sexta-feira, 21 de junho de 2013

Resumo do livro. Arthur Ferreira Reis. Amazônia e a Cobiça Internacional.

Arthur Ferreira Reis. Amazônia e a Cobiça Internacional.                                       5º Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982, p. 213.

Por Eduardo Carneiro 

- O autor foi governador do Amazonas.
“Se continuar a ausência criminosa do poder público, poderemos acordar com o extremo norte sob o domínio de estranhos”.
“A afirmação de que as soberanias nacionais devem ceder aos interesses da humanidade, quando essas soberanias se revelarem incapazes de exercer os atos de progresso e segurança”.
“É preciso fazer um inventário sobre o valor da Amazônia”.

CAP.1 – Mundo Tropical e Empório de Matérias-Primas (p. 13).
- A economia da Amazônia é uma economia realizada sob práticas primárias, marcada fundamentalmente, pela extração de produtos florestais. As sociedades amazônicas foram estruturadas em função da atividade extrativa. A conquista da região efetuou-se por motivos econômicos.
- Mata espessa e semi-aquática, terreno submetido a um regime fluvial, alto volume d’água que arrasta as plantações, falta de mão-de-obra foram barreiras para a agricultura na região.
- Os portugueses para lançar fora os concorrentes, penetraram a Amazônia em todas as direções. Os estrangeiros não estavam servindo a objetivos científicos ou espirituais como alegavam, mas à cobiça mercantil.
- Especiarias amazônidas que viraram negócios: cacau, salsa, puxuri, bálsamo de umari, cravo, baunilha, canela, breu, resinas e sementes oleaginosas, quina, salsaparrilha, urucu e madeiras. Com a descoberta econômica da borracha, a floresta sofreu uma ofensiva em grande escala, muito mais que a do período colonial. Tosos os rios, onde os seringais eram descobertos, foram tendo as suas margens ocupadas.
- O Acre foi resultado, como espaço brasileiro, do esforço dessa penetração. Ninguém sabia por onde corriam as linhas de limites, não se haviam ainda fixado pelas demarcações.
- A história do processo econômico da Amazônia brasileira tem sido representada pelos altos e baixos da procura dos produtos florestais e animais da região, procura essa efetuada pelo mercado externo.
- Quanto à floresta, constitui a maior extensão contínua de toda a terra. A riqueza da flora é superior ao da fauna. Não tem animais de alto porte, no entanto, é rica em pássaros, peixes e mosquitos.
- O interesse dos países imperialistas pelas riquezas amazônicas não é de hoje, mas remonta o próprio descobrimento da região pelos espanhóis.
- A História Econômica da Região Amazônica é escrita em função da demanda externa pelos produtos florestais e animais da região.
- A corrida dos países industrializados pelas fontes de matérias-primas fez dessa região um alvo constante do capital internacional.
“A economia da Amazônia é uma economia realizada sob práticas primárias, marcada fundamentalmente pela extração de produtos florestais”
“As sociedades amazônicas foram estruturados em função da atividade extrativa”.
“A conquista da região efetuou-se por motivos econômicos [...] o que os movia a tal atividade era a cobiça mercantil” (p. 17, 18). Vivia-se o “grande ciclo econômico do mercantilismo”.
- Dificuldades na agricultura por conta da mata espessa e semi-aquática. Terreno submetido a um regime fluvial; o volume de águas que arrasta as plantações. Falta de mão-de-obra que superasse as barreiras.
“O Acre foi resultado, como espaço físico brasileiro, do esforço quase guerrilheiro”.
- Amazônia representa dois quintos do território sul-americano: Bolívia, peru, equador, Colômbia e venezuela. Cerca de 6,5 milhões km.
- Ingleses e Holandeses procuraram fazer a exploração mercantil das espécies vegetais  e animais que puderam tornar nos mercados da Europa, interessantes e cobiçados.
- Os portugueses para lançar fora os concorrentes, penetraram a Amazônia em todas as direções.
 - Toda a operação expansionista, para alcançar novas terras e desvendar oceanos, ligava-se, fundamentalmente, a esse estado de espírito, que era um material evidente, sobreposto às preocupações espirituais, como nas cruzadas. Espírito esse que também pode ser encontrado na grandiosa empresa descobridora e colonial, mas não teve igual vigor, a mesma intensidade como explicação do movimento de expansão de criação do novo mundo colonial.
- Especiarias amazônicas que viraram negócios: cacau, salsa, bálsamo, cravo, baunilha, canela, sementes oleaginosas, quina, urucu, marajuru, madeiras, etc.
- O Comércio explicou a permanência do luso-brasileiro na região, sua adaptação e mestiçagem.
- Durante o comércio do látex, “a floresta sofreu, então, uma ofensiva em grande escala, muito mais que a do período colonial” (p. 19). Todos os rios onde se encontrou seringueira tiveram suas margens ocupadas.
“O Acre foi resultado enquanto esforço físico brasileiro, do esforço dessa penetração” (p. 20)  em busca das seringueiras.
“Quando as autoridades da Bolívia e do Peru procuraram nos vales dos rios Purus, Acre e Juruá, executarem os atos de soberania que lhes pareciam legais, encontraram toda aquela imensa zona de trabalho produtivo ocupado pelas levas de sertanistas brasileiros, vindos pelas águas inequivocadamente brasileiras de acesso fácil à região” p. 20.
- 1870/1914 = a produção de borracha no amazonas atingiu 800.000 toneladas.
“A História do Processo Econômico da Amazônia brasileira tem sido representada pelos latos e baixos da procura dos produtos florestais e animais da região” p. 20.
- Procura essa realizada pelo mercado externo.
- A fronteira política não tem qualquer sentido demográfico, tendo em vista que se configura um deserto.
- O local só é atrativo enquanto possibilidades econômicas.

CAP. 2 – Ingleses, Irlandeses e Holandeses tentaram a primeira surtida (p. 22)
- Foram os espanhóis que propuseram a Amazônia no campo das cogitações, indicando-lhe tanto a existência, QUANTO AS RIQUEZAS.
- No entanto, não foram os espanhóis os primeiros exploradores e sim os ingleses e holandeses.
- Em 1598, os holandeses realizaram a primeira expedição à guiana, no ano seguinte alcançaram o amazonas.
- Os holandeses montam entre os índios uma Casa Forte, quando a serviço da Companhia das Índias Ocidentais em 1630.
- Em 1613, os ingleses pretenderam criar na Amazônia uma base do império britânico.
- A cobiça britânica pela Amazônia não se expressava apenas nas cartas patentes das Companhias organizadas com o capital privado e o ardor de aventureiros, mas pela intervenção (depois de 1613) direta da coroa.
- O Grande Vale é ocupado sob a proteção armada inglesa. (p. 29).
- Houve conflito armado pela região desde o início entre os concorrentes.
- O projeto irlandês, dada a resistência que se lhe fez, nos meios governamentais, não foi adiante, e com ele encerrou-se a primeira fase do interesse batavo-britânico pelas terras e águas da Amazônia.

CAP. 3 – Portugueses e Espanhóis disputam o domínio (p. 33)
- A empresa espiritual dos religiosos espanhóis foi o instrumento usado a fim de recuperar as terras dos portugueses.
- 1740 = o conselho das índias decidiu ordenar a recuperação imediata de todo o imenso espaço de que os luso-brasileiros estavam senhores, no entanto, a ação militar foi programada.
- 1750 = Tratado de Madri,  a Espanha toma conhecimento do que deixou abandonado. O tratado reconhecia a expansão brasileira realizada em nome de Portugal.

CAP. 4 – Os Franceses Participam da Aventura (p. 38)
- Expansão portuguesa amazônica = garantir a posse das especiarias e para servir aos objetivos imperiais que estavam no fundo de toda a empresa descobridora e colonialista.
- Portugal dominava a Amazônia pelo direito de descobrimento e conquista. Os tratados legalizavam o domínio.
- O empossamento da Amazônia não pode ser desligado do plano político da ação direta que Portugal executou nas demais partes do Brasil.
- O apetite capitalista não tem limite, para conseguir inversões lucrativas e expandir o capital, as mortes de milhares de vidas tornam-se uma ocasional necessidade.
- Será necessário saber se os portugueses tiveram realmente um plano para o Brasil ou se toda a ação que desenvolveram foi imediatista, fruto de iniciativa momentânea ou individualista.
- Existia o propósito de formar um império um império lusitano no sul da América.
- Enfrentar o rigor ambiental amazônico, no momento em que começavam a perder a Índia, das especiarias rendosas do grande comércio que impulsionou os descobrimentos, os portugueses imaginaram ter encontrado na riqueza (vegetal e animal) da Amazônia o sucedâneo daquela especiaria.
- A economia que realizaram foi a coleta das Drogas do Sertão que exportavam para Lisboa. A coleta foi base da expansão territorial realizada.
“No tocante à economia, os portugueses imaginando ter encontrado na Amazônia, os sucedâneos para as especiarias que estavam a perder no oriente” (p. 47).
- Os portugueses não enfrentaram a hostilidade dos concorrentes apenas pelas armas, mas no campo diplomático, com evidente sucesso.

CAP. 4 – Os Ingleses Sugerem a Secessão (p. 50)
- Cabanagem = em 1834, Belém foi atacada violentamente em 7 de janeiro. Os cabanos eram caboclos que viviam ao longo dos rios. Cobraram aos portugueses a miséria por que passavam.
- O resultado foi 40 mil mortos. Essa foi a forma como a unidade brasileira foi formada.
- Houve sugestões de que a Amazônia se desligasse do Brasil, tornando-se um estado autônomo sob proteção inglesa e americana.

CAP. 5 – A Navegação do Amazonas (p. 55)
- A Amazônia, no período colonial permanecera fechada aos estrangeiros. “A Amazônia recusava-se a civilizar-se”.
- A Amazônia aparecia no imaginário estrangeiro como um mundo paradisíaco, capaz de trazer felicidade a todo aquele que se dispusesse a instalar-se nela.

CAP. 6 – Expedições Científicas Escondiam Propósitos (p. 79).
“Os portugueses mantinham a Amazônia fechada aos olhares perigosos dos estrangeiros”
- Executavam uma política de isolamento.
- O estudo do meio físico, das possibilidades econômicas regionais, o conhecimento pormenorizado do que valia a colônia poderia despertar o APETITE dos países em expansão.
- As expedições científicas que procuravam o grande vale, seguramente não viriam apenas para servir as exigências ou aos interesses da ciência. Serviriam aos interesses políticos, imperiais dos países que as houvesse expedido. A espionagem era uma constante.
- CHARLES LA CONDAMINE, da academia de Paris, fora despachado ao equador para realizar a medicação do arco do meridiano. Outros cientistas espanhóis o acompanhavam. Atinge a Amazônia, desce o Solimões e chega até Belém. Ele revelaria em paris a utilização econômica do leite das seringueiras.
- No século XIX, desceu para o Brasil cientistas de toda. Era época do Imperialismo.
- Os cientistas serviam aos apetites lucrativos de suas pátrias. Estavam ligados à idéia de superioridade das raças, que teria missão civilizadora. Foram instrumentos de expansão colonialista.
- As expedições científicas que percorriam a Amazônia fizeram um inventário do que a região valia, do que ela tinha de útil, economicamente falando.

CAP. 7 – Os Franceses pretendem o Amapá (p. 89).
Os franceses estabeleceram uma posição militar no Amapá em 1836, penetrando pela fronteira das guianas. A pretensão era incorporar o Pará. O destacamento dos franceses visava a colonização da região.

CAP. 8 – Os ingleses penetram no Rio Branco (p. 99)

CAP. 9 – Viajantes e Sugestões Separatistas (p. 110)
- A Europa atribuiu a ela própria uma missão civilizadora. Isso escondia o apetite desenfreado que tinha às materiais-primas que existiam nos trópicos.
“O porto de Manaus e o de Belém [...] os serviços de luz, bondes, água e esgotos eram atribuídos, por concessão, a Companhias Estrangeiras. O capital para todo esse melhoramento era inglês e norte-americano”.
- Encontrava-se em pleno funcionamento na Amazônia em 1903, seringais que eram movimentados por empresas francesas. O mais sério estava no fato de as chamadas FIRMAS EXPORTADORAS serem na sua quase totalidade ESTRANGEIRAS, e funcionavam como agências bancárias de financiamento da produção gomífera.
- Não se sabe o quanto essas agências estrangeiras INVESTIRAM na Amazônia (p. 115).
“A Amazônia constituía-se em uma fonte que parecia inesgotável de recursos”.
- A economia que nela se realizava era PREDATÓRIA.
“Manaus e Belém cresciam em função de sua ligação com o exterior” (p. 120).
Comia-se, vestia-se e bebia-se do que vinha de fora. As duas cidades adotavam hábitos de cidades européias.
- Parece que os países estrangeiros almejavam conquistas políticas na região, e mais os lucros com a extração das riquezas locais.  Investiam mais em terras orientais, pois nelas desejavam utilizar as terras num empreendimento em longo prazo.
- Deixando de lado o propósito de expansão territorial fora dos limites que já se haviam traçados. OS RISCOS eram grandes, e se as experimentavam é porque alimentavam certa esperança ou uma certeza de êxito que os levasse a preferi-las às terras amazônicas. (????).
“Manaus e Belém crescia em função de sua ligação com o exterior” (p.120).
 “O episódio do arrendamento do Acre ao Bolivian Syndicate é muito expressivo. Ocorreu antes da haveicultura oriental. Nem por isso deixou de significar intenção imperialista” p. 120.
- O sucesso oriental não bastava. “O apetite capitalista não tinha limite”.

CAP. 10 –  O “bolivian Syndicate” e o caso do Acre (p. 122)

- AUTOR diz que a conquista do Acre foi em conseqüência do “rush” da borracha e que a aduana boliviana foi o estopim da guerra. Assim, deixa claro o interesse econômico em todas as estratégias da Revolução Acreana.
 - A Bolívia tinha o tratado de Santo Ildefonso como decisão última sobre as fronteiras.
- A demarcação definida pelo Tratado de Ayacucho (1867)  não se processou imediatamente. Vários problemas surgiram depois. Ver p. 124.
- A Guerra do Pacífico não permitiu a Bolívia proceder a ocupação das terras.
“A expansão brasileira, pelos rios madeira/Purus/acre e Juruá, processara-se com grande velocidade”. O Rush da borracha era o grande motivo dessa velocidade.
- 19 de fevereiro de 1895 = a Bolívia consegue permissão de instalar uma aduana no Acre, justamente no rio onde a atividade brasileira era mais intensa e rendosa.
- A aduana serviu de estopim para os pronunciamentos armados dos brasileiros que se julgavam traídos com a presença das autoridades bolivianos. Queriam permanecer sob a soberania brasileira.
“O espaço amazônico era um espaço tropical de um mundo por explorar” p. 126.
- O boliviano Avelino Aramayo, ligado ao capital internacional, integrado ao espírito do século, de empresas em grande estilo, concebeu um plano para enfrentar a situação. O PLANO seria uma companhia que capitalizasse a energia financeira dos banqueiros  e homens de negócios da Inglaterra, Alemanha e EUA.
- O Bolivian Sindycate seria a força internacional capaz de opor-se aos desejos do Brasil.
“Comerciantes das praças de Belém e Manaus tinham financiado até então todo o negócio do DESCOBRIMENTO DO ACRE, montagem de seringais e extração da borracha” p.  127.
- LER TEXTO (p. 128) do arrendamento.
 “No rush da borracha, o capital estrangeiro correu para a Amazônia e foi investido de mil maneiras” (p. 135).
- Se não se desnacionalizou a região é porque não tiveram tempo. A crise veio rápida.
“Comparecera para os lucros do negócio gomífero, visando unicamente os lucros. Era essa a sua conduta em toda parte. Não seria, seguramente, na Amazônia, uma exceção” p. 136.
- Em 1922, o governador amazonense Rêgo Monteiro tentou um empréstimo externo fazendo concessões ao capital internacional. “Pela primeira vez o distrito federal votou um empréstimo feito por um estado, a soberania estava em perigo” p. 141.

CAP. 11 – A que vinha a Expedição Inglesa?

CAP.12 – O episódio da hiléia (p. 155)

CAP. 13 – A pressão dos interesses universais (p. 169).
- A industrialização do mundo está ligada ao da produção de matérias-primas.
- As matérias-primas eram obtidas antes por conquistas imperialistas – colonialismo.
- Inventou-se os sintéticos, mas a busca pelas matérias-primas continuou.
“Os interesses da humanidade sempre foram alegados por aqueles que pretenderam dominá-la”.

CAP. 14 – O pacto amazônico (p. 197)
Quanto a presença do capital estrangeiro, tendo principiado intensamente no ciclo da borracha em Manaus e Belém, afirmou-se por meio das empresas que financiavam a exploração dos seringais e serviços públicos (luz, telefone, etc). Nos dias atuais esse capital voltou a agir, agora na área da mineração, na atividade madeireira, na atividade pastoril. O mais grave é o desmatamento”.

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mostra que o interesse dos países imperialistas pelas riquezas amazônicas não é de hoje, mas remonta o próprio descobrimento da região pelos espanhóis.
A história econômica da região Amazônica é escrita em função da demanda externa pelos produtos florestais e animais da região. A corrida dos países industrializados pelas fontes de matérias-primas fez dessa região um alvo constante do capital internacional,
“Manaus e Belém crescia em função de sua ligação com o exterior” (p.120).
“No rush da borracha, o capital estrangeiro correu para a Amazônia e foi investido de mil maneiras” (p. 135).
“... a conquista da região efetuou-se por motivos econômicos... não estavam servindo a qualquer objetivo científico ou espiritual ponderante, o que os movia a tal atividade era a cobiça mercantil” (p. 17).

         O Acre é resultado do esforço brasileiro em penetrar a floresta em busca das seringueiras,

“a floresta sofreu, então, uma ofensiva em grande escala, muito mais que a do período colonial” (p. 19).

        
O apetite capitalista não tem limite, para conseguir inversões lucrativas e expandir o capital, as mortes de milhares de vidas tornam-se uma ocasional necessidade.
No capítulo 10 do livro, O “bolivian Syndicate e o caso do Acre”, o AUTOR diz que a conquista do Acre foi em conseqüência do “rush” da borracha e que a aduana boliviana foi o estopim da guerra. Assim, deixa claro o interesse econômico em todas as estratégias da Revolução Acreana.


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