APRESENTAÇÃO (Jorge Kalume)
“O ideal de autonomista sempre esteve latente nos habitantes do Acre, desde a sua primeira insurreição em 19 de maio de 1899, quando da efêmera República do Acre, proclamada pelo espanhol Luiz Galvez, em Puerto Alonso, atual Porto Acre”.
“Essa luta continuou num ritmo cada vez mais acentuado até o movimento armado de 1902, sob a chefia do gaúcho Plácido de Castro, que também objetivou o Estado Independente, proclamado em 1902 no povoado de Xapuri, que mais tarde, em 1905, ganhou foro de cidade” p. 7.
“No Congresso Nacional, várias vozes se levantaram em favor da autonomia do Acre, após a sua integração ao Brasil pelo Tratado de Petrópolis de 1903, como as dos Deputados Francisco de Sá, Germano Hasslocher, Pedro Moacir, Álvaro Carvalho, Justiniano Serpa e Barbosa Lima”.
- Também o Partido Autonomista do Acre, em Cruzeiro do Sul, nos idos de 1910, “representado por Francisco Freire de Carvalho, Luiz Macário Pereira Lago, Mâncio Agostinho Rodrigues de Lima, Absolon de Souza Moreira, João Bussons, Ernesto Almeida, Craveiro Costa, Bráulito Firmo de Moura, Manoel Ramalho...” p. 7.
- O livro é uma coletânea de artigos publicados nos Jornais de Belém durante os anos de 1910.
- Belém era a metrópole da Amazônia.
- O autor nasceu no Rio Grande do Norte, no entanto, residiu muito tempo no Pará.
“Familiarizado com temas de natureza política, foi sensível aos anelos de um povo que soube se impor pelo seu heroísmo” p. 9.
- Igualmente a Francisco Mangabeira, Augusto Meira escreveu um Hino Acreano. Foi Deputado Federal e Senador pelo Estado do Pará.
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PREFÁCIO (24.11.1913)
- A notícia da revolta pela autonomia chegou ao Pará em junho de 1910. Diante disso, cogitou sobre que atitude o Governo Federal tomaria.
- O autor foi a favor do levante e publicou vários artigos a fim de mobilizar a opinião pública.
“O Acre foi um alastramento para o ocidente da nossa nacionalidade” p. 17.
- É a favor da expansão “da nossa raça no mundo”.
“A heroicidade daquela gente, só auxiliada pelo vigor dos exploradores valentes que já de há muito se haviam ali estabelecido” p. 18.
“E foi esse povo, moribundo e exausto, em grande parte caindo pelos caminhos, humilhado e engrandecido pelo descaso, que foi erguer com sua paciência, com a sua constância, com a sua tenacidade e com o seu brio, um dos mais altos padrões de glória de nossa nacionalidade” p. 18.
“os patriotas revolucionários” p. 19.
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CAP. 1 – Autonomia Acreana (p. 21).
“Ninguém de certo contestará que houve por parte dos acreanos um ato intempestivo no ultimo movimento ali realizada em prol da autonomia daquele território” p. 21.
“A idéia da autonomia do Acre era vencedora no país inteiro” p. 21.
“Nobre e altaneiro povo” p. 21.
“Sim, ardor patriótico, afirmamos, porque estamos bem longe de admitir que a atitude assumida seja uma questão interior, tão somente de vantagens pessoais mais ou menos inconfessáveis. Seria INJUSTO pensar assim ante o movimento de agora, como injusto fora admiti-lo quando atitude semelhante empolgou aquele povo ao tempo de nossa liquidação de fronteiras com a Bolívia. O povo é o mesmo, os motivos são os mesmos, cada qual acorde com uma situação determinada” p. 21.
“Ali foi a nobre altivez de NOSSA RAÇA [...] que repeliu nobremente o domínio estrangeiro” p. 22.
“Certo, ao lado das MAIS ALTAS E NOBRES ASPIRAÇÕES é possível, admissível talvez, a existência de ambições pessoais” p. 22.
“A revolta do Acre não é um fenômeno de ordem patológica, mas inteiramente fisiológica” p. 23.
“Sem pormos em dúvida absoluta a vitoria do Governo Federal numa luta armada, tudo isso seria um desastre, repetimos, e em pura perda: mesmo vencido o Acre será autônomo, a não ser que arrasem todas as vidas e restabeleçam o deserto. Ainda assim, ficaria a autonomia da solidão” p. 23.
“Para evitar grandes males locais e nacionais cumpre ao governo tão somente apropriar-se do movimento para poder bem encaminhá-lo e tudo resolver com brevidade possível” p. 24.
“Desde já saudamos a nova estrela do nosso pavilhão nacional, nele engastada pela valorosa heroicidade de nossos irmãos ali, para todo sempre vitoriosos” p. 24. (21\06\1910).
CAP. 2 - Movimento que se acentua (p. 25).
“Em Fortaleza, no Ceará, em 1878, sob o Império, mais de 50.000 pessoas morreram de miséria. Em 1900, sob a República, o Sr. Campos Sales limitou-se a dar passagens, aliando-se a fome que devastava norte, promovendo o transporte em massa para a Amazônia” p. 26.
“Em 1878, somente de Fortaleza partiram 54.000 pessoas... Assim, se alguns bandidos procuram o Acre, igualmente o procuram famílias inteiras, velhas e crenças, homens e mulheres, gente toda essa rigorosamente honesta, acostumada à dureza rude de uma vida de trabalhos e canseira, nos escampos sertões de onde um dia se abalançaram” p. 27.
“Tudo isso não foi uma obra de BANDIDOS, mas o resultado de uma ação continua de trabalho latente, de abnegação heróica, de paciente esforço de longos anos” p. 28.
“O território é vastíssimo, copiosamente rico; habita-o, população laboriosa e avultada; falta-lhe, apenas, organização jurídica regular capaz de torná-lo apto a lançar-se no caminho seguro dos empreendimentos necessários à sua grandeza” p. 29.
“O lema do seu patriotismo não será o romântico morrer pela pátria, mas viver por ela [...] O seu patriotismo é um crescendo de individualidade, de temperamento que transborda uma exaltação nobre do próprio egoísmo” p. 30.
“A segurança e progresso daquela região impõem que, pela própria autonomia, ao lado do Governo Federal, por eles se interessem e velem os que ali se colocarem na dianteira dos negócios locais” p. 31.
“Confiamos que os homens que se lançaram à realização do patriótico estão em condições de o levarem a efeito” p. 32. (25.06.1910).
CAP. III – Horizontes que se definem.
“Está proclamada a autonomia do Acre. Os chefes do movimento lançaram um manifesto à Nação. Nesse documento são expostos com clareza, os motivos principais de sua iniciativa. As autoridades federais foram depostas e substituídas por outras” p. 33.
“O que vai fazer o Governo Federal? O problema é sério, a situação é grave [...] O espírito público está em expectativa na encruzilhada dos acontecimentos” p. 33.
“O povo não se limitou a conquistar: trabalhou, domesticou, venceu, fecundou, sangrou, dolorosamente com os seus restos, pondo em prova flagrante a sua virilidade bravia” p. 35.
- Ao todo foi pago como indenização à Bolívia 32.000.000 $, além de 2.366.000 ao Bolíviam Syndicate. “Para o pagamento de tudo isso o Brasil entrou tão somente com o produto da própria região, a qual entre 105 a 1909 produziu rendas no valor de 58.000.000, o que significa havermos já colhido um saldo de 23.000:000$” p. 35.
“Um povo, que é capaz desse prodígio e um povo de cerca de 180.000 almas, dos muitos milhares evanescentes que para ali se arrojaram, à revelia dos poderes públicos” p. 36.
“E se o Acre é brasileiro é por que os acreanos são brasileiros e o alto patriotismo deles quer que eles sejam brasileiros” p. 36.
“Deram as mãos para ajudar a levar a efeito uma das obras mais meritórias de nossa vida política nos últimos tempos” p. 36.
- A elevação do Acre a categoria de Estado poderia vir simplesmente com o reconhecimento e ratificação da constituição elaborada por eles. Mas a elevação pode vir antes da constituição.
“O governo federal cobra impostos não votados pelas populações tributadas [...] e quando pela primeira vez deu ao território uma organização embrionária, não cuidou, como devia, das suas necessidades” p. 37.
- Considera que a apatia em relação ao Acre era resquício da política do Brasil Império.
- Cita o caso da cisplatina.
“Note-se que os acreanos são leais e são brasileiros, são patriotas e nada querem que ultrapasse as normas constitucionais de nossa federação. Povo incontestavelmente válido e operoso [...] quer o seu direito e o quer em benefício coletivo partilhando sobejamente, generosamente com a União Nacional” p. 39.
- Diz que liberdade seduziu o povo acreano à autonomia. Os acreanos precisavam ser ALFORRIADOS.
28.06.1910
CAP. IV – Precisamente o dobro (p. 41).
- Cita uma matéria escrita por um dos redatores do Jornal O Pais e publicado no Pará no dia 2 do corrente. Fala que o dito redator entrevistou “um oficial brasileiro acerca da autonomia do Acre, o mesmo disse o seguinte: “A revolução que operou o movimento autonomista da feracíssima região acreana é o produto da ambição de aventureiros obcecados pela riqueza fabulosa da longínqua zona e que lhes excita o apetite” p. 41.
- O autor comenta a entrevista: “No seu parecer, a REVOLUÇÃO ACREANA é filha de apetites inconfessáveis de aventureiros obcecados e, sendo assim, o Governo Federal deve, sem mais reflexão, mandar 200 homens para sufocar o movimento pela força” p. 41.
- Foi publicado em GAZETA DE NOTÍCIAS no Rio em 14 de maio de 1910 que entre as primeiras medidas dos autonomistas estão: proibição da saída da borracha até a confirmação da autonomia (o mesmo que tentou fazer Galvez), redução de 20 para 15 % os impostos cobrados nas Praças de Belém e Manaus para a exportação da borracha.
- O autor diz: “Por muito graves que essas medidas sejam, todas elas têm um fim de ordem e organização interna e em nenhuma delas vislumbramos indícios de ganância e apetites interiores” p. 42.
“Eis aí. Vê-se claramente e é fato sabido que os acreanos agem em virtude de motivos nobres [...] Não passa de uma falsa investida estar a atribuir ao POVO ACREANO o estímulo de instintos inferiores. A sua causa é a simpatia e funda-se em princípios de justiça” p. 43.
- O presidente dizia que estava disposta a atender os anseios acreanos, mas para isso era preciso que se depusessem as armas.
“O movimento considerado em bloco, funda-se em razões superiores que o dignificam” p. 43.
- Dizem que o Governo Federal para conter o movimento bastaria deslocar 200 soldados para o local.
- O juiz de direito do Alto Juruá telegrafou ao ministro da justiça e disse “o movimento só poderá ser sufocado por grande contingente de forças” p. 45.
“Dizer que o governo federal deve mandar 200 homens para fazer compressão nos traz à lembrança os 100 homens que foram mandados para subjugar Canudos” p. 44.
“O entrevistado é de opinião que o governo do Acre deveria ser entregue a militares” p. 47.
05\jul\1910.
CAP. V – Libello Inepto (p. 49)
- Um dos argumentos do Governo Federal era o baixo índice populacional do Acre.
“A sua produção foi em 1905 de 9.000.000 Kg de borracha” p. 51.
“Diz-se que no Acre o movimento autonomista não domina a unanimidade da população” p. 53.
“Dizer que o Acre não pode ter autonomia porque não tem lavoura é o mesmo que dizer que São Paulo deveria não tê-la porque não tem borracha” p. 55.
- Ele comenta várias desculpas dadas pelo Governo Federal para não conceder a autonomia. 11\jul\1913.
“Rio Branco era um semi-deus, como os sonhou e esculpiu o gênio incomparável dos Gregos” p. 62.
ANEXO:
NOTAS BIOGRÁFICAS (Octávio Meira)
- José Augusto Meira Dantas nasceu em 11 de dezembro de 1873. Seu avô foi presidente das províncias do Pará e do Rio Grande do Norte. Seu avô por arte de mãe foi major, latifundiário, dono de vastos engenhos de açúcar e gado.
- Foi delegado de polícia no Rio de Janeiro. No Pará foi promotor público. Sua esposa era filha do comerciante de maior expressão da aristocracia rural. P. 70.
- Viajou a Europa quase toda.
- Se tornou professor de Direito na Universidade do Pará. Foi várias vezes deputado. Por fim senador.
- Foi opositor de João Goulard. Faleceu em 21 março de 1964 aos 90 anos.
CENTENÁRIO DE AUGUSTO MEIRA (Silvio Meira, p. 87)
Um comentário:
Edu e Egina,
aproveito o momento para expressar o meus mais sinceros votos de uma santa e abençoada páscoa a vocês e família.
Com o respeito e admiração de sempre,
Isaac Melo
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