Resumo
Este trabalho trata dos partidos políticos do Acre no período compreendido entre 1945 e 1978. a hipótese central é demonstrar como os partidos políticos no Acre são caracterizados, desde sua frmação, por uma inautenticidade e inconsistência ideológica, com um funcionamento meramente eleitoreiro e que se consubstancia em praticas clientelísticas.
Introdução
Até o presente momento (1992) não foi publicado qualquer estudo sistemático a respeito dos partidos políticos no Acre. O objetivo maior deste trabalho é trazer uma pequena contribuição nesse sentido, estudando os partidos políticos no Acre no período compreendido entre 1945 e 1978. Tratase de uma pesquisa sistemática que tem como hipótese central mostrar como as elites políticas locais utilizam os partidos excluindo, sistematicamente, as classes trabalhadoras. Não apenas em função de seu isolamento e “atraso”, ou ausência de qualquer tradição de organização, mas como parte de um sistema partidário que desde o seu surgimento sempre excluiu os trabalhadores de participação, quer a nível da direção desses partidos, quer de suas candidaturas em pleitos eleitorais. Ao mesmo tempo, este trabalho tem a pretensão de romper com uma visão estereotipada da historiografia institucionalizada do estado, a exemplo de outros trabalhos já feitos neste
sentido.
I – Delimitação do Tema e do Problema
Temos ciência de que se quisermos compreender com maior profundidade a trajetória dos partidos políticos acreanos no período compreendido entre 1945 e 1978, impõese como fundamental o estudo do sistema partidário brasileiro (e do processo político como um todo) e apreender as especificidades locais. Como diz Gramsci: “Para se fazer a história de um partido ou sistema partidário, devese conhecer a história do país em que eles estão inseridos”.
Ou seja: é necessária uma visão globalizante que ofereça elementos para que se possa montar um quadro histórico (e teórico) que dê conta da problemática definida como objeto de investigação. Como se sabe, há perspectivas muito distinta, não apenas no que diz respeito à sociedade brasileira, como também em relação ao sistema partidário. Não nos propomos, nos limites de um artigo acadêmico de modestas pretensões aprofundar esse debate. Tomemos o período delimitado (19451978). Ele pode ser dividido em dois momentos: o primeiro, que vai de 1945 a 1965, quando havia um multipartidarismo; e um segundo momento, que vai de 1965 a 1978 quando passou a ter vigência o bipartidarismo.
Sobre esses períodos já existe no Brasil uma extensa bibliografia. Do primeiro período, destacamos a tese de Souza (1976) que vai significar a recuperação da temática partidária como foco de analise fundamental para a compreensão do regime que se inicia em 1946. É um trabalho pioneiro na medida em que relativiza a perspectiva casual partidos/bases social, apresentando o sistema partidário como um conjunto de organizações constituintes de um espaço dentro do universo maior do sistema partidário. O cerne de seu trabalho, nos parece, é a demonstração de que além da continuidade de pessoas à frente do cenário político nacional, teria havido não apenas uma continuidade, mas uma ampliação dos mecanismos centralizadores criados no período anterior (19301945). Ainda sobre esse período, cabe ressaltar os estudos que procuram demonstrar o quanto os partidos surgidos pós 1945 são artificiais, amorfos e indiferenciados em suas conexões sociais e ideológicas. Embora passiveis de criticas são, a nosso juízo, os que melhor permitem compreender os partidos políticos no Acre.
De 1965 – quando a ditadura militar dissolve s partidos e impõe o bipartidarismo – até 1974, os resultados sobre os partidos políticos (e o sistema eleitoral) foram escassos e é só a partir de meados da década de 1970 que vão surgir estudos que tratam especificamente da questão partidária. Neste trabalho nos fundamentamos na perspectiva que procura demonstrar como a tradição do apartidarismo associado ao autoritarismo, que tem permeado a política brasileira, compõe o pano de fundo de uma problemática geral: a frágil e artificial origem dos partidos políticos brasileiros, sempre a reboque de interesses que os superam sendo incapazes, em função de sua fragilidade, de se manterem no topo de uma ingerência que é, em última análise, a razão histórica de sua origem como instituições organizadas.
No caso do Acre, faremos uma breve retrospectiva histórica dos partidos políticos atuantes no período de 19451978. Uma descrição esquemática e quase que meramente factual, na qual serão colocadas algumas questões que servirão de referências à nossa fundamentação.
II – Os Partidos Políticos no Acre
A) 1945 a 1965
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