terça-feira, 1 de setembro de 2015

DISERTAÇÃO> SERINGUEIROS DO MÉDIO SOLIMÕES (José Lino do Nascimento Marinho)


  1. Este estudo assume o propósito de desvendar o espaço simbólico do seringal enquanto   expressão da sociabilidade e representação imaterial do cotidiano vivido, sem deixar de fazer   o registro da resistência política dos seringueiros na Amazônia, especificamente daqueles   residentes no município de Tefé, no Amazonas. O tema seringal é tomado neste estudo não só   como o lugar de exploração econômica, mas e, sobretudo, como o lugar da experiência vivida,   das festas, do imaginário, do cenário de pessoas que fazem história neste território das águas.   O vivido é percebido por meio das narrações dos sujeitos da pesquisa como o lugar onde se   constituiu a experiência individual e coletiva envolvendo as festas, as crenças, as emoções da   vida, o trabalho. A nossa intenção consistiu em procurar sabermos de que forma ocorreu a   subjetivação do seringueiro em meio às agruras opressivas do seringal. A metodologia da   memória é assumida aqui na relação com a experiência vivida no seringal e na cidade de Tefé,   tendo em vista o processo de deslocamento geográfico. A trilha metodológica assumiu o   aporte das abordagens qualitativas, especialmente no que diz respeito à narrativa, em que o   narrador é convidado a falar sobre sua experiência de vida, vivida no seringal amazônico.   Dentre os múltiplos aspectos revelados é patente o fato de que os seringueiros sobreviveram   às doenças letais como paludismo, febre amarela, tifo, beribéri, enfrentado ataque de onças   famintas, cobras venenosas como surucucurana, jararaca, pico de jaca. Ficou claro o fato de   que eles deram o sangue para enriquecer o país, produziram riquezas, mas não tiveram acesso   a elas, foram abandonados pelo Estado brasileiro. Hoje, pobres, cegos, morando em casebres   na periferia da cidade de Tefé. Estes seringueiros já bem doentes, convivem com a triste sina   do herói sem recompensa, esquecidos por completo pelo Estado brasileiro, parece estar   esperando a morte chegar para saírem de cena. Nenhum dos sete seringueiros ouvidos nesta   pesquisa recebe o benefício de aposentadoria como soldado da borracha, sendo esta, uma   dívida do Estado brasileiro que precisa ser resgatada com urgência, enquanto estes bravos   seringueiros ainda tem vida




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