A mudança do partido em relação à proposta de gratuidade nos transportes é reflexo da mudança do próprio PT
A solução pensada antigamente era retirar a responsabilidade do custeio dos ônibus municipais do usuário direto e passá-la ao contribuinte, como ocorre com os demais serviços públicos, como saúde, educação e segurança pública.
Para isso, seria criado um Fundo de Transportes, com recursos advindos de um aumento progressivo no Imposto predial territorial urbano (IPTU), numa lógica de que “quem tem mais paga mais, quem tem menos paga menos, quem não tem não paga”.
MAS O PT quando PASSOU A SER GOVERNO. Abandonou a LUTA! Preferiu ficar do lado dos EMPRESÁRIOS que sustentam e financiam SUAS CAMPANHAS.
Em 2006, militantes do Movimento do Passe Livre interpelam o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento em Aracaju (SE). Ao que Lula responde: “A idade é boa por isso. Quando a gente chega a ter 60 anos de idade, atinge a maturidade. Quando governa o Brasil, a gente tem seriedade. A gente não pode ficar entendendo que pode chegar um grupinho de pessoas e falar: ‘eu quero cinema de graça, eu quero teatro de graça, eu quero ônibus de graça’. Eu também quero tudo de graça, mas nós temos de trabalhar.” (Folha de S. Paulo, 16/03/06).
Estava ali explícita a ideologia do novo PT, orgulhoso de sua “nova classe média”: a do abandono da luta pela universalização do acesso aos serviços públicos para todos os cidadãos, substituída pela busca por uma ampliação do acesso a serviços privados para aqueles consumidores que possam pagar por isso.
É o que identificou o economista e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, em seu livro “Nova classe média?”. O candidato petista derrotado à prefeitura de Campinas (SP) escreveu em 2012:
“O adicional de ocupados na base da pirâmide social reforçou o contingente da classe trabalhadora, equivocadamente identificada como uma nova classe média. Talvez não seja bem um mero equívoco conceitual, mas expressão da disputa que se instala em torno da concepção e condução das políticas públicas atuais. A interpretação de classe média (nova) resulta, em consequência, no apelo à reorientação das políticas públicas para a perspectiva fundamentalmente mercantil. Ou seja, o fortalecimento dos planos privados de saúde, educação, assistência e previdência, entre outros.”
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