sábado, 23 de outubro de 2010

BRAUDEL. A Longa Duração (Resumo)


BRAUDEL, Fernand. A Longa Duração

“Há uma crise geral das ciências do homem: todas elas se encontram esmagadas pelos seus próprios progressos” p. 7
“Preocupa-se hoje mais do que ontem em definir os seus objetivos, métodos e superioridades” p. 8.
- As ciências humanas têm se preocupado em captar o social em sua totalidade, daí a interdisciplinaridade.
“Mas quem é que está preparado para transpor fronteiras e prestar-se a reagrupamentos, no momento em que a geografia e a história se encontram à beira do divórcio?” p. 8.
- O desejo de se firmar conduz a negação do outro. “Negar o próximo, pressupõe conhecê-lo previamente” p. 8.
“Sem terem explícita vontade disso, as ciências sociais impõem-se umas às outras: cada pretende captar o social na sua TOTALIDADE; cada uma delas se intromete no terreno das suas vizinhas, na crença de permanecer no próprio” p. 9.
“A história – talvez a menos estruturada das ciências do homem – aceita todas as lições que lhe oferece a sua múltipla vizinhança e esforça-se por repercuti-las” p. 9.
- Duração social: tempos múltiplos e contraditórios da vida dos homens que são não só substâncias do passado, mas também a matéria da vida social atual. Dialética da duração.
“Para nós, nada há mais importante, no centro da realidade social do que esta viva e íntima oposição, infinitamente repetida, entre o instante e o tempo lento do decorrer” p. 10.
- A pluralidade do tempo social requer uma metodologia comum às ciências do homem.
- A história tem a oferecer às outras disciplinas “uma noção cada vez mais precisa da multiplicidade do tempo e do valor excepcional do tempo longo” p.11.
- A história tem muitos semblantes.
“Todo o trabalho histórico decompõe o tempo passado e escolhe as suas realidades cronológicas, segundo preferências e exclusões mais ou menos conscientes” p. 11.
“A história tradicional atenta o tempo breve, ao indivíduo e ao acontecimento, habituou-se desde há muito a sua narração precipitada, dramática, de pouco fôlego” p. 12.
“A nossa discussão se dirige de um pólo para outro do tempo, do instantâneo para a longa duração” p. 12.
- O ACONTECIMENTO se encerra na CURTA DURAÇÃO.
- EPISÓDIO: tempo breve, vida cotidiana.
“É evidente que existe um tempo breve de todas as formas da vida” p. 14.
“O passado é, pois, constituído, numa primeira apreensão, por esta massa de pequenos fatos, uns resplandecentes, outros obscuros e idenfinidamente repetidos [...] mas essa massa não constitui toda a realidade, toda a espessura da história, sobre a qual a reflexão científica pode trabalhar à vontade” 14.
“A ciência social tem quase o horror do acontecimento. Não sem razão: o tempo breve é a mais caprichosa, a mais enganadora das durações” p. 14.
- A história política se confunde com a história dos acontecimentos.

“O acontecimento é explosivo, ruidoso. Faz tanto fumo que enche a consciência dos acontecimentos; mas dura um momento apenas, apenas se vê a sua chama” p. 12.
- O acontecimento é testemunha de algo mais profundo.
“A crônica ou o jornal oferecem, junto com os grandes acontecimentos chamados históricos, os medíocres acidentes da vida ordinária: um incêndio, uma catástrofe ferroviária, o preço do trigo, um crime, uma representação teatral, uma inundação” p. 14.
“A história destes últimos cem anos, centrada no seu conjunto sobre o drama dos grandes acontecimentos, trabalhou no e sobre o tempo breve” p. 15.
- A ruptura que o século XX fez foi com a história política e não com a Curta Duração.
“Um dia, um ano, podiam parecer medidas corretas a um historiador político de ontem. O tempo não passava de uma soma de dias” p. 17.
- A progressão demográfica exige medida muito mais ampla. Narrar a conjuntura requer tempo longo.
- ESTRUTURA: “boa ou má, é ela que domina os problemas da longa duração” p. 21.
“Os observadores do social entendem por estrutura uma organização, uma coerência, relações suficientemente fixas entre realidades e massas sociais. Para nós, historiadores, uma ESTRUTURA é, indubitavelmente, um agrupamento, uma arquitetura; mais ainda, uma realidade que o tempo demora imenso a desgastar e a transportar” p. 21.
“Por um paradoxo apenas aparente, a dificuldade reside em descobrir a longa duração num terreno onde a investigação histórica acaba de obter êxitos inegáveis: o econômico. Ciclos, inter-ciclos e crises estruturais encobrem aqui as regularidade e as permanências de sistemas” p. 24.
“Entre os diferentes tempos da história, a longa duração apresentou-se, pois, como um personagem embaraçoso, complexo, freqüentemente inédito... aceitá-la equivale a prestar-se a uma mudança de estilo... equivale a familiarizar-se com um tempo travado, às vezes mesmo, no limite do móvel” p. 26.
“A totalidade da história pode, em todo o caso, ser reposta como a partir de uma infraestrutura em relação a estas camadas de história lenta. Todos os níveis, todos os milhares de fragmentos do tempo se compreendem a partir desta profundidade, desta semi-imobilidade, tudo gravita em torno dela” p. 27.
Todos os ofícios das ciências sociais se transformam incessantemente, devido aos seus próprios movimentos e ao dinâmico movimento de conjunto” p. 27.
Para mim, a história é a soma de todas as histórias possíveis: uma coleção de ofícios e de pontos de vista, de ontem, de hoje e de amanhã. O único erro, a meu ver, residiria em escolher uma destas histórias desprezando as restantes” p. 27.
O historiador pretendeu preocupar-se com todas as ciências do homem [...] Todas as ciências do homem, incluindo a história, estão contaminadas umas pelas outras” p. 28.
“O historiador demonstra uma facilidade excessiva em desentranhar o essencial de uma época passada” p. 32.
“O inquiridor do tempo presente só alcança as finas tramas das estruturas” p. 33.
“O presente e o passado esclarecem-se mutuamente, com uma luz recíproca” p. 34.
- Os historiadores não são observadores das sucessões de fatos.
“A história não é, a sua maneira, a explicação do social em toda a sua realidade e, portanto, também do atual?”.
- TEMPO BREVE: “não acreditar que só os setores que fazem ruídos são os mais autênticos”. “Nenhum estudo social escapa ao tempo histórico” p. 37.
“A história forjou a ilusão de que tudo podia ser deduzido dos acontecimentos” p. 39.
“Quanto a mim, a investigação deve fazer-se, indo continuamente da realidade social ao modelo, e deste àquele [...] deste modo, o modelo é sucessivamente ensaio de explicação da estrutura”.
“Rejeitar os acontecimentos e o tempo dos acontecimentos equivalia a pôr-se à margem, à defesa, para observá-los com certa perspectiva, para melhor os julgar e não acreditar demasiado neles” p. 59.
- O tempo em história é arbitrário. Não é exterior ao homem.
“O tempo social é, sensivelmente, uma dimensão particular de uma determinada realidade social que eu contemplo. Este tempo, interior a esta realidade”
“O tempo dos sociólogos não pode ser o nosso; a estrutura profunda no nosso ofício rejeita-o” p. 61.
“Todas estas coisas só se podem registrar em relação ao tempo uniforme dos historiadores, medida geral destes fenômenos e não em relação ao tempo social multiforme, medida particular de cada um deles” p. 62.
“Se a história está obrigada por natureza a prestar uma atenção privilegiada à duração, a todos os movimentos em que esta se pode decompor, a longa duração parece-nos, desta convulsão, a linha mais útil para uma observação e uma reflexão comuns às ciências sociais” p. 65.
- Deve-se partir dos acontecimentos para as estruturas.
“O marxismo é um mundo de modelos”. Modelos esses inspirados na Longa Duração.
- No entanto, o modelo tornou-se Lei, aplicável em todos os lugares.
- Sartre foi um crítico dos modelos.
“O marxismo atual me parece ser a imagem própria do perigo que ronda toda a ciência social, enamorada do modelo em bruto, do modelo pelo modelo” p. 67.
- A Longa Duração é apenas uma possibilidade, existem outras.


Um comentário:

Unknown disse...

HOJE SALVEI MEU TRABALHO DE HISTORIA DA EDUCAÇÃO. OBRIGADA.