PREFACIO
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INTRODUÇÃO
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1 UMA
SÍNTESE DA HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DO CARGO DE “COORDENADOR PEDAGÓGICO”
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1.1 SÍNTESE DO DEBATE SOBRE A ORIGEM DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
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1.2 O SURGIMENTO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO BRASIL
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1.3 A ORIGEM DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO ACRE
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2 A
IDENTIDADE PROFISSIONAL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
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2.1 O QUE É IDENTIDADE PROFISSIONAL?
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2.2 O COORDENADOR PEDAGÓGICO NA LEGISLAÇÃO FEDERAL
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2.3 O COORDENADOR PEDAGÓGICO NA LEGISLAÇÃO ESTADUAL
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2.4 SÍNTESE DO DEBATE SOBRE A FUNÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
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3
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS NORMATIZAÇÕES LEGAIS E A PRÁTICA COTIDIANA DO
COORDENADOR PEDAGÓGICO
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3.1 A(S) IDENTIDADE(S) PROFISSIONAL (AIS) DO COORDENADOR PEDAGÓGICO DAS
ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO
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3.2 O COORDENADOR PEDAGÓGICO E AS RELAÇÕES DE PODER E DE RESISTÊNCIA NA
COMUNIDADE ESCOLAR RIO-BRANQUENSE
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3.3 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO EM RIO BRANCO
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3.4 O COTIDIANO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO
DE RIO BRANCO
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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domingo, 13 de dezembro de 2015
LIVRO será lançado em janeiro de 2016 - A identidade profissional do coordenador pedagógico nas escolas públicas de Rio Branco - Ac (por Egina Carli Rodrigues)
domingo, 22 de novembro de 2015
O Ocidente escolheu o pior caminho: a guerra (Leonardo Boff)
Seguramente são abomináveis e de todo rejeitáveis os atentados terroristas perpetrados no último dia 13 de novembro em Paris por grupos terroristas de extração islâmica. Tais fatos nefastos não caem do céu. Possuem uma pre-história de raiva, humilhação e desejo de vingança.
Estudos acadêmicos feitos nos USA evidenciaram que as persistentes intervenções militares do Ocidente com sua geopolítica para a região e a fim de garantir o suprimento do sangue do sistema mundial que é o petróleo, rico no Oriente Médio, acrescido ainda pelo fato do apoio irrestrito dado pelos USA ao Estado de Israel com sua notória violência brutal contra os palestinos, constituem a principal motivação do terrorismo islâmico contra o Ocidente e contra os USA (veja a vasta literatura assinalada por Robert Barrowes: Terrorism: Ultimate Weapon of the Global Elite en seu site: War is a Crime.org).
A resposta que o Ocidente tem dado, a começar com George W. Bush, agora retomado vigorosamente por François Hollande e aliados europeus mais a Rússia e os EUA é o caminho da guerra implacável contra o terrorismo seja interno na Europa seja externo contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Mas esse é o pior dos caminhos, como criticou Edgar Morin, pois guerras não se combatem com outras guerras nem o fundamentalismo com outro fundamentalismo (o da cultura ocidental que se presume a melhor do mundo e com o direito de ser imposta a todos). A resposta da guerra que, provavelmente, será interminável pela dificuldade de derrotar o fundamentalismo ou grupos que decidem fazer de seus próprios corpos bombas de alta destruição, insere-se ainda no velho paradigma pré-globalização, paradigma enclausurado nos estados-nações, sem se dar conta de que a história mudou e tornou coletivo o destino da espécie humana e da vida sobre o planeta Terra. O caminho da guerra nunca trouxe paz, no máximo alguma pacificação, deixando um lastro macabro de raiva e de vontade de vindita por parte dos derrotados que nunca, na verdade, serão totalmente vencidos.
O paradigma velho respondia guerra com guerra. O novo, da fase planetária da Terra e da Humanidade, responde com o paradigma da compreensão, da hospitalidade de todos com todos, do diálogo sem barreiras, das trocas sem fronteiras, do ganha-ganha e das alianças entre todos. Caso contrário, ao generalizar as guerras cada vez mais destrutivas, poderemos pôr fim a nossa espécie ou tornar a Casa Comum inabitável.
Quem nos garante que os terroristas atuais não se apropriem de tecnologias sofisticadas e comecem a usar armas químicas e biológicas que, por exemplo,colocadas nos reservatórios de água de uma grande cidade, acabe produzindo um dizimação sem precedentes de vidas humanas? Sabemos que estão se habilitando para montar ataques cibernéticos e telemáticos que podem afetar todo o serviço de energia de uma grande cidade, dos hospitais, das escolas, dos aeroportos e dos serviços públicos. A opção pela guerra pode levar a estes extremos, todos possíveis.
Devemos tomar a sério o que sábios nos alertaram como Eric Hobswbam ao concluir seu conhecido A era dos extremos: o breve século XX (1995:562):”O mundo corre o risco de explosão e implosão; tem que mudar...a alternativa para a mudança é a escuridão”. Ou então do eminente historiador Arnold Toynbee, depois de escrever dez tomos sobre as grandes civilizações históricas, nos vem esta advertência em seu ensaio autobiográfico Experiências (1969:422):” Vivi para ver o fim da história humana tornar-se uma possibilidade intra-histórica, capaz de ser traduzida em fato não por um ato de Deus mas do próprio homem”.
O Ocidente optou pela guerra sem trégua. Mas nunca mais terá paz e viverá cheio de medo e refém de possíveis atentados que são a vingança dos islâmicos. Oxalá não se realize o cenário descrito por Jacques Attali em seu Uma breve história do futuro (2008): guerras regionais cada vez mais destrutivas a ponto de ameaçarem a espécie humana . Aí a humanidade, para sobreviver, pensará numa governança global com uma hiperdemocracia planetária.
O que se impõe, assim nos parece, é o reconhecimento da existência de fato de um Estado Islâmico e em seguida formular uma coligação pluralista de nações e de meios diplomáticos e de paz para criar as condições de um diálogo para pensar o destino comum da Terra e da Humanidade.
Receio que a arrogância típica do Ocidente, com sua visão imperial e ao se julgar em tudo melhor, não acolha esse percurso pacificador mas prefira a guerra. Então torna a ganhar significado a sentença profética de M. Heidegger, conhecida depois de sua morte:” Nur noch ein Gott kann uns retten: então somente um Deus nos poderá salvar”.
Não devemos ingenuamente esperar a intervenção divina, pois o nosso destino está entregue à nossa responsabilidade. Seremos o que decidirmos: uma espécie que preferiu se auto-exterminar a renunciar à sua vontade absurda de poder sobre todos e sobre tudo ou então forjarmos as bases para uma paz perpétua (Kant) que nos conceda viver diferentes e unidos, na mesma Casa Comum.
* articulista do JB online e escritor
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
terça-feira, 13 de outubro de 2015
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
PÉRIPLOS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: UMA LEITURA DE A EPOPÉIA ACREANA, DE FARIAS GAMA
PÉRIPLOS NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: UMA LEITURA DE A EPOPÉIA ACREANA, DE FARIAS GAMA
Profa. Dra. Luciana Marino do Nascimento
(UFAC/UFRJ)[1]
Resumo
A Revolução acreana e extrativismo da borracha se entrelaçam como grande feitos na história da Amazônia, de tal modo que motivaram uma série de escritas literárias e historiográficas acerca do Acre. Há, portanto, variadas epopeias cantadas em prosa e verso, após o longo e complexo processo de anexação do Acre ao Brasil: Epopéia Acreana (1919), de Farias Gama; O fim da epopeia (1924), de Craveiro Costa; A Epopéia do Acre (1964), de Sílvio Meira e A Epopéia acreana (1939), de Freitas Nobre. Pretende-se neste trabalho, ressaltar a importância da Epopéia Acreana, de Freitas Gama, tendo em vista ser esta a primeira obra editorada no Acre, publicada sob a forma de folheto, apresentando 6 cantos e um epílogo.
1 Introdução
Ao falarmos o campo semântico Amazônia, nossas referências tendem a conferir um grau de identidade à região no todo, o que se explica pelo longo processo histórico de estabelecimento, de criação e de “invenção da Amazônia” como processo de percepção e apropriações de imagens acerca dessa região, imagens essas imortalizadas pelos relatos dos viajantes, pela literatura e pela mídia. (GONDIM, 1994, p.9).
Dentro de um quadro de heterogeneidade, que é a Amazônia, a leitura mais profícua que se pode fazer dessa região é pela via literária. É nesse sentido, que podemos compreender os passeios literários como mapas textuais da Amazônia.
2 Epopeia Amazônica
Tradicionalmente, a Epopeia constitui um poema épico, cuja narração se dá em torno de acontecimentos históricos de grande relevância para um povo. O Epos assim como o foi na Antiguidade de Homero ou Virgilio não é passível de realização na nossa contemporaneidade, considerando que o épico de Homero foi composto para ser cantado, conforme postula Staiger (1997, p. 118) : “a poesia épica no sentido homérico não pode se repetir”. Conforme já afirmamos anteriormente, a epopéia de Homero está relacionada à oralidade, como também à sua configuração histórico-cultural, ou seja, Homero produziu sua obra levando em conta fatores necessários a sociedade da sua época, cantou os costumes e as normas vigentes em seu tempo, não podendo estes, serem aplicados à sociedade moderna.
No que tange à questão da Revolução acreana, nota-se na historiografia oficial uma tendência para interpretar a origem desse movimento como manifestação do sentimento antiimperialista de Plácido de Castro e o patriotismo como mola propulsora, que tende a pregar o “direito de ser brasileiro em território boliviano ocupado por brasileiros.” Há todo um passado heróico criado pela historiografia, o que é reforçado pelas epopéias escritas em torno do Acre, sejam elas: O fim da epopéia (1924), de Craveiro Costa; A epopéia do Acre (1964), de Sílvio Meira e A epopéia acreana (1939), de Freitas Nobre.
Vale ressaltar que a questão do Acre, sua demarcação e sua anexação ao Brasil, se insere num contexto internacional, pelo fato do Acre ser o possuidor de uma grande reserva de látex em seus seringais, produto este essencial, à época, para fins de fabricação de pneus. De fato, o território pertencia à Bolívia e não ao Brasil, se tomarmos por base os mais variados tratados e acordos, desde a Bula Papal Intercoetera assinada em 1493, até a cartografia da linhaCunha-Gomes em 1898 (não considerando o Uti Possidetis).(RANZI, 2008, p. 45-48).
A obra A Epopéia acreana, de Farias Gama, tem como temática, a história do Acre, desde a chegada dos nordestinos à sua anexação ao Brasil. Primeira obra publicada no Acre em 1919, sob a forma de folheto de 39 páginas. O libreto representa um achado para o estudo da literatura produzida no Acre, tendo em vista ser obra pioneira, não sendo encontrada no Acre, restando apenas um exemplar na Biblioteca Pública do Amazonas. O único texto sobre A Epopéia Acreana foi publicado no Blog Alma Acreana (almaacreana.blogspot.com). Ressaltamos que não foi possível encontrar dados biográficos acerca do autor.
O poemeto, termo utilizado por Gama, apresenta um esquema único de rimas, constante ao longo do poema, sendo que o primeiro verso rima com o terceiro, o segundo com o quarto, e o quinto com o sexto. Todas as estrofes possuem seis versos. O folheto apresenta-se divido da seguinte forma: Esborço– apresentação geral, na qual o autor traça um panorama histórico da Revolução; Introdução – apresenta a narrativa da ocupação da Amazônia (VIII estrofes); Canto I – apresenta a chegada dos nordestinos no Acre (XI estrofes);Canto II – apresenta a narrativa do confronto entre brasileiros e bolivianos (XII estrofes); Canto III – narrativa acerca dos primeiros combates, a rendição dos acreanos, e depois a retomada (XIII estrofes); Canto IV – narrativa das batalhas mais ferozes e sangrentas (XIII estrofes); Canto V – narrativa dos desdobramentos da Revolta (V estrofes); Canto VI – desfecho final da Revolução e a vitória dos acreanos (XVII estrofes); Epílogo – cita o assassinato do líder Plácido de Castro (VII estrofes).
Refazendo todo o percurso da história do Acre em versos, com seis cantos e um epílogo, Farias Gama, anterior ao texto poético, abre seu libretoEpopéia Acreana com o Esborço, no qual apresenta um resumo da história que vai tratar em versos:
Um dia, inimigos de minha altivez, arrojaram-me num cárcere. Foi então que resolvi mais amplamente servir-me desta faculdade, que embora mal, me acompanha desde a infância – o trovar. Rebusquei o motivo. Era a Revolta do Acre. Quis tanger a lira, mas não encontrei-a.
N.F. – Este folheto além de ser a primeira obra literária ideiada , escrita e editorada no Acre, foi acabada em 15 dias, ficando por isso cheio de graves incorreções gráficas e literárias. Desculpas. (GAMA, 1919. p. 1)[2]
Elevando a história do Acre ao caráter de uma epopeia, Farias Gama ilumina o Epos, a partir de uma sedimentação da história da conquista desse território localizado na Amazônia Ocidental. Nesse sentido, recorremos aos estudos de Bakthin sobre a epopéia. Mikhail Bakhtin em Questões de literatura e Estética, afirma ser este um gênero não pertinente ao mundo moderno e contemporâneo. Segundo Bakhtin (2002), a epopeia enquanto um gênero determinado caracteriza-se através de três traços constitutivos: em primeiro lugar, o passado nacional épico, absoluto, serve de objeto da epopeia; em segundo, a lenda nacional atua como fonte da epopeia e em terceiro, o mundo épico é isolado da contemporaneidade, isto é, do tempo de seu autor: “no mundo épico não há lugar para o inacabado, para o que não está resolvido, nem para a problemática. A conclusão absoluta e o seu caráter acabado – eis os traços essenciais do passado épico, axiológico e temporal” (BAKHTIN, 2002, p. 408). Entretanto, cabe ressaltar que o teórico russo nos aponta para a permanência e a presença do Epos na nossa contemporaneidade. Neste sentido, vê-se que o gênero épico reside na literatura palimpséstica e se mantém transformado em diversas obras com intenções épicas, nas quais o autor realiza uma pesquisa estética e histórica antes de escrever a obra. Já na introdução, Farias Gama traz para a cena escrita, a lição dos mestres da épica, inscrevendo em seu texto os mestres do passado:
Ai quem dera, tivesse eu de Virgílio
ou do alquebrado e desdilezo Homero,
de um a graça gentil doce idílio
de outro o trovar altiloqüente e austero,
para em versos compor esta Epopeia
dos Brazilios Heroes Nova Ulisseia.
(GAMA, 1919, p.5. Introdução)
As narrativas acerca da Amazônia, a caracterizam em inúmeras obras como “inferno verde” e ao adentrar em seus territórios constituem narrativas que se assemelhasse à uma epopeia, tendo em vista que na Amazônia se viveu uma verdadeira batalha da borracha. A epopeia Amazônia não se restringiu somente às lutas pelo extrativismo da borracha, mas merece destaque o longo e complexo processo de anexação do Acre ao Brasil, tema de A Epopéia Acreana, de Farias Gama.
Na Amazônia se vivenciou a chegada dos nordestinos em busca do “ouro negro”, tendo em vista que nas terras onde se localiza o Acre havia imensos seringais, de onde se podia extrair o látex. As terras de fato pertenciam à Bolívia e esta não possuía meios para explorar e colonizar essa faixa de terra e com a omissão da Bolívia, a extração da borracha era feita pelos brasileiros, entretanto, em 1899, a Bolívia arrendou as terras do Acre para oBolivian Syndicate. Farias Gama narra a épica chegada dos nordestinos ao Acre:
I
Do Ceará, do Rio Grande e muitos
estados do Nordeste brazileiros
acossados dos males mais fortuitos,
emigraram aos milhares forasteiros
que assim fujiam do torrão natal
sob o guante da seca, o grande mal.
II
Homens feitos em todos os rigores
da natureza ou do trabalho insano
destemidos audazes peleadores,
eil-os em quatro paus transpondo o oceano.
.....................................................................
(GAMA, 1919.p.8. canto I. I e II)
De acordo com Craveiro Costa, foi dentro de um contexto de revoltas que surgiu a figura de Plácido de Castro, como o herói movido por sentimentos patrióticos, tendo como objetivo a luta pela anexação do Acre ao Brasil. Segundo Correa, a campanha do Acre assim se realizou:
Sob a liderança de Plácido de Castro, os seringueiros brasileiros iniciam a nova campanha de retomada do Acre ao atacar e tomar a vila de Xapuri, em 07 de agosto de 1902, para concluí-la em 24 de janeiro de 1903 com a assinatura da carta de rendição da Bolívia após uma ofensiva no Porto do Acre. Três dias depois, em 27 de janeiro de 1903, foi novamente proclamada a República do Acre. (CORREA et al,2010, p. 25.)
A batalha pela Acre é descrita por Farias Gama com contornos quase que exatos, pois segundo o autor, sua intenção era gravar na memória uma história grandiosa de uma luta de um povo que havia escolhido ser brasileiro: “Este o mérito: ter condensado as narrativas dolorosas e sinceras dos veteranos da Epopéia, esquecidos, abandonados, como o livro o será, dois minutos após o olhar indiferente do leitor.”
A escrita de Farias Gama se mostra portadora de uma crítica ao esquecimento daqueles veteranos que lutaram na Revolução acreana e ao alijamento do território, conforme a última estrofe do Canto VI:
Era finda a revolta. Dispersados,
como feras bravias e perseguidas
os chefes foram, por legais soldados,
em breve eram seus feitos esquecidos
que a Pátria vencedora na contenda
a terra abandonou, só vê a renda.
(GAMA, 1919. p. 20)
Resolvida a questão do Acre com a assinatura do Tratado de Petrópolis, entre Brasil e Bolívia em 17 de novembro de 1903, esteve o Barão do Rio Branco à frente das negociações, sendo que a Bolívia entregava o território acreano ao Brasil em troca da futura construção da estrada de ferro Madeira-mamoré, para escoamento da produção, mais a quantia de dois milhões de libras esterlinas. (TOCANTINS, 2001).
O libreto representa um achado para o estudo da literatura produzida no Acre, tendo em vista ser obra pioneira, não sendo encontrado no Acre, restando apenas um exemplar na Biblioteca Pública do Amazonas. O único texto sobre A Epopéia Acreana, de Farias Gama foi publicado no Blog Alma Acreana. Ressaltamos que não foi possível encontrar dados biográficos acerca do autor e o presente texto representa um esboço preliminar de um estudo e de uma reedição da obra a ser elaborada por nós.
Figura 1. Capa da Epopeia Acreana. Primeiro livro impresso no Acre- 1919 Cópia
Fonte: Biblioteca do Estado do Amazonas
Referências Bibliográficas
BAKTHIN, Mikhail. Questões de estética e de literatura. A teoria do romance. Trad. Aurora Fornoni Bernadini et al. 5 ed. São Paulo: Ed. UNESP, 2002
CORREA, Ana Karolina Ferreira et al. Acre: entre o fuzil e a borracha. Revista Discente Expressões Geográficas, nº 06, ano VI, p. 19 – 40. Florianópolis, junho de 2010.
GAMA, Farias. Epopeia acreana. Rio Branco-Acre, 1919. S. n.t. Cópia digitalizada do Libreto. Biblioteca do Estado do Amazonas- Manaus- AM.
RANZI, Cleusa Maria Damo. Raízes do Acre. 3 ed. Rio Branco: EDUFAC, 2008.
TOCANTINS, Leandro. Formação histórica do Acre. Brasília: Senado Federal, 2001.
STAIGER, Emil. Conceitos fundamentais da poética. 3ª ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
Site Consultado
almaacreana.blogspot.com. Acesso em 01/02/2013.
*Este texto foi originalmente apresentado como comunicação no XII Simpósio da ABRALIC- Associação Brasileira de Literatura Comparada, no âmbito do Simpósio intitulado “Literatura, Cultura e Identidade na/da Amazônia, por nós coordenado, juntamente com os Professores Doutores Roberto Mibielli (UFRR) e Devair Fioroti (UERR). LITERATURA, CULTURA E IDENTIDADE NA/DA AMAZÔNIA
[1] Docente do Departamento de Ciência da Literatura da UFRJ. [lotação provisória]. Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade da Universidade Federal do Acre. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq- PQ. Este trabalho foi produzido com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
[2] Foi mantida a grafia original da obra.
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
terça-feira, 1 de setembro de 2015
DISERTAÇÃO> SERINGUEIROS DO MÉDIO SOLIMÕES (José Lino do Nascimento Marinho)
- Este estudo assume o propósito de desvendar o espaço simbólico do seringal enquanto expressão da sociabilidade e representação imaterial do cotidiano vivido, sem deixar de fazer o registro da resistência política dos seringueiros na Amazônia, especificamente daqueles residentes no município de Tefé, no Amazonas. O tema seringal é tomado neste estudo não só como o lugar de exploração econômica, mas e, sobretudo, como o lugar da experiência vivida, das festas, do imaginário, do cenário de pessoas que fazem história neste território das águas. O vivido é percebido por meio das narrações dos sujeitos da pesquisa como o lugar onde se constituiu a experiência individual e coletiva envolvendo as festas, as crenças, as emoções da vida, o trabalho. A nossa intenção consistiu em procurar sabermos de que forma ocorreu a subjetivação do seringueiro em meio às agruras opressivas do seringal. A metodologia da memória é assumida aqui na relação com a experiência vivida no seringal e na cidade de Tefé, tendo em vista o processo de deslocamento geográfico. A trilha metodológica assumiu o aporte das abordagens qualitativas, especialmente no que diz respeito à narrativa, em que o narrador é convidado a falar sobre sua experiência de vida, vivida no seringal amazônico. Dentre os múltiplos aspectos revelados é patente o fato de que os seringueiros sobreviveram às doenças letais como paludismo, febre amarela, tifo, beribéri, enfrentado ataque de onças famintas, cobras venenosas como surucucurana, jararaca, pico de jaca. Ficou claro o fato de que eles deram o sangue para enriquecer o país, produziram riquezas, mas não tiveram acesso a elas, foram abandonados pelo Estado brasileiro. Hoje, pobres, cegos, morando em casebres na periferia da cidade de Tefé. Estes seringueiros já bem doentes, convivem com a triste sina do herói sem recompensa, esquecidos por completo pelo Estado brasileiro, parece estar esperando a morte chegar para saírem de cena. Nenhum dos sete seringueiros ouvidos nesta pesquisa recebe o benefício de aposentadoria como soldado da borracha, sendo esta, uma dívida do Estado brasileiro que precisa ser resgatada com urgência, enquanto estes bravos seringueiros ainda tem vida
DISSERTAÇÃO: Soldados da borracha: das vivências do passado às lutas contemporâneas (Lima, Frederico Alexandre de Oliveira)
Neste trabalho, buscou-se a alcançar, sem a pretensão de esgotar o tema, as experiências pessoais vividas por um segmento de trabalhadores chamados Soldados da Borracha, que no período da Segunda Guerra Mundial foram arregimentados no bojo dos acordos firmados entre o Governo Brasileiro e Norte- Americano, objetivando a majoração da produção de borracha, naquele momento essencial a manutenção das operações militares implementadas naquele contexto. Foi nossa intenção trazer a lume suas percepções e compreensões acerca do que viveram e do que vivem, seja nos seus deslocamentos para Amazônia, na sua vida no seringal, em suas experiências urbanas quando do estabelecimento de residência nas cidades amazônicas , seja ainda de suas lutas por reconhecimento como sujeitos de uma batalha não terminada.
sábado, 22 de agosto de 2015
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
sábado, 1 de agosto de 2015
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Dissertação de mestrado: MULHERES INEXATAS: DIÁLOGOS ENTRE PROSTITUIÇÃO E JORNALISMO NO ACRE
POLLYANA DOURADO DOS SANTOS
A pesquisa em questão delimita-se em uma breve reflexão acerca dos estudos da
comunicação, tendo o jornalismo como objeto de investigação e seus processos de mediação.
Esta investida metodológica foi produzida a partir da análise do discurso jornalístico e das
vozes de prostitutas, ambos situados na capital acriana. Tendo como ponto de partida a
discussão proposta pelo conceito de discurso em Michel Foucault (1972), houve aqui a
tentativa de problematizar os estudos da comunicação e suas interfaces sociais.
Tese A borracha no Acre: economia, política e representações (1904 - 1945)
O texto discute a formação do Acre durante o ciclo da borracha entre 1904 e 1945, fazendo uma análise da economia, política e das representações. O objetivo principal desse trabalho é analisar a inserção do Acre no contexto do ciclo da borracha, procurando assim contribuir para um debate historiográfico mais amplo sobre esse tema. O foco do trabalho são as empresas seringalistas, elaborando uma narrativa que enfoca a maior de todas elas na região, a N & Maia e Companhia. A tese defende que com a falência do ciclo da borracha a partir de 1910, as empresas seringalistas no Acre que souberam se adaptar a esse cenário de crise foram se consolidando como senhoras dos domínios econômicos, políticos e sociais da região. A tese é desenvolvida dividindo-se em três partes, que contextualizam esse cenário da seguinte maneira: a) uma primeira onde se discute como se formou a mão de obra dos seringais e consequentemente aquela capaz de gerar renda aos seringalistas; b) uma segunda onde elabora-se uma investigação sobre a constituição da cadeia de aviamento da borracha e como as empresas seringalistas conseguiram superar essa rede, que entrou em colapso a partir de 1910; c) a última parte debate com as formas de representação do Acre no período do ciclo da borracha, sendo uma delas oriunda de uma visão senhorial ancorada na opulência e outra que se caracteriza pelos registros de uma região precária e marginal perante o restante da Amazônia.
sábado, 4 de julho de 2015
Em breve, lançamento do livro "A Fundação do Acre: uma história revisada da anexação"
“Este livro é uma tentativa de explicar o
processo histórico que resultou na nacionalização do território que hoje
compreende o Estado do Acre. O caráter revisionista dele tem a ver com a
crítica que faz ao conteúdo epopeico da narrativa divulgada pela história
oficial, cuja missão é inventar um passado inaugural glorioso capaz de
despertar orgulho nos acrianos. Portanto, essa obra não tem qualquer
compromisso de preservar as tradições, os abusos da história e as políticas simbólicas
adotadas pelo status
quo acriano para sustentar a existência da
ideologia do acrianismo e da acrianidade”.
domingo, 14 de junho de 2015
AO FUTURO GOVERNADOR DO ACRE E EX-GOVERNADOR DO FUTURO: CONSELHOS DO TEMPO
ARTIGO - memória
AO FUTURO GOVERNADOR DO ACRE E EX-GOVERNADOR DO FUTURO: CONSELHOS DO TEMPO
O que segue foi publicado no jornal O Rio Branco em 28 de setembro de 2006. O texto foi endereçado ao governo que tomaria posse no ano seguinte - o do Binho - Uma cópia foi entregue pessoalmente, no começo de 2007, ao já empossado Presidente da Fundação de Cultura Daniel Zen. Nove anos se passaram. O ex-governador mora em Brasilia com a família. O Zen, que à época integrava uma banda pop local que não existe mais, virou politico, antes foi Secretário de Educação. O diretor de teatro citado não faz mais teatro - parece que hoje mora em Rio Branco. O grupo de teatro citado não existe mais. A última versão do Festival de Teatro do Acre quase não contou com peças locais, mormente dos municípios. O ex-governado Romildo vive a lamentar pelos cantos o que deixou de fazer. Quanto aos conselhos dados, fica a critério de cada avaliar se foram seguidos. De minha parte, vejo que os atuais políticos, suas famílias e partidos estão muito bem! Viva a cultura acreana!
AO FUTURO GOVERNADOR DO ACRE E EX-GOVERNADOR DO FUTURO: CONSELHOS DO TEMPO
João Veras*
Há alguns dias, assisti, no teatro Hélio Melo, a peça “Anjos da Noite”, do grupo de teatro “Arte é viver”, do município de Feijó. A apresentação fazia parte da programação do VIII Congresso Acreano de Teatro realizado pela Federação de Teatro do Acre-FETAC com a participação de 12 grupos de teatro de todo o Estado. Feijó tem, hoje, quase 40 mil habitantes. Foi fundado em 1906 e é o segundo maior município do Acre em extensão. Mas Feijó conta apenas com um grupo de teatro e não possui casa de espetáculo. A exemplo dos demais municípios do Estado do Acre, Feijó nunca conheceu qualquer plano de ação cultural. Aliás, nem órgão gestor, nem orçamento o poder municipal tem para a cultura.
Ao final da apresentação, o diretor da peça, Hector Magalhães, que também atua e é o autor do texto do espetáculo, agradeceu a oportunidade da apresentação em Rio Branco, sonho antigo, e falou da velha dificuldade de sempre para se fazer teatro no Acre e da resistência sua e de seu grupo no município de Feijó, essas coisas que nós de Rio Branco e dos demais municípios, que teimamos em fazer arte, muito bem conhecemos.
Visivelmente emocionado, Hector chamou ao palco seu pai, um senhor que estava justamente ao meu lado no escuro do teatro. O senhor que subiu ao palco, para surpresa dos presentes, era Romildo Magalhães. Ex-prefeito de Feijó, ex-deputado estadual e ex-governador do Estado (90/94). A cena comoveu. A plateia dividida entre sentimentos ouvia do ex-governador a declaração de que não conhecia o lado artístico do filho e do orgulho que estava sentindo naquele momento.
Não sei se o evento moveu o ex-governador a refletir sobre as suas gestões na área cultural. É possível. Eu não resisti. A propósito, sai do teatro pensando sobre o tempo e o poder. O mundo gira e não congela nada, mas marca. O que fazemos hoje pode definir, e define, nossos rumos, nossas vidas amanhã. Isto vale também para os administradores públicos que trabalham para o presente e o futuro de vidas, que administram esperanças e são eleitos e pagos para tornar o local em que vivemos e as pessoas e relações cada vez melhores, hoje e amanhã. Já ouvi de um ex-gestor cultural que o poder cega. Muitos creditam a essa cegueira a razão pela qual administradores públicos tanto falham no exercício de seu papel, na consecução de seu dever de administrar a coisa pública para o bem de todos e de acordo com as aspirações destes.
Uso aqui como referência especificamente a área cultural. Tendo em mente as “gestões públicas” nesta área nas últimas décadas. Não conheço os programas dos atuais candidatos ao governo para a cultura. Por tal motivo, resolvi, sem a pretensão da verdade e limitado à minha parca observação da nossa breve história contemporânea, elencar alguns conselhos pertinentes a uma reflexão honesta sobre a importância do poder em nossas vidas e, sobretudo, para o futuro da cultura acreana. O que faço me dirigindo ao governador que administrará o Acre de 2007 a 2010:
1 – Não censure, nem deixe que se censure. Isto é feio, ilegal, imoral e dizem que engorda.
2 – Não elimine, nem deixe que se elimine, quem pensa e se manifesta diferente. Não seja um administrador excludente.
3 – Dialogue. Mais que isso, crie canais de diálogo. Este é o verdadeiro norte para governar.
4 – Não se comporte com indiferença frente a qualquer manifestação do cidadão. Não responder a quem lhe dirige é, além de tudo, falta de educação.
5 – Possibilite a informação e a transparência. Não há razão para que não seja assim.
6 – Não deixe de participar da comunidade e também de possibilitar a participação dela.
7 – Considere e respeite o imaginário do povo. Seus sonhos, criatividades, invenções...
8 – Procure pela arte que se faz aqui. Busque saber do nosso teatro, da nossa música, do nosso cinema, das nossas artes plásticas, da nossa literatura, dos nossos sabores e sentimentos estéticos. Se não conseguir procure saber o motivo.
9 - Procure saber se há cinemas, teatros e bibliotecas nos municípios, assim como as programações dos rádios e televisões, e aproveite para imaginar o que é que as crianças, os jovens e os idosos dos municípios fazem, sobretudo, nos finais de semana. Imagine o que assistem, o que ouvem, o que lêem, o que aprendem a gostar no campo das artes. Quais os seus imaginários e suas aspirações estéticas.
10 – Se pergunte pelo mercado cultural de arte acreana e o que que o Estado pode fazer por ele.
11 – Se pergunte porque as escolas não são usadas como centros culturais, sendo naturalmente isto. Porque que elas não divulgam a cultura local, especialmente a literatura, nem estimulam a criação artística. Porque que a educação artística não é realidade.
12 – Se pergunte porque até hoje não se estabeleceu no Acre uma política pública de cultura. Porque que a imensa maioria das prefeituras não têm órgãos gestores, nem orçamentos, de políticas culturais. Porque o orçamento do Estado para a cultura é tão parco.
13 – Se pergunte porque que o Sistema Público de Comunicação do Estado ainda não conseguiu se fazer espaço das manifestações culturais acreanas, do pensamento, da reflexão e do diálogo, bem como porque que não se estimula que as empresas de comunicação façam o mesmo, e em razão disto porque que as diversas manifestações artísticas acreanas não são conhecidas de nós.
2 – Não elimine, nem deixe que se elimine, quem pensa e se manifesta diferente. Não seja um administrador excludente.
3 – Dialogue. Mais que isso, crie canais de diálogo. Este é o verdadeiro norte para governar.
4 – Não se comporte com indiferença frente a qualquer manifestação do cidadão. Não responder a quem lhe dirige é, além de tudo, falta de educação.
5 – Possibilite a informação e a transparência. Não há razão para que não seja assim.
6 – Não deixe de participar da comunidade e também de possibilitar a participação dela.
7 – Considere e respeite o imaginário do povo. Seus sonhos, criatividades, invenções...
8 – Procure pela arte que se faz aqui. Busque saber do nosso teatro, da nossa música, do nosso cinema, das nossas artes plásticas, da nossa literatura, dos nossos sabores e sentimentos estéticos. Se não conseguir procure saber o motivo.
9 - Procure saber se há cinemas, teatros e bibliotecas nos municípios, assim como as programações dos rádios e televisões, e aproveite para imaginar o que é que as crianças, os jovens e os idosos dos municípios fazem, sobretudo, nos finais de semana. Imagine o que assistem, o que ouvem, o que lêem, o que aprendem a gostar no campo das artes. Quais os seus imaginários e suas aspirações estéticas.
10 – Se pergunte pelo mercado cultural de arte acreana e o que que o Estado pode fazer por ele.
11 – Se pergunte porque as escolas não são usadas como centros culturais, sendo naturalmente isto. Porque que elas não divulgam a cultura local, especialmente a literatura, nem estimulam a criação artística. Porque que a educação artística não é realidade.
12 – Se pergunte porque até hoje não se estabeleceu no Acre uma política pública de cultura. Porque que a imensa maioria das prefeituras não têm órgãos gestores, nem orçamentos, de políticas culturais. Porque o orçamento do Estado para a cultura é tão parco.
13 – Se pergunte porque que o Sistema Público de Comunicação do Estado ainda não conseguiu se fazer espaço das manifestações culturais acreanas, do pensamento, da reflexão e do diálogo, bem como porque que não se estimula que as empresas de comunicação façam o mesmo, e em razão disto porque que as diversas manifestações artísticas acreanas não são conhecidas de nós.
Talvez, no futuro, possamos sentar no teatro para assistir outras cenas do “Arte de viver”, com ou sem ex-governador ao lado, mas com outra qualidade de comoção. Talvez o ex-governador do futuro possa ter consciência de seu presente, orgulho do seu tempo e do que realizou, e não somente orgulho do seu filho. Talvez... Talvez...
*músico, compositor, poeta e membro titular do Conselho Estadual de Cultura
domingo, 7 de junho de 2015
terça-feira, 2 de junho de 2015
quarta-feira, 20 de maio de 2015
quinta-feira, 23 de abril de 2015
RESUMO: CABRAL, Alfredo Lustosa. Dez anos no Amazonas (1897-1907). 2° ed. Brasília: Senado Federal, 1984.
.jpg)
- O autor é Paraibano, (14/01/1883
† 31/12/1960). Depois, chegou a se formar em odontologia. “atraído pela riqueza
da borracha foi com um irmão mais velho, tentar a fortuna, na Amazônia. Lá
esteve dez anos, de 1897-1907, justamente no período de maior riqueza da
região” José Lins do Rego (O Globo, Rio, 1950).
- Devido as mortes indígenas em função da empresa
gomífera, ele diz: “Não era sem a sua ponta de razão que o povo, no nordeste,
sempre via com maus olhos o dinheiro que chegava no Amazonas. Parecia-lhe um
dinheiro amaldiçoado” (idem). - Ficou na Amazônia entre os 10 a 17 anos.
- O Acre como todo o Amazonas foi um grande cemitério de
nordestinos.
APRESENTAÇÃO
(Senador Jorge Kalume, p. 05)
- Escreveu a pedido do
professor universitário Octacílio Nóbrega de Queiroz, que apresentou o livro em
sua primeira edição. O autor já era de saudosa memória.
“O heroísmo dos nossos patrícios do Nordeste não pode ser
aquilatado apenas pela forma como enfrentaram o fenômeno climático, obrigando
muitos a abandonarem, no passado remoto ou recente, a terra mater, em busca de outras plagas, para
eles totalmente desconhecidas” p. 5.
OBS: tenta dizer que o
nordestino é forte e altivo por ter “escolhido” enfrentar à Amazônia.
- O autor chegou ao Acre
(Vila Seabra/Tarauacá) em 1897. Segundo o senador, na época “somente os fortes
dos fortes sobreviveriam” p. 6.
PREFÁCIL (1° Edição) – Por Octacílio Nóbrega
de Queiroz, escrito em junho de 1949.
“O Amazonas é uma torrente de sangue que corre por uma
floresta: a floresta é o
Brasil” (FRANK, Waldo. America Hispana, p. 165).
“A agitada tragédia da borracha amazonense não tem nada
que se lhe possa comparar”
(NORMANDO, Evolução Econômica do Brasil, p.48).
- Foi o prefaciador que
incentivou o autor a escrever o livro.
“Órfão aos quatorze anos,
emigrou, acompanhando o irmão para o Amazonas, onde foi seringalista, mateiro,
remador e varejador de canoa, cozinheiro, regatão, agricultor e inspetor de
quarteirão... De volta à terra natal, se fez professor primário na Escola
Normal da Paraíba, em 1912... depois músico, vereador, rapadureiro, adjunto de
promotor por duas vezes e, finalmente, vinte anos mais tarde, já aposentado no
exercício do magistério público, cirurgião-dentista pela Faculdade de Medicina
e Odontologia do Recife” p. 12.
“Dele (do autor) não
podemos abstrair um só instante a sinceridade espontânea da narrativa” p. 12.
............................................................
O irmão, Silvino Lustosa
Cabral, aos 24 anos, retornou ao Paraíba em 1897, depois de ter ficado no
amazonas por cinco anos. No entanto, disse que voltaria.
“ouvia aquelas histórias
bonitas, às vezes fantásticas, que ele contava, vem como, da facilidade de
enriquecer em pouco tempo. Fiquei logo desejando de conhecer tudo aquilo” p.
23.
“Viajava eu, junto aos
tropeiros... com o coração partido de saudade do rincão natal” p. 25.
OBS: Tudo indica que a idéia de pátria, terra natal,
estava mesmo vinculada ao local/região onde se nascia. No Acre, os nordestinos
não tinham as terras como suas. Ali defendiam
não à Pátria, que era o nordeste, mas a fonte de renda que os levaria novamente
a sua terra natal.
- Quando é descoberto que
um deles estava com varíola: “Como preventivo, ingerimos fortes goladas de
aguardente” p. 29.
“Era um velho barco
carcomido pela ação corrosiva do iodo marítimo e do tempo... Vinha cheio como
lata de sardinha... A muito custo localizamos nossas redes e bagagens por cima
das malas dos passageiros, pois, não havia mais espaço nos porões do navio” p.
29.
- No barco (o Pernambuco) iam
“os remanescentes do 27 Batalhão da Paraíba que havia tomado parte na campanha
de Canudos... vinha ali também a política do Pará, composta de rapazes moços e
fortes” p. 29. Ao todo eram “mais de quinhentos, com destino àquele Estado” p.
30.
“Passamos o resto da tarde
ouvindo histórias de Canudos” p. 30.
- O barco ainda rumou para
o Rio Grande do Norte para pegar mais pessoas. “Os seus porões não comportavam
mais um grilo” p. 31.
“O comandante recebeu uma
lista de quinhentos flagelados para o Amazonas” p. 31.
“As redes armadas, duas,
três, por cima das outras” p. 32.
“A certa distância da
cidade o navio ancorou. Em pouco tempo estávamos rodeados de botes e de
catraias com seus balaios repletos de vendagens comestíveis, doces, camarões,
frutas etc., para serem vendidas a bordo. Esses
negociantes, compostos em maior número de mulheres, eram quase todos negros,
poucos brancos viam-se ali” p. 32.
“Não se podia mais tolerar
o ambiente de imundície nos porões. Entristecidos, embriagados, vomitando no
fundo de redes porcas, jazia uma quarta parte dos passageiros” p. 32.
“estávamos acordados,
ansiosos para nos livrar da velha e sórdida embarcação” p. 33.
- Chegado em Belém “Fomos
nos hospedar no Hotel das Duas Nações que pertencia a espanhóis e portugueses,
razão por que tinha esse nome” p. 33. Era outubro.
“A iluminação, à noite –
maravilha fascinante especialmente no largo da Pólvora. Poucas eram as cidades
do Brasil iluminadas à luz elétricas, nesse tempo” p. 33.
“O comércio estrangeiro
focalizara-se na Praça de Belém atraído pela riqueza da borracha” p. 33.
- De Belém, “o navio saiu
direto para Manaus. Gastamos sete dias” p. 33.
- De Belém ao Juruá: 40
dias.
OBS: Belíssima narração da viagem.
“Não existia dinheiro na
região” p. 35.
“Meu irmão, guarda-livros
e gerente, havia já três anos, era estimadíssimo, e teve, por isso, recepção
formidável” p. 35.
“O Sr. João Marques de
Oliveira, dono do seringal, bom e maneiroso, não sabia ler” p. 35.
- O mesmo, tão logo o
irmão do autor chegara, foi ao nordeste atrás de mais pessoas para o trabalho
gomífero. “Trouxe uma companheira de estatura regular, bonita e simpática,
alegre e jovial. Contava vinte e quatro anos e chamava-se Maria Mendes Maciel. Era sobrinha de Antônio Conselheiro” p.
36.
“Tinha o nome de brabos
os que chegavam ali pela primeira vez” p. 36.
“Na margem oposta do lago
moravam dois brabos. Em um domingo,
fomos visitá-los. Receberam-nos alegremente. Haviam matado dois mutuns. Estavam em festa. A panela fervia
exalando um cheiro agradável, tempero com pimenta e banha do Rio Grande do Sul”
p. 37.
“Não eram penas de mutum,
e sim de urubu-rei. Tomamos somente uma xícara de café e voltamos à nossa
residência” p. 37.
“Aos sábados dirigíamo-nos
para o rio com o fim de arrancar, na areia das praias, ovos de tracajá, que
havia em abundância nos meses de julho e agosto e os de tartaruga, de setembro
e outubro” p. 37.
“Nas safras de tracajá e
tartaruga, o seringueiro vive de pança cheio e confortado com os ovos que traz
da praia quase todos os dias” p. 38.
“Entramos no rio da
esquerda, chegando no seringal Belmonte, de bom leite, com metade a ser
explorado. A inconveniência que tinha
eram duas malocas dos índios caxinauá e catuquina a pouca distância” p. 40.
“Não acabamos de abrir o
mato; quando soubemos que os índios tinham atacado uma barraca de quatro
seringueiros. Repelidos a bala, correram” p. 40.
- os índios eram chamados
de “os selvagens” p. 40; considerados “inimigos” p. 41.; “ferozes” p. 42.
“Nas correrias o pessoal
não se dispersa. Marcha em fileira” p. 41.
- Em 1899 “presenciamos um
forte movimento sísmico, que durou uns quatro segundos com tremos de terra e prolongado
gemido” p. 42.
OBS: até agora
não falou de Galvez. Talvez o ano de 1899 ainda não era tão conhecido assim
pelo Juruá.
- O patrão “Era um velho de sessenta anos, violento,
enraivecido por qualquer futilidade. Fora capitão do Exército e renunciara à
farda para se entregar à cultura da borracha. Estava ali há muito tempo.
Enriqueceu...” p. 43.
“Em ajuste de conta com um seringueiro [...] mandou
matá-lo e, por causa de uma melancia, tirada na praia sem a devida ordem, matou
outro” p. 44.
OBS: quem ia para o Acre já estava disposto a matar ou
morrer. “Morria um e chegavam cinco para substituí-lo” p. 53.
A REVOLUÇÃO ACREANA (p.
53)
“Para aumento de revezes
estourara no rio Acre a luta do seringueiro com a Bolívia, encabeçada por
Plácido de Castro” p. 53.
“Plácido de Castro vendo as coisas um
pouco turvas enviou ao Tarauacá um emissário com poderes de requisitar forças
dando patente de capitão para os donos
de seringal que conduzissem pelo menos vinte homens. Todo o rio
acelerou-se, todo mundo queria ir” p. 53.
OBS: fica
patente a forma como Plácido de Castro arregimentava os patriotas soldados que,
quando designados, ficavam pulando de alegria, tudo era melhor do que a tortura
da colocação.
“Fato curioso é que,
naquela época, segundo ouvi dizer – não tenho certeza -, esteve também por lá o
colega Getúlio Vargas (colega na
idade e na espingarda) incorporado às forças do coronel Antonio Olímpio da
Silveira” p. 53.
“Terminada a guerra, os
combatentes proclamaram a independência do rio em República Acreana. Adotaram
um pavilhão como símbolo da Pátria e outras coisas mais” p. 54.
“O Governo Federal
constituía-se senhor das terras em questão, que dali por diante nem eram
República Acreana nem tampouco pertenciam mais ao Estado do Amazonas, e sim ao
Brasil” p. 54.
“Foi inaugurada, na foz do
rio Moa, a cidade do Cruzeiro do Sul, tendo como Prefeito o General Gregório
Thaumaturgo de Azevêdo, que nomeou os tenentes do Exército, Guapindaia,
delegado do Juruá, e Luiz Sombra, do Tarauacá, com atribuições de resolverem todos os problemas atinentes ao policiamento
e negócios dos rios. Em todos os
seringais encontrava-se uma autoridade investida de poderes – o Inspetor de
Quarteirão... Todas as brigas e encrencas, que surgiram, eram resolvidas pelo
Inspetor que, depois, dava conta ao tenente dos ocorridos em sua circunscrição”
p. 54.
“Ali não existia mulher,
elemento esse indispensável em toda parte” p. 55.
“Lugar que tem índio não
há caça, ele devora tudo” p. 57.
“O seringueiro chega
sempre do trabalho da estrada fatigado sem encontrar o que comer” p. 57.
“A umas quinhentas braças
de nossa barraca, existia um velho roçado encapoeirado, pertencente a tribo
JAMINÁUA que, pressentindo nossa chegada, afugentara-se, havia alguns anos,
para mais longe. Viu que nossa invasão a
seus domínios era positiva, inexorável. Por esta razão, mudara-se,
tornando-se qual nômade, sem um ponto certo de morada. ” p. 65.
“Só não investiam contra a
civilização porque tinham a certeza que a reação era tremenda, brutal” p. 66.
“Às onze horas, estava de
volta à barraca. Defumei o látex, tomei banho no igarapé, troquei de roupa,
almocei... com os companheiros, segui ansioso para dançar e tomar aguardente no
barracão. Não existia mulher na festa” p. 67.
“... viviam os índios nas
cabeceiras dos afluentes da margem direita do Alto Juruá, inclusive o
Tarauacá... A horda de invasores apoderara-se de sua habitações e roçados,
enxotando-as a bala para o centro da mata bem distante das margens do rio...
Evadiram-se, todavia, os selvagens, com
medo, mas cautelosamente ali apareciam para abastecer-se” p. 67.
“O aborígine, como
sabemos, é de índole preguiçosa e indolente, desconfiado e ciumento. Quem for a
uma aldeia não faça motejo, todo cuidado é pouco... São bastante sadios.
Desconhecem moléstias venéreas e seus dentes são quase imunizados da cárie
dentária. Raro é o que tem ferida braba... Nunca se vê um índio aleijado. Dizem
que se, ao nascer, a criança tiver defeito físico grave, o pai, ordem do chefe
da taba, mata-a novinha, pela razão de não poder manter-se com seu próprio
trabalho, quando crescer, nem achar quem a sustente... O índio chama o negro de
TAPAIÚNA. Odeia-o e tem do mesmo grande aborrecimento... Ninguém quer nem pode
trabalhar para o outro. Cada qual cuide de si” p. 68.
OBS: nas páginas
seguintes, faz uma descrição pormenorizada da vida cotidiana indígena.
“Trabalhara ali já havia
decorrido três anos sem poder libertar-se da conta que, dia a dia, avultava
contraída com seu patrão” p. 71.
“No referido lugar morava
um seringueiro de nome Paulino de Azevedo Sombra, de Aquiraz, Ceará.
Trabalhador, econômico, conseguiu acumular no Contas Correntes do patrão sua
meia dúzia ou mais de contos de réis. Crédito era só quem tinha” p. 71.
- O patrão propôs que se
Paulinho pagasse a conta do outro, daria a mulher do inadimplente para ele.
“Não é de todo dispensável
dizer que eram muito difíceis, naquela época, as relações entre os dois secos.
Regiões havia, numa extensão de dez a doze propriedades, onde não se encontrava
uma dona-de-casa. A aquisição de uma donzela
da selva era tarefa temerária, porque raramente a índia se sujeitava ao
regime doméstico. Isso inda podia acarretar o perigo de ser a moça levada pelos
da tribo ou haver choques violentos, de parte a parte, transformando-se em
intriga que não se acabaria mais. Sob
esse aspecto, as uniões de seringueiros com selvagens eram quase nulas” p.
73-74.
“Foi por isso, atendendo a
tamanha irregularidade de vida, que, certa ocasião a polícia de Manaus, de
ordem do Governador do Estado, fez requisição nos hotéis e cabarés dali de umas
cento e cinqüenta rameiras. Com tão
estanha carga, encheu-se um navio cuja missão foi a de solta, de distribuir as
mulheres em Cruzeiro do Sul, no Alto Juruá [...] não faltou pretendentes” p. 74
“De propósito, convém não
esquecer ser o cearense um tipo enérgico, conquistador de terras, afável,
trabalhador, valente no momento oportuno, mas divertido e de espírito crítico”
p. 76.
OBS: da página 79 em diante fala de alguns
mitos e lendas que assolavam os seringueiros: Curupiara, jabuti, sucuruju,
boto, irapuru, mapinguari etc.

“Em 1906 já havia posto
fiscal federal na foz do Muru” p. 107.
OBS: comenta sobre a
inauguração da Vila Seabra.
“Que era esse ambicionado
tesouro que vim a conhecer em janeiro de 1907 tão somente em Manaus? A mais
luxuosa pensão, o mais empolgante cabaré da América do Sul. Fortemente
iluminado, com todas as sortes de jogos, com teatro, era lugar de lindos rostos
de todas as partes do mundo – polonesas, francesas, portuguesas, peruanas,
brasileiras dos vinte e um Estados, todas, enfim, ali se exibiam numa libertinagem
desordenada, doida” p. 108.
“Escravizado oito ou dez
anos na selva, sem relações com o sexo oposto, o seringueiro que chegava à
cidade, não o deixava de freqüentar. A exploração era roxa. Muitos ali deixavam
todo o dinheiro que haviam arranjado com enormes sacrifícios. “Lisos” –
restava-lhes ir ao escritório do patrão implorar uma passagem no gaiola e
retornar ao seringal de onde saíram” p. 108.
“Ao chefe do barracão
cabia o papel de resolver as questões do seu seringal. Existiam no Juruá muitos
criminosos de morte, sem a menor punição, até que chegaram fortes censuras aos
ouvidos do Governo” p. 120.
“Não existia roubo ou
furto, porque se o indivíduo chegasse à barraca de qualquer desconhecido, sem o
encontrar em casa, podia servir-se do que entendesse – alimentação, munição,
contanto que deixasse um bilhete ou, se não soubesse ler, no soalho da barraca,
um sinal qualquer” p. 121.
“O elemento preponderante
no Juruá era o peruano e, com este, não tínhamos relações confidenciais. Vez
por outra, estavam surgindo desavenças, críticas, aborrecimentos. Começavam por
nos apelidar de maquiçapos ou macaquitos... O peruano trabalhava no caucho e
vivia como um bicho, arredado no interior da mata, distante, sem contato com os
brasileiros, enquanto que este só se enfeitiçava pela seringueira, sempre às
margens dos rios ou a três ou quatro horas de viagem destas” p. 121.
SOBRE A REVOLUÇÃO ACREANA
p. 129.
“O nome de Acre resultou de alteração da palavra Aquire,
denominação de um rio afluente do Purus, segundo o geógrafo inglês Chandless
(1865), descoberto por um mulato
amazonense, Manoel Urbano da Encarnação, ou de aquiri – água corrente do
tupi” p. 131.
- Plácido de Castro “Antes
de morrer, ferido gravemente, pediu que, morto, seu coração fosse dividido,
parte para sua mãe e outra para a noiva, em terras de seu distante Rio Grande”
p. 132.
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