FONTE: Acervo do Patrimônio Histórico do Acre.
A LENDA VIVA DA HISTÓRIA POLÍTICA RECENTE DO ACRE
Antonio Muniz
JORGE KALUME
Humilde simples e cumpridor de seu dever. Essas são algumas das qualidades do prefeito de Rio Branco. Jorge Kalume, lenda viva da história política acreana e um dos políticos de maior expressão a nível nacional. Filho de Abib Mussa Kalume e Latif Zaine Kalume, ambos síos-libaneses, Jorge Kalume é acreano de Xapuri, a exemplo de outros personagens, como o jornalista Armando Nogueira; o ex-ministro da Justiça Jarbas Passarinho; o ex-líder sindical e ecologista Chico Mendes e o0 Ministro da Saúde, Adib Jatene.
Kalume, antes de ingressar na política partidária era empresário ligado a compra e venda da Borracha e gêneros alimentícios. “Segui o exemplo de meu pai e minha mãe”, explica o Prefeito. Dono dos Seringais Porto Franco e Porto Rico, ambos em Xapuri, na década de 5o o então governador do Território do Acre, José Guiomard Santos, convidou Kalume a ser Prefeito de Xapuri. O empresário topou o desafio e, mesmo enfrentando várias dificuldades, conseguiu fazer uma administração popular, atendendo aos anseios dos xapurienses.
Em 1962 Jorge Kalume larga a área empresarial e entra na política de fato e de direito.Com a elevação do Acre a Estado através da lei nº 4.670 de 15.06.l962, sancionada quando o Brasil entrou no regime parlamentarista, foram realizadas eleições gerais.
Dia 3 de outubro de 1962, mesmo sem dispor de tempo suficiente para fazer campanha, Kalume foi eleito em 3º lugar entre sete deputados federais, “ O trabalho que eu fiz em Xapuri agradou a maioria, mas, sinceramente, me surpreendi com a expressiva votação que tive em todo Estado”, afirma. Aos 70 anos, Kalume tem melhor memória que qualquer garoto de 25 ou 18. “Naquela época o Presidente da República era João Gularte e o primeiro Ministro chamava-se Tancredo Neves” esclarece.
Ao contrário de hoje, naquele tempo só existiam dois partidos o PDS, ao qual era filiado, e o PTB. Nas primeiras eleições gerais o PDS elegeu quatro deputados federais ao PTB três. Havia apenas 18 mil eleitores e votaram 14 mil. Hoje são mais de 200 mil, sendo cerca de 50 por cento na capital. Pelos números podemos ter certeza que o Acre cresceu e precisa ser defendido por seus representantes na câmara e no senado lembra.
Após demonstrar sua liderança e lealdade junto aos seringueiros como seringalista. No inicio de 1956 o então governador do território do Acre, valério Magalhães, nomeou Kalume como prefeito de Xapuri. De 1956 a 1961 a princesinha do Acre foi administrada por Jorge Kalume. E há quem diga ter sido ele o melhor prefeito da cidade de todos tempos. De fato e direito a carreira política de Kalume começou a partir do convite feito por Valério Magalhães, seu amigo pessoal. O presidente da república era Juscelino Kubistchek.
Em 1962 Kalume deixa a prefeitura de Xapuri e lança-se candidato a deputado federal pelo PSD – Partido Social Democrático, comandado por José Guiomard dos Santos. Os acreanos elegeram Kalume em 3° lugar entre sete candidatos. O PSD também foi vitorioso, pois elegeu quatro deputados, contra três do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro.
Depois de defender incansavelmente os interesses do Acre na câmara federal, Jorge Kalume é convidado a ser candidato a governador pelo o mesmo partido e vence as eleições. A posse aconteceu dia 3 de Março de 1966. fiquei no poder até 3 de Março de 1970 e tenho certeza que cumpri com meu dever. Trabalhei com honestidade e dei chance a nenhum de meus assessores meter a mão nos cofres públicos, afirma o atual prefeito de Rio Branco.
Ao deixar o governo em 1970, Kalume preferiu não ser candidato a nenhum cargo eletivo, preferindo trabalhar a fim de fortalecer ainda mais seu Partido e conseguiu. Em 1976 assumiu a diretoria financeira do Basa da Amazônia onde ficou até 1978, quando foi convidado a ser candidato a senador. Venceu a eleição e permaneceu no senado federal até 1987. em 1982 ele perdeu as eleições governamentais para Nabor júnior, do PMDB.
Nesse ano já havia mais PSD e sim PDS – Partido Democrático Social. Quatro anos depois em 1986, Kalume tenta voltar ao senado, mas seu Partido não proporcionou legenda suficiente para elege-lo. Aluízio Bezerra e Nabor Júnior, ambos do PMDB foram os vencedores. Não fui reeleito, mas individualmente obtive mais votos que os demais candidatos.
Em 1988 Kalume atende o chamado da família pedecista e encara outro desafio: lança-se candidato a prefeitura de Rio Branco, único cargo que faltava em seu currículo político, com exceção de presidente. E mesmo enfrentando o poder da máquina administrativa o governador era Fláviano Melo, do PMDB – Jorge Kalume fez campanha sadia, honesta, sem atacar ninguém e o resultado das eleições superou sua expectativa, pois foi eleito obtendo 48 por cento dos votos.
Mas outro desafio teria que ser encarado por Kalume: a prefeitura de Rio Branco havia sido dilapidada e sucateada pelos administradores anteriores. Alem disso, o novo prefeito encontrou cerca de 1000 funcionários ganhando sem pelo menos ir ao trabalho. Pensei em demitir pelo menos a metade, mas ao mesmo tempo cheguei a conclusão que tal atitude iria abalar ainda mais o quadro social.
E foi por não demitir ninguém que enfrentei e continuo enfrentando constantes greves dos funcionários reivindicando reajustes em seus salários, explica o prefeito.
Na câmara Municipal, composta por 17 vereadores, sendo a maioria de oposição, Kalume encontrou no inicio o chamado “osso duro de roer”. Se não bastasse isso, o prefeito sofreu constantes perseguições.
Do então governador Fláviano Melo, que chegou ao ponto de levar a usina de asfalto para o interior do estado, sem a mínima justificativa. No fundo havia justificativa: ele não queria ver o sucesso de Kalume. Mas as maiores dificuldades foram vencidas. Através da vereadora Nabiha Bestene (PDS). Líder do partido e do prefeito da câmara, o prefeito conseguiu sustentação política no poder legislativo Municipal e conta com apoio do governador Edmundo Pinto.
Quanto ao presidente Collor de Melo, o prefeito prefere não comentar absolutamente nada. Sobre administração de Edmundo Pinto, Kalume afirma ser regular. Melhor que isso acho quase impossível. Edmundo assumiu uma herança maldita. Um estado totalmente endividado e praticamente sem perspectiva de melhoras á curto prazo, avalia. Indagado se será candidato a governador em 1994, ele prefere ficar neutro dizendo: enquanto eu for vivo, serei candidato a alguma coisa.
O QUE FEZ PELO O ACRE
Além da ótima administração que fez em Xapuri, Kalume, na câmara federal, elaborou vários projetos buscando recursos financeiros em prol do desenvolvimento do Acre, especificamente na área educacional e cultural. Eleito governador em 1966, quatro anos depois, em 3.03.70 inaugurou a universidade federal do Acre com cinco cursos. As Aulas não eram ministradas no campus Universitário e sim na Ufac centro. Mas Kalume teve participação decisiva na liberação da verba para construção das atuais instalações dos modernos pavilhões da Ufac, no campus Universitário. Desta feita como senador.
Ainda como governador, abriu e asfaltou 1000 quilômetros de estradas construiu mais de 1000 açudes, em todo o estado, dando prioridade à capital e Cruzeiro do sul, os maiores centros urbanos do Acre construiu estrada Brasiléia-Assis Brasil, o primeiro caminho rumo ao tão sonhado Oceano Pacífico; abriu a estrada ligando Rio Branco a histórica vila Porto Acre; construiu a estrada de Tarauacá a Feijó; desmatou 40 quilômetros da BR-364 – trecho Sena Madureira; concluiu as obras do hospital geral de Cruzeiro do Sul e hospital Infantil em Rio Branco; criou o ensino de 2° grau em todos os municípios; comprou motores geradores de energia elétrica – antes a Rio Branco ficava no escuro diariamente a partir das 21h; instalou água encanada em todo Estado, na época o Acre tinha apenas sete municípios.
Como prefeito Kalume construiu 14 escolas; um camelótdromo; três mercados nas vilas; reformou, ampliou e equipou todas escolas municipais; construiu três lavanderias públicas; instalou uma usina de asfalto; fez quatro praças e reformou várias quadras de esportes. até o fim de meu mandato ainda vou construir 15 escolas, quatro lavanderias e quatro creches e inaugurar o tão criticado “calçadão” do segundo distrito, entre outras obras promete Kalume.
2 comentários:
Edu e Egina,
É muito interessante o trabalho que vocês estão Fazendo.Parabéns!
Jorge Kalume é, sobretudo, para mim, um homem das letras e de grande cultura.
Um forte abraço!
Tive a honra de conhecer este homem como também seu conterrâneo Amílcar Alves de Queiroz. Homens que nos tempos de hoje ate em conventos beneditinos não e fácil achar. Parabéns a família do Saudoso Kalume. E olha que sou goiano e não acreano,
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