sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Acre - Um resumo da história

FONTE: http://www.jornalpiracema.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=316&Itemid=35 O começo e o fim da questão acreanaEm 1895 foi nomeada uma comissão demarcatória encarregada de definir os limites entre Brasil e Bolívia de acordo com o estabelecido no Tratado de Ayacucho, de 1867. O chefe da delegação brasileira, o coronel Thaumaturgo de Azevedo, ao constatar a latitude da nascente do Javari, ponto inicial da linha divisória entre os dois países, percebeu que ficaria com a Bolívia uma grande região rica em látex, quase totalmente ocupada por brasileiros. Thaumaturgo de Azevedo denunciou ao governo federal o prejuízo daí decorrente, já que o Brasil perderia o alto rio Acre, quase todo o Iaco e o Alto Purus. Infelizmente o ministro brasileiro não aceitou os argumentos do coronel, que contrariado demitiu-se e denunciou o grave erro da diplomacia brasileira na imprensa, dando origem a uma intensa polêmica que mobilizou a opinião pública nacional. Foi então nomeado como novo comissário, o capitão-tenente Cunha Gomes, que cumpriu literalmente as ordens da chancelaria brasileira, reconhecendo os limites estabelecidos pelo Tratado.A Primeira Expedição bolivianaReconhecida legalmente a fronteira Brasil-Bolívia, o governo boliviano enviou para o Alto Acre uma expedição militar composta por 30 praças, comandada pelo Major Benigno Gamarra. A precária situação econômica da Bolívia fez com que o Piquete Gamarra passasse inúmeras dificuldades, inclusive de alimentação. Apesar disso, em 12 de setembro de 1898, o Piquete conseguiu chegar ao seringal Carmen, dirigindo-se logo depois à vila de Xapuri, onde anunciou que fundaria uma delegação nacional. Insatisfeitos com a nova situação, alguns brasileiros, tendo à frente o coronel da Guarda Nacional Manuel Felício Maciel, intimaram os bolivianos para que se retirassem imediatamente dali, o que acabou ocorrendo no dia 30 de novembro de 1898. Os Cem dias de Paravicini Nova investida boliviana acon-teceu logo no início do ano seguinte. Em 2 de janeiro de 1899 chegou ao Acre, por via fluvial vindo de Manaus, com a concordância do governo brasileiro, o ministro plenipotenciário boliviano, Dom José Paravicini. Ele efetivamente instalou uma aduana e um povoado denominado Puerto Alonso (homenagem ao então Presidente da Bolívia Severo Fernandez Alonso) em terras do Seringal Caquetá, pouco acima da famosa Linha Cunha Gomes. Paravicini exerceu sua autoridade de forma rígida e baixou sucessivos decretos, dentre os quais, o polêmico ato de abertura dos rios amazônicos ao comércio internacional, que feria profundamente a soberania brasileira. Alem disso, passou a arrecadar grandes somas com os impostos sobre a borracha, a exigir a imediata demarcação dos seringais e a conseqüente regularização das propriedades, até então registradas no estado do Amazonas, causando temor aos habitantes dos altos rios acreanos.A revolta começava a tomar corpo entre seringalistas e seringueiros brasileiros que não se conformavam em ter que obedecer à autoridades estrangeiras. Enquanto isso multiplicavam-se as denúncias de violências cometidas contra brasileiros que se sentiam cada vez mais ameaçados em seus direitos. Com a partida do ministro boliviano para Belém, depois dos chamados "Cem dias de Paravicini", os acreanos decidiram se unir para lutar contra a dominação boliviana. Insurreição Acreana Em 1º de maio de 1899 alguns seringalistas reunidos no seringal Bom Destino, de Joaquim Vitor, sob a liderança do jornalista José Carvalho, decidiram que era chegada a hora de expulsar o delegado boliviano Moisés Santivanez. Este havia substituído Paravicini no comando de Puerto Alonso. Intimadas a partir do Acre, as autoridades bolivianas em evidente inferioridade numérica e militar não resistiram ao movimento revolucionário e partiram para Manaus. Mesmo sem o disparo de um tiro, estava iniciada oficialmente a Revolução Acreana com a assinatura de um manifesto por mais de 60 proprietários de seringais e outros profissionais que atuavam nesta região. Para dar direção ao movimento foi estabelecida uma Junta Central Revolucionária. Pouco tempo depois, José Carvalho retornou para Manaus doente de impaludismo.A denúncia de GalvezLuis Galvez, então repórter em Belém, descobriu e denunciou nos jornais paraenses (03/06/1899) a existência de um acordo secreto estabelecido preliminarmente entre diplomatas da Bolívia e dos Estados Unidos da América que formalizava uma aliança entre os dois países. Por esse acordo, em caso de guerra entre o Brasil e a Bolívia pelo domínio do Acre, os Estados Unidos apoiariam militarmente a Bolívia. A revelação desse acordo preliminar chocou a opinião pública brasileira, apesar (03/06/1899) das autoridades bolivianas e norte-americanas negarem veementemente as denúncias veiculadas pelos jornais. Estado Independente do Acre Depois de intensas negociações realizadas em Manaus, Galvez viajou ao Acre com patrocínio do governo do Amazonas. De seu encontro com os seringalistas da Junta Revolucionária surgiu a intenção de se fundar o Estado Independente do Acre, já que o governo brasileiro continuava reconhecendo os direitos bolivianos sobre a região. Em 14 de julho de 1899 (data escolhida propositalmente por se tratar do aniversário da Queda da Bastilha, evento que marcou o início da Revolução Francesa), foi criado o Estado Independente do Acre, com capital na Cidade do Acre (como passou a ser chamada Puerto Alonso). Luis Galvez foi escolhido, por aclamação, como presidente do novo país, e logo começou a organizar internamente o Acre e a expedir inúmeras correspondências a diversos países da Europa e da América, a fim de obter o reconhecimento internacional. A legislação que Galvez elaborou organizava a existência do novo país em seus diversos aspectos, desde a saúde até a educação, passando pelas forças armadas. Porém, uma parte dessas leis, bastante avançadas para a época, prejudicava os interesses de alguns seringalistas, mas principalmente de aviadores e exportadores de Manaus e Belém. Com o acirramento da oposição, Galvez foi deposto em 28 de dezembro de 1899 pelo seringalista Antônio de Souza Braga, que assumiu a presidência do Acre. Diante das dificuldades encontradas, Braga não conseguiu equilibrar a situação acreana e chamou Galvez para reassumir o cargo em 30 de janeiro de 1900. A partir desses acontecimentos e da enorme polêmica nacional que se tornou a questão acreana, o governo federal mandou para o Acre uma força tarefa da marinha brasileira para destituir Galvez e devolver o Acre ao domínio boliviano, o que aconteceu em 15 de março de 1900, sem nenhuma resistência por parte dos revolucionários. Expedição dos Poetas O governo boliviano reassumiu o controle do Acre ocupando militarmente diversas localidades. O governo do Amazonas, com o firme objetivo de anexar o Acre ao seu estado, financiou uma expedição armada. Porém, a Expedição Floriano Peixoto, como era oficialmente chamada, foi composta por boêmios e profissionais liberais de Manaus, sem nenhuma experiência militar. O combate entre a Expedição dos Poetas – nome mais popular da iniciativa – e o exército boliviano aconteceu em 29 de dezembro de 1900, em Puerto Alonso, com a derrota dos poetas. Os boêmios voltaram corridos para Manaus. O Bolivian Syndicate Finalmente, depois de tantos boatos e denúncias, em 11 de julho de 1901 foi assinado pela Bolívia o contrato de arrendamento do Acre com um sindicato formado por capitalistas norte-americanos e ingleses. Logo depois chegou ao Acre D. Lino Romero, autoridade boliviana encarregada de preparar o Acre para o estabelecimento do Bolivian Syndicate, que estava previsto para ser instalado em 02 de abril de 1902. Essa notícia repercutiu como uma bomba junto à opinião pública e aos meios políticos nacionais. O Bolivian Syndicate representava uma ameaça concreta e grave à soberania brasileira sobre a Amazônia. Isso forçou o governo federal a finalmente se posicionar na questão acreana, impedindo a efetiva instalação dessa Companhia Comercial. A manobra impediu que o imperialismo norte-americano assumisse o controle territorial (e militar inclusive) de uma das regiões mais ricas da Amazônia. Revolução Acreana Diante dos fracassos anteriores e da indecisão do governo federal, os seringalistas, insatisfeitos com a dominação boliviana e temerosos das conseqüências do Bolivian Syndicate, articularam uma nova revolta. Outra vez receberam financiamento do governo do Amazonas, para cujo comando foi convidado um homem com experiência militar. Plácido de Castro, ao assumir a revolução preparou um exército de seringueiros (embora os oficiais fossem todos seringalistas) e começou a luta em 6 de agosto de 1902, em Xapuri. A guerra entre o exército acreano e as forças regulares bolivianas foi dura e passou por momentos sangrentos, durando até 24 de janeiro de 1903, quando foi tomada Puerto Alonso, transformada então em Porto Acre. Mais uma vez foi declarado o Estado Independente do Acre, embora o objetivo final dos acreanos continuasse sendo obter a anexação do Acre ao Brasil. Tratado de Petrópolis A mudança na presidência brasileira foi marcada por uma nova postura do governo brasileiro em relação ao Acre. Enquanto Campos Sales (1898/1902) não quis envolver a problemática república brasileira na questão acreana, o novo Presidente Rodrigues Alves (1902/1906) estabeleceu uma política oposta. Rio Branco, nomeado ministro das Relações Exteriores, iniciou as negociações com a Bolívia. As questões foram resolvidas com o estabelecimento do Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903. Com isso o Acre passou a fazer parte do Brasil, restando ainda o problema com o Peru, que só seria definitivamente resolvido em 8 de setembro de 1909, com a assinatura do Tratado do Rio de Janeiro. ESTADO : ACRE Capital: Rio Branco, concentra 47,34% do total da população do Estado. Área: 153.149,9 Km2, representando 3,18% da Amazônia Brasileira. Criação: o Acre, área litigiosa até o início deste século, definiu-se com a conclusão das negociações em torno de seus limites com a Bolívia, em 1903, e com o Peru, em 1912, sendo anexado definitivamente ao Brasil. Desde então, passou à Unidade da Federação Brasileira com o status político-administrativo de Território Federal, tendo sido elevado à condição de Estado através da Lei Nº 4.070, de 15.06.1962. População: 483.489 habitantes (Contagem da População 1996 - Dados Preliminares - IBGE). Densidade demográfica : 3,16 hab./km2. Crescimento populacional : No período de 1960 a 1996, a população do estado do Acre cresceu de 157.970 para 483.489 habitantes, representando um crescimento de 206% em 26 anos. Só na década 1980/90, a taxa de crescimento foi de 38,32%. Limites NORTE: Estado do AmazonasLESTE: Estado de Rondônia e a República da BolíviaSUL: República da Bolívia e República do PeruOESTE: República do Peru A linha de fronteira internacional é de 2.183 Km, divididas ao sul e a leste com a Bolívia (618 Km); e ao sul e a oeste, com o Peru (1.565 Km). O Acre é a unidade da Federação mais próxima do Oceano Pacífico, distante aproximadamente 800 Km em linha reta; e cerca de 1.200 Km, por via rodoviária, estrada já aberta e implantada. O site Jornal Piracema agradece ao Senador Tião Viana pela autorização da reprodução da História do Acre, fonte de pesquisa para quem quer realmente conhecer a origem deste povo que lutou para ser brasileiro, bem retratado na minissérie da acreana Glória Perez, "Amazônia - De Galvez a Chico Mendes" Fonte e Dados: Assessoria do Senador Tião Viana, autorizado sua reprodução através de sua assessoria de Comunicação, dia 8/2/2007.

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