quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O ENTORNO DA PRÁXIS EDUCATIVA NO ENSINO DE HISTÓRIA NO ACRE

JOSE JULIO CESAR DO NASCIMENTO ARAUJO Josimar da Silva Freitas José Valderi Farias de Souza
Em Nietzsche, a genealogia, a história, Foucault considera Nietzsche o filósofo do poder. O que Foucault quer mostrar é a abertura produzida por Nietzsche para se pensar as relações de poder em cadeia histórica fugindo do paradigma jurídico- econômico, característico tanto de pensamento liberal, quanto de determinada tradição marxista. A partir desta indicação nietzschiana, Foucault irá propor uma “Microfísica do poder”, capaz de resgatar as lutas do cotidiano, as múltiplas relações de força, as táticas e estratégias de resistência.O que de certa forma pressupõem a construção de uma nova História.
Segundo Foucault, o estudo da microfísica do poder. [...] supõe que o poder nela exercido não seja concebido como uma propriedade, mas como uma estratégia, que seus efeitos de dominação não sejam atribuídos a uma ‘apropriação’, mas a disposições, a manobras, a táticas, a técnicas, a funcionamentos, que se desvende nele antes uma rede de relações sempre tensas, sempre em atividade, que um privilégio que se pudesse deter; que lhe seja dado como modelo antes da batalha perpétua que o contrato que faz uma cessão ou a conquista que se apodera de um domínio(...). O que significa que estas relações aprofundam-se dentro de uma sociedade, que não se localizam na relação de Estado com os cidadãos, ou na fronteira das classes e que não se contentam em reproduzir ao nível dos indivíduos, dos corpos, dos gestos e dos comportamentos, a forma geral da lei ou do governo; que se há continuidade (realmente elas se articulam bem, nessa forma, de acordo com uma série de complexas engrenagens), não há analogia nem homologia, mas especificidades dos mecanismos e da modalidade. Finalmente, não são unívocas; definem inúmeros pontos de luta, foco de instabilidade comportando cada um de sus riscos de conflito, de luta e de inversão pelo menos transitória da relação de forças (FOUCAULT,2002,26-27). Articulando estas considerações de Michel Foucault com as preocupações de uma “história vista de baixo” de SHARPE e de E.P. Thompson, a História aos poucos procura repensar e recuperar o papel de atores históricos que não assumiram/ assumiam naquela forma de se fazer HISTÓRIA papel relevante. Tal possibilidade de conjuga a história da experiência e do cotidiano das pessoas comuns do povo, dando-lhe a oportunidade de reintegrar a sua história aos grupos sociais que podem ter pensado tê-la perdido, ou que nem tinham conhecimento da existência de sua história (SHARPE,1994).
A historia enquanto componente curricular, obrigatório no ensino fundamental e médio, era vista no passado do prisma factual. O ensino da História era o aprendizado dos fatos históricos, das fases, das civilizações e suas contribuições para a vida moderna, das datas, dos nomes e feitos dos atores históricos. Hoje, o estado de criticidade dos tempos modernos obrigou pesquisadores, historiadores e professores a repensar como se faz e se ensina História.
Em 2007, estivemos na Escola de E. F.M.C. para a realização de uma pesquisa em relação ao procedimento metodológico da pratica educativa em historia. Nas entrevistas aplicadas aos alunos pode-se aferir que em relação a afinidade dos alunos com o componente curricular, não há duvidas que este tem forte vínculos com os alunos. Isso ocorre, subjetivamente, porque os alunos observados possuem uma admiração exacerbada pelo professor da disciplina.
Aos serem perguntados sobre a melhor aula de História alguns relembram aulas passadas, mas em geral consideram todas as aulas do professor ótimas. O conceito de história na conceituação dos alunos não foge aos padrões de antigos manuais didáticos. Os alunos atribuem o gosto pela disciplina ao fato ‘’ do professor explicar bem’’; ‘’ se aprofundar nos assuntos’’ e ‘’ dá muitos exemplos’’.
Percebe-se com isso, que ao conquista os alunos como sua prática o professor consegue forjar competência nos alunos. Em relação aos procedimentos metodológicos usados pelo professor percebeu-se que na maioria das vezes o professor se vale de aulas expositivas, intercalando com exemplificações, desenhos e avaliações orais.
Uma técnica metodológica interessante que é usada pelo professor, é o uso do ‘’Momento da Notícia’’, onde alunos são escolhidos para assistirem ao noticiário da TV e na aula seguinte expor e apresentarem pontos de vista e opinião critica sobre as matérias assistidas. Isso de certa forma cumpre os pressupostos de Holiem G. Bezerra, ao afirma: ‘’ O objetivo primeiro do conhecimento histórico é a compreensão dos processos dos sujeitos históricos.
O desvendamento das relações que se estabelecem entre os grupos humanos em diferentes tempos e espaços’’(BEZERRA, Holiem G. O ensino da história: conteúdo e conceitos básicos (in) KARNAL, Leandro (org.). A História em sala de aula. São Paulo: Contexto,2000 ). O fato de implementar essa nova metodologia mostra que este assume o postulado do professorado crítico e consciente que a história é uma construção do presente onde participam os sujeitos sociais.
O aluno ao estabelecer com os noticiários da TV relação de critica faz história por que crítica o próprio momento no qual está inserido. Foi notável, também, que os discentes são constantemente levados ao exercício da pesquisa que é feita em livros, revistas ou com ajuda dos pais.Pelas respostas dos alunos foi possível perceber que o professor trabalhar muito com a questão da contextualização, ou seja, antes de explica conteúdos faz diversas explanações. Isso ocorre, também, nos exercícios e avaliações como pode-se observar na pesquisa. Sobre a avaliação, o professor observado, e com base nas respostas, utiliza perguntas orais, variando o conteúdo avaliado com filmes de embasamento e a participação ativa dos alunos.
Observou-se, também, que o professor trabalha a partir das experiências dos alunos. Ele prioriza a historia crítica, tentando mudar o costume de estudar. Observando que tudo na historia se constrói com a força das massas.Ficou bem claro nas entrevistas com o professor que este compreende que a história mudou sua s concepções e deve ser trabalhada de maneira diferente.
Referências FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. FOUCAULT, Michel. Arqueologia das Ciências e História dos Sistemas de Pensamento. Ditos e escritos vol. II. Manoel Barros da Motta (org.).Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. SHARPE, Jim. A História Vista de Baixo. In: BURKE, Peter. (org.) A Escrita da História. São Paulo: Unesp, 1998. THOMPSON, E. P. A Formação da Classe Operária Inglesa. 3 volumes. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1987. THOMPSON, E. P. Costumes em Comum: estudos sobre cultura popular tradicional. São Paulo: Cia das Letras, 1998.

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