sexta-feira, 3 de abril de 2009
Movimento dos Autonomistas
FONTE: Acervo do Departamento de Patrimônio Histórico do Acre
PERIÓDICO: O JURUAENSE – ORGAM DO PARTIDO REPUBLICANO JURUAENSE
DATA: Ano II - 23 de agosto de 1917. Nº 73
LOCAL: Cruzeiro do Sul - AC
PÁG. 01 COL. 03, 04, 05 e 06
O PANICO AUTONOMISTA
Para os autonomistas a fundação do Partido republicano foi um contratempo á realisação de seus planos de absoluto domínio no Departamento.
Organisado há pouco mais de um anno, quando grande parte ou a maioria da população alistável, consciente de sua excepcional situação política não se interessava pelos movimentos partidários, suppunham-se em praça conquistada assim lhes fosse conferido o direito de voto, muito embora o insignificante valor numérico de seus adeptos. Neste presupposto, sob a falsa miragem de futuro domínio, julgavam-se os únicos senhores da terra, encarando os demais ¾ aquelles que não correram a alistar-se em suas fileiras ¾ com certo ar de arrogância, como si delles ¾ entidades despresiveis ¾ nada tivessem que receiar ao êxito de seus desígnios.
Assim, o tempo lhes corria de vento em poupa e, quando um outro de seus setarios deixava-lhes as fileiras para recolher-se á vida privada, não se davam por achados, tendo o incidente como cousa destituída de importância.
Vimos mesmo que um dos mais eminentes membros de seu Directtorio, levado a romper com o executivo prefeitural, por este lhe negar apoio a um acto funccio facto de que repercutio em todo o Departamento, devido a troca entre os dois, de ríspidos officios que tiveram a maior publicidade, nem ao menos teve do orgam de seu partido uma palavra de consolo; ao contrario, o director deste, invocado para certo testemunho em favor de seu correligionário e collega de redacção, faltou á verdade em detrimento deste, sob o irrisório pretexto de que N.. O FAZIA PARTE DA IGREGINHA EM QUE SE TANG..O SINO DA POLITICAGEM.
O .................... do autonomismo, manda-chuva supremo da irmandade e amigo intimo do correligionário desacatado, não influi para que este fosse defendido pelo jornal do partido, dando ........... a demostração de que prefereria ficar com o Prefeito, a prestigiar contra as bôas graças deste, um membro eminente de seu partido, que aliás se tornara mal visto daquelle em razão de um acto proficional em beneficio da saúde publica.
Mas, si esse foi o procedimento do autonomismo com um dos seus membros mais em destaque, parte integrante de seu Directorio e redactor do jornal do partido occupando alem disso na administração publica os cargos de ..... Sub –Prefeito, Vogal do Conselho Municipal e Inspector de Hygienne, como não será a sua conducta em relação a outro qualquer de seus adeptos que não tenha a recommendar-lhe tantos títulos, quando este visse na contingência de precisar lhe dos serviços? A resposta, sabe-a o incauto que num momento de illuzão deu seu apoio a esse ingrato partido, desde que colloque ...................correligionário.
Desde esse tempo o partido autonomia....................... seu adepto para não perder as graças prefeituraes, aberrou de seus princípios liberaes para tornar se exclusivista e, conseqüentemente, incompatível com o sentimento popular e, mais ainda, com os ideaes que defende. Somente preoccupado em tornar se agradável ao representante do regimem que diz combater, o povo torneou se para elle letra morta, pouco se lhe dando de sua sorte, chegando mesmo a desinteressar-se da autonomia.
Neste estado a situação pelos arraiaes autonomistas, onde se outra cousa não se tratava que de engendrar meios de captar a sympathia do Prefeito, pondo se em acção toda a espécie de demonstrações engrossativas, dizia se francamente nesta cidade, que a fundação do partido autonomista apenas obedecera o movel da criação de um jornal para ser entregue ao seu actual Director, para que este ainda apavorado com certos boatos cirvulados nos primeiros dias da administração Varella, tivesse nelle uma garantia ao seu exercicio no cargo que occupava na prefeitura.
Éstes factos crearam em torno do autonomismo junstificada atmosphera de desconfiança da qual os seus proceres, embriagados pelo calor do bafejo prefeitural, não se apercebiam. Por toda parte — na cidade como no interior — as suas fileiras iam dia a dia enfraquecendo pela deserção dos pequenos elementos.
Ao governo Varella, pois, mais que no varelismo, tem tido no miguelismo situação favorável á sua ambição de domínio. Assim, gozando as delicias dos favores miguelistas, julga se não somente necessário aos governos como invencível nas pretenções.
D’ahi a arrogância dos dez ou vinte que lhe constituem as fileiras, ou antes o Directorio, porque em verdade fileiras elles já não têm ¾ o partido está redusido ao pequeno numero do Directorio, do qual fazem parte alguns extrangeiros e dous ou tres nacionaes analphabetos. Mas, para que fileiras, para preseli..os, si estavam conseguido os seus fins ¾ a creação do jornal e a benção prefeitural?
Autonomia? Ora, isto havia de vir naturalmente, de reforma em reforma, de accordo com as intenções do governo. Por emquanto estavam dando dartas e jogando de coringa, que mais? Era dormir sobre os louros da fortuna e mandar ..abua isto de correligionário! No partido bastava o frontespicio para metter medo ao caguinchas da prefeitura, e nada mais.
Nesse andar e nesse pensar, partido reduzio-se a frangalhos e o jornal, que fôra seu orgam, transformou se em porta-voz das difamações craveiristas, não escapando de seus ataques, na secção redaccional ou na mascarada pelo titulo ........... apedidos, as reputações mais sólidas, mesmo as de magistrados mais íntegros.
Foi na plenitude dessa anarchia autonomista, que, após certo período de preparação, fortes elementos do departamento se congregaram e constituíram o Partido Republicano Juruaense.
No estreito circulo do esfrangalhado autonomismo, o acontecimento cahio como uma bomba. Tomados pelo pânico, os Directores reuniram se, mas, a falta do maioral, nada resolveram. Foi então expedido um expresso em seu encalço e, dentro em breve o orgam dos insultos craveiristas entrava em acção acutilando o novo partido a torto e a direito, em manifesta demonstração de respeito.
De então para cá, da primeira á terceira pagina, outro assumpto lhe não preoccupa que o Partido Republicano, dando assim a entender que este é actualmente a sua espinha de garganta, um obstáculo opposto aos seus planos de domínio, que é preciso combater com todas as armas para fazel o desapparecer. A insistência com que o orgam craveirista se occupa do Partido Republicano a incoherencia e desordem na apreciação dos factos dão perfeita idéia da intensidade do panico que foram accommettidos com o inesperado advento do novo partido.
E ahi está como se explica a attitude de hostilidade do autonomismo contra as camadas proletárias, operarias e agriculas do Departamento, que correram a filiar se nas fileiras do Partido Republicano Juruaense, taxando as de imprestáveis para o alistamento eleitoral e cobrindo as de riculos.
Toda essa vociferação autonomista occulta o despeito e o pânico de que se ahcam possuídos. As eleições ahi vêm, e é nas urnas que havemos de ver quem tem roupa do coradouro. Certos desta verdade, certos de sua insignificancia numerica, é natural que os autonomistas se sintam receiosos de sua sorte futura; mas, o que não é justo é que recaia sobre o Partido Republicano ataques a que, ainda não deu lugar.
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