Profª Drª. Luísa Galvão Lessa (UFAC)
1. INTRODUÇÃO
Não se tem registro, salvo engano a produção literária regional, de estudos sistematizados sobre a linguagem da região acreana, até o ano de 1985, com a pesquisa Termos e Expressões Populares do Acre, dissertação de Mestrado defendida por LESSA, na Universidade Federal Fluminense, sob a orientação de Gladstone Chaves de Melo.
O Acre está situado numa porção de terra incorporada ao território nacional no ano de 1903, em decorrência da luta aguerrida de brasileiros que trabalhavam em território boliviano. Eles fizeram uma revolução ímpar na história do Brasil, tomaram o Acre para si e fizeram-no brasileiro.
A menção de fator histórico da ocupação do solo acreano objetiva, entre tantas coisas, trazer à mente os resultados dessa ocupação na história externa e interna da língua portuguesa falada na Amazônia. Há, na localidade, traços lingüísticos comuns às demais regiões brasileiras, assim como se podem observar nuanças peculiares, denotadoras da história de vida do homem da floresta amazônica, na conquista dessa fronteira.
No ano de 1988, à luz dos ensinamentos de Celso Ferreira da Cunha, no Curso de Doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro, nasceu a idéia de elaboração do Atlas Etnolingüístico do Acre - ALAC. Muitos dados foram coletadas desde então e, na ausência do mestre, a tarefa só foi retomada no ano de 1990, sob a orientação de Cilene da Cunha Pereira, com a pesquisa Glossário do Vale do Acre: látex e agricultura de subsistência, Tese homologada em 1996, na UFRJ.
A dimensão e a qualidade da coleta realizada para a Tese de Doutorado foi tão rica e volumosa que achou-se por bem colocá-la à disposição de outros estudiosos. Pensando assim, e movida pelo ânimo da Profª. Cilene, elaborou-se, em 1990, o Projeto Centro de Estudos Dialectológicos do Acre - CEDAC, cujo objetivo maior era armazenar o banco de dados resultantes da pesquisa de doutorado acrescido de outras coletas, com vistas a trabalhos variados no universo da linguagem, particularmente à feitura do Atlas Etnolingüístico do Acre - ALAC.
2. O CENTRO DE DIALECTOLOGIA DO ACRE - projetos e banco de dados
2.1. O Centro de Estudos Dialectológicos do Acre CEDAC - concebido na linha da Dialectologia Social e da Geolingüística Brasileira - é um projeto ainda em desenvolvimento na Universidade Federal do Acre, com o objetivo de armazenar um banco de dados sobre a oralidade regional ( língua portuguesa e línguas indígenas), para estudos no campo da Dialectologia Social, Etnolingüística, Geografia Lingüística, Etnografia, Etnologia, Antropologia, História, Psicolingüística entre outros.
2.2. Os projetos em andamento no Centro de Dialectologia - o CEDAC é um Projeto guarda-chuva que abriga outros subprojetos:
- Atlas Etnolingüístico do Acre -ALAC (1989);
- Projeto Centro de estudos Dialectológicos do Acre - CEDAC (1990);
- Norma Urbana Culta de Rio Branco - NUCRB (1991);
- Estudo Dialectológico e etnolingüístico do povo Arara do Riozinho Cruzeiro do Vale - ARARA (1992);
- O homem e o meio ambiente acreano: a linguagem como expressão de cultura - HOMO (1996).
2.3. Constituição do banco de dados - o banco de dados do CEDAC está constituído de gravações em fitas magnetofônicas, transcrições grafemáticas e fonéticas da oralidade, textos informatizados em microcomputador. O acervo vem sendo coletado por meio de dois modelos de Questionários: Geral e Específico. O primeiro tem por escopo o homem no meio físico social e às atividades econômicas do Estado: látex, pesca, madeira, agricultura, pecuária; o segundo está relacionado à palavra e coisa.
2.4. Dimensão do acervo - a contar do ano de 1989 a 1994, data da última coleta, o CEDAC dispõe de:
- 176 horas de gravações com o Questionário Geral, referentes a oralidade do Vale do Acre, do Vale do Juruá e do Vale do Purus, corpus que serve ao Projeto ALAC, na elaboração de Cartas Léxicas e Fonéticas, e ao Projeto HOMO, no estudo da linguagem como expressão da cultura regional;
- 324 horas de gravações com o Questionário Específico, destinadas à feitura do Atlas Etnolingüístico do Acre (ALAC), especialmente às Cartas Fonéticas, hoje o carro-chefe do CEDAC;
- 12 horas de gravações sobre a fala Urbana Culta de Rio Branco;
- 14 horas de gravações sobre línguas especiais:
- 06 horas de gravações com garotas de programa (prostitutas);
- 04 horas de gravações com presidiários;
- 04 horas de gravações com meninos de rua.
- 04 horas de gravações com índios kaxinawas;
- 02 horas de gravações com índios kulinas.
2.5. A iniciativa dos projetos - os projeto são da iniciativa de LESSA (1989, 1990, 1991 e 1996), Coordenadora Geral do Centro de Estudos Dialectológicos do Acre - CEDAC e dos outros projetos.
2.6. Constituição da equipe de pesquisadores - a equipe está constituída por um doutor, dois mestres e seis bolsistas do Programa de Iniciação Científica do CNPq. O Projeto contou, em períodos anteriores, com dois bolsistas de Aperfeiçoamento do CNPq. Recebe, ainda, a colaboração valiosa de um professor do sistema de ensino do 1º e 2º graus.
3. RESULTADOS ALCANÇADOS
A pesquisa vem ensejando indagações de natureza vária, particularmente em decorrência da reunião dos inquéritos transcritos e digitados, resultantes do Questionário Geral, em formato de CADERNOS. Reúnem-se, até então, no CEDAC, os seguintes CADERNOS:
- A linguagem falada no Vale do Acre - Materiais para estudo - vols. I, II e III;
- A linguagem falada no Vale do Juruá - Materiais para estudo - vols. I, II, III;
- A linguagem falada no Vale do Acre: forma e freqüência, vols. I, II, III;
- A linguagem falada na Zona de Cruzeiro do Sul: forma e freqüência, vol. I;
- A linguagem falada na Zona de Tarauacá: forma e freqüência, vol. II;
- A linguagem falada na Zona de Feijó: forma e freqüência, vol III;
- A linguagem falada no Vale do Purus - Materiais para estudo - vol. I ;
- A linguagem falada no Vale do Purus - Zona de Sena Madureira - Materiais para estudo - vol. II;
- A linguagem falada no Vale do Purus - na Zona de Assis Brasil - Materiais para estudo - vol. III;
- A linguagem falada no Vale do Purus - Zona de Manoel Urbano- Materiais para estudo - vol. IV;
- A linguagem urbana culta de Rio Branco, - Materiais para estudo - vol. I.
Há, do material acima referido, estudos empreendidos sobre o léxico regional, objetivando mostrar a unidade e a variedade, a inovação e a conservação lexical entre os informantes pertencentes: às três Áreas de Pesquisa ( Vale do Acre, Vale do Juruá e Vale do Purus) ; às nove Zonas de Pesquisa ( Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Feijó, Rio Branco, Xapuri, Plácido de Castro; Sena Madureira, Manoel Urbano e Assis Brasil); dezoito Pontos de Inquérito ( Miritizal e Remanso; Praia e Porto; BR-364 e Porto; Porto Acre e Califórnia; Triunfo e Porto; Sibéria e Porto; São Francisco e Porto; Palheiral e São Francisco; Cascata e BR-364).
Esses estudos vêm contribuindo com à feitura do Atlas Etnolingüístico do Acre - ALAC, cujos resultados parciais encontram-se no Centro de Estudos Dialectológicos do Acre - CEDAC.
ENDEREÇO: Universidade Federal do Acre - UFAC, Departamento de Letras, BR-364, Km 04, Bloco Mário David Andreazza, Sala 10, Rio Branco, Acre, CEP.: 69.900-000. Telef: (068) 229-22-44/Ramal 230.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
------- , Centro de estudos dialectológicos do Acre - CEDAC. Comunicação apresentada no IX Congresso Internacional da Associação de Lingüística e Filologia da América Latina - ALFAL, Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas: 06 a 10 de agosto de 1990.
-------, Projeto Atlas Etnolingüístico do Acre - ALAC. Texto apresentado e aprovado em Assembléia Departamental, Departamento de Letras, Universidade Federal do Acre, Rio Branco: 1989.
-------, A linguagem falada no Vale do Acre - Materiais de estudo - vol. I, II, III. Trabalho apresentado no III Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1994.
-------, A linguagem falada no Vale do Juruá - Materiais de estudo - vol. I, II, III. Trabalho apresentado no IV Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1995.
-------, A linguagem falada na Zona de Cruzeiro do Sul - Materiais de estudo - vol. I. CADERNO apresentado no VI Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1997.
-------, A linguagem falada na Zona de Tarauacá - Materiais de estudo - vol. II. CADERNO apresentado no VI Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1997.
-------, A linguagem falada na Zona de Feijó - Materiais de estudo - vol. III. CADERNO apresentado no VI Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1997.
-------, A linguagem falada na Zona de Cruzeiro do Sul: forma e freqüência - Materiais de estudo - vol. I. CADERNO apresentado no VI Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1997.
-------, A linguagem falada na Zona de Tarauacá: forma e freqüência - Materiais de estudo - vol. II. CADERNO apresentado no VI Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1997.
-------, A linguagem falada na Zona de Feijó: forma e freqüência - Materiais de estudo - vol. III. CADERNO apresentado no VI Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1997.
-------, A linguagem falada no Vale do Purus - Materiais de estudo - vol. I. Apresentado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal do Acre, como resultado parcial da pesquisa no 2º. Semestre de 1997.
-------, A linguagem falada na Zona de Sena Madureira - Materiais de estudo- vol. I. Apresentado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal do Acre, como resultado parcial da pesquisa no 2º. Semestre de 1997.
-------, A linguagem falada na Zona de Assis Brasil - Materiais de estudo- vol. I. Apresentado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal do Acre, como resultado parcial da pesquisa no 2º. Semestre de 1997.
-------, A linguagem falada na Zona de Manoel Urbano - Materiais de estudo- vol. I. Apresentado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal do Acre, como resultado parcial da pesquisa no 2º. Semestre de 1997.
MACEDO, Márcia Verônica. A fala urbana culta de Rio Branco - Materiais para estudo - vol. I. CADERNO apresentado por ocasião do III Seminário de Iniciação Científica CNPq/UFAC, Rio Branco: 1994.
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