No presente estudo, concentramo-nos em analisar o livro A Ilha da Consciência (AIC), do escritor Sílvio Martinello, em razão de ser esta uma obra complexa e inovadora no âmbito da literatura de expressão acriana, tendo suscitado diversos debates no meio acadêmico. O texto de AIC, constitui-se em capítulos que podem ser lidos autonomamente e recontam a história do Acre por meio de um viés irônico, crítico, às vezes paródico e carnavalizado, permitindo o debate sobre temas fundamentais dessa história e opondo-se à visão oficial dessa mesma história. A filiação à história demonstra uma preocupação com o sentido da terra, a defesa dos excluídos e a busca de identidade(s), engendrando um discurso identitário que se opõe ao discurso identitário divulgado pelo Governo do Estado do Acre. Além disso, os procedimentos utilizados na escrita de AIC são uma inovação no âmbito da literatura local e são notadamente hauridos de Márcio Souza, especialmente do livro Galvez, Imperador do Acre. Devido a isso, no trabalho, utilizamos como à metodologia capaz de encontrar as chaves de leitura de AIC os estudos de Bakhtin (1981; 1987) sobre a paródia e a carnavalização, bem como estudos de Linda Hutcheon, Beth Brait, Bergson, Afonso Romano de Sant'Anna, aos quais foram acrescidas algumas poucas outras contribuições. A pesquisa foi bibliográfica, partindo sempre de premissas gerais para chegar a conclusões particulares. Com esse arcabouço metodológico e teórico, o primeiro passo da pesquisa para acessar à escrita de A Ilha da Consciência, foi buscar o significado de uma ilha como metáfora, para, depois, buscar seu simbolismo e diagnosticar uma trajetória discursiva sobre o tema da Ilha da Consciência na literatura de expressão amazônica e acriana. Em seguida, procuramos debater um dos aspectos mais complexos da obra, qual seja, sua classificação quanto ao gênero, utilizando as lições de estudiosos e críticos da literatura como Antoine Compagnon (2001; 2009), Eagleteon (2001), Iser (1996), etc, procurando identificar os elos de ligação da tecitura textual. Dessa forma, após um longo percurso, chegamos a algumas conclusões a respeito de A Ilha da Consciência, entre as quais, que o viés irônico permite tanto dizer que o próprio Acre é a Ilha da Consciência quanto permite a urdidura textual e a utilização da mistura de tempos, a existência de vários narradores, a atualização dos fatos históricos, etc
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