa Suarez em Riberalta, Cachuela Esperanza e Guayará Merin. Agora encontrei essa Tese de Doutorado da qual selecionei bibliografia que me pareceram importantes.


Talvez seja possível  reunir alguns desses documentos, e outros, para 
os  estudiosos da história do Acre.

Um abraço,
Alceu

THE IMPACT OF THE RUBBER BOOM ON THE INDIGENOUS PEOPLES OF THE BOLIVIAN LOWLANDS (1850-1920). A Dissertation submitted to the Faculty of the Graduate School of Arts and Sciences of Georgetown University in partial fulfillment for the requirements for the degree of Doctor of Philosophy in History By Frederic Vallvé, M.A. Washington, D.C. January 22, 2010.
TRADUÇÃO
O IMPACTO DA boom da borracha sobre os povos indígenas das terras baixas da Bolívia (1850-1920). A Dissertação apresentada à Faculdade da Escola Superior de Artes e Ciências da Universidade de Georgetown em cumprimento parcial dos requisitos para obtenção do grau de Doctor of Philosophy em História pela Frederic Vallvé, MA Washington, DC 22 de janeiro de 2010.


Bibliografia destacad (para a História do Acre - Brasil): 
Pando, Paravicini, Church, Rio Branco, Vaca Diez, Nicolas Suáres....

Aponte, José Manuel. Bolivia, La Revolución del Acre en 1902-1903, Datos para la historia. La Paz: Imp. "El Comercio," 1903.

Brazil. Ministério das Relações Exteriores and José Maria da Silva Paranhos Júnior Rio Branco. Brazil and Bolivia Boundary Settlement;


Treaty for the Exchange of Territories and Other Compensations, signed at Petropolis, November 17, 1903; together with the Report of Baron Rio Branco, Minister for Foreign Relations of Brazil. New York: The Knickerbocker Press, 1904.

Church, George Earl. The Route to Bolivia via the River Amazon. A Report to the Government of Bolivia and Brazil. London: Waterlow & Sons Ltd., 1877.


________. "Northern Bolivia and President Pando‘s New Map." The Geographical Journal 18, no. 2 (1901): 144-153.


________. Acre territory. [London], etc.: Printed by W. Clowes & Sons, Ltd., 1904.


________. "The Acre Territory and the Caoutchouc Region of South-Western Amazonia." The Geographical Journal 23, no. 5 (1904): 596-613.


Ducci, Zacarías, and Sebastián Pifferi. Diario de la visita a todas las misiones existentes en la República de Bolivia, América meridional.  Asís: Lit. de la Porciúncula, 1895.

Eder, Francisco Javier, and Josep M. Barnadas. Breve descripción de las reducciones de Mojos, ca. 1772. Cochabamba: Historia Boliviana, 1985.

El Dr. Vaca Díez, sus antecedentes, su obra, sus detractores. ed. Dr. Vaca Díez. Cochabamba: Imp. y Lit. de "El Comercio," 1897.

Fifer, Valerie. "The Empire Builders; A History of the Bolivian Rubber Boom and the Rise of the House of Suárez." Journal of Latin American Studies 2, no. 2 (1970): 113-146.


________. Bolivia, Land, Location and Politics since 1825. New York; Cambridge: Cambridge University Press, 1972.

Finot, Enrique. Historia de la conquista del oriente boliviano. Buenos Aires: Librería "Cervantes;" J. Suárez, 1939.

Heath, Edwin. Informe sobre los estudios hechos en el Departamento del Beni en los años 1879, 1880,1881 a los que está agregado como apéndice un resúmen entablado de las observaciones metereológicas de Reyes comparando con las de San Antonio, Río Madera Brasil
por el Dr. Eduardo Heath. La Paz: Imp. "La Libertad," 1882.

Impugnación a los folletos mandados publicar por Augusto Roca en La Paz y Santa Cruz contra Nicanor Salvatierra en el año 1893. Riberalta: Tip. Haencke, 1894.

Jordán S., Nicanor. Manual para la extracción y beneficio de la goma elástica. La Paz: Taller Tip. Lit., 1900.

Keller, Franz. The Amazon and Madeira Rivers; Sketches and Descriptions from the Note-book of an Explorer. New ed. Philadelphia: J.B. Lippincott & Co., 1875.

La libertad individual en el Beni, atropellos contra el Dr. Vaca Díez; arbitradierades del hijo de González Portal. Cochabamba: Imp. "El Comercio," 1893.

Labre, Antônio Rodrigues Pereira. "Colonel Labre's Explorations in the Region between the Beni and Madre de Dios Rivers and the Purus." Proceedings of the Royal Geographical Society and Monthly Recording of Geography 11, no. 8 (1889): 496-502.


________. "Exploraciones del Coronel Labre entre las regiones comprendidas entre el Beni y los ríos Madre de Dios y Purús." In Exploraciones y noticias hidrográficas de los ríos del Norte de Bolivia: Traducciones, reproducciones y documentos inéditos, ed. Manuel Vicente Ballivián. La Paz: Imprenta "El Comercio," 1890.

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terça-feira, 17 de julho de 2012

RESUMO DA HISTÓRIA DO ACRE: Processo de anexação do Acre ao Brasil

Fonte: http://www.scribd.com/doc/4250854/Anexacao-do-Acre-professora-egina

TESE - As relações intergovernamentais na implantação da da política de saúde no Estado do Acre de 1990 até 2008. (KLEIN, Estanislau Paulo)


NESTA TESE TODOS IRÃO VERIFICAR A REAL SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO ESTADO DO ACRE. 




BLOG "O Seringueiro" = O Acre e a globalização tardia

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O ACRE E A GLOBALIZAÇÃO TARDIA

Alceu Ranzi*


Está enganado quem pensa que a globalização é um fenômeno moderno ou do Século XXI. A globalização é antiga e atingiu o Brasil em 1500, com a chegada dos portugueses. Logo a seguir africanos escravizados foram trazidos para o nosso país para produzir um produto em demanda na Europa. Esse produto era o al-zucar dos muçulmanos. Mão de obra africana para o plantio de cana, de origem asiática. Das terras americanas seguia o açúcar que cruzava o Atlântico, a bordo de navios portugueses, para ser distribuído na Europa.

A pergunta a ser respondida é por quais razões, o Acre, por quase 400 anos, ficou à margem do mundo globalizado?

Afinal, de outras partes do interior da Amazônia, já temos notícias desde a viagem de Orellana e Carvajal (1541-1542). Nessa oportunidade parte da Amazônia foi revelada desde os contrafortes dos Andes Equatorianos até Belém. Foi também quando surgiu a lenda das Amazonas.

Anteriormente, em 1533, o Império Inca já havia capitulado para o bando de aventureiros de Francisco Pizarro. O império Inca se estendia para o Oeste pelas nascentes de vários rios amazônicos. Vale lembrar que a cidade de Cuzco, antiga capital dos Incas, banhada por rios que alimentam o Amazonas, está a menos de 600 km de Rio Branco.

Partindo do Peru, em 1559, Lope de Aguirre com Pedro de Ursúa e Fernando de Guzmán iniciaram a descida dos Andes pelo Rio Huallaga, atingiram o Rio Amazonas e acabaram chegando ao Atlântico. Lope de Aguirre e seus companheiros não passaram pelo Acre. Pedro Teixeira, de 1637 a 1639, navegou pelo Rio Amazonas e Napo, refazendo nos dois sentidos a viagem de Orellana – (Belém-Quito-Belém). Uma das boas fontes desse feito é a descrição do Pe. Cristóbal de Acuña – Novo Descobrimento do Rio Amazonas. Em 1743, Charles Marie de La Condamine foi o primeiro cientista a fazer esse já conhecido caminho (Quito-Belém), relatando na Europa a existência da borracha e do curare.

Para comparar a distância temporal dos acontecimentos, tomemos como exemplo o ensino superior. Data de 1692 a fundação da Universidade em Cuzco. A Universidade do Acre só foi fundada quase 300 anos depois. No Beni, na atual Bolívia, fundaram-se missões religiosas espanholas a partir dos anos de 1690. Na mesma época já havia missionários pregando em Manaus, com a fundação da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Só duzentos anos depois os primeiros missionários cristãos passaram a fazer desobrigas ao longo dos rios do Acre. A Prelazia do Acre e Purus data de 1919 e a Prelazia do Juruá, em Cruzeiro do Sul, só veio a ser criada em 1931.

Com o Tratado de Madri (1750), os Portugueses, entre outras ações, para defender seus territórios, mandaram construir o Forte Príncipe da Beira, na margem direita do Rio Guaporé, no atual Estado de Rondônia. Para chegar ao local designado, oficiais, escravos, soldados, religiosos e engenheiros partiam de Lisboa, cruzavam o Atlântico, subiam o Amazonas, o Madeira, o Mamoré e o Guaporé. De Lisboa para o Forte Príncipe da Beira seguiam barcos, material bélico e de construção. Tudo passava bem perto do Acre, na boca do Rio Abunã. E a região do Acre, da margem esquerda do Madeira à margem direita do Javari, um vasto mundo desconhecido, continuava parte das “tierras no descobiertas” pertencentes à Espanha. Entre os anos de 1783 e 1792, Alexandre Rodrigues Ferreira empreendeu sua Viagem Philosophica pela Amazônia, na ocasião passou pelo Madeira e o Guaporé, também esteve bem perto do Acre.

Tanto Orellana, como Aguirre, Pedro Teixeira e La Condamine passaram pelas bocas do Purus e do Juruá. As expedições não adentravam esses rios, nem cruzavam as atuais terras do Acre. O Purus e o Juruá eram as principais vias de acesso às terras acreanas, mas não efetuam a ligação do Atlântico com os Andes. Quem ingressava pelas bocas desses rios, a partir do Solimões/Amazonas, terminava obrigatoriamente voltando ao ponto de partida. Essa pode ser uma das mais fortes razões de que, enquanto em todas as frentes, a globalização avançava patrocinada pelos Portugueses e Espanhóis, o Acre tornou-se refúgio de vastas populações de tribos isoladas.

Até pouco mais de cem anos atrás o Acre, por sua hidrografia, continuava desconhecido e fora do eixo de expedições, de aventureiros, de cientistas e missionários. Tudo mudou com a invenção do automóvel e a necessidade de borracha.

Finalmente o Acre foi envolvido pela teia do mundo globalizado. Os cearenses descobriram que o Acre era repleto de seringueiras, a terra da melhor borracha, cheio de índios, de malária e de febre amarela. Navios carregados de borracha desciam os rios do Acre e de lá para os portos da Europa e America do Norte. Com a borracha o Acre ficou “enredado” no mundo globalizado.

O Acre exportava um único e valioso produto e praticamente tudo o que consumia era importado. A malária doença originada na África, trazida pelos navios negreiros, talvez tenha sido, mesmo antes da busca por borracha, o primeiro sinal da globalização que chegou ao Acre.

*Instituto Histórico e Geográfico do Acre