FONTE: http://terranauas.blogspot.com.br/
A cidade mais isolada do Acre não é Santa Rosa do Purus, nem Jordão e muito menos Marechal Thaumaturgo. A cidade mais isolada do Acre é Rio Branco. Rio Branco é "ligada" com o resto do Brasil. Quer dizer, "ligada" em termos... Parece mais aquele menino buchudo que ninguém quer no time de futebol, mas fica insistindo com o nariz remelento "deixa eu jogar, vai".
Mas Rio Branco é isolada do Estado de que deveria ser a capital. Rio Branco não é a capital do Acre, é uma cidade-estado que só pode ser a capital de si mesmo. A cidade-estado de Rio Branco tem três capitais: a capital econômica fica na periferia de Porto Velho, a capital pólítica, fica na periferia de Brasília e a capital cultural fica em algum lugar entre São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, encostadinho num estúdio da Rede Globo (que horas são?).
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Parafraseando Luis F. Verísssimo, que disse que os portenhos (nativos de B.Aires) eram italianos que se achavam ingleses, a maioria dos rio-branquenses são rondonienses que se acham paulistas.
Para estes, que tiveram pouco, ou nenhum contato com a verdadeira cultura nativa do estado o Juruá, parece uma terra de conto de fadas, uma espécie de Nárnia e nós os "narnianos" somos uma espécie exótica, que talvez nem exista mais.
É a impressão que eu tenho quando alguém do governo fala sobre os investimentos na região.
E para ser justo, o governo tem lutado sim para mudar esta geografia. Não por que ele seja "bonzinho" e tenha de fato conseguido enxergar "Nárnia", mas porque o Juruá pesa cada vez mais na balança política do estado e o povo juruaense, cada vez mais bem informado, não aceita mais as migalhas da capital. E para ser justo também, quem começou a mudar esta geografia política foi, gostem ou não, Orleir Cameli. A partir de seu governo, não foi mais possível tratar o Juruá da mesma maneira que vinha sendo tratado pelos governos anteriores.
O que me enoja na capital é como parte significativa de sua sociedade, especialmente a sua pseudo elite se cerca do poder a fim de tirar uma "casquinha". É este séquito de miséráveis que fornece a "cortina de fumaça" que impede ou ao menos, dificulta que os representantes do poder instituído pelo POVO do ACRE, enxerguem a realidade.
O rei está nú e a função do primeiro círculo do poder é dizer que suas vestes são lindas. Atrás destes vêm um segundo círculo que diz "você está nú, mas se me pagares, direi que suas vestes estão lindas". As vezes tenho a impressão de que o governo instituído pelo POVO do ACRE é refém de uma sociedade corrompida e com quase nenhuma disposição para trabalhar.
Me enoja quando o empresariado da "capital", diz que prefere investir em Porto Velho do que em Cruzeiro do Sul. Mas por outro lado, me trás também alívio: não precisamos de mais safados aqui, por que já fabricamos os nossos.
É significativa a letargia e a indiferença com que a sociedade rio-branquense recebe os anúncios da conclusão da BR, da ponte sobre o rio Juruá e etc, etc e etc...
Em tese, apenas em tese, é para que a ALEAC fosse uma casa de represetantes das diferentes regiões do estado. Na prática, todos tornam-se rio-branquenses e passam a viver do gargarejo claustrofóbico do poder que impede que enchergar além de Bujari.
...Na verdade não é o Juruá que precisa se separar do Acre, é Rio Branco que precisa abrir os olhos para o resto do estado e deixar de ser tão somente apenas, a capital de si mesma.
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